Eleições 2024: Acredite... PC do B indica
empresário bolsonarista para vice na chapa com PT em Olinda
A escolha do candidato
a vice-prefeito de Olinda na chapa encabeçada pelo petista Vinícius Castello é
um daqueles episódios da política difíceis de explicar e de entender. O PCdoB
indicou o empresário Celso Muniz, dono de uma construtora e dos shoppings Patteo
Olinda e Boa Vista, que foi candidato a prefeito em 2020 pelo MDB e que, desde
2018, vinha atuando politicamente em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL).
Muniz foi apresentado
por Castello em evento formal em um empresarial no bairro de Casa Caiada. Ele é
recém-filiado ao PCdoB, para onde foi levado por articulação do deputado
federal Renildo Calheiros, que era prefeito da cidade na época da construção do
Patteo, no terreno onde havia o quartel da Polícia do Exército.
Castello defendeu a
indicação com o argumento de que, “na diversidade, a gente consegue se
entender”. Para ele, Celso Muniz “é uma pessoa relevante na mente da população
em razão do espaço que ocupa como grande empresário. E a gente precisa ampliar
o campo progressista e mostrar para o povo olindense que a gente vai conversar
com todas as pessoas, desde a periferia até o meio empresarial. A gente dialoga
com os diferentes”.
Para o candidato do
PT, a composição com o empresário vem superar a “polarização absurda que existe
no Brasil, pois a política não pode se pautar por antagonismo”.
Ao falar pela primeira
vez como candidato ao lado de Castello, a quem se referiu como “amigo de muitos
amigos meus”, Muniz, que se colocou como engenheiro e executor de obras, disse
que vai “identificar quais setores empresariais será possível atrair para
Olinda para gerar renda”. Ele também enfatizou que sua experiência como
empresário “vai se juntar à juventude e à experiência de Vinícius de trazer o
sentimento e as dores das pessoas da favela para fazer pontes”.
Renildo Calheiros não
foi ao evento, mas o presidente municipal do PCdoB, Ossi Ferreira, afirmou que,
além de Muniz, “vai vir mais gente para reconstruir Olinda”. Entre os
dirigentes partidários presentes, uma frase foi repetida ao longo da cerimônia,
que se transformou em breve entrevista coletiva: “a chapa furou a bolha da
esquerda”.
Antivacina, defensor
de armas e do voto impresso
Celso Muniz de Araújo
Filho, de 56 anos, já foi filiado ao PT, passou pelo PSB, migrou para o MDB, mergulhou
de cabeça no bolsonarismo, defendendo as bandeiras da extrema-direita até, pelo
menos, maio de 2023. Agora, virou “comunista”, filiando-se ao PCdoB na
esperança de, finalmente, obter uma vitória eleitoral.
Até as 14h30 desta
quinta-feira (25), o perfil de Muniz no Instagram estava aberto, mostrando que
a conta vinha sendo atualizada regularmente até maio de 2023, ora com postagens
próprias ora replicando conteúdos de terceiros. À exceção de poucos posts referentes
à sua atividade empresarial como empreiteiro e dono de shopping center, todas
as outras são alinhadas ao combo completo da retórica bolsonarista.
Isso inclui
negacionismo antivacina, ataques às medidas de isolamento social e ao
comprovante de vacinação, elogios à política econômica de Paulo Guedes, defesa
das armas de fogo e do chamado “voto auditável”. Até discurso de ódio contra o
ator Leonardo DiCaprio o indicado pelo PCdoB reproduziu em suas redes sociais.
Poucas horas antes do
anúncio do seu nome como candidato a vice-prefeito de Vinícius Castello, a
imagem de seu perfil no WhatsApp ainda era um bandeira do Brasil.
A Marco Zero não
encontrou nenhuma autocrítica ou revisão dos posicionamentos que assumiu.
Também não foi possível localizar qualquer elogio ou referência positiva às
políticas do governo Lula nem à atuação da sua nova correligionária no
ministério da Ciência e Tecnologia, a ministra Luciana Santos, presidente
nacional da legenda.
Em 2022, o empresário
fez campanha pela reeleição de Bolsonaro e pelo candidato do PL em Pernambuco,
o ex-prefeito de Jaboatão Anderson Ferreira. Antes, em 2020, em sua terceira
aventura eleitoral, disputou a prefeitura de Olinda pelo MDB, ficando em terceiro
lugar, com 11.694 votos, bem atrás do reeleito Professor Lupércio (PSD) e do
deputado estadual João Paulo (PT).
Antes disso, em 2006,
Muniz registrou seu nome na chapa de candidatos a deputado estadual do PSB, mas
praticamente não fez campanha e obteve apenas 27 votos. Dois anos antes,
filiado ao PT, legenda na qual filiou-se sob as bênçãos de Humberto Costa, então
ministro da Saúde, ficou na suplência da Câmara de Vereadores do Recife, com
pouco menos de 5 mil votos.
• Por que aliança de Bolsonaro com PSDB
frustrou aliados e pré-candidatos nas eleições 2024? Entenda
Após idas e vindas na
decisão sobre o candidato da direita à prefeitura de Campo Grande, no Mato
Grosso do Sul, o PL de Jair Bolsonaro fez aliança com o PSDB e confirmou apoio
ao pré-candidato tucano, deputado federal Beto Pereira. A mudança de posicionamento
no pleito, entretanto, provocou frustração entre aliados do ex-presidente, que
pretendiam tê-lo ao lado na campanha eleitoral.
A senadora e
ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (PP-MS),
patrocina a reeleição da atual prefeita e correligionária, Adriane Lopes (PP),
e contava estar no mesmo palanque de Bolsonaro. O plano já se mostrava distante
desde março, quando o PL lançou o nome do ex-deputado estadual Rafael Tavares
como pré-candidato do partido na cidade. Tavares desistiu da disputa um mês
depois, e outro nome do PL, Tenente Portela, passou a ser cogitado para o
pleito.
Tereza Cristina já
havia comentado sobre a negativa de apoio do PL para Adriane Lopes, mas afirmou
ser parte do jogo político e que continuaria tentando manter a proximidade com
o ex-mandatário para as eleições municipais. A convenção do PP em Campo Grande
está marcada para 6 de agosto.
No início do mês, a
senadora afirmou que ainda tentaria dialogar com Bolsonaro e com Valdemar Costa
Neto, o presidente nacional do PL. A reunião chegou a ser realizada entre
Tereza, Bolsonaro e ex-ministro-chefe da Casa Civil, o senador e presidente
nacional do Progressistas, Ciro Nogueira (PP-PI) .
O encontro foi
registrado nas redes sociais pelo ex-ministro. Mesmo sem o PP firmar aliança
com o PL em Campo Grande, Ciro Nogueira declarou “total apoio” do partido ao
ex-mandatário, ao qual se refere como “o homem público mais amado do País”.
Procurada pelo
Estadão, a senadora disse que o assunto é “página virada” e que não comentará
mais nada sobre o caso. Tereza afirmou que o apoio à atual prefeita segue
“firme como aroeira”, como dizem em sua região.
O deputado Marcos
Pollon (PL), líder do movimento Proarmas, também tinha a intenção de se lançar
candidato em Campo Grande, mas foi descartado pelo próprio partido e retirado
da presidência do PL estadual após a aliança com o PSDB ser fechada pela sigla.
Em vídeo divulgado nas
redes sociais após saber da aliança com tucanos, o deputado disse que “corta
suas próprias bolas, mas não apoia o PSDB”. Por meio de assessoria, Pollon
afirmou que até o momento não apoia ninguém à prefeitura.
A aliança do PL com o
PSDB na capital é um aceno de Bolsonaro ao governador Eduardo Riedel (PSDB-MS),
um dos 13 chefes de Executivos estaduais que o apoiaram no segundo turno das
eleições presidenciais de 2022, da qual ele saiu derrotado.
O insatisfação de
aliados do ex-presidente envolve também o próprio Beto Pereira, acusado por
bolsonaristas de fazer críticas a Bolsonaro durante a pandemia de covid-19 e
apoiar a então candidata Simone Tebet (MDB) nas eleições presidenciais de 2022.
Sites locais dizem que o deputado chegou a apagar postagens com esse teor
enquanto buscava apoio do PL.
• União Brasil acaba com sonho de Kim
Kataguiri de ser candidato à prefeitura de São Paulo
O União Brasil bateu o
martelo sobre a eleição municipal em São Paulo. O partido decidiu apoiar o
atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB). Desta forma, a
candidatura do deputado federal Kim Kataguiri, que era até então o nome da
legenda para a disputa na capital paulista, foi vetada.
Em convenção realizada
no último sábado (20), o partido definiu que a decisão sobre apoiar Nunes ou
ter candidatura própria seria definida pela executiva municipal, que tem entre
seus líderes o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite. A legenda tem até
o dia 15 de agosto para tomar tal decisão, já que se trata da data limite para
registrar candidaturas.
Ricardo Nunes,
entretanto, já adiantou que o União Brasil decidiu apoiá-lo e abriu mão da
candidatura do líder do grupo de extrema direita Movimento Brasil Livre (MBL).
“Feliz pela decisão do
União Brasil, um dos maiores partidos do nosso país, que tem uma importância
grande. Já faz parte do nosso governo, então, portanto, não teria nem porque
não continuar”, disse o prefeito em entrevista à CNN Brasil nesta quarta-feira
(24).
Na terça-feira (23),
Nunes já havia confirmado o apoio do União Brasil à imprensa após participar de
uma agenda oficial na capital paulista. Segundo o prefeito, o anúncio oficial
da legenda de Kim Kataguiri deve ser feito no dia 3 de agosto, quando ocorrerá
a convenção da executiva municipal.
Até o momento da
publicação desta matéria, Kim Kataguiri não havia se manifestado sobre a
decisão do União Brasil de apoiar Ricardo Nunes. O espaço está aberto para
eventual manifestação.
Fonte: Marco
Zero/Agencia Estado/Fórum
Nenhum comentário:
Postar um comentário