sábado, 6 de julho de 2024

Dengue pode estar ligada a um maior risco de depressão, diz estudo

Um novo estudo identificou a infecção da dengue como uma potencial causadora da depressão a curto e longo prazo. A análise foi feita a partir de cerca de 50 mil pacientes que foram infectados pelo mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.

A pesquisa foi conduzida por pesquisadores da Universidade Nacional Cheng Kung e dos Institutos Nacionais de Pesquisa em Saúde, de Taiwan e publicada na quarta-feira (3), na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases.

O estudo, com dados coletados entre 2002 e 2015, tiveram o objetivo de determinar se os indivíduos com dengue apresentavam maior propensão a desenvolver ansiedade, depressão e distúrbios do sono — em diferentes estágios após a infecção.

Os resultados revelaram que os pacientes que tiveram dengue apresentaram um risco maior de desenvolver depressão em todos os períodos analisados: menos de três meses, três a 12 meses e mais de 12 meses após a infecção.

Quanto aos distúrbios do sono, o risco aumentado foi observado especificamente nos três a 12 meses após a infecção. Já sobre a ansiedade, houve um aumento significativo no risco entre os pacientes com dengue apenas em casos mais severos da condição.

Ao analisar mais de perto casos que exigiram hospitalização, os pesquisadores descobriram um risco maior de transtornos relacionados à ansiedade nos primeiros três meses após a infecção, além de um aumento do risco de distúrbios do sono nos primeiros 12 meses.

Em comunicado enviado à imprensa, os autores da pesquisa ainda destacaram não só a importância do estudo como uma ferramenta potencializadora da consideração dos impactos psicológicos causados pela dengue, como também a necessidade de estudos adicionais para determinar se outros fatores, não relacionados à dengue, estão indiretamente ligados ao maior risco de depressão.

•           Como foi feita a pesquisa

Os pesquisadores examinaram os registros de saúde de 45.334 pacientes com dengue, contra 226.670 pessoas sem histórico da doença. Cerca de 15 mil ainda correspondiam a pacientes em estado mais grave da doença.

Para ajudar a explicar outros fatores que poderiam influenciar na saúde mental, os pacientes com dengue foram agrupados com pacientes não-dengue, mas semelhantes para análise. Os infectados foram, de fato, mais propensos a relatarem um diagnóstico de depressão.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a dengue é uma doença febril aguda, afeta todo o corpo humano e acontece por um breve período de tempo. Ela é uma doença viral e pode ser transmitida pela picada de fêmeas do mosquito Aedes aegypti infectadas.

A principal forma de prevenir a dengue é reduzir a infestação do inseto. Para isso, é fundamental adotar medidas de controle ao vetor, como evitar água parada e manter reservatórios ou caixas d’água cobertos com tampas. Saiba mais aqui.

O Brasil oferece vacina contra a dengue desde dezembro de 2023 através do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela pode ser aplicada em pessoas de 4 a 60 anos de idade, independentemente da exposição anterior à doença e sem necessidade de teste pré-vacinação.

 

•           Por que os mosquitos sentem sede de sangue humano? Novo estudo responde

Os motivos pelos quais os mosquitos se sentem tão atraídos pelo sangue humano era, até então, um grande mistério. Porém, um novo estudo pode trazer respostas para essa questão. Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), na segunda-feira (1º), o trabalho sugere que um par de hormônios pode atuar em conjunto para ativar ou suprimir o desejo dos mosquitos por sangue.

As fêmeas da maioria dos insetos, incluindo o Aedes aegypti — portador do vírus da dengue, chikungunya e zika — alimentam-se de sangue animal (os humanos inclusos) para o desenvolvimento de seus ovos. Porém, após esse consumo, seu apetite por sangue se reduz até depois que as fêmeas põem seus ovos.

Os pesquisadores queriam entender o mecanismo por trás desse ciclo. Eles notaram que os níveis de um hormônio produzido no intestino do inseto (chamado neuropeptídeo F, ou NPF), aumentavam quando os mosquitos estavam procurando um hospedeiro e desapareciam depois que eles se alimentavam com sangue.

“Isso nos motivou a analisar se a presença desse hormônio era um fator determinante na busca por uma refeição de sangue”, afirmou Michael Strand, entomologista da Universidade da Geórgia em Atenas e coordenador do estudo, à Nature.

A equipe, então, analisou células enteroendócrinas de mosquitos, que produzem hormônios no trato gastrointestinal. Como esperado, os níveis de NPF dispararam antes que os mosquitos tivessem uma refeição de sangue e caíram seis horas após se alimentarem.

Segundo os pesquisadores, a atração dos mosquitos pelo sangue humano correspondeu a essa oscilação hormonal: eles não demonstraram interesse por uma mão humana no dia em que tinham feito uma refeição; porém, após terem posto seus ovos, voltaram a sentir atração por ela.

Posteriormente, os cientistas derrubaram o gene que produz o NPF em mosquitos fêmeas e descobriram que isso reduziu a atração delas pelo sangue humano. Quando injetaram o hormônio novamente nesses mosquitos, o interesse foi restaurado, mas teve pouco efeito em mosquitos que estavam carregando ovos.

Em paralelo a essas descobertas, os pesquisadores identificaram outro hormônio, chamado RYamide, que também é produzido no intestino e é responsável por regular o comportamento alimentar em insetos. Após uma refeição, os níveis desse hormônio aumentaram.

Em mosquitos sem ovos, uma injeção de RYamide reduziu os níveis de NPF e suprimiu sua atração por hospedeiros humanos. Já os mosquitos com níveis naturais de hormônios dispararam para uma mão humana. Segundo os pesquisadores, esse comportamento sugere que os dois hormônios trabalham juntos para estimular e suprimir a atração dos mosquitos por sangue humano.

“A descoberta pode fornecer novos alvos de pesticidas para prevenir a reprodução de mosquitos e a transmissão de doenças”, diz Zhen Zou, um entomologista do Instituto de Zoologia da Academia Chinesa de Ciências em Pequim, à Nature.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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