Caso das
joias pode ter maior impacto para Bolsonaro do que cartão de vacinação
O
analista da CNN Victor Irajá comentou no CNN Arena (segunda a sexta, 18h) sobre
o indiciamento pela Polícia Federal de Jair Bolsonaro no caso das joias
sauditas nesta quinta-feira (4). De acordo com Irajá, esse caso pode ter um
impacto eleitoral mais significativo do que o das fraudes em cartões de
vacinação, pelo qual o ex-presidente também foi indiciado.
O
especialista explica que o caso das joias atinge diretamente um dos principais
discursos de Bolsonaro: o combate à corrupção e a imagem de ilibado.
“O
indiciamento em um esquema teoricamente mais fácil de se entender, que se trata
da venda de joias dadas ao Estado brasileiro, não à pessoa física de Jair
Bolsonaro, tem um impacto muito significativo. Isso por causa dos ataques que
Jair Bolsonaro fazia, por exemplo, ao atual presidente, o chamando de
corrupto”, avaliou Irajá.
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Impacto maior que o caso das vacinas
Segundo
o analista, o caso das vacinas teve um impacto menor porque o discurso de
Bolsonaro sobre a Covid-19 foi assimilado por parte de seu eleitorado. “Há um
sentimento meio coletivo de esquecimento em relação ao que aconteceu na
pandemia, até pelo impacto social que causou perante todos nós”, afirma.
Entretanto,
Irajá ressalta que o caso ainda não foi encerrado. “Bolsonaro não foi condenado
a nada. Ele é inocente até que se prove o contrário”, conclui.
• Relembre a cronologia de como aliados
do ex-presidente venderam e recuperaram Rolex
A
Polícia Federal vai entregar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório
final do inquérito que apurou a suspeita de venda ilegal de joias do acervo
presidencial. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado por peculato,
que é a apropriação de bens públicos, associação criminosa e lavagem de
dinheiro.
Bolsonaro
ganhou joias e presentes no exercício do mandato. Ao todo, ele recebeu anel,
abotoaduras, um rosário islâmico ("masbaha”) e um relógio da marca Rolex,
de ouro branco com diamantes.
Segundo
a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes,
ele teria usado a estrutura do governo brasileiro para se beneficiar da venda
dos itens.
As
investigações da PF mostraram que os presentes começaram a ser negociados nos
EUA em junho de 2022. O g1 fez uma cronologia do recebimento, transporte e
venda do relógio (veja mais abaixo).
O
objeto foi vendido por cerca de R$ 300 mil para uma loja chamada o Precision
Watches, na Pensilvânia, nos Estados Unidos. O item de luxo deixou o Brasil,
segundo a investigação, em um avião da Força Aérea Brasileira junto com uma
comitiva do ex-presidente.
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Cronologia
• 19/10/2019 - Bolsonaro viaja ao
Oriente Médio. O objetivo era intensificar relações com países da região e
divulgar oportunidades de investimentos no Brasil.
• 30/10/2019 - Em visita a Riad, na
Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu o Rolex de presente. Conforme apurado pelo
jornal "O Estado de S. Paulo", o ex-presidente participou de um
almoço oferecido pelo rei saudita, Salman Bin Abdulaziz al Saud, momento em que
ganhou um conjunto de joias, incluindo o relógio.
• 11/11/2019 - O Rolex recebido foi
protocolado como presente no "Acervo Privado" após ordem de
Bolsonaro.
• 06/06/2022 - O Rolex é liberado do
"Acervo Privado", tendo como destino o gabinete de Bolsonaro. O
tenente Osmar Crivelatti assinou a retirada do Rolex.
• 06/06/2022 - Mauro Cid (filho) troca
e-mails para tratar da possível venda do Rolex. Os e-mails não deixam claro
quem estava negociando com o então ajudante de ordens de Bolsonaro.
• jun/22 - Com Mauro Cid (filho) e
comitiva, Bolsonaro viaja aos EUA para participar da Cúpula das Américas. Cid
(filho) não retorna ao Brasil junto com a comitiva. A PF suspeita que o Rolex
deixou o país neste mês.
• 12/06/2022 - Mauro Cid (filho) e
Marcelo Camara trocam mensagens sobre o "Kit Ouro Branco", que inclui
o Rolex. Os registros foram feitos por Mauro Cid (filho), enquanto ele ainda
estava nos EUA.
• 13/06/2022 - Cid (filho) vai até
Pensilvânia (EUA) vender o Rolex. O endereço refere-se a um Shopping Center,
que abriga uma loja especializada em vendas de relógios novos e usados.
• 13/06/2022 - O Rolex presenteado pela
Árabia Saudita é vendido na Pensilvânia. Segundo a PF, o item de luxo foi
repassado à loja Precision Watches por R$ 346.983,60. O valor foi depositado na
conta bancária de Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, e amigo de longa
data de Bolsonaro.
• 30/12/2022 - Novos itens do conjunto
"Ouro Branco" são retirados do Brasil. As peças foram transportadas
no avião presidencial para os Estados Unidos, segundo a PF.
• Março de 2023 - Imprensa revela
existência do Rolex.
• 08/03/2023 - Envolvidos criam
operação para resgatar as peças do “Kit Ouro Branco”, incluindo o Rolex. A PF
informou que, durante a troca de mensagens, os envolvidos compartilharam
notícias de que o TCU poderia pedir imediata devolução dos itens.
• 11/03/2023 - Frederick Wassef viaja
para os EUA para recuperar o Rolex.
• 14/03/2023 - Wassef recompra o Rolex
nos EUA. Ele precisou pagar um valor maior do que o obtido na venda, segundo o
Blog da Natuza Nery.
• 15/03/2023 - Fábio Wajngarten troca
mensagens com Mauro Cid (filho). Segundo a PF, na conversa, eles diziam temer
que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinasse a devolução imediata dos
itens de luxo.
• 15/03/2023 - O TCU determina a
devolução dos itens de luxo dado por sauditas. A entrega dos itens deveria ser
feita à Secretaria-Geral da Presidência da República no prazo de cinco dias.
• 27/03/2023 - Mauro Cid (filho)
embarca para os EUA para recuperar as demais peças do "Kit Ouro
Branco", na Flórida. Nesta data, Mauro Cid (filho) disse a Osmar
Crivelatti, por meio de um mensagem, que a situação estava resolvida.
• 28/03/2023 - Mauro Cid (filho)
retorna ao Brasil com as peças do “Kit Ouro Branco”.
• 29/03/2023 - Wassef volta ao Brasil
com o Rolex e desembarca em São Paulo.
• 02/04/2023 - Wassef entrega o Rolex a
Mauro Cid (filho) em São Paulo.
• 02/04/2023 - Mauro Cid (filho) leva o
Rolex para Brasília e o entrega a Osmar Crivelatti.
• 04/04/2023 - Kit de joias é entregue
na Caixa Econômica Federal pela defesa de Jair Bolsonaro, segundo o blog da
Julia Duailibi.
• 04/07/2024 - Polícia Federal conclui
inquérito das joias
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Cristiano Piquet deu detalhes à PF sobre o transporte da mal levada de carro de
Orlando para Miami
O
empresário Cristiano Piquet afirmou à Polícia Federal que transportou uma mala
de joias do ex-presidente Jair Bolsonaro de Orlando para Miami (EUA). Piquet,
no entanto, reiterou que não sabia qual era o seu conteúdo.
Piquet
é brasileiro, mas atua há 20 anos como corretor imobiliário no estado da
Flórida e vive em Miami. Ele foi ouvido pela PF na condição de testemunha.
Dentro
da mala, que o empresário afirmou desconhecer o conteúdo, havia um kit composto
por um barco e uma palmeira, os dois supostamente de ouro, dados de presente a
Jair Bolsonaro no Bahrein.
A
mala foi levada aos EUA pelo tenente-coronel Mauro Cid, que era na época
ajudante de ordens de Bolsonaro. O transporte foi feito no apagar das luzes do
mandato do ex-presidente, no avião presidencial que partiu de Brasília no dia
30 de dezembro.
Bolsonaro
viajou no mesmo período para os EUA para não ter que passar a faixa
presidencial para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Para o general vender
Mauro
Cid pretendia levar a mala de Orlando para Miami, uma distância de 380
quilômetros, para encontrar seu pai, o general Mauro Lorena Cid. Lá o general
venderia as joias em lojas especializadas.
Cristiano
Piquet fez o seguinte relato para o podcast “Cid: A sombra de Bolsonaro”, do
UOL:
"Eu
tava em Orlando, né, fui lá só pra atender eles de carro. Aí na volta o
segurança me fala: 'Piquet, você tá voltando pra Miami?'. Eu falei: 'tô'. 'Pode
levar essa mala?' 'Posso.' 'Alguém vai pegar com você lá.' Eu falei 'beleza'.
Nem mexi na mala, por respeito ao presidente. Cheguei e coloquei. No dia
seguinte me liga o Cid: 'ó, tem que pegar a mala. Tá aqui, vem cá.' Pego a
mala, beleza, morreu o assunto. Um mês depois é que eu fui saber na
mídia", contou Piquet.
Ele
afirmou também que a própria Polícia Federal, que está investigando o caso,
"entendeu" que ele não teve culpa.
"Ainda
fiquei preocupado, porque às vezes você faz um negócio e não pode alegar que
não sabia. Eu perguntei pra eles. Eles falaram assim: 'não, nisso você tá de
gaiato nessa história'. E aí me liberaram da investigação. Eu não sou nem
investigado, só entrei como testemunha, dei minha versão", disse Piquet.
• O que dizem os indiciados pela PF no
esquema de desvio de joias do acervo presidencial na gestão Bolsonaro
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 11 pessoas foram indiciadas pela
Polícia Federal (PF) no âmbito da investigação que apura a venda ilegal de
joias sauditas do acervo presidencial.
Alguns
dos indiciados já se manifestaram a respeito e criticaram a ação da PF.
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Confira as manifestações:
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Bento Albuquerque, ex-ministro do Ministério de Minas e Energia;
Ainda
não se manifestou
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Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social;
O
assessor e advogado de Bolsonaro afirmou que foi indiciado por ter “cumprido a
lei”, e classificou a que havia orientado, como advogado, de que os presentes
recebidos por Bolsonaro quando “fossem imediatamente retornadas à posse do
Tribunal de Contas da União”.
“Conselho
jurídico não é crime. Minha sugestão foi acolhida e os presentes entregues
imediatamente e integralmente recolhidos ao TCU”, afirmou o assessor do
ex-presidente no X (antigo Twitter). Wajngarten também classificou a ação da PF
como “arbitrária, injusta e persecutória”, e que pretende recorrer à OAB para
continuar trabalhando.
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Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro;
O
advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, foi indiciado pela PF pelos crimes de
lavagem de dinheiro e associação criminosa. Segundo as investigações, ele havia
recomprado, nos Estados Unidos, o Rolex recebido de presente por Bolsonaro e
vendido por Lourena Cid para poder entregar o item ao Tribunal de Contas da
União (TCU).
Em
nota, Wassef afirmou que não foi o ex-presidente nem Cid que pediram para ele
recomprar o Rolex.
“Eu
estava em viagem nos Estados Unidos por quase um mês e apenas pratiquei um
único ato, que foi a compra do Rolex com meus próprios recursos, para devolver
ao governo federal”, afirmou o advogado.
Wassef
também declarou que está “passando por tudo isto apenas por exercer advocacia
em defesa de Bolsonaro”.
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Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
O
ex-presidente Bolsonaro ainda não se manifestou publicamente sobre o
indiciamento. Sua defesa alega que ainda não teve acesso ao inquérito.
¬¬
José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e
Energia;
Ainda
não se manifestou.
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Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal;
Ainda
não se manifestou.
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Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica
da Presidência;
Ainda
não se manifestou.
¬¬
Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor do ministério de Minas e Energia;
Ainda
não se manifestou.
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Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro;
Ainda
não se manifestou.
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Mauro Cesar Barbosa Cid ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Em
nota, a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair
Bolsonaro (PL), afirmou que o indiciamento é “só mais uma fase das
investigações”.
Em
setembro do ano passado, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), homologou a delação premiada de Cid. Em nota, sua defesa afirmou
que o ex-ajudante de ordens “está cumprindo o acordo que fez com autoridades”.
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Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Cid e general da reserva do
exército;
Ainda
não se manifestou.
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Osmar Crivelatti, ex-assessor de Bolsonaro
Ainda
não se manifestou.
A
CNN tenta contato com os outros indiciados, o espaço segue aberto para as
eventuais manifestações.
• PF indicia Zé Trovão e cantor Sérgio
Reis por convocarem “invasão” ao STF no 7 de Setembro de 2021
A
Polícia Federal (PF) indiciou o deputado Zé Trovão (PL-SC), o ex-deputado e
cantor Sérgio Reis (Republicanos-SP) e outras 11 pessoas por atos
antidemocráticos praticados às vésperas do feriado de 7 de Setembro de 2021.
O
relatório final da investigação, com 209 páginas, foi enviado ao ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 29 de abril deste
ano e, neste momento, aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Cabe
à PGR oferecer uma acusação formal (denúncia) contra os investigados ou
arquivar o caso.
A
PF imputou a eles os crimes de incitação ao crime, associação criminosa e
tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes.
A
investigação foi aberta a pedido da ex-subprocuradora-geral Lindôra Maria
Araújo.
Em
2021, Zé Trovão e Reis participaram da convocação de manifestações que pediam o
fechamento e invasão do Supremo Tribunal Federal e um “ultimato” ao Senado
Federal.
Segundo
o pedido de investigação formulado pela PGR, as provas indicavam a “atuação dos
investigados na divulgação de mensagens, agressões e ameaças contra a
Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições”.
A
PGR também dizia que postagens e vídeos publicadas naquela época pelos
investigados tinham “convocado a população, através de redes sociais, a
praticar atos criminosos e violentos de protesto às vésperas do feriado de
7/9/2021, durante uma suposta manifestação e greve de ‘caminhoneiros'”.
A
PF também indiciou outras quatro pessoas pelos crimes de incitação pública à
prática de delito e por associação criminosa, como o jornalista Oswaldo
Eustáquio Filho e Antonio Galvan, ex-presidente da Associação Brasileira dos
Produtores de Soja (Aprosoja).
Fonte:
CNN Brasil/Fórum
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