As misteriosas mortes por cianeto em hotel
de luxo de Bangkok
Confusão e mistério
cercam um incidente desastroso ocorrido em um hotel de luxo na Tailândia. Seis
pessoas foram encontradas mortas em um quarto do hotel.
Na terça-feira (16/7),
não havia sinal de seis hóspedes que supostamente teriam deixado o hotel Grand
Hyatt Erawan em Bangkok no dia anterior.
Quando os funcionários
entraram em um dos quartos, encontraram pratos de comida intactos, xícaras de
chá vazias e os seis corpos.
Os investigadores
acreditam que os hóspedes estavam mortos havia 24 horas e teriam sido
envenenados por cianeto em suas bebidas.
A polícia suspeita que
uma das pessoas presentes no quarto envenenou os outros e cometeu suicídio.
Dois dos mortos
emprestaram "dezenas de milhões de bahts tailandeses" a outra pessoa
que também morreu no episódio com o objetivo de investir o dinheiro, segundo as
autoridades. Dez milhões de baht equivalem a cerca de R$ 1,5 milhão.
Inicialmente, a mídia
local sugeriu que houve um tiroteio. Mais tarde, a polícia negou essas versões.
A primeira-ministra da
Tailândia, Srettha Thavisin, visitou o hotel na terça-feira e pediu uma
investigação urgente, sublinhando que se tratava de um "assunto
particular" que não estava relacionado à segurança nacional.
Nas últimas horas,
está surgindo uma imagem mais clara sobre o que aconteceu no quarto.
• A sequência de eventos
Em uma conferência de
imprensa na quarta-feira, o subcomandante da polícia de Bangkok, o general
Noppassin Poonsawat, explicou que o grupo se hospedou no hotel durante o fim de
semana e contratou quatro quartos.
Eles deveriam deixar o
hotel na segunda-feira, mas isso não aconteceu.
Quatro das vítimas são
a vietnamita Thi Nguyen Phuong, de 46 anos; seu marido, Hong Pham Thanh, 49;
Thi Nguyen Phoong Lan, 47, e Dinh Tran Phu, 37.
As outras duas vítimas
são cidadãos americanos: Sherine Chong, 56, e Dang Hung Van, 55.
Na tarde de
segunda-feira, os seis estavam reunidos num quarto do quinto andar.
O grupo solicitou
serviço de quarto para comida e chá, que foi entregue por volta das 14h,
horário local, e recebido por Chong, que era a única pessoa na sala no momento.
Segundo o
subcomandante da polícia, um garçom se ofereceu para preparar chá para os
convidados, mas Chong recusou o gesto.
O garçom disse que
"ela falava muito pouco e estava visivelmente chateada", segundo as
autoridades.
O garçom então saiu do
quarto.
O restante do grupo
começou a chegar ao quarto separadamente, entre 14h03 e 14h17. A polícia não
acredita que mais alguém tenha entrado além dos seis que foram encontrados
mortos.
A polícia afirma que
não há sinais de briga, roubo ou arrombamento.
Por outro lado, os
policiais encontraram vestígios de cianeto nas seis xícaras de chá.
Fotos divulgadas pela
polícia mostram pratos de comida intocados sobre a mesa da sala, alguns ainda
cobertos com filme plástico.
Na reserva do hotel
havia um sétimo nome, que a polícia identificou como a irmã mais nova de uma
das vítimas. Ela havia deixado a Tailândia na semana passada com destino a Da
Nang, uma cidade no litoral do Vietnã, e não esteve envolvida no incidente, segundo
a polícia.
Parentes entrevistados
pela polícia indicaram que o casal Thi Nguyen Phong e Hong Phan Thanh era dono
de uma empresa de construção de estradas e tinha emprestado dinheiro a Sherine
Chong para que ela investisse em um projeto de construção de um hospital no
Japão.
A polícia suspeita que
Tran, um maquiador residente em Da Nang, também foi "enganado" para
investir dinheiro.
A mãe de Tran, Tuý,
disse ao serviço vietnamita da BBC que seu filho viajou para a Tailândia na
sexta-feira e ligou para casa no domingo para dizer que teria que estender sua
estadia até segunda-feira.
Essa foi a última
comunicação que a família teve com ele. Ela ligou para ele novamente na
segunda-feira, mas ele não atendeu.
Sherine Chong
contratou Tran como seu maquiador pessoal durante a viagem, segundo o
depoimento de um de seus alunos à BBC.
Phu, pai de Trans,
confirmou à imprensa vietnamita que seu filho havia sido contratado na semana
passada por uma mulher vietnamita para viajar para a Tailândia.
• Outros incidentes fatais
O hotel Grand Hyatt
Erawan está localizado em um bairro exclusivo de Bangkok, popular entre os
turistas, embora a área também tenha sido palco de crimes de grande repercussão
nos últimos anos.
Em outubro passado, um
adolescente de 14 anos matou três pessoas a tiros no shopping Siam Paragon, a
poucos quarteirões do hotel.
O hotel também está
localizado em frente ao Santuário Erawan, que foi bombardeado em 2015, o que
resultou em 20 mortes.
No entanto, o
primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, disse que implementou medidas
de segurança para os turistas e que o FBI, polícia federal dos Estados Unidos,
está ajudando as autoridades tailandesas na sua investigação.
O turismo é um dos
principais setores econômicos da Tailândia, que está se recuperando após o
impacto da pandemia de covid-19.
Um dia antes da
descoberta dos seis mortos, o governo expandiu seu programa de vistos gratuitos
para turistas de 93 países com o objetivo de estimular o setor.
Fonte: BBC News Mundo
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