quinta-feira, 18 de julho de 2024

AR-15: como a arma usada para tentar matar Trump virou 'o fuzil da América'

No sábado (13), Donald Trump foi vítima de uma tentativa de assassinato durante um comício em Butler, cidade da Pensilvânia, e acabou atingido por um tiro de raspão na orelha. A arma usada pelo atirador foi uma das mais populares dos Estados Unidos: um fuzil do tipo AR-15.

Segundo dados da NRA (Associação Nacional de Rifles dos EUA), o país tem hoje mais de 20 milhões de AR-15 comprados legalmente —lá, a arma é conhecida como "America's rifle", ou fuzil da América, frequente inclusive em tiroteios em massa. No começo dos anos 90, eram 400 mil.

Mas por que uma arma tão poderosa se tornou tão comum entre a população?

A expansão do número desse tipo de armamento entre a população se deu, principalmente, depois de 2004, quando caiu uma lei que proibia a fabricação, transferência e posse de armas de estilo militar para uso civil —e em vigor desde 1994.

Em 2005, com a Lei de Proteção do Comércio Legal de Armas, que dava imunidade à indústria se as armas fossem usadas ilegalmente —aprovada pelo governo George W. Bush—, a venda de equipamentos de estilo militar ganhou ainda mais força.

De acordo com a National Shooting and Sports Foundation, entre 2002 e 2012, a produção de fuzis nos EUA cresceu mais de 160%.

Os atentados terroristas de 11 de setembro e as ações militares americanas no Iraque e no Afeganistão também ajudam a explicar esse aumento exponencial, além do uso para caça.

"Acho que o evento realmente crítico que define a cultura das armas hoje, embora as pessoas não o reconheçam, é na verdade o 11 de setembro", afirma AJ Somerset, ex-soldado e jornalista canadense que passou grande parte da carreira documentando a indústria de armas de fogo, em entrevista à BBC em 2023.

<><>Arma foi usada em vários ataques nos últimos anos

Com a popularização, nos últimos anos, esse tipo de armamento foi usado em pelo menos 10 de 17 tiroteios em massa nos Estados Unidos, segundo o jornal "The Washington Post".

Os fuzis AR-15 foram utilizados, por exemplo, nos massacres das escolas Sandy Hook e Parkland; do festival de música em Las Vegas; da igreja de Sutherland Springs; da boate Pulse em Orlando; da escola primária de Uvalde; e do colégio Covenant School, em Nashville. No Brasil, a arma é proibida para uso geral —a posse é permitida para CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores).

Esse tipo de ataque reacende protestos pelo país e apelos para proibir fuzis de estilo militar. Apesar disso, alguns legisladores dos EUA até já propuseram um projeto de lei para tornar o fuzil, oficialmente, a "arma nacional" dos Estados Unidos .

<><> Balas de AR-15 causam mais danos aos órgãos

O que também faz o fuzil AR-15 ser tão popular são algumas de suas características. Acessível, customizável, leve e letal, ele é uma variação de um modelo criado nos anos 50 por Eugene Stoner, designer de uma pequena companhia no sudeste da Califórnia, a ArmaLite.

De acordo com a NSSF (Associação Comercial da Indústria de Armas de Fogo dos EUA), "os fuzis estilo AR-15 podem parecer fuzis militares, como o M-16, mas, por lei, eles funcionam como outras armas de fogo esportivas civis semiautomáticas , pois disparam apenas um tiro a cada puxão do gatilho". Eles se referem ao AR-15 como um "fuzil esportivo moderno".

Outro atrativo é o preço: eles são vendidos por um valor que varia entre US$ 400 (R$ 2.170) a US$ 2.000 (R$ 10,8 mil), e quase todos os grandes fabricantes de armas produzem um. A munição é barata e pode ser comprada online, e os carregadores podem ser usados entre os fabricantes.

De acordo com uma reportagem do "USA Today", o alcance do disparo da arma para atingir um alvo do tamanho de um veículo pode variar entre 365 e 550 metros, dependendo da habilidade do atirador, o calibre do cartucho usado e fatores ambientais.

Poderosos, os fuzis AR-15 foram criados para infligir o que um de seus projetistas chamou de "efeito de ferimento máximo", de acordo com a "Newsweek". Os AR-15s têm uma velocidade de saída maior do que alguns outros fuzis e as balas, deixando a munição em uma velocidade tão rápida que os projéteis causam mais danos aos ossos e órgãos.

<><> Republicanos seguem apoiando

Apesar de Trump, do Partido Republicano, ter sido atingido e quase morto por um disparo de AR-15, políticos republicanos são contrários a uma eventual restrição nas leis de armas do país. Nenhum dos 12 delegados republicanos ouvidos pela Reuters defendeu limites ou proibições de fuzis de assalto, aumento da idade legal para comprar uma arma ou mesmo verificações de antecedentes mais rigorosas.

Para os delegados, as reformas deveriam se concentrar em financiar melhor suporte de saúde mental para cidadãos problemáticos, uma posição republicana padrão.

Eles culparam os crimes com armas e massacres com armas de fogo - incluindo a tentativa de assassinato de Trump - em grande parte por doenças mentais e armas caindo em mãos erradas.

“É tudo sobre saúde mental. O direito de ter uma arma está consagrado na Constituição. Quando você começa a infringir isso, outros direitos começam a ser tirados", defendeu Will Boone, de Montana.

O porte de armas, aliás, está proibido dentro do Fiserv Forum, que abriga a convenção em Milwaukee, e em seu entorno imediato, que está sob controle do Serviço Secreto. No entanto, fora desse perímetro, sob a lei do estado de Wisconsin, o porte está liberado.

Segundo uma portaria da cidade de Milwaukee aprovada recentemente, não estão permitidas nesse "perímetro flexível" o porte de bolas de tênis e armas de paintball, mas o texto não cobre a maioria das armas de fogo.

Isso significa que, a uma curta distância do salão de convenções, as pessoas não podem portar uma arma de paintball, mas podem portar um AR-15.

"É completamente ridículo. Posso imaginar essa imagem de alguém chegando ao ponto de entrada com um AR-15 em um ombro, um fuzil longo sobre o outro e duas pistolas no cinto, e os policiais perguntando a ele: 'Você tem alguma bola de tênis?'", ironizou Robert Bauman, um vereador da cidade contrário à portaria à ABC News.

Na Pensilvânia, onde ocorreu o atentado a Trump, o porte do AR-15 também é permitido. Maiores de 18 anos podem possuir armas longa e não há a exigência para o armazenamento trancado e nem limite para o número de armas de fogo ou a quantidade de munição que um indivíduo pode comprar. O estado também não realiza verificações de antecedentes em compras de munição.

Durante seu mandato, de 2017 a 2021, Trump tentou várias vezes flexibilizar as leis sobre armas. Pouco depois de assumir o cargo, ele sancionou um projeto de lei que reverteu uma regulamentação da era Obama que tornava mais difícil para pessoas com doenças mentais comprarem armas.

Este ano, falando à Associação Nacional do Rifle, o candidato republicano prometeu revogar todas as restrições relacionadas a armas decretadas pelo presidente democrata Joe Biden.

•        Homem com fuzil AK-47 e máscara de esqui é preso perto de convenção republicana nos EUA

Um homem que levava um fuzil AK-47 e vestia uma máscara de esqui foi preso perto do local onde acontece a convenção republicana, nos Estados Unidos, na segunda-feira (15). Segundo a Associated Press, o suspeito tem 21 anos.

O policiamento foi reforçado no entorno da convenção após o atentado contra o ex-presidente Donald Trump, no sábado (13), na Pensilvânia. O republicano sofreu um ferimento na orelha, mas manteve a participação no evento partidário. O autor do atentado foi morto.

O homem que foi preso nos arredores da convenção republicana foi parado por policiais e agentes que monitoram a região. Durante a abordagem, os agentes encontraram o fuzil dentro de uma mochila. Nenhum outro detalhe da prisão foi divulgado.

A convenção republicana acontece na cidade de Milwaukee, no Wisconsin, e vai até quinta-feira (18). Trump foi oficializado candidato à Casa Branca durante o evento, na segunda-feira.

<><> Morte perto da convenção

Um homem que estava armado com uma faca foi morto por policiais nos arredores da convenção republicana, na tarde desta terça-feira.

Segundo a imprensa norte-americana, cinco policiais atiraram contra o homem. Autoridades disseram que ele não obedeceu a ordens dadas pelos agentes de segurança.

O incidente foi registrado a menos de 2 km de onde acontece a convenção republicana. Cerca de 50 mil pessoas participam do evento.

O Serviço Secreto dos Estados Unidos não quis comentar a morte do homem nesta terça-feira e afirmou que o caso aconteceu fora do perímetro de segurança da convenção republicana.

•        Homem armado com faca é morto por policiais nos arredores da convenção republicana

Um homem que estava armado com uma faca foi morto por policiais nos arredores da convenção republicana, nos Estados Unidos, na tarde desta terça-feira (16). O evento acontece em Milwaukee e é marcado pela oficialização de Donald Trump como candidato à Casa Branca.

Segundo a Associated Press, cinco policiais atiraram contra o homem. Autoridades disseram que ele não obedeceu a ordens dadas pelos agentes de segurança.

Duas pessoas ouvidas pela imprensa norte-americana afirmaram que o homem vivia em um acampamento de pessoas em situação de rua. Uma das testemunhas disse não saber o motivo dos disparos dos policiais.

O incidente foi registrado a menos de 2 km de onde acontece a convenção republicana. Cerca de 50 mil pessoas participam do evento. A segurança no local foi reforçada após o ex-presidente Donald Trump ser alvo de um atentado no sábado (13), na Pensilvânia.

O Serviço Secreto dos Estados Unidos não quis comentar a morte do homem nesta terça-feira e afirmou que o caso aconteceu fora do perímetro de segurança da convenção republicana.

¨      Diretora do Serviço Secreto diz que policiais estavam dentro de prédio onde atirador se posicionou para tentar matar Trump

A diretora do Serviço Secreto dos Estados Unidos, Kimberly Cheatle, disse que policiais estavam dentro do prédio onde o atirador Thomas Matthew Crooks se posicionou para tentar assassinar o ex-presidente Donald Trump. A afirmação foi feita em uma entrevista à rede de TV "ABC", na segunda-feira (16).

Trump foi alvo de um atentado no sábado (13), quando foi atingido por um tiro de raspão na orelha durante um comício na cidade de Butler, na Pensilvânia. O ex-presidente foi retirado às pressas do local e levado para um hospital. Já o atirador, de 20 anos, foi morto.

Na entrevista à ABC, Kimberly Cheatle classificou o atentado como "inaceitável" e disse que o episódio é algo "que não pode acontecer outra vez".

Agentes do Serviço Secreto dos Estados Unidos estavam presentes no comício de Trump, sendo um deles o sniper que matou o atirador.

Por outro lado, a diretora disse que era responsabilidade da polícia local proteger e vigiar o prédio onde Crooks subiu no telhado para atirar contra o ex-presidente.

"Havia polícia local naquele prédio. Havia polícia local na área que era responsável pelo perímetro externo do prédio", afirmou.

A diretora disse ainda que nenhum sniper do Serviço Secreto foi colocado no prédio onde Crooks estava porque o telhado era inclinado.

"Aquele prédio em particular tem um telhado inclinado no seu ponto mais alto. E então, há um fator de segurança a ser considerado, que não gostaríamos de colocar alguém em um telhado inclinado. A decisão foi tomada para proteger o prédio de dentro", disse.

Na entrevista, a diretora também negou que vá renunciar ao cargo. Cheatle deve ser ouvida sobre o caso pelo Comitê de Supervisão da Câmara no próximo dia 22 de julho.

 

¨      Biden quer culpar manifestantes pró-Palestina por 'clima de violência' após atentado a Trump

Enquanto a tentativa de assassinato de sábado (13) do ex-presidente Donald Trump complica a estratégia dos democratas que antecedem as eleições de novembro, o presidente dos EUA, Joe Biden, encontrou um novo alvo de ataque para a sua difícil campanha: os manifestantes pró-Palestina.

O plano foi revelado durante uma entrevista entre altos funcionários do governo Biden e a Reuters, um dia após o tiroteio que quase tirou a vida de seu concorrente republicano Donald Trump.

"Isto muda tudo", disse um agente de campanha sobre o evento chocante. "Ainda estamos avaliando. Argumentando contra Trump, desenhar a partir deste divisor de águas ficará muito mais difícil."

Em resposta, a equipe do presidente elaborou uma estratégia de crítica ao "clima de violência" e procurará "se basear no histórico de condenações do presidente de todos os tipos de violência política, incluindo a sua crítica contundente à 'desordem' criada pelos protestos nas universidades durante o conflito Israel-Gaza".

A campanha de Biden teria sido previamente definida para elaborar uma mensagem condenando o caráter do ex-presidente, uma estratégia utilizada pela fracassada candidatura da ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, em 2016. No centro do plano estavam os ataques a Trump devido à sua recente condenação no caso Stormy Daniels por crime de suborno e as tentativas de anular os resultados das eleições de 2020.

A tarefa do presidente octogenário será complicada pelo fato de muitos eleitores do Partido Democrata, e um número crescente de norte-americanos como um todo, estarem agora do lado dos palestinos no conflito de longa data sobre o projeto colonial etnonacionalista israelense.

Uma série de protestos pacíficos contra a campanha mortal de Israel em Gaza teve lugar nos campi universitários dos EUA no início deste ano, com estudantes exigindo que as suas universidades divulgassem e desfizessem laços de interesse financeiro ligados à ocupação sionista. Os principais meios de comunicação retrataram frequentemente as manifestações como ameaçadoras e antissemitas, embora os casos mais notáveis de violência tenham sido estimulados pela polícia e contra manifestantes pró-Israel.

Os militares israelenses mataram quase 38.700 durante a sua operação de meses na Faixa de Gaza, embora se pense que o número subestima milhares de pessoas presas sob os escombros dos ataques aéreos das Forças de Defesa de Israel (FDI).

Um estudo recente da revista médica britânica The Lancet estimou que o número final de mortos no conflito excederá os 186.000. Acredita-se que mais da metade dos mortos sejam mulheres e crianças, incluindo Hind Rajab, de seis anos, que foi morta depois que um operador de tanque israelense disparar 355 balas contra o carro que a transportava junto de sua mãe.

 

Fonte: g1/Sputnik Brasil

 

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