sábado, 27 de julho de 2024

5 hábitos que reduzem risco de Alzheimer, segundo a ciência

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva e é uma das principais causas de demência. O transtorno é caracterizado pela deterioração cognitiva e pela perda de memória, comprometendo as atividades diárias da vida e podendo levar a alterações comportamentais. No Brasil, a doença afeta 1,2 milhão de pessoas, segundo o Ministério da Saúde.

As causas para o surgimento da doença ainda são desconhecidas, mas especialistas e pesquisadores acreditam que esteja relacionada à genética. Além disso, diversos fatores estão associados a um maior risco de desenvolver a doença, como a idade, o histórico familiar, tabagismo, consumo excessivo de álcool e estilo de vida sedentário.

“Nós já sabemos que o hábito de fumar, de beber álcool diariamente, de ter uma dieta rica em gorduras trans, frituras, alimentos ultraprocessados e em carboidratos de alta combustão, como o açúcar, pode promover o estresse oxidativo das células”, explica Custódio Michailowsky, neurologista do Hospital Nove de julho, à CNN.

Segundo o especialista, esses hábitos aumentam a inflamação, promovendo o envelhecimento precoce das células do cérebro e o encurtamento de telômeros (a ponta dos cromossomos que protegem o DNA das células).

“O Alzheimer, assim como outras doenças degenerativas, é uma doença do DNA, em que ele vai perdendo sua capacidade de produzir proteínas para falta de expressão de certos genes, e isso pode acontecer com o envelhecimento e com os hábitos não saudáveis”, acrescenta.

Por outro lado, existe uma série de hábitos que podem ajudar a prevenir o Alzheimer, segundo evidências científicas existentes. Pequenas mudanças no estilo de vida podem ajudar a proteger o cérebro contra o impacto do envelhecimento e contra o declínio cognitivo. Veja cinco desses hábitos a seguir:

<><> 1. Praticar exercícios físicos regularmente

A prática de exercícios físicos é fundamental para a prevenção de diversas doenças, entre elas, o Alzheimer. Um estudo publicado em 2023 na Frontiers in Neuroscience e realizados por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pela Universidade de São Paulo (USP) mostrou que exercícios regulares, como o treinamento de resistência, podem prevenir a doença ou, pelo menos, retardar o aparecimento dos sintomas.

O trabalho foi feito em camundongos, mas, segundo os pesquisadores, o exercício reduziu a formação de placas beta-amiloides no cérebro, um dos principais biomarcadores do Alzheimer. “Isso confirma que a atividade física pode reverter alterações neuropatológicas que causam sintomas clínicos da doença”, disse Henrique Correia Campos, primeiro autor do artigo, em comunicado à imprensa.

Exercício de resistência envolve a contração de músculos específicos contra uma resistência externa e é considerado uma estratégia essencial para aumentar a massa muscular, a força e a densidade óssea, além de melhorar a composição corporal geral, a capacidade funcional e o equilíbrio.

Porém, outros tipos de exercícios também podem ajudar a prevenir o Alzheimer, segundo Michailowsky. “A atividade aeróbica de intensidade moderada ou de alta intensidade também pode promover a produção de lisina, uma substância encontrada no trato gastrointestinal que promove a saúde cerebral”, acrescenta.

<><> 2. Seguir uma alimentação próxima à dieta mediterrânea ou MIND

Se, por um lado, manter uma alimentação rica em ultraprocessados, gorduras trans e frituras pode ser um fator de risco para desenvolver Alzheimer, por outro, manter uma alimentação saudável e antioxidante pode prevenir a doença. Uma das dietas mais recomendadas para esse fim é a dieta MIND, projetada especificamente para estimular o cérebro.

“Essa é uma dieta que reduz o estresse oxidativo e o processo inflamatório do organismo, o que previne o envelhecimento precoce de todo o organismo. É importante uma dieta rica em ômega-3 e nutrientes básicos para o cérebro, como selênio, zinco e alumínio, além de ter alimentos que promovem o aumento da colina, da fosfatidilserina, importantes no circuito da memória de uma pessoa”, afirma Michailowsky.

Outro padrão alimentar interessante para prevenir o Alzheimer é a dieta mediterrânea. Estudos mostraram que tanto a dieta MIND quanto a mediterrânea reduziram significativamente o risco de declínio cognitivo.

<><> 3. Manter a boa qualidade do sono

O sono também é fundamental para a recuperação da função cerebral, segundo Michailowsky. “Nós precisamos ter, pelo menos, de seis a oito horas de sono”, orienta o especialista. Um estudo publicado em 2021 mostrou que dormir menos de seis horas por noite aumenta o risco de demência em 30% em pessoas com idades entre 50 e 70 anos. O trabalho acompanhou quase 8 mil pessoas por 25 anos.

Além disso, outro estudo publicado neste ano na revista científica Neurology sugere que pessoas na faixa dos 30 e 40 anos que sofrem com interrupções no sono têm duas vezes mais chances de terem problemas de memória e pensamento uma década depois.

Outro estudo mais recente, realizado por pesquisadores do Imperial College London, mostrou que pessoas na meia-idade que têm pesadelos com frequência podem ter um risco maior de desenvolver demência, em comparação com quem não tem.

<><> 4. Fortalecer o cérebro com atividades cognitivas

Exercitar o cérebro é tão importante quanto exercitar o corpo. Por isso, fazer a “ginástica do cérebro”, ou seja, realizar atividades ou tarefas que estimulem e exercitem as funções cerebrais, é fundamental para promover e fortalecer a cognição.

Alguns exemplos de atividades que ajudam a exercitar o cérebro são:

•        Quebra-cabeças;

•        Palavras-cruzadas;

•        Jogos de tabuleiro;

•        Sudoku;

•        Cálculos matemáticos;

•        Ábacos.

Além disso, aprender novas habilidades, como um novo idioma ou tocar um instrumento, também ajudam a desafiar o cérebro e, consequentemente, exercitá-lo, reduzindo o risco ou retardando o declínio cognitivo e fortalecendo funções como memória, raciocínio lógico e concentração.

<><>5. Manter a boa higiene bucal

Além da saúde física e cerebral, manter em dia a saúde bucal também parece ser importante para a proteção do cérebro contra o Alzheimer. Um estudo norueguês, publicado em 2019, aponta que bactérias que causam gengivite, uma inflamação na gengiva, podem se mover da boca par ao cérebro, podendo levar à perda de memória e, em casos mais graves, à demência.

Os autores examinaram 53 pessoas com Alzheimer e descobriram uma enzima tóxica liberada pelas bactérias em 96% dos casos. Segundo o estudo, o acúmulo dessas bactérias pode causar uma progressão mais rápida da doença.

No entanto, é importante ressaltar que o estudo apenas observou uma relação e não determina uma causalidade. Por isso, não é possível afirmar que a gengivite pode levar à perda cognitiva.

De acordo com Denise Tibério, presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), pessoas com a gengiva mais inchada devem procurar o cirurgião-dentista. “Procurar um profissional e buscar a causa, aprender a higiene da cavidade bucal, eliminar – quando possível – os fatores de risco, aumentar as visitas ao profissional para polimento e profilaxia, são todas ações de enorme importância”, afirma.

 

•        Mudanças climáticas poderão agravar doenças cerebrais, diz estudo

As mudanças climáticas poderão afetar negativamente a saúde de pessoas com doenças cerebrais no futuro, de acordo com um novo estudo publicado na The Lancet Neurology nesta quarta-feira (15). No artigo, pesquisadores da London’s Global University (UCL) afirmam que os impactos nas doenças neurológicas podem ser “substanciais” e enfatizam a necessidade de compreender essas consequências para a vida dos pacientes.

A conclusão foi feita após a revisão de 332 artigos publicados em todo o mundo entre 1968 e 2023. Eles consideraram 19 condições relacionadas ao sistema nervoso, escolhidas com base no estudo Global Burden of Disease 2016. Entre elas, estão doenças como AVC (acidente vascular cerebral), enxaqueca, Alzheimer, meningite, epilepsia e esclerose múltipla. A equipe também analisou o impacto das alterações climáticas em vários distúrbios psiquiátricos graves, como ansiedade, depressão e esquizofrenia.

“Há evidências claras do impacto do clima em algumas doenças cerebrais, especialmente acidentes vasculares cerebrais e infecções do sistema nervoso”, afirma o professor Sanjay M. Sisodiya, diretor de genômica na Sociedade de Epilepsia e membro fundador da Epilepsy Climate Change, em comunicado à imprensa.

“A variação climática que demonstrou ter efeito nas doenças cerebrais incluía extremos de temperatura (baixa e alta) e maior variação de temperatura ao longo do dia – especialmente quando essas medidas eram sazonalmente incomuns”, explica. “As temperaturas noturnas podem ser particularmente importantes, pois as temperaturas mais elevadas durante a noite podem perturbar o sono. Sabe-se que o sono insatisfatório agrava uma série de problemas cerebrais.”

•        Pessoas com Alzheimer correm maior risco

A equipe afirma que pessoas com demência estão mais suscetíveis a danos causados pelas temperaturas extremas e a serem vítimas de eventos climáticos (como inundações ou incêndios florestais), uma vez que a deficiência cognitiva pode limitar a capacidade de adaptar o comportamento às mudanças ambientais.

“A redução da consciência do risco é combinada com uma menor capacidade de procurar ajuda ou de mitigar potenciais danos, como beber mais em tempo quente ou ajustar a roupa”, explicam os pesquisadores.

“Essa suscetibilidade é agravada pela fragilidade, multimorbidade e medicamentos psicotrópicos. Consequentemente, maior variação de temperatura, dias mais quentes e ondas de calor levam ao aumento de internações hospitalares e mortalidade associadas à demência”, completam.

•        Internações hospitalares e risco de morte estão associados às altas temperaturas

Os pesquisadores descobriram, ainda, que houve um aumento nas internações, incapacidades ou mortalidade decorrente a um AVC relacionadas às temperaturas mais altas ou ondas de calor. Isso também foi observado para transtornos de saúde mental, principalmente em relação às flutuações diárias de temperatura.

Os autores do estudo observaram, ainda, que, à medida que os eventos climáticos adversos aumentam em gravidade — como as enchentes e os incêndios florestais –, as populações estão sendo expostas ao agravamento de fatores ambientais que trazem riscos à saúde que não foram previstos em estudos anteriores.

Como resultado disso, os pesquisadores argumentam que é importante garantir a atualização dessas pesquisas, considerando não apenas o atual estado das alterações climáticas, mas também o futuro.

“Este trabalho está decorrendo em um contexto de agravamento preocupante das condições climáticas e terá de permanecer ágil e dinâmico se quiser gerar informação que seja útil tanto para os indivíduos como para as organizações”, afirma Sisodiya. “Além disso, existem poucos estudos que estimam as consequências para a saúde das doenças cerebrais em cenários climáticos futuros, o que torna o planeamento futuro um desafio.”

•        Ansiedade climática também eleva os riscos

A ansiedade climática, ou “ecoansiedade“, também pode potencializar transtornos psiquiátricos, como a própria ansiedade e depressão.

“Todo o conceito de ansiedade climática é uma influência adicional e potencialmente pesada: muitas doenças cerebrais estão associadas a um maior risco de distúrbios psiquiátricos, incluindo ansiedade, e tais multimorbidades podem complicar ainda mais os impactos das mudanças climáticas e as adaptações necessárias para preservar saúde. Mas há ações que podemos e devemos tomar agora”, afirma Sisodiya.

Ecoansiedade é um termo usado para designar o “medo crônico da catástrofe ambiental“, de acordo com a definição da Associação Americana de Psicologia. Ele começou a ser usado pela literatura da ecopsicologia na década de 1990, mas tem ganhado maior projeção com as mudanças climáticas e eventos ambientais adversos recentes.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: