quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Moisés Mendes: Depois de duas derrotas, o macho bolsonarista violento é um ser desorientado

O Brasil leva de 2023 para 2024 muitos dos seus paradoxos à espera de decifradores. Esse é um deles: por que a violência cotidiana, principalmente contra as mulheres, não para de crescer, mesmo com os abalos sofridos pela base política e amoral da qual faz parte a maioria dos agressores?

Por que homens violentos quase sempre identificados com o bolsonarismo e o fascismo estão tão ativos quanto estiveram nos quatro anos de extrema direita no poder?

Uma tentativa de resposta: eles sobrevivem como agressores porque o macho bolsonarista ficou desorientado pela perda do poder político que avalizava suas falas e suas atitudes e não consegue puxar o freio, porque nem freio tem.

O macho bolsonarista dava como certa a vitória na eleição. Depois, já inseguro, apostou no golpe. Deu tudo errado e ele foi abandonado até por seus líderes.

Alguns teimam em se agarrar ao autoengano de que continuam protegidos por um Bolsonaro inelegível, mas ainda protagonista, agressivo e falante. Sabem que essa proteção é precária, mas é preciso enganar-se.

Esse macho se sentia autorizado a fazer o que Bolsonaro inspirava. A desproteção o desorientou e o fragilizou. Todas as estatísticas sobre violência contra a mulher, que são agressões típicas de bolsonaristas, e todas as atitudes extremadas de violência física mostram aumento de casos este ano.

Homens violentos das polícias militares continuam batendo, atirando e matando negros e pobres. Homens fragilizados pelas circunstâncias políticas ficaram mais violentos em casa e nas ruas em 2023.

Um exemplo é o dos casos de perseguição, que chamam de stalking, em que quase sempre um homem que se considera rejeitado está perseguindo uma mulher com ameaças psicológicas e/ou físicas.

A polícia do Rio Grande do Sul, segundo Zero Hora, registrou em 2002, de janeiro a outubro, 3.343 casos de perseguição no Estado. No mesmo período de 2023, foram 3.963.

Não param de crescer agressões e assassinatos de mulheres, gays, trans. O macho bolsonarista agressor não se contém e segue em frente, porque está programado para agredir.

Era violento sob a proteção do sentimento de impunidade. Sentia-se à vontade porque a violência era da natureza do grupo que estava no poder.

Esse macho agia com violência sob o comando de Bolsonaro e, quando esperavam que o resgate da democracia iria conter seus impulsos, tornou-se mais violento.

Todas as estatísticas mostram que, ano a ano, a violência vinha crescendo no Brasil. E, mesmo sem a inspiração do poder de Bolsonaro, não para de crescer.

Para seguir no exemplo gaúcho, são 13 casos de perseguição por dia, fora os não registrados. A violência não foi contida pela perspectiva de reversão da sensação de que nada iria acontecer.

O bolsonarista não tem mais Bolsonaro com o palanque do governo, mas tem Nikolas Ferreira e outros com o palanque da Câmara e do Senado. É a exacerbação do ativismo misógino, transfóbico e racista com mandato.

O bullying virtual que matou a jovem mineira Jéssica Vitória Canedo deve ser examinado nesse contexto. O extremista incorporou às suas ações, também na internet, a índole necrófila de Bolsonaro.

O processo de resgate da democracia não é capaz de detê-lo. Para o bolsonarista violento, é preciso mais do que perseguir e humilhar, é preciso matar. E, se o perseguido morrer, dizer que ninguém é coveiro.

Esse macho bolsonarista continua sugerindo que matem Lula, porque o sentimento de parte deles, em meio à desorientação, é mais do que o de impunidade. Eles acham que estão apenas temporariamente fora do poder.

O macho bolsonarista precisa ser reprogramado, para que se submeta à nova realidade. Essa é a missão das instituições que se encolheram nos quatro anos de bolsonarismo.

O fascista inseguro, em crise de autoestima, se esforça para provar a si mesmo e ao seu entorno que, mesmo com seu líder fora do poder, ainda consegue ser fascista e violento e ficar impune.

 

Ø  PF deve indiciar Bolsonaro por vários crimes no início de 2024

 

A Polícia Federal (PF) está prestes a concluir uma investigação relacionada ao presidente Jair Bolsonaro e a disseminação de notícias falsas. O inquérito, que apura possíveis envolvimentos do ex-presidente em uma rede de fake news, tem como objetivo formalizar o indiciamento de Bolsonaro em 2024.

O caso ganhou destaque após a análise de informações e documentos que sugerem a participação do ex-presidente na promoção de desinformação, especialmente nas redes sociais. A PF conduziu entrevistas, coletou evidências e analisou dados digitais como parte do processo investigativo. Aguarda-se o desfecho oficial da investigação, que promete impactar o panorama político nacional.

 

Ø  Aliados de Bolsonaro se oferecem para atuar como ponte entre Dino e o STF 

 

Em uma tentativa de reconstruir as relações com o Supremo Tribunal Federal (STF), aliados de Jair Bolsonaro (PL) têm buscado se aproximar de membros da corte, visando, principalmente, estreitar laços com Flávio Dino, que teve o seu nome aprovado para integrar a Corte.

De acordo com a coluna da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, “dois ministros do Supremo relataram à coluna que, durante a campanha de Dino junto a senadores para sua aprovação para a corte, foram procurados por aliados de Bolsonaro. Eles se dispuseram, segundo os magistrados, a colaborar para angariar votos pela aprovação do ministro, que sofreu forte resistência da ala da Casa alinhada ao ex-presidente”.

Esse movimento coincide com gestos de aproximação de aliados de Bolsonaro em relação ao Supremo. Advogados e interlocutores do ex-mandatário aproveitaram a crise desencadeada após o voto do líder do governo, Jaques Wagner, em uma proposta que limita as decisões monocráticas do tribunal, para se aproximarem de alguns ministros.

Uma das metas dessa aproximação é testar a viabilidade de uma tese para reverter a inelegibilidade de Bolsonaro até 2026. No entanto, integrantes da corte afirmam considerar "impossível" que Bolsonaro possa disputar algum cargo eletivo antes de 2030. 

 

Ø  Sucesso do governo Lula já atrai eleitores de Bolsonaro, diz Márcio Macêdo

 

O ministro-chefe da Secretaria-Geral do presidente Lula, Márcio Macêdo, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que eleitores de Jair Bolsonaro começaram a perceber a eficiência do atual governo.

Os avanços gerados pelo governo Lula quebram a resistência dos bolsonaristas, na avaliação do ministro. "As pessoas estão vendo que não tem discriminação contra ninguém, não tem perseguição a ninguém, que as políticas públicas estão sendo direcionadas para resolver os problemas da população, que a economia está sendo cuidada de forma muito eficiente", disse Macêdo na entrevista, divulgada nesta quarta-feira (27).

"Uma série de coisas está acontecendo e é natural que as pessoas vão assimilando [as mudanças]", tendo "acesso às informações" e "sentindo na pele" os efeitos, acrescentou.

 

Ø  SENTIU: Nikolas Ferreira se desespera com investigação da PF sobre ameaças de morte a Lula

 

O deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) se desesperou com a investigação que será aberta pela Polícia Federal (PF) para apurar ameaças de morte feitas por usuários das redes sociais contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva

O parlamentar de extrema direita vem fazendo uma série de postagens no X (antigo Twitter) na tentativa de se desvincular das ameaças, proferidas por seus seguidores a partir de uma postagem que havia feito incitando o ódio contra o chefe do Executivo

"A PF não disse que irá me investigar, mas sim a pessoa que comentou em um post meu ameaçando o Lula. Por óbvio: não sou responsável por nenhum comentário feito por terceiros nas minhas redes. O que passar disso é narrativa e desespero. Tentem na próxima. Abraços", escreveu Nikolas nesta quarta-feira (27). 

Na sequência, o extremista prosseguiu com seus esclarecimentos, demonstrando preocupação com a repercussão da investigação da PF e seus possíveis desdobramentos. 

"Resumo: - Um cara comentou em um post meu do Twitter “ameaças” contra o Lula. - PF disse que irá investigar ele e outros. - Mídia lança manchetes relacionando os comentários a mim (como se eu fosse responsável) - CNN divulga que haverá apuração do meu envolvimento. Chegar a ser constrangedor a tentativa de gerar narrativas e desgastes contra meu nome. Vão capinar um lote". 

·        Entenda o caso 

Interino no comando do Ministério da Justiça durante as férias de Flávio Dino - que deixa a pasta no dia 8 de janeiro para assumir uma cadeira no STF -, Ricardo Cappelli anunciou investigação da Polícia Federal (PF) de ameaças feitas por seguidores de Nikolas Ferreira ao presidente Lula, a partir de publicação em que incita o ódio contra o o mandatário. 

Na publicação em questão, o deputado bolsonarista usa um print de reportagem do Estadão que diz que "Lula confirma virada do ano em 'praia privativa' controlada pelas Forças Armadas" para destilar ódio lançando uma ironia: "O pai dos pobres, popular e amado pelo povo".

Nos comentários do post, então, um seguidor de Nikolas convocou uma "vaquinha" para "pagar um mercenário com um rifle de precisão" sugerindo o assassinato de Lula. Outras ameaças vieram à tona a partir de então. 

"Estou encaminhando hoje à Polícia Federal determinação para que apure ameaça feita ao presidente @LulaOficial  nas redes sociais fazendo alusão a "rifle de precisão" e "vaquinha para tal". As redes sociais não são e não serão um terreno de incentivo a crimes contra as autoridades", afirmou Cappelli na rede X. 

Após a repercussão do caso, o usuário identificado como André Luiz admite que errou, mas debochou da decisão do Ministério da Justiça de investigá-lo. "Diante dos últimos ocorridos, podemos chegar a uma conclusão: eu errei? Sim! Eu contrataria um mercenário para eliminar um Presidente da República? Não, afinal, gastaria o dinheiro em outra coisa".

 

Fonte: Brasil 247/Fórum

 

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