Para onde vai o dólar em 2024? Especialistas apostam em moeda americana
abaixo dos R$ 5
Qual a projeção de dólar para 2024? Segundo o Banco
Central, a estimativa é que a moeda americana acabe 2024 em R$ 5,00. É o que
aponta o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 18. A estimativa é um
pouco acima da cotação da moeda de hoje, que fechou em R$ 4,905. Ainda
assim, a previsão do BC está em linha com especialistas consultados
pela EXAME Invest, mas há quem seja ainda mais otimista e trabalhe com um
câmbio menor.
Em relatório, os analistas do BTG Pactual (mesmo
grupo controlador da EXAME) projetam um cenário-base com o dólar a R$
4,85. Isso porque, apesar do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos
apontar uma tendência de queda em 2024, o banco não espera que o efeito resulte
em uma depreciação da moeda brasileira. “O início dos afrouxamentos de ciclo
monetário nos Estados Unidos e na Zona do Euro, que devem começar no segundo
trimestre, serão vetores importantes para a movimentação do índice DXY durante o
ano, resultando gradualmente em uma depreciação do dólar ", dizem.
O BB Investimentos, também em relatório, espera que
o câmbio encerre o ano em patamar semelhante ao de 2023, com o dólar
cotado a R$ 4,95. Para os analistas, contribui para o otimismo a manutenção do
viés positivo para as contas externas e o cenário global, “que contempla quedas
sincronizadas de juros na segunda metade do ano que vem.”
Na mesma linha, mas sem trabalhar com a projeção de
câmbio, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, pontua que os juros
americanos em queda incentivam o investimento em ativos de risco — o que, entre
outros, inclui moedas emergentes como o Real. “Temos um cenário para 2024 de
aparente menor crescimento para os EUA e uma inflação que tem sido controlada,
abrindo espaço para corte de juros. Consequentemente, há impactos na cotação do
dólar.”
André Perfeito, economista, se mostra mais otimista
e aponta dólar em R$ 4,70 para o próximo ano. Segundo ele, a
perspectiva de balança comercial positiva e certa estabilidade macroeconômica
no Brasil coloca o real em posição estratégica em relação às demais moedas do
mundo. Fora isso aumentam as chances de algum corte nos juros nos EUA o que
enfraquece a moeda norte-americana.
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E o dólar até o final do ano?
No Boletim Focus desta segunda-feira, o BC revisou
a sua estimativa para o câmbio no fim de 2023. Ele saiu de R$ 4,95
para R$ 4,93. Novamente, o cenário é impactado pela conjuntura da política
monetária dos bancos centrais globais.
Para Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da
StoneX Banco de Câmbio, as projeções poderiam ser ainda mais otimistas. “Se na
semana passada o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tivesse
ratificado o início da flexibilização dos juros já para o começo de 2024, as
projeções poderiam estar mais baixistas.”
Isso porque, após a última Super Quarta, em que Fed
manteve inalterada a taxa de juros no patamar de 5,25% a 5,50%, investidores passaram a precificar o início dos cortes no primeiro
trimestre do ano que vem — ou, mais especificamente, para a partir de
março. Mas o cenário azedou quando alguns dirigentes, na sexta, 15, afirmaram
que ainda é prematuro pensar em cortes.
“Contribui também [para a projeção do Boletim
Focus] o receio quanto ao crescimento global e a contínua queda da
atividade na China, acentuado a aversão aos ativos de riscos”, diz Riauba. Ao
contrário do BTG, a StoneX é um pouco mais conservadora nas estimativas para o
dólar, e trabalha com uma variação de preço-alvo entre R$ 4,96 e R$ 5,04.
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Mas o que pode fazer o dólar subir em 2024?
Fatores que trabalham contra um dólar abaixo dos R$
5 são variados. Eles vão desde uma piora fiscal no Brasil até questões
climáticas. Em relação à política monetária, Alves pontua que um dos riscos é o
diferencial de juros americanos frente ao Brasil. “A diferença diminuiu à
medida que a Selic vem cedendo e a taxa dos Fed Funds se mantém num patamar
elevado.”
O estrategista-chefe da Avenue ainda alerta que,
para o ano que vem, não se sabe se a balança comercial brasileira voltará a
bater recordes, como em 2023. “Esse é um fator de risco para essa projeção de
dólar na casa dos R$ 5, sobretudo quando você considera os impactos do El Niño
sobre as commodities”, diz.
Já o BTG destaca que a melhora externa pode levar a
uma deterioração da política fiscal no próximo ano. Se houver mudanças na meta
fiscal, com uma contração de 1% a fim de que as despesas não sejam controladas,
a sinalização para os anos seguintes será negativa e pode refletir na
trajetória da dívida pública. “Caso o governo opte por contingenciar o
necessário para cumprir a atual regra fiscal, haveria espaço para uma forte
apreciação do real frente ao dólar em 2024 — contudo, este não parece ser o
mais provável.”
Milei institui novo modelo que dispensa licença
para importação. Como a medida afeta o Brasil?
O governo de Javier
Milei encerrou o modelo de importação implementado na gestão anterior e
criou um novo sistema que dispensa as licenças de importação.
A ideia é agilizar a compra de bens no exterior, o
que afeta diretamente empresas brasileiras. O Brasil exportou US$ 14,9 bilhões
para a Argentina neste ano, considerando dados até outubro, e é seu
segundo maior parceiro comercial, atrás da China.
A resolução 5.466/2023, publicada nesta
quarta-feira no "Diário Oficial" argentino, acaba com o polêmico
Sistema de Importações da República Argentina (SIRA), que havia sido adotado
quando Sergio Massa estava à frente do Ministério da Economia.
Ela também cria o Sistema Estatístico de
Importações (SEDI), que deixará de exigir licenças ou permissões para importar.
Ou seja, não será necessária a aprovação da Secretaria de Comércio para que um
bem seja importado. O novo modelo entra em vigor hoje.
O novo registro permitirá a declaração antecipada
de importações, "a fim de normalizar e facilitar o comércio
exterior".
"Assim, são eliminados os obstáculos ao
comércio baseados na discricionariedade, desmontando possíveis focos de
corrupção, e o sistema é ajustado aos padrões internacionais da Organização
Mundial do Comércio (OMC) em relação à administração do comércio", disse a
Secretaria de Comércio.
A resolução acrescenta que o sistema que estava em
vigor até o momento afetou o desempenho e a previsibilidade das empresas
nacionais, gerando "sérias dificuldades no comércio de bens e
serviços no país, bem como uma importante dívida comercial com
fornecedores estrangeiros".
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Novo pacote de reformas de Milei declara emergência econômica até 2025
O presidente
Javier Milei enviou ao Congresso da Argentina, nesta quarta, 27, um megapacote
de medidas, que inclui a reforma do Estado, o fim das eleições primárias e mais
desregulamentações na economia.
O projeto de lei proposto por Milei tem 664
artigos. As medidas incluem a declaração de emergência pública e econômica até
31 de dezembro de 2025, que poderá ser prorrogada por até dois anos.
O pacote também dá mais poderes ao Executivo para
privatizar empresas estatais e para encerrar ou fundir agências e entidades
públicas, com exceção de universidades.
Na parte criminal, a reforma amplia penas para quem
participa ou organiza protestos com bloqueios nas ruas. A punição poderá chegar
a seis anos de prisão. Há também uma ampliação do direito à legítima defesa.
Este é o segundo grande pacote de medidas de Milei.
Na semana passada, ele promulgou um megadecreto, apelidado de DNU (Decreto
Nacional de Urgência). O texto impõe, de uma só vez, mais de 300 reformas que
revogam leis, eliminam dezenas de regulamentações, permitem a privatização de
empresas públicas, abrem as portas para operações em dólares e dão início à
flexibilização do mercado de trabalho e do sistema de saúde. A decisão está
sendo contestada no Congresso, nos tribunais e nas ruas por aqueles que a consideram
inconstitucional.
Os DNU são mecanismos excepcionais que permitem ao
Executivo aprovar ou modificar leis para tratar de assuntos urgentes que não
podem esperar pelo debate no Congresso. O governo argumentou que a situação do
país — com altos níveis de inflação e pobreza — é "muito complicada"
e merece essa medida, que não tem precedentes no país devido à sua magnitude.
Entretanto, muitos setores consideram que o presidente está se apropriando de
poderes legislativos e questionam a "necessidade e urgência" de
alguns pontos do pacote.
O decreto está previsto para entrar em vigor nesta
semana. O Congresso pode rejeitá-lo com uma maioria de votos em cada Casa. No
entanto, se apenas uma das câmaras o aprovar, o decreto é considerado válido; e
se não for posto em pauta por nenhuma delas, também é válido. Enquanto isso
acontece, outra maneira de impedi-lo é por meio dos tribunais: mais de uma
dúzia de amparos já foram apresentados, de acordo com a agência de notícias
Télam.
O Congresso entrou em sessão extraordinária na
terça, 26, para debater as medidas. No entanto, o DNU não pode ser modificado
pelos parlamentares: eles só podem aprovar ou rejeitar a peça na íntegra.
O partido de Milei, A Liberdade Avança tem 40 dos
257 deputados e sete de 72 senadores, e dependerá do apoio de outros partidos,
como da coalizão Juntos por el Cambio, de direita, para aprovar medidas.
Nesta quarta, houve protestos em Buenos Aires
contra as medidas de Milei, convocada por sindicatos. Os sindicatos se reunirão
novamente nesta quinta-feira para definir "um plano de luta". Também
está em pauta a possibilidade de uma greve geral de 24 horas.
Fonte: Exame
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