As polêmicas de Lula em 2023
Embora tenha assumido o governo com um discurso de
união e diálogo com outros poderes e setores da sociedade, o presidente Luiz
Inácio Lula da
Silva (PT)
não escapou de embates e polêmicas no primeiro ano de gestão.
Logo na segunda semana de governo, em 8 de janeiro, a
invasão aos prédios dos Três Poderes por golpistas em Brasília jogou
no colo do presidente uma crise, que envolveu integrantes do governo, aliados
do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e a segurança pública do Distrito Federal.
Ao longo do ano, o presidente
também travou um embate com o presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto, pela redução da Taxa Selic, a taxa básica de juros da economia.
Internamente, Lula desagradou parte da militância
de esquerda ao abrir espaço no governo para o Centrão, demitindo mulheres do
primeiro escalão, como as
ex-ministras Ana Moser e Daniela
Carneiro, e a ex-presidente
da Caixa, Rita Serrano.
Lula também foi criticado pela militância nas
indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF)
e na Procuradoria-Geral da República (PGR), por não escolher negros ou mulheres
para os cargos.
No campo internacional, tentou reposicionar o
Brasil na geopolítica e gerou controversas com declarações sobre guerras.
Veja a seguir as cinco principais polêmicas do
primeiro ano do governo Lula (clique no link para seguir ao conteúdo):
- Ataques
ao Banco Central
- Demissões
de mulheres do governo
- 8 de
janeiro e militares
- Indicações
à PGR e ao STF
- Declarações
controversas sobre guerra
·
Ataques ao Banco Central
Lula criticou diversas vezes ao longo do ano o
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por considerar exagerada a
taxa básica de juros, que estava em 13,75% no começo do governo e, atualmente,
está em 11,75%.
Lula afirmou que Campos Neto não tinha
compromisso com o país. O executivo, que não pode ser demitido pelo
Planalto porque tem mandato à frente do BC, foi indicado para o cargo por
Bolsonaro e apoiou o ex-presidente na eleição.
"[Campos Neto] tem compromisso com o outro
governo, que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com
aqueles que gostam de juro alto, porque não há outra explicação", disse o
petista, que teve uma
audiência com Campos Neto em setembro.
Lula defende uma
taxa mais baixa a fim de baratear o crédito e tentar acelerar
investimentos, enquanto o BC calibra a Selic para conter a inflação em um
quadro de incertezas no equilíbrio das contas públicas.
·
Demissões de mulheres do governo
Lula demitiu duas ministras e a presidente da Caixa
Econômica Federal, remanejou um ministro, e criou um ministério na
tentativa de atrair mais votos de partidos do Centrão no Congresso
Nacional. O grupo de partidos esteve ao lado de Bolsonaro na eleição
de 2022.
Liderado atualmente pelo presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL),
o Centrão é conhecido por apoiar os governos em troca de cargos e fatias do
orçamento público. Para atender o grupo, Lula fez as seguintes mudanças:
- Ministério
do Turismo: Lula demitiu
Daniela Carneiro (União-RJ) e nomeou Celso Sabino (União-PA)
- Ministério
do Esporte: Lula demitiu Ana
Moser e nomeou André Fufuca (PP-MA);
- Ministério
dos Portos: Lula retirou Márcio
França (PSB) e nomeou Silvio Costa Filho (Republicanos-PE);
- Ministério
do Empreendedorismo: Lula criou
a pasta e nomeou Márcio França;
- Caixa:
Lula demitiu
Maria Rita Serrano e nomeou Carlos Fernandes.
As negociações com União Brasil,
Republicanos e PP se arrastaram por meses e resultaram, também, na perda de
espaço de mulheres em cargos de alto de escalão. A base de Lula
espera que ele aumente a representatividade de mulheres.
O presidente
começou o governo com 37 ministérios, sendo 11 comandados por
mulheres. Ao final do primeiro ano de mandato, são 38 pastas
e nove ministras.
·
8 de janeiro e militares
Lula passou o ano, em especial o primeiro semestre,
tentando se equilibrar com as Forças Armadas em razão do envolvimento de
militares com os atos golpistas de 8 de janeiro.
Logo após a invasão das sedes dos Três Poderes, o
presidente disse que “todos” os
militares com participação comprovada nos atos extremistas, independente da
patente, seriam punidos.
O clima de desconfiança com militares, que não
desfizeram acampamentos bolsonaritstas em frente aos quarteis, pesou para
Lula demitir,
ainda em janeiro, o comandante do Exército, general Júlio César Arruada.
O general Tomás Miguel Ribeiro Paiva assumiu o cargo.
Os desdobramentos do 8 de janeiro também levaram
Lula a demitir pela primeira vez, neste terceiro mandato, um ministro. Em
abril, o
general Gonçalves Dias foi substituído no Gabinete de Segurança Institucional
(GSI) pelo também general Marcos Antonio Amaro.
Dias pediu demissão após a divulgação de gravações
do circuito interno de segurança do Planalto nas quais o então ministro aparece
dentro do edifício durante a invasão de 8 de janeiro.
·
Indicações à PGR e ao STF
Lula foi
pressionado a indicar nomes que aumentassem a diversidade das instituições com
a indicação de mulheres e de negros para o STF e para a PGR.
Diversas organizações e lideranças cobraram o
presidente por meio de declarações, manifestos e até em placas espalhadas pela
Índia durante a participação de Lula na cúpula do G20, o que irritou o petista.
Os apelos não adiantaram e Lula indicou
seu advogado pessoal, Cristiano Zanin,
para a vaga da Suprema Corte aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo
Lewandowski; e o
ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), para a vaga da
ministra Rosa Weber.
Para a PGR, Lula ignorou a lista tríplice feita
pela associação dos procuradores e indicou o
subprocurador-geral Paulo Gonet para comandar o Ministério
Público Federal.
Lula também teve de lidar com a rejeição pelo
Senado de uma indicação para a Defensoria Pública da União (DPU). O nome de
Igor Roque não alcançou os votos necessários para assumir a chefia do órgão.
Nos bastidores, a derrota foi
lida como um "recado" de senadores que estariam descontentes com a
articulação do governo no Congresso.
·
Declarações controversas sobre guerra
Um dos focos do presidente Lula neste primeiro ano
foi a implementação de uma política externa diferente da adotada por Jair
Bolsonaro.
Lula buscou colocar o Brasil como mediador de
conflitos e ator importante no combate às mudanças climáticas.
No conflito entre Rússia e Ucrânia, fez falas
polêmicas como a de que Zelensky,
presidente ucraniano, também é responsável pela guerra.
Lula também falou bastante sobre o conflito entre
Israel e o grupo terrorista Hamas. O petista tem criticado a resposta do
governo israelense ao ataque que o Hamas fez a Israel em 7 de outubro.
O presidente brasileiro afirmou que o ato do Hamas
foi de terrorismo, mas que Israel também comete
atos terroristas ao atacar civis na Faixa de Gaza.
Lula também buscou a retomada do alinhamento com
governos de esquerda, como o de Nicolás Maduro, na
Venezuela, e de Alberto Fernández, ex-presidente da Argentina.
Pela Argentina, Lula pediu ao Fundo Monetário
Internacional (FMI) que melhorasse as condições de pagamento da dívida
argentina.
Ele também recebeu Maduro em Brasília, tirando o
chefe do governo venezuelano de um isolamento político na América do Sul. Lula
afirmou ainda que a Venezuela é alvo de "narrativas", em referência
às afirmações de que o país é uma ditadura.
Fonte: g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário