A nova escalada de tensão em Essequibo após Maduro ordenar 'ação
defensiva'
O presidente da Venezuela, Nicolás
Maduro, disse nesta quinta-feira (28/12) que ordenou “a ativação de uma ação
defensiva conjunta das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas” próxima à costa
de Essequibo,
região que o seu país
disputa com a vizinha Guiana.
A notícia surge poucos dias depois de o governo
britânico ter anunciado que enviará um navio de
guerra para a Guiana, num gesto de apoio diplomático e militar à sua ex-colônia.
Num encontro com o alto comando militar transmitido
pela televisão estatal, Maduro afirmou que o envio do navio britânico HMS Trent
representa uma “ruptura” no espírito do acordo firmado com o presidente da
Guiana, Irfan Ali, para não usar a força.
As divergências foram resolvidas temporariamente em
uma reunião que os presidentes
tiveram em São Vicente e Granadinas no dia 14 de dezembro.
Maduro disse que o envio do navio britânico “é
praticamente uma ameaça militar de Londres contra o nosso país”.
O venezuelano acrescentou que ambas as partes
concordaram em evitar a presença de “forças militares extra-regionais no
Caribe” e concluiu que o navio britânico demonstra “uma violação dos acordos”.
Alguns dos comandantes militares venezuelanos que
participaram da reunião televisionada com Maduro indicaram que há cerca de
5.600 militares prontos para a operação.
Já por parte da Guiana, o vice-presidente do país,
Bharrat Jagdeo, negou na quinta-feira que a colaboração britânica faça parte de
um plano de ofensiva contra a Venezuela.
"São medidas de rotina que estão planejadas há
muito tempo, são parte da construção da capacidade de defesa. Não planejamos
invadir a Venezuela, o presidente Maduro sabe disso", afirmou Jadgeo em
entrevista coletiva.
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O navio britânico
O Ministério da Defesa britânico confirmou no
domingo (24/12) que o navio HMS Trent participará de exercícios conjuntos com a
Guiana.
A Guiana, membro da Commonwealth (comunidade de 56
países com origens no Império Britânico), é o único país de língua inglesa na
América do Sul.
O HMS Trent pode chegar a uma velocidade máxima de
25 nós (cerca de 45 km/h), com alcance de 5.500 milhas náuticas (cerca de
10.200 km).
O navio é armado com canhões com calibre de 30 mm e
pode receber helicópteros do tipo Merlin, além de aeronaves não tripuladas.
O HMS Trent partiu de seu porto de origem em
Gibraltar no início de dezembro e, durante o Natal, esteve atracado em
Bridgetown, capital de Barbados.
Espera-se que o navio de guerra ancore na capital
da Guiana, Georgetown, e realize visitas, atividades conjuntas e treinamento
com a Marinha do país e de outros aliados.
O HMS Trent não pode atracar no porto porque este
não é suficientemente profundo.
·
A disputa entre Venezuela e Guiana por Essequibo
A ação militar anunciada por Maduro é o mais
recente episódio da disputa entre a Venezuela e a Guiana pela região de
Essequibo, um território de cerca de 160 mil km² — a maior parte dele uma
floresta impenetrável — que Caracas reivindica como seu desde que uma sentença
internacional definiu em 1899 que a área pertencia ao Reino Unido, que na época
possuía o que mais tarde se tornou a Guiana independente.
A disputa tem se arrastado com intensidade variável
desde então e agravou-se nos últimos anos, depois de terem sido descobertas
importantes fontes de petróleo e gás na área e de o governo guianês ter
concedido licenças para exploração para a empresa americana ExxonMobil.
O assunto está nas mãos da Corte Internacional de
Justiça, cuja autoridade sobre o caso a Venezuela não reconhece.
Em 4 de dezembro, o governo venezuelano realizou um
referendo no qual a maioria dos eleitores foi a favor da incorporação de
Essequibo como um novo Estado da República Bolivariana.
Na tentativa de reduzir a tensão, Maduro reuniu-se
com o presidente guianês em 14 de dezembro.
No encontro, facilitado pela diplomacia brasileira,
ambas partes concordaram em reduzir a tensão e afastaram o uso da força.
Mas a entrada em cena do governo britânico e o
envio de um navio militar para a região provocaram a reação da Venezuela.
Quase simultaneamente com a aparição de Maduro na
televisão, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela afirmou em
comunicado que Caracas “reserva todas as ações, no âmbito da Constituição e do
direito internacional, para defender a sua integridade marítima e territorial”.
Ø Estado de
Maine, nos EUA, veta Trump nas primárias locais
A autoridade eleitoral do estado do Maine, nos
Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira (28) que o ex-presidente Donald
Trump não aparecerá nas cédulas das primárias presidenciais republicanas de
2024. Em 19 de dezembro, houve uma decisão semelhante no estado de Colorado.
As medidas nos dois estados são relacionada ao
ataque ao prédio do Congresso dos EUA, em 2021. O argumento jurídico é que
Trump não pode servir como presidente por causa de um artigo da Constituição
norte-americana que proíbe as pessoas de ocuparem cargos públicos se elas se
envolveram em "insurreição ou rebelião" depois de fazer um juramento
aos EUA. Essa cláusula foi usada poucas vezes depois da Guerra Civil nos EUA.
A secretária de Estado do Maine, Shenna Bellows,
justificou sua decisão com a 14ª Emenda da Constituição --essa mesma que diz
que uma pessoa que participou de uma insurreição não pode ocupar um cargo
público.
A decisão pode ser contestada na Justiça do estado
do Maine. No começo de 2024 deve haver uma decisão da Suprema Corte dos EUA
sobre a possibilidade de Trump concorrer à presidência. Qualquer decisão da
alta corte se aplicará a todos os estados, incluindo o Maine.
A campanha de Trump disse que vai apelar da decisão
da corte, que foi de 4 a 3, para a Suprema Corte dos EUA.
Essa decisão do Maine é mais prejudicial a Trump do
que a do Colorado. Nas eleições dos EUA, cada estado tem uma regra de como
dividir seus delegados do colégio eleitoral (no país, as eleições são
indiretas).
No Colorado, o candidato que vencer, mesmo por
margem pequena, fica com todos os delegados do colégio eleitoral. Como o
Colorado é um estado de perfil mais progressista, dificilmente um candidato
republicano consegue vencer lá. No Maine, o candidato vencedor não leva todos
os delegados, porque há uma divisão proporcional de acordo com a votação.
Fonte: BBC News Mundo/g1
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