Seis mulheres denunciam líder religioso por importunação sexual e
estupro em MG
Um líder religioso de 43 anos foi denunciado às
polícias Civil e Militar por importunação sexual contra, ao menos,
seis mulheres em Juiz de
Fora. Ele também é acusado de estupro de vulnerável contra uma das
vítimas, que tinha 13 anos à época do crime. O suspeito negou ter importunado
as fiéis.
O homem também desmentiu as ameaças e que teria
proposto dar banhos religiosos nas vítimas.
O caso é investigado pela Delegacia Especializada
de Atendimento à Mulher (Deam). Segundo a delegada responsável, Alessandra
Azalim, as vítimas foram ouvidas e diligências realizadas. Outros detalhes
não foram informados, pois os casos estão em segredo de Justiça.
·
Banhos, carona e redes sociais
Segundo o advogado das vítimas, Matheus Ferreira, o
homem oferecia banhos de limpeza, pedia carona e usava as redes sociais
para realizar os possíveis crimes.
Uma das vítimas, de 47 anos, contou que
conheceu Expedito Moisés dos Santos no centro umbandista chefiado por
ele, no Centro de Juiz de Fora, e que, no dia 17 de dezembro, recebeu uma
solicitação do pai de santo nas redes sociais.
Pelo chat, o suspeito pediu a mulher que o
adicionasse em um aplicativo de conversas e teria perguntado: “A
senhora quer ver mole ou duro?”.
Já no aplicativo, o suspeito teria insistido em
fazer uma ligação em vídeo, iniciando a chamada mostrando o rosto e, em
seguida, se masturbando. A mulher chegou a gravar a ligação para
provar o ocorrido e foi até a polícia.
Ligações desse tipo também teriam ocorrido com
outra vítima, de 43 anos, que chegou a trabalhar com Expedito durante as
reuniões no centro umbandista.
Já a terceira acusação, de estupro de
vulnerável, vem de uma jovem, agora com 19 anos, que diz ter
sido estuprada pelo homem quando tinha 13 anos. Conforme a denúncia, ela
frequentava um terreiro de umbanda no Bairro Benfica, onde Expedito fazia parte
das sessões religiosas, além de organizar bingos e confraternizações.
Em uma das confraternizações, realizadas em 2017, o
suspeito teria pedido uma carona ao pai da vítima e durante a viagem
começou a acariciar o braço dela e, em seguida, passou a mão em um dos seios
dela.
Ainda de acordo com a denúncia, a vítima alega
que tentou tirar o braço do homem, sem sucesso. Ela disse ter ficado em
choque com a situação e, por isso, não conseguiu alertar os pais o que
aconteceu.
Após saber das outras vítimas, a jovem tomou
coragem e decidiu denunciar o crime recentemente.
·
Banhos íntimos
Outras três mulheres, de 22, 32 e 33 anos,
apresentaram denúncia contra Expedito pelos crimes de importunação sexual,
violação sexual mediante fraudes e ameaça. Todas contam histórias
parecidas, como ligações de vídeo, conversas com teor sexual e ofertas de
banhos religiosos.
A de 33 anos alega que foi ameaçada em julho deste
ano pelo suspeito, após o fechamento do terreiro dele, com mensagens como “Quem
perdoa é Deus” e “Vou me vingar de tudo”.
Na denúncia, ela contou que tinha uma forte relação
de amizade com suspeito e que só ficou sabendo das situações envolvendo outras
mulheres quando também se tornou vítima.
Ela começou a desconfiar da conduta do líder
religioso quando ele teria dito que precisava dar um banho íntimo nela. “Tinha
que me dar um banho íntimo, nas minhas partes íntimas, que eu estava precisando
de um banho desses”, disse ela em depoimento.
Ainda à polícia, a vítima disse que, durante uma
festa, Expedito falou que “queria beijá-la e que ele iria fazê-la
esquecer da pessoa que ela gostava”.
O mesmo teria ocorrido com a jovem de 23 anos,
que alega que Expedito lhe ofereceu um banho e que ela precisaria estar nua.
"Ele disse que meu marido estava me traindo e
que o banho era para ele me olhar com outros olhos. Eu sabia que ele, como pai
de santo, não poderia dar banho, dado somente por outras mulheres. Quando
perguntei se ele conhecia alguma, ele disse que não e que era pra eu confiar
nele".
·
Outras ameaças
A outra vítima, de 32 anos, também alega ter sido
ameaçada após o fechamento do terreiro de Expedito, que a acusou de ser a
culpada.
Outra frequentadora do terreiro liderado pelo
suspeito alega que o homem ligava e mandava mensagens frequentemente.
"Ficava me mandando figurinhas de sacanagem,
falou para ir na minha casa e que eu precisava tomar um banho e que ele ia me
dar esse banho [...]".
·
O que diz o denunciado?
Em declaração à polícia, Expedito Moisés confirmou
ser dirigente de um centro de umbanda, mas negou ter importunado as
mulheres.
Sobre as videochamadas, disse que chegou a falar
para uma delas que estava nu e deitado no sofá, porque estava bêbado. Ele
alegou que as partes íntimas podem ter aparecido, sem que fosse de propósito.
O homem também negou as ameaças e que
teria proposto dar banhos religiosos nas vítimas.
O g1 entrou em
contato com o suspeito, mas as mensagens não foram respondidas.
·
O que diz a defesa das vítimas?
"É com profundo respeito e
admiração pela coragem das vítimas que represento que divulgo esta nota à
imprensa. Eu, como advogado das seis vítimas envolvidas no inquérito em
andamento que apura importunação sexual, violação sexual mediante fraude e o
gravíssimo crime de estupro de vulnerável contra uma menina de 13 anos,
reconheço a seriedade e a gravidade dos delitos em questão. A coragem
demonstrada por estas vítimas em denunciar tais atos é digna de reconhecimento.
Este é um passo crucial na busca por justiça e na defesa dos direitos humanos,
especialmente quando se trata de um crime tão abominável como o estupro de
vulnerável. O inquérito está em andamento, e confiamos plenamente no trabalho
das autoridades competentes. Acreditamos na eficácia do sistema de justiça em
garantir que o responsável por esses atos seja responsabilizado criminalmente
por todas as suas condutas criminosas. Neste momento delicado, expresso minha
solidariedade às vítimas e suas famílias, reiterando meu compromisso em buscar
justiça e garantir que cada uma delas seja ouvida e amparada ao longo deste
processo. A justiça está em curso, e confiamos que o desfecho deste processo
será um exemplo de responsabilidade e reparação".
Ø 'Como fui
de mulher rica a sem-teto morando em abrigo'
A filha de uma lenda da Fórmula 1 do Reino Unido conta
como passou de mulher rica a sem-teto, até
conseguir mudar novamente o rumo de sua vida.
Christianne Ireland cresceu acompanhando o pai,
Innes Ireland, nas pistas de corrida, passando seus dias com outros campeões da
categoria, como Stirling Moss e Graham Hill.
Mas em 2016 ela diz que se viu sem moradia e viciada em
álcool.
Segundo ela, o voluntariado em um projeto de horta
comunitária salvou sua vida.
Relembrando os primeiros anos de convivência com o
pai, ela diz que era como "viver num circo".
"Stirling [automobilista britânico que foi
quatro vezes vice-campeão da Fórmula 1] era o melhor amigo dele. Frank Williams
[fundador e dirigente da equipe de Fórmula 1 Williams] aparecia e íamos jantar
na casa de Stirling. Eu era colocada no carro e partíamos", lembra ela.
"A porta de todos estava aberta, ao contrário
da Fórmula 1 agora."
Mas depois de anos dirigindo carrões e viajando
pelo mundo, ela acabou com apenas uma mala na porta de um abrigo para pessoas
em situação de rua na cidade britânica de Andover, no sul da Inglaterra.
"Foi como cair de uma torre de marfim",
diz ela.
Na época ela tinha 58 anos, havia enfrentado dois
divórcios, era dependente de álcool e diz que não teve escolha a não ser deixar
sua antiga casa em Berkshire para viver num abrigo.
"A partir das 8h da manhã, tinha que sair do
abrigo. Não sabia viver nas ruas. Não conhecia ninguém", diz ela.
"A maior parte do meu dia era dedicado a
tentar garantir que eu não bebesse, porque assim que eu começava, perdia o
controle."
Como parte de sua recuperação do alcoolismo,
Christianne foi incentivada a atuar como voluntária em uma instituição de
caridade.
Ela começou a colaborar em um pequeno lote agrícola
em Andover.
"Nos dias em que estava muito mal e queria
sair e pegar uma bebida, bastava colocar um pé na frente do outro e ir até a
horta", lembra ela.
A horta logo deu a ela um vislumbre de esperança,
e, depois de alguns meses, Christianne conseguiu encontrar um emprego e alugar
um apartamento.
Agora, a mulher de 65 anos trabalha como gerente de
apoio na instituição de caridade onde atuava como voluntária e ajuda a
supervisionar um projeto de doação de alimentos para pessoas necessitadas.
"Cresci com nossa horta", diz ela.
A chegada ao abrigo para sem-tetos foi um dos
períodos mais difíceis da vida de Christianne.
Mas ela também acredita que perder tudo a tornou
uma pessoa melhor.
"De certa forma, olhando para trás, vejo [essa
experiência] como a de uma cobra que troca de pele. E, então, me
encontrei", diz ela.
Christianne incentiva outras pessoas a considerarem
o voluntariado como uma resolução de Ano Novo.
"Nunca é tarde para fazer uma mudança. Basta
continuar colocando um pé na frente do outro e as coisas acontecerão",
acrescenta.
Fonte: g1/BBC News Mundo
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