6 mitos e verdades sobre diabetes e dicas de tratamento
Recentemente, a revista científica Lancet divulgou
um estudo prevendo que nas próximas três décadas, o número de pessoas com a
doença em todo o mundo pode dobrar em relação aos índices atuais. Essa projeção
aponta para a estimativa de 1,3 bilhão de pacientes diabéticos até 2050.
Para esclarecer algumas questões sobre o assunto, a
Dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica alguns mitos e
verdades sobre diabetes e dá dicas para auxiliar no tratamento e diagnóstico da
doença.
·
1. Diabetes tem causa genética
Verdade. Já se sabe que há uma influência genética
significativa na fisiopatologia do diabetes. Ter um parente de primeiro grau
com a doença aumenta consideravelmente as chances de você ter também. O
diabetes tipo 2 tem uma maior predisposição genética que o diabetes tipo
1.
A Dra. Tassiane explica que "se um dos pais
tem diabetes, ocorre uma chance três vezes maior de o filho desenvolver a
doença ao longo da vida. Se pai e mãe possuem esta condição, o risco aumenta em
seis vezes".
·
2. Diabetes geralmente não causa sintomas
Verdade. Em cerca de 50% dos casos, a doença fica
assintomática nas suas fases iniciais e intermediárias, segundo a médica.
·
3. Comer doce causa diabetes
Mito. Mais ou menos 90% dos casos de diabetes são
do tipo 2, que é desencadeado por fatores conjugados, como tendência genética,
ganho de peso, alimentação errada e vida sedentária. A ingestão de doces
contribui com o excesso de calorias, a verdadeira razão do ganho de peso.
"Mesmo que o paciente não consuma muitos
doces, outros alimentos como pães, arroz, massa ou qualquer item rico em
carboidrato tem o potencial de estimular o ganho de peso e, por consequência,
favorecer o risco de desenvolver diabetes", esclarece a endocrinologista.
Segundo ela, o consumo desses produtos em excesso
aliado à tendência genética e ao sedentarismo, por exemplo, pode estimular a
doença. Ou seja, o principal fator de risco para desenvolver diabetes tipo 2 ao
longo da vida é o ganho de peso.
·
4. Todo produto diet é liberado para os diabéticos
Mito. É preciso entender a diferença entre produtos
diet e produtos light. Os alimentos diet se destinam a grupos populacionais com
necessidades específicas e significa que o produto é isento de um determinado
nutriente. Geralmente, os produtos diet são livres de açúcar, mas é importante
comprovar se o nutriente retirado foi mesmo o açúcar, e não gordura, sódio ou
outro componente.
O produto pode, ainda assim, apresentar calorias,
tornando seu consumo sujeito a restrições para diabéticos. Além disso, os
produtos dietéticos sem adição de açúcar podem conter outras formas de
carboidratos que também interferem na glicemia, como frutose, lactose, amido ou
maltodextrina. "O mais importante é usar com moderação e ficar sempre de
olho na quantidade de carboidratos contida no produto", recomenda a
endocrinologista.
Por sua vez, os alimentos light são direcionados a
pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. Eles apresentam redução
mínima de 25% em determinado nutriente ou calorias, quando comparado ao produto
convencional. "A redução de calorias pode vir da diminuição no teor de
qualquer nutriente (carboidrato, gordura, proteína), mas não quer dizer que
seja sem açúcar", alerta a Dra. Tassiane.
·
5. Diabetes causa problemas nos rins, olho e coração
Mito. Essas complicações são geralmente resultado
do controle inadequado do açúcar no sangue ao longo do tempo, mas é possível
evitar que isso aconteça com bons hábitos de saúde e alimentares. "O bom
controle da glicemia é capaz de evitar todas as complicações", garante a
especialista.
·
6. Estresse pode subir a glicose no diabético
Verdade. De acordo com Dra. Tassiane, o estresse
pode levar ao descontrole glicêmico (açúcar alto no sangue) por vários motivos.
"A primeira razão tem causa hormonal: o estresse crônico aumenta o nível
do hormônio cortisol, que ocasiona, dentre outras coisas, o aumento da gordura
abdominal, que, por sua vez, aumenta o risco de diabetes", explica.
A segunda razão, de acordo com a médica, se revela
justamente por meio do comportamento. "O estresse aumenta a fome, a gula e
a ansiedade, o que faz o paciente ir em busca de alimentos ricos em calorias,
como bolo, pizza, chocolate, massas, entre outros", diz a especialista.
·
Quem deve investigar se pode estar com diabetes?
Se você suspeitar que pode estar com diabetes, é
importante procurar a orientação de um profissional de saúde para uma avaliação
adequada. Veja as pessoas que podem estar na zona de risco:
# Toda pessoa acima de 45 anos;
# Pacientes com menos de 45 anos que apresentem
sobrepeso (IMC > 25 Kg/m2);
# Pessoas sedentárias;
# Quem tem histórico familiar de diabetes tipo 2;
# Pacientes HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica),
ou seja, pessoas com pressão alta;
# Pessoas com DLP (Dislipidemia): colesterol e
triglicerídeos;
# Indivíduos com acantose nigricans, que é uma
lesão na pele em forma mancha escurecida e aveludada no pescoço, virilha e
axilas;
# Crianças com sobrepeso e fatores de risco também
devem ser investigadas.
·
Como faz para diagnosticar a doença?
O diagnóstico de diabetes envolve geralmente a
realização de testes para medir os níveis de glicose no sangue. Confira alguns
dos principais métodos de diagnóstico:
- Teste de glicemia em jejum;
- Teste oral de tolerância à glicose (1 copo com
75g de glicose): medir a glicemia 2 horas depois;
- Hemoglobina glicada: exame que fornece a média da
glicemia dos últimos 3 meses e se torna um excelente parâmetro para avaliar se
o diabetes se encontra ou não bem controlado;
Aos pacientes que usam medicação, a Dra. Tassiane
pede atenção: "O ideal é usar um remédio que controle o açúcar, mas que
também ajude o paciente a emagrecer", diz ela, ao pontuar que a obesidade
é um dos grandes fatores fortalecedores da doença.
A médica explica que a medicação deve, ainda,
ajudar na diminuição da circunferência abdominal (barriga), no controle da
pressão arterial e dos níveis de colesterol e triglicerídeos, além de diminuir
a chance de infarto e AVC.
<<< 5 dicas fundamentais para o tratamento
de diabéticos
O tratamento eficaz do diabetes envolve uma
abordagem abrangente que aborda diferentes aspectos da saúde. Conheça os
principais deles:
·
1. Alimentação saudável
Adote uma dieta equilibrada, controlando a ingestão
de carboidratos, proteínas e gorduras. Monitore o consumo de alimentos
processados e açúcares, priorizando opções nutritivas.
·
2. Atividade física
Incorpore exercícios regulares na rotina para
ajudar no controle do peso, melhora da sensibilidade à insulina e para promover
a saúde cardiovascular. Inclua tanto atividades aeróbicas quanto de
resistência.
·
3. Medicação correta
Utilize medicamentos conforme prescritos pelo
médico, que podem ser insulina ou outros medicamentos orais. Mantenha a
aderência ao tratamento para controlar efetivamente os níveis de glicose.
·
4. Parceria médico-paciente visando um controle da saúde global
Crie uma conexão com seu médico e com a equipe de
saúde. Isso envolve consultas regulares, ajustes no plano de tratamento,
monitoramento de parâmetros de saúde além da glicose e participação ativa nas
decisões relacionadas ao tratamento.
·
5. Equilíbrio entre estresse e felicidade
Reconheça a importância do equilíbrio emocional na
gestão do diabetes. Controlar o estresse, buscar apoio emocional quando
necessário e cultivar momentos de felicidade podem influenciar positivamente a
saúde global.
"Você pode escolher o bom controle dessa
doença todos os dias, não só nesta data. Plantar um estilo de vida saudável
para colher saúde e qualidade de vida é uma decisão diária", finaliza a
Dra. Tassiane Alvarenga.
Fonte: Por Michelly Souza, no EdiCase
Nenhum comentário:
Postar um comentário