quarta-feira, 27 de setembro de 2023


 Surpresas sugerem que País pode crescer mais com menos pressão inflacionária, diz Galípolo

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira, 26, que as surpresas positivas com a atividade econômica e o comportamento da inflação sugerem que o Brasil pode crescer mais com menor pressão inflacionária. Durante participação na conferência do J. Safra, Galípolo citou o movimento incomum de revisões, para cima, do crescimento da economia e, para baixo, da inflação, apesar da resiliência do mercado de trabalho ao aperto monetário.

Essa combinação é, conforme o diretor do BC, um indicativo de que o Pais teria melhorado o seu Produto Interno Bruto (PIB) potencial.

Galípolo destacou a posição privilegiada do Brasil na atração de novos investimentos tanto por sua matriz energética limpa – o que reduz o custo da transição e, consequentemente, seu impacto na inflação – quanto pela posição robusta, em relação a outros emergentes, das reservas internacionais, o que demonstra a solvência da economia brasileira.

Também lembrou que as captações no mercado de capitais estão voltando para financiar novos investimentos.

Ele insistiu, por outro lado, que o País precisa avançar na agenda de reformas para aumentar o seu potencial de crescimento e assegurar as condições para a taxa de juros cair a um nível mais baixo por mais tempo.

Ao falar sobre a reforma tributária, o diretor do BC considerou que a proposta de emenda constitucional está bem encaminhada. “Conseguimos produzir um grande consenso sobre a reforma tributária”, assinalou. “É uma vitória da sociedade”, acrescentou Galípolo.

Brasil reúne vantagens comparativas que trazem otimismo sobre a economia, diz Galípolo

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira, 26, que, apesar do cenário internacional mais desafiador, o Brasil reúne vantagens comparativas que o colocam em posição favorável para atrair investimentos e ocupar posição de protagonista “na nova era da economia global”. “Reunimos uma série de características que trazem otimismo em relação à posição que o Brasil pode ter e desempenhar na economia”, declarou o diretor do BC durante participação em conferência do J. Safra.

No evento, Galípolo citou a matriz energética limpa, que representa um menor custo de transição à economia de baixo carbono, ao falar do cenário promissor para o Brasil.

Ao iniciar a sua fala, disse ter aprendido que as declarações de diretores do BC devem ser, assim como a água, insípidas, inodoras e incolores para não gerarem distúrbios no mercado. “A função do diretor do BC é quase sempre fazer uma fala protocolar”, avisou.

A partir daí, Galípolo procurou seguir o roteiro da ata, divulgada nesta terça, da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Sobre o cenário internacional, que, avaliou, tem maior peso no comportamento das variáveis econômicas, ele discorreu sobre a desaceleração chinesa, associando a perda de tração a mudanças conjunturais, em especial no mercado imobiliário, e estruturais, dada a inflexão do eixo de crescimento da economia do setor imobiliário e infraestrutura para o consumo das famílias e investimentos em tecnologia.

Já em relação à elevação das taxas de juros dos títulos mais longos nos Estados Unidos, Galípolo listou entre as possíveis explicações a reversão do afrouxamento quantitativo – ou seja, o enxugamento da liquidez na economia – e as vendas de reservas em dólares por países. “Não temos uma explicação definitiva sobre esse movimento”, disse.

Os efeitos sobre os juros da economia global, no entanto, parecem estar, conforme o diretor, mais ligados à maior necessidade de financiamento dos Estados Unidos por questões fiscais e pelos juros mais altos. Isso leva a uma abertura das taxas, já que exige maior colocação de títulos no mercado.

Ao falar sobre o impacto desse cenário nos preços, Galípolo comentou que o Banco Central vê sinais mistos nas commodities, com o petróleo em alta em função da redução de oferta, e os preços de alimentos comportando-se bem.

Para Galípolo, há uma desconfiança sobre a execução do arcabouço fiscal

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira, 26, que a desconfiança do mercado sobre a execução do arcabouço fiscal está impedindo que as expectativas de inflação convirjam para a meta de 3% dos próximos anos.

Durante participação na conferência do J. Safra, Galípolo pontuou que, na comparação com o início do ano, surpresas positivas relacionadas à condução da política fiscal melhoraram as perspectivas e derrubaram para 0,8% as expectativas dos economistas ao déficit primário do ano que vem como proporção ao Produto Interno Bruto (PIB).

Ele considerou, porém, que a desancoragem parcial das expectativas de inflação está mais relacionada com o funcionamento do arcabouço do que propriamente com o cumprimento de suas metas.

O diretor contou já ter ouvido no mercado investidores que preferem um cenário de déficit maior, porém com menos impulso fiscal.

“Existe ainda uma desconfiança sobre a execução do arcabouço, isto está presente”, declarou o diretor do BC, que enfatizou no evento que as expectativas são essenciais na condução da política monetária.

Selic: Copom prevê corte na taxa de juros de 0,5 ponto percentual

A Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, divulgou nesta terça-feira (26/9) que os membros do grupo “concordaram unanimamente” com a expectativa de novos cortes na taxa de juros de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.

Porém, a Ata julga também como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de cortes de juros, uma vez que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária à frente.

De acordo com o documento, essa confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tal como uma reancoragem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica “substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”.

Desta forma, o relatório explica que o ritmo de 0,50 ponto percentual foi considerado pelos diretores do BC como apropriado nas próximas reuniões para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, diz o texto da Ata.


Campos Neto pediu e Lula vai recebê-lo no Planalto pela primeira vez


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai receber o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Será o primeiro encontro entre os dois desde que Lula assumiu seu terceiro mandato presidencial.

A reunião vai acontecer no Palácio do Planalto no final da tarde de quarta-feira (27).

O encontro vai contar com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Convite do chefe do BC

Fontes disseram à CNN que o pedido para o encontro partiu de Campos Neto, que vem sendo alvo de críticas duríssimas e pessoais não só de Lula, mas de muitos governistas, de dentro e fora do PT.

Relatos feitos à reportagem por pessoas próximas ao presidente da República dão conta de que, antes de aceitar o pedido do chefe do BC, Lula consultou Haddad e aliados que tem bom diálogo com a autoridade monetária.

Selic em queda

A queda recente da taxa de juros — duas já foram promovidas pelo Copom — ajudou a arrefecer os ânimos. Aliados de Lula dizem que o presidente parou de reclamar com frequência das decisões do BC, mesmo mantendo tom ácido sobre Campos Neto publicamente.

Há três semanas, durante um evento em Fortaleza, Lula criticou o patamar de juros e afirmou: “se ele conversa com alguém, não é comigo”, em referência ao presidente do Banco Central.

Bom sinal

O encontro está sendo considerado um bom sinal de respeito à institucionalidade dos cargos e à independência do BC, um fator novo na transição de governo do país.

Na avaliação de pessoas próximas a Lula, nenhum dos dois marcaria um encontro se não para selar uma convivência mais adequada entre eles.

Ninguém aposta em pacificação ainda, mas o gesto de aproximação pode inaugurar um período de maior naturalidade na convivência entre os presidentes da República e do Banco Central.


Três milhões de famílias do Bolsa Família deixaram pobreza, aponta FGV


Estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Banco Mundial, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, aponta que 3 milhões de famílias beneficiárias do programa Bolsa Família deixaram a pobreza neste ano.  

De acordo com a pesquisa, em janeiro de 2023, havia 21,7 milhões de famílias inscritas no programa, das quais 4,5 milhões eram consideradas pobres. Em setembro, são 1,5 milhão de famílias na pobreza entre os 21,2 milhões de beneficiários.

A linha de pobreza considerada no estudo é o valor de R$ 218 mensais per capita. Ainda segundo o estudo, não há ninguém no Bolsa Família em condição de pobreza extrema, ou seja, com renda per capita de R$ 109, já que todos recebem R$ 142 ou mais por pessoa na família.

 “De 21,4 milhões de famílias que temos no programa, 19,7 milhões estão numa situação de superar a chamada linha abaixo da pobreza, ou seja, são aquelas famílias que recebem todo mês uma renda per capita superior a R$ 218 que, pelo padrão brasileiro, é capaz de garantir as condições de tomar café, almoçar e jantar todo dia”, explicou o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.

Em janeiro, o percentual de famílias fora da pobreza era 79%. Em setembro, passou a ser de 92%.

O maior impacto foi sentido nas famílias com três ou mais pessoas, já que o percentual daquelas fora da pobreza passaram de 52% em janeiro para 82% em setembro.

O estudo mostra ainda que, em janeiro deste ano, 63,7% das famílias com crianças até 6 anos de idade estavam fora da pobreza.

A partir de março, com o início dos pagamentos do Benefício da Primeira Infância, o percentual subiu para 84%. Em junho, com o novo desenho do Bolsa Família, houve nova alta, com o percentual chegando a 91,2%. Em setembro, eram 92,4%.

Ministro diz que vai manter valor mínimo de R$ 600 do Bolsa Família

O ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), afirmou que manterá o valor mínimo do Bolsa Família em R$ 600, apesar de estudos do Banco Mundial apontarem que o auxílio seria mais eficaz se fosse pago por pessoa. A declaração foi dada pelo ministro, nesta terça-feira (26), no evento em que a instituição internacional apresentou a nota técnica que defende que o pagamento per capita teria mais impacto na redução da pobreza e menos custos para o governo.

 “O presidente Lula é cumpridor da palavra. Ele fez esse compromisso de uma renda mínima de R$ 600, que é próximo de 50% do salário mínimo”, disse Dias. “É claro, nós queremos com o tempo valorizar o per capita. Mas sem deixar de ter esse valor mínimo.”

A nota técnica do Banco Mundial, antecipada pela Folha de S.Paulo, aponta que um pagamento de R$ 150 por membro de uma família, mais R$ 150 adicionais por criança ou jovem de até 18 anos, corrigiria distorções atuais do Bolsa Família e seria mais eficaz na redução das pobrezas –já que, por exemplo, uma família com mais membros ganharia mais do que aquelas formadas por uma ou duas pessoas.

Ao mesmo tempo, esse novo modelo do programa social reduziria os custos do governo federal, segundo apontam as simulações do Banco Mundial.

Hoje, o Bolsa Família já faz um pagamento per capita de R$ 142 por família, mas oferece um complemento para que os núcleos formados por menos pessoas consigam atingir o valor mínimo de R$ 600. Esse complemento é feito à parte dos adicionais pagos para crianças, jovens, gestantes e nutrizes.

A mudança foi realizada em março, quando voltou a se chamar Bolsa Família, marca de governos petistas.

Na gestão passada, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o programa passou a se chamar Auxílio Brasil.

“O que a gente tem de diferente [em relação ao Auxílio Brasil] é inclusão de um per capita. Lá atrás era R$ 600, independente do tamanho da família. Uma família de 20 pessoas, dividido os R$ 600, teria R$ 20 per capita. Agora há um mínimo de R$ 142”, disse Dias.

Segundo o Banco Mundial, o modelo indicado por eles, com a extinção do mínimo de R$ 600, reduziria a proporção de famílias pobres a 25,7%, quando considerada uma linha de corte de até meio salário mínimo. A pobreza infantil ficaria em 41,2%. Já o custo do programa seria de R$ 129,5 bilhões.

O modelo vigente, com piso de R$ 600 por família, R$ 150 por criança e R$ 50 para jovens, gestantes e nutrizes, manteria a proporção de pobreza em 25,9%, enquanto a pobreza infantil ficaria em 42,3%. O investimento de recursos, por sua vez, seria de R$ 140,7 bilhões.

Ministério e o Banco Mundial divergem quanto aos cálculos. O governo afirma que a redução nos custos federais do programa só acontece porque a instituição não leva em conta o complemento que deveria ser feito para alcançar o valor mínimo do auxílio.

O estudo do Banco Mundial, de fato, não prevê o complemento e defende um pagamento a partir do número de membros de uma família.


Fonte: Agencia Estado/CNN Brasil/Agencia Brasil/FolhaPress


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