'Tive que contar um
milhão de mentiras': voluntários dos EUA dão histórias de corrupção na Ucrânia
A
postura dos EUA sobre a Ucrânia, que permitiram a chegada de todo o tipo de
pessoas, sem forças profissionais, criou dramas desnecessários e fundos
desperdiçados, escreve o The New York Times.
Milhares
de voluntários que foram para a Ucrânia, muitos deles dos EUA, financiados em
milhões de dólares, mostraram qualidades que impedem combate eficaz, informou
neste sábado (25) o jornal norte-americano The New York Times (NYT).
A
mídia afirma que estudou mais de 100 páginas de documentos e entrevistou mais
de 30 voluntários, combatentes, angariadores de fundos, doadores e funcionários
americanos e ucranianos.
Os
documentos revelam que, apesar de muitos terem prometido trazer experiência
militar, dinheiro ou suprimentos para o campo de batalha, eles têm trazido
problemas como lutas internas, dinheiro desperdiçado ou roubado, enquanto
outros se fizeram passar como fazendo trabalho de caridade, ao mesmo tempo que
tentaram lucrar com o conflito.
Como
exemplo, um tenente-coronel aposentado do estado da Virgínia está sob
investigação dos EUA por possível exportação de tecnologia militar. Foram
também mencionados casos de deserção para a Rússia e de planos de usar
passaportes falsos para trazer combatentes do Paquistão e do Iraque.
Pessoas
com passados problemáticos, incluindo registros militares alterados ou
fabricados, também integraram os voluntários pró-Kiev, escreve o NYT.
"Tive
que contar um milhão de mentiras para avançar. Eu não sabia que ia chegar a
isto", disse um combatente referido como Vasquez, que foi expulso do
Exército dos EUA, mas não quis se pronunciar publicamente sobre o tema.
Malcolm
Nance, ex-criptologista da Marinha e comentarista da emissora norte-americana
MSNBC, chegou à Ucrânia em 2022 e elaborou um código de honra para a Legião
Internacional, além de ter doado equipamento. No entanto, Nance também ficou
envolvido em uma discussão com um ex-aliado, que chamou de "gordo" e
associado de "um vigarista". Ele também acusou, sem evidências, um
grupo pró-ucraniano de fraude, uma membro de ser "uma potencial espiã
russa" e tentou os fazer demitir sem sucesso.
Enquanto
isso, Shaun Stants, que declarou ter organizado uma operação de angariação de
fundos em outubro em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA, nunca viu os registros
financeiros que ele pediu.
"Eu
acreditei nesses caras", relatou.
O
jornal diz que tais casos são resultantes das condições criadas por Washington.
"Tais
personagens têm um lugar na defesa da Ucrânia devido ao papel afastado que os
Estados Unidos assumiram: a administração [de Joe] Biden envia armas e
dinheiro, mas não tropas profissionais. Isso significa que pessoas que não
seriam permitidas em nenhum lugar perto do campo de batalha em uma guerra
liderada pelos Estados Unidos estão ativas na frente ucraniana, muitas vezes
com acesso descontrolado a armas e equipamentos militares", detalha.
Questionados
sobre estes problemas, os militares ucranianos não abordaram questões
específicas, mas disseram que estavam de guarda porque agentes russos tentavam
infiltrar regularmente grupos de voluntários.
·
UE
e OTAN tentam salvar a 'imagem aceitável' usando os recursos da aliança, diz
especialista
A
União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)
procuram maneiras de continuar se apresentando sob uma luz agradável com a
utilização dos recursos da aliança, disse Natalia Ivkina, professora associada
da Universidade Russa da Amizade dos Povos, nesta sexta-feira (24).
"A
União Europeia não precisa colocar nenhum rótulo no uso das forças da OTAN
[...]. Na verdade, eles não fazem nada além de colocar sua bandeira [...]. Não
adianta muito, mas envolve os recursos da Aliança do Atlântico Norte: tanto as
bases militares como os recursos materiais", afirmou Ivkina em uma sessão
do Conselho Russo de Assuntos Internacionais.
Segundo
a especialista, a maneira para criar uma imagem plausível ainda não está
aceita. Mas o fato é que eles já veem ser capazes de deixar por enquanto a
"imagem aceitável" para UE usando os recursos militares e técnicos da
Aliança Atlântica.
"Até
agora eles não encontraram ponto em comum, mas o fato de que eles estão
procurando tal caminho é 100%", acrescentou a cientista política.
Recentemente,
Thierry Breton, comissário europeu para o Mercado Interno, avaliou a situação
com a indústria de defesa da União Europeia, que afirmou ainda não corresponder
às necessidades de financiamento internas e da Ucrânia.
Ø
Países
nórdicos declaram intenção de formar frota aérea conjunta para combater
'ameaça' russa
A
Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca revelaram a existência de uma iniciativa
para integrar suas capacidades aéreas em meio à operação militar especial da
Rússia na Ucrânia.
Os
comandantes das forças aéreas da Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca
anunciaram na sexta-feira (24) que assinaram uma carta de intenções para criar
uma defesa aérea nórdica unificada com o objetivo de combater a
"ameaça" da Rússia, apontou a agência britânica Reuters.
"Nossa
frota combinada pode ser comparada a um grande país europeu", disse o
major-general Jan Dam, comandante da Força Aérea da Dinamarca.
A
intenção é poder operar em conjunto com base em formas já conhecidas de operar
na OTAN, segundo declarações das Forças Armadas dos quatro países.
A
Noruega tem 57 caças F-16 e 37 modelos F-35, e mais 15 destes últimos
encomendados. A Finlândia possui 62 jatos F/A-18 Hornet e 64 F-35 sob
encomenda, enquanto a Dinamarca tem 58 modelos F-16 e 27 exemplares F-35
encomendados. A Suécia tem também 90 aeronaves Gripen. Não se sabe quantos
desses aviões estão operacionais.
Os
comandantes das forças aéreas dos países discutiram pela primeira vez uma
cooperação mais estreita em uma reunião em novembro na Suécia.
"Gostaríamos
de ver se podemos integrar mais nossa vigilância do espaço aéreo, para que
possamos usar dados de radar dos sistemas de vigilância uns dos outros e os
usar coletivamente. Não estamos fazendo isso hoje", disse Dam.
Dam
disse que a iniciativa foi desencadeada pela operação militar especial da
Rússia na Ucrânia.
A
Suécia e a Finlândia solicitaram a adesão à OTAN em 2022, mas o processo tem
sido atrasado pela Turquia, que, junto com a Hungria, ainda não ratificou as
adesões.
Ø
Polônia
receberá uma compensação 'muito boa' da UE por armas transferidas para Ucrânia,
diz premiê
A
Polônia receberá uma compensação "muito boa" da União Europeia (UE)
pelas armas fornecidas à Ucrânia, disse o primeiro-ministro polonês Mateusz
Morawiecki aos jornalistas após uma cúpula da UE em Bruxelas na sexta-feira
(24).
Anteriormente,
as autoridades polonesas disseram que a república está em segundo lugar depois
dos EUA em termos da quantidade de armas e equipamentos militares fornecidos
para a Ucrânia.
De
acordo com Morawiecki, a Polônia "conseguiu obter muito" na cúpula.
"Após
as armas entregues à Ucrânia, receberemos uma compensação muito boa. Até a
Páscoa, a compensação será de até € 300 milhões [R$ 1,71 bilhão]. E depois
haverá outros € 500-600 milhões [R$ 2,84-3,41 bilhões] nos próximos
meses", acrescentou o primeiro-ministro.
Morawiecki
assinalou que a Polônia se tornará o maior destinatário de fundos do Fundo
Europeu de Paz e poderá gastá-los em suas necessidades de defesa.
"Poderemos
comprar armas modernas, munições e criar linhas de produção de várias armas com
dinheiro europeu para substituir as antigas armas que entregamos à
Ucrânia", disse ele.
Por
sua vez, a Rússia já remeteu uma nota aos países da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) sobre o fornecimento de armas à Ucrânia.
O
ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, observou que qualquer
carga que contenha armas para a Ucrânia será um alvo legítimo para a Rússia.
Além
disso, o porta-voz do presidente da Rússia, Dmitry Peskov, notou que a entrega
massiva de armas à Ucrânia não contribui para o sucesso de futuras negociações
russo-ucranianas e terá, pelo contrário, um efeito negativo.
·
Alemanha
não é 'tão generosa quanto deveria' em canalizar apoio à Ucrânia, diz premiê
polonês
Mais
cedo, quando Varsóvia anunciou que estava avançando com planos de entregar
jatos MiG-29 da era soviética à Força Aérea ucraniana, o primeiro-ministro
polonês Mateusz Morawiecki revelou que seu país estava explorando a
possibilidade de aumentar a produção de munição para Kiev em meio ao rápido esgotamento
dos estoques.
A
Alemanha foi criticada pelo primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, por
não ter contribuído ostensivamente para o apoio à Ucrânia.
Berlim
foi repreendida pelo líder polonês como um Estado que deveria "enviar mais
armas, enviar mais munição e dar mais dinheiro à Ucrânia, porque é de longe o
país mais rico e maior", segundo o Político.
"Eles
não foram tão generosos quanto deveriam.[...] Ainda os encorajo a
fazê-lo", disse Morawiecki.
Morawiecki
avaliou a relutância original de Berlim em apoiar Kiev com armas letais, que
foi finalmente superada no ano passado. Na época, cedendo à pressão de
Washington, a Alemanha reverteu sua prática de impedir que armas letais fossem
enviadas para zonas de conflito e mergulhou em seus estoques de armas
antitanque e sistemas de defesa antiaérea Stinger, enviando-os às autoridades
de Kiev. Além disso, Berlim anunciou a decisão de enviar 14 tanques de batalha
Leopard 2A6 para a Ucrânia no final de janeiro — mais uma vez, sob pressão dos
EUA.
"Três
meses atrás, a Alemanha disse que não é possível - agora, é possível, então
eles estão mudando sua abordagem", disse o líder polonês em tom de
brincadeira.
Mas
Mateusz Morawiecki não terminou com Berlim. Ele criticou suas antigas políticas
energéticas, fortemente dependentes da importação de gás russo.
"Através
de sua política de petróleo e gás muito equivocada em relação à Rússia, eles
são corresponsáveis pelo que está acontecendo, por essa bagunça no mercado de
energia. A Alemanha cometeu esse erro dramático de ser completamente dependente
em seu modelo de negócios da Rússia com combustíveis fósseis.[...] E nós
estávamos chorando para eles. Estávamos pedindo que não fizessem isso",
disse Morawiecki.
O
primeiro-ministro polonês, que recentemente revelou que seu país estava
pensando em aumentar a produção de munição para Kiev em meio ao esgotamento dos
estoques, acrescentou que conversava regularmente com o chanceler alemão Olaf
Scholz sobre a questão do apoio à Ucrânia.
"Eu
tenho essa conversa de vez em quando. Peço a ele um grande apoio. Isso é tudo
que posso fazer."
O
primeiro-ministro polonês também fez sugestões sobre o fundo conjunto da União
Europeia (UE), conhecido como European Peace Facility (Mecanismos Europeu de
apoio à Paz), que reembolsa os Estados, em parte, por suas doações de armas à
Ucrânia. Mais uma vez, Morawiecki não gostou da contribuição da Alemanha para o
fundo, chamando-a apenas de "proporcional" ao tamanho do país.
Quanto
à Polônia, ele disse que vai buscar que Bruxelas reembolse parcialmente todas
as suas doações, incluindo tanques e jatos. Mais cedo, o presidente polonês
Andrzej Duda disse que a Polônia vai entregar os primeiros quatro caças MiG-29
para a Ucrânia em breve.
No
bloco da UE, a Polônia detém a liderança em apoio militar ao regime de Kiev em
porcentagem do produto interno bruto (PIB), de acordo com dados fornecidos pelo
Ukraine Support Tracker (Rastreador de suporte da Ucrânia). Varsóvia não se
conteve em suas críticas contundentes a potências europeias como Alemanha e
França por supostas falhas em desempenhar seu papel quando se trata de
sustentar Kiev.
"Não
os estou atacando, estou apenas afirmando o óbvio", disse o
primeiro-ministro.
Após
a cúpula dos líderes da UE em Bruxelas, de 23 a 24 de março, o líder polonês
destacou em uma entrevista à mídia norte-americana que tanto Bruxelas quanto a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) deveriam repensar suas regras
de gastos na direção de investimentos militares substanciais e aumentar sua
meta de gastos dos atuais 2% do PIB, insistiu Mateusz Morawiecki.
"Dado
que há tempos cada vez mais incertos ao nosso redor, primeiro defenderei o
aumento desses gastos para 3%.[...] A Polônia já gastará até quatro pontos
percentuais do PIB este ano em defesa", disse Morawiecki.
Desde
que Moscou iniciou sua operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro
de 2022, a Polônia, membro da OTAN, tem apoiado freneticamente o regime de
sanções antirrussas e voluntariamente embarcado no esforço de fornecer grandes
quantidades de ajuda militar às autoridades de Kiev.
Em
abril de 2022, Moscou enviou uma nota aos Estados-membros da OTAN condenando
sua assistência militar ao regime do presidente ucraniano Vladimir Zelensky. O
Kremlin disse que "bombardear" a Ucrânia com armas teria um efeito prejudicial
no conflito. Além disso, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou
em várias ocasiões que qualquer carga contendo armas para a Ucrânia se tornaria
um alvo legítimo para a Rússia.
Fonte:
Sputnik Brasil
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