domingo, 26 de março de 2023

'Tive que contar um milhão de mentiras': voluntários dos EUA dão histórias de corrupção na Ucrânia

A postura dos EUA sobre a Ucrânia, que permitiram a chegada de todo o tipo de pessoas, sem forças profissionais, criou dramas desnecessários e fundos desperdiçados, escreve o The New York Times.

Milhares de voluntários que foram para a Ucrânia, muitos deles dos EUA, financiados em milhões de dólares, mostraram qualidades que impedem combate eficaz, informou neste sábado (25) o jornal norte-americano The New York Times (NYT).

A mídia afirma que estudou mais de 100 páginas de documentos e entrevistou mais de 30 voluntários, combatentes, angariadores de fundos, doadores e funcionários americanos e ucranianos.

Os documentos revelam que, apesar de muitos terem prometido trazer experiência militar, dinheiro ou suprimentos para o campo de batalha, eles têm trazido problemas como lutas internas, dinheiro desperdiçado ou roubado, enquanto outros se fizeram passar como fazendo trabalho de caridade, ao mesmo tempo que tentaram lucrar com o conflito.

Como exemplo, um tenente-coronel aposentado do estado da Virgínia está sob investigação dos EUA por possível exportação de tecnologia militar. Foram também mencionados casos de deserção para a Rússia e de planos de usar passaportes falsos para trazer combatentes do Paquistão e do Iraque.

Pessoas com passados problemáticos, incluindo registros militares alterados ou fabricados, também integraram os voluntários pró-Kiev, escreve o NYT.

"Tive que contar um milhão de mentiras para avançar. Eu não sabia que ia chegar a isto", disse um combatente referido como Vasquez, que foi expulso do Exército dos EUA, mas não quis se pronunciar publicamente sobre o tema.

Malcolm Nance, ex-criptologista da Marinha e comentarista da emissora norte-americana MSNBC, chegou à Ucrânia em 2022 e elaborou um código de honra para a Legião Internacional, além de ter doado equipamento. No entanto, Nance também ficou envolvido em uma discussão com um ex-aliado, que chamou de "gordo" e associado de "um vigarista". Ele também acusou, sem evidências, um grupo pró-ucraniano de fraude, uma membro de ser "uma potencial espiã russa" e tentou os fazer demitir sem sucesso.

Enquanto isso, Shaun Stants, que declarou ter organizado uma operação de angariação de fundos em outubro em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA, nunca viu os registros financeiros que ele pediu.

"Eu acreditei nesses caras", relatou.

O jornal diz que tais casos são resultantes das condições criadas por Washington.

"Tais personagens têm um lugar na defesa da Ucrânia devido ao papel afastado que os Estados Unidos assumiram: a administração [de Joe] Biden envia armas e dinheiro, mas não tropas profissionais. Isso significa que pessoas que não seriam permitidas em nenhum lugar perto do campo de batalha em uma guerra liderada pelos Estados Unidos estão ativas na frente ucraniana, muitas vezes com acesso descontrolado a armas e equipamentos militares", detalha.

Questionados sobre estes problemas, os militares ucranianos não abordaram questões específicas, mas disseram que estavam de guarda porque agentes russos tentavam infiltrar regularmente grupos de voluntários.

·         UE e OTAN tentam salvar a 'imagem aceitável' usando os recursos da aliança, diz especialista

A União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) procuram maneiras de continuar se apresentando sob uma luz agradável com a utilização dos recursos da aliança, disse Natalia Ivkina, professora associada da Universidade Russa da Amizade dos Povos, nesta sexta-feira (24).

"A União Europeia não precisa colocar nenhum rótulo no uso das forças da OTAN [...]. Na verdade, eles não fazem nada além de colocar sua bandeira [...]. Não adianta muito, mas envolve os recursos da Aliança do Atlântico Norte: tanto as bases militares como os recursos materiais", afirmou Ivkina em uma sessão do Conselho Russo de Assuntos Internacionais.

Segundo a especialista, a maneira para criar uma imagem plausível ainda não está aceita. Mas o fato é que eles já veem ser capazes de deixar por enquanto a "imagem aceitável" para UE usando os recursos militares e técnicos da Aliança Atlântica.

"Até agora eles não encontraram ponto em comum, mas o fato de que eles estão procurando tal caminho é 100%", acrescentou a cientista política.

Recentemente, Thierry Breton, comissário europeu para o Mercado Interno, avaliou a situação com a indústria de defesa da União Europeia, que afirmou ainda não corresponder às necessidades de financiamento internas e da Ucrânia.

 

Ø  Países nórdicos declaram intenção de formar frota aérea conjunta para combater 'ameaça' russa

 

A Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca revelaram a existência de uma iniciativa para integrar suas capacidades aéreas em meio à operação militar especial da Rússia na Ucrânia.

Os comandantes das forças aéreas da Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca anunciaram na sexta-feira (24) que assinaram uma carta de intenções para criar uma defesa aérea nórdica unificada com o objetivo de combater a "ameaça" da Rússia, apontou a agência britânica Reuters.

"Nossa frota combinada pode ser comparada a um grande país europeu", disse o major-general Jan Dam, comandante da Força Aérea da Dinamarca.

A intenção é poder operar em conjunto com base em formas já conhecidas de operar na OTAN, segundo declarações das Forças Armadas dos quatro países.

A Noruega tem 57 caças F-16 e 37 modelos F-35, e mais 15 destes últimos encomendados. A Finlândia possui 62 jatos F/A-18 Hornet e 64 F-35 sob encomenda, enquanto a Dinamarca tem 58 modelos F-16 e 27 exemplares F-35 encomendados. A Suécia tem também 90 aeronaves Gripen. Não se sabe quantos desses aviões estão operacionais.

Os comandantes das forças aéreas dos países discutiram pela primeira vez uma cooperação mais estreita em uma reunião em novembro na Suécia.

"Gostaríamos de ver se podemos integrar mais nossa vigilância do espaço aéreo, para que possamos usar dados de radar dos sistemas de vigilância uns dos outros e os usar coletivamente. Não estamos fazendo isso hoje", disse Dam.

Dam disse que a iniciativa foi desencadeada pela operação militar especial da Rússia na Ucrânia.

A Suécia e a Finlândia solicitaram a adesão à OTAN em 2022, mas o processo tem sido atrasado pela Turquia, que, junto com a Hungria, ainda não ratificou as adesões.

 

Ø  Polônia receberá uma compensação 'muito boa' da UE por armas transferidas para Ucrânia, diz premiê

 

A Polônia receberá uma compensação "muito boa" da União Europeia (UE) pelas armas fornecidas à Ucrânia, disse o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki aos jornalistas após uma cúpula da UE em Bruxelas na sexta-feira (24).

Anteriormente, as autoridades polonesas disseram que a república está em segundo lugar depois dos EUA em termos da quantidade de armas e equipamentos militares fornecidos para a Ucrânia.

De acordo com Morawiecki, a Polônia "conseguiu obter muito" na cúpula.

"Após as armas entregues à Ucrânia, receberemos uma compensação muito boa. Até a Páscoa, a compensação será de até € 300 milhões [R$ 1,71 bilhão]. E depois haverá outros € 500-600 milhões [R$ 2,84-3,41 bilhões] nos próximos meses", acrescentou o primeiro-ministro.

Morawiecki assinalou que a Polônia se tornará o maior destinatário de fundos do Fundo Europeu de Paz e poderá gastá-los em suas necessidades de defesa.

"Poderemos comprar armas modernas, munições e criar linhas de produção de várias armas com dinheiro europeu para substituir as antigas armas que entregamos à Ucrânia", disse ele.

Por sua vez, a Rússia já remeteu uma nota aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre o fornecimento de armas à Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, observou que qualquer carga que contenha armas para a Ucrânia será um alvo legítimo para a Rússia.

Além disso, o porta-voz do presidente da Rússia, Dmitry Peskov, notou que a entrega massiva de armas à Ucrânia não contribui para o sucesso de futuras negociações russo-ucranianas e terá, pelo contrário, um efeito negativo.

·         Alemanha não é 'tão generosa quanto deveria' em canalizar apoio à Ucrânia, diz premiê polonês

Mais cedo, quando Varsóvia anunciou que estava avançando com planos de entregar jatos MiG-29 da era soviética à Força Aérea ucraniana, o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki revelou que seu país estava explorando a possibilidade de aumentar a produção de munição para Kiev em meio ao rápido esgotamento dos estoques.

A Alemanha foi criticada pelo primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, por não ter contribuído ostensivamente para o apoio à Ucrânia.

Berlim foi repreendida pelo líder polonês como um Estado que deveria "enviar mais armas, enviar mais munição e dar mais dinheiro à Ucrânia, porque é de longe o país mais rico e maior", segundo o Político.

"Eles não foram tão generosos quanto deveriam.[...] Ainda os encorajo a fazê-lo", disse Morawiecki.

Morawiecki avaliou a relutância original de Berlim em apoiar Kiev com armas letais, que foi finalmente superada no ano passado. Na época, cedendo à pressão de Washington, a Alemanha reverteu sua prática de impedir que armas letais fossem enviadas para zonas de conflito e mergulhou em seus estoques de armas antitanque e sistemas de defesa antiaérea Stinger, enviando-os às autoridades de Kiev. Além disso, Berlim anunciou a decisão de enviar 14 tanques de batalha Leopard 2A6 para a Ucrânia no final de janeiro — mais uma vez, sob pressão dos EUA.

"Três meses atrás, a Alemanha disse que não é possível - agora, é possível, então eles estão mudando sua abordagem", disse o líder polonês em tom de brincadeira.

Mas Mateusz Morawiecki não terminou com Berlim. Ele criticou suas antigas políticas energéticas, fortemente dependentes da importação de gás russo.

"Através de sua política de petróleo e gás muito equivocada em relação à Rússia, eles são corresponsáveis pelo que está acontecendo, por essa bagunça no mercado de energia. A Alemanha cometeu esse erro dramático de ser completamente dependente em seu modelo de negócios da Rússia com combustíveis fósseis.[...] E nós estávamos chorando para eles. Estávamos pedindo que não fizessem isso", disse Morawiecki.

O primeiro-ministro polonês, que recentemente revelou que seu país estava pensando em aumentar a produção de munição para Kiev em meio ao esgotamento dos estoques, acrescentou que conversava regularmente com o chanceler alemão Olaf Scholz sobre a questão do apoio à Ucrânia.

"Eu tenho essa conversa de vez em quando. Peço a ele um grande apoio. Isso é tudo que posso fazer."

O primeiro-ministro polonês também fez sugestões sobre o fundo conjunto da União Europeia (UE), conhecido como European Peace Facility (Mecanismos Europeu de apoio à Paz), que reembolsa os Estados, em parte, por suas doações de armas à Ucrânia. Mais uma vez, Morawiecki não gostou da contribuição da Alemanha para o fundo, chamando-a apenas de "proporcional" ao tamanho do país.

Quanto à Polônia, ele disse que vai buscar que Bruxelas reembolse parcialmente todas as suas doações, incluindo tanques e jatos. Mais cedo, o presidente polonês Andrzej Duda disse que a Polônia vai entregar os primeiros quatro caças MiG-29 para a Ucrânia em breve.

No bloco da UE, a Polônia detém a liderança em apoio militar ao regime de Kiev em porcentagem do produto interno bruto (PIB), de acordo com dados fornecidos pelo Ukraine Support Tracker (Rastreador de suporte da Ucrânia). Varsóvia não se conteve em suas críticas contundentes a potências europeias como Alemanha e França por supostas falhas em desempenhar seu papel quando se trata de sustentar Kiev.

"Não os estou atacando, estou apenas afirmando o óbvio", disse o primeiro-ministro.

Após a cúpula dos líderes da UE em Bruxelas, de 23 a 24 de março, o líder polonês destacou em uma entrevista à mídia norte-americana que tanto Bruxelas quanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) deveriam repensar suas regras de gastos na direção de investimentos militares substanciais e aumentar sua meta de gastos dos atuais 2% do PIB, insistiu Mateusz Morawiecki.

"Dado que há tempos cada vez mais incertos ao nosso redor, primeiro defenderei o aumento desses gastos para 3%.[...] A Polônia já gastará até quatro pontos percentuais do PIB este ano em defesa", disse Morawiecki.

Desde que Moscou iniciou sua operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, a Polônia, membro da OTAN, tem apoiado freneticamente o regime de sanções antirrussas e voluntariamente embarcado no esforço de fornecer grandes quantidades de ajuda militar às autoridades de Kiev.

Em abril de 2022, Moscou enviou uma nota aos Estados-membros da OTAN condenando sua assistência militar ao regime do presidente ucraniano Vladimir Zelensky. O Kremlin disse que "bombardear" a Ucrânia com armas teria um efeito prejudicial no conflito. Além disso, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou em várias ocasiões que qualquer carga contendo armas para a Ucrânia se tornaria um alvo legítimo para a Rússia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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