sexta-feira, 10 de março de 2023


 Relações entre Rússia e China influenciam todo o mundo e promovem multipolaridade, diz acadêmico

Relações sino-russas envolvem não só os dois países, mas também têm a ver com a paz e a estabilidade ao redor. Juntas, Rússia e China podem promover a multipolaridade e democratização das relações estatais, disse em entrevista à Sputnik Li Hongtao.

Quanto mais instável o mundo, mais importante é para a Rússia e a China desenvolver relações de forma constante, observou na terça-feira (7) o Ministro das Relações Exteriores chinês Qin Gang na conferência de imprensa anual.

"China e Rússia são grandes potências globais. No contexto de uma situação caótica [no mundo], China e Rússia têm um alto grau de confiança mútua. Juntos, os dois países podem contribuir para a multipolaridade do mundo e a democratização das relações internacionais, contribuir para o desenvolvimento global", observou Li Hongtao, que é o reitor da Faculdade de Política Internacional do Instituto de Ciência Política e Direito da Universidade de Jinan, comentando as declarações do chanceler chinês sobre o estado das relações sino-russas.

O especialista observou que as relações atuais têm a ver não só com os dois países, mas também com a "paz e estabilidade no mundo", e normal funcionamento da ordem política e econômica internacional. Segundo ele, "em uma nova época de eventos turbulentos, China e Rússia caminham juntas.

Anteriormente, o chanceler russo Sergei Lavrov disse que a Rússia e a China têm planos diversificados para desenvolver a cooperação bilateral.

        EUA ficam assustados com mundo multipolar e tentam debilitar China e Rússia, diz FP

A revista Foreign Policy relatou que os EUA tentam debilitar a Rússia e sufocar a China devido ao seu profundo medo de um mundo multipolar.

A supremacia e unilateralismo norte-americanos estão cada vez mais perto do fim, fazendo com que o governo Biden recorra a medidas e ações "ofensivas" contra seus principais concorrentes, relata a mídia.

De acordo com o professor Stephen M. Walt, o unilateralismo não só foi desafiado por países abertamente opostos ao modelo econômico norte-americano, como Rússia e China, pois os países aliados de Washington, como a França e a Alemanha, também assumiram um modelo multipolar.

Por sua vez, os líderes americanos não estão de acordo, pois desejam a qualquer custo manter o controle sobre o mundo, impondo suas condições, seus meios de vida e influenciando e controlando todos em prol de seus interesses.

E é exatamente por temer o fim de sua "supremacia" que a administração Biden está tentando debilitar a Rússia e sufocar a China, dois países que não podem ser controlados pelas doutrinas americanas e que podem criar um mundo multipolar.

De acordo com o especialista, a unipolaridade não foi boa para os EUA, que se viram envolvidos em diversos conflitos caros e inúteis, como no Iraque e Afeganistão, servindo apenas para fortalecer a China.

"O regresso da multipolaridade recriará um mundo onde a Eurásia possui diversas potências importantes e de diferentes forças", afirmou o especialista.

Stephen M. Walt ainda destacou que agora é o momento de os Estados Unidos se focarem em "escolher os aliados apropriados".

"Em um mundo multipolar, as outras grandes potências gradualmente assumiram uma maior responsabilidade por sua própria segurança, reduzindo assim as cargas globais dos EUA", afirmou.

Segundo ele, conter o modelo multipolar poderia ser não apenas dispendioso, como inútil, mesmo que a Rússia seja debilitada, o grande tamanho do país, seu arsenal nuclear e seus abundantes recursos naturais manteriam o país entre as grandes potências.

O mesmo ocorre sobre as restrições de exportações e desafios impostos para conter a China, pois o gigante asiático tem poder para alcançar seu ponto máximo na próxima década, contudo continuará sendo um ator importante e suas capacidades militares seguirão sendo melhoradas.

        Em relatório, inteligência dos EUA diz que elo China-Rússia se manterá mesmo com reação do Ocidente

Nesta quarta-feira (8), o departamento de Inteligência Nacional dos Estados Unidos divulgou o relatório de Avaliação Anual de Ameaças deste ano, o qual abordou diversos assuntos e países, como China, Rússia, Irã e Coreia do Norte.

No documento divulgado, Washington frisa que, de acordo com suas análises, Pequim manterá sua cooperação em defesa, economia e tecnologia com Moscou, apesar da reação do Ocidente diante da operação russa na Ucrânia.

"[…] Apesar da reação global à invasão da Ucrânia pela Rússia, a China manterá sua cooperação diplomática, de defesa, econômica e tecnológica com a Rússia para continuar tentando desafiar os Estados Unidos, mesmo que limite o apoio público", diz o texto.

Ao mesmo tempo, o relatório considera que uma escalada do conflito para um confronto militar entre a Rússia e o Ocidente coletivo, representa "um risco que o mundo não via há décadas".

"[…] a guerra de agressão não provocada da Rússia contra a Ucrânia é um evento tectônico que está remodelando as relações da Rússia com o Ocidente e a China e, de maneira mais ampla, de maneiras que estão se desenrolando e permanecem altamente incertas."

Sobre o gigante asiático, o texto diz que a China "pressionará Taiwan para unificação enquanto Xi [Jinping] inicia terceiro mandato" e que vai tentar "minar a influência dos EUA" na ilha e na região.

O documento ainda chama atenção para o fato de que Pequim está progredindo para igualar ou superar os norte-americanos "como potência espacial até 2045".

"A China está progredindo constantemente em direção ao seu objetivo de se tornar um líder espacial de classe mundial, com a intenção de igualar ou superar os Estados Unidos até 2045. Mesmo em 2030, a China provavelmente alcançará o status de classe mundial em todas as áreas de tecnologia espacial, exceto algumas."

Sobre a pandemia da COVID-19 que parou o mundo em 2020 e 2021, o departamento de Inteligência Nacional diz que "há um amplo consenso de que o surto não é resultado de uma arma biológica ou engenharia genética", entretanto, "o que não há consenso é se é ou não um vazamento de laboratório [...] ou exposição natural a um animal infectado."

Em relação ao Irã, o documento afirma que se não houver sanções de alívio para o país persa, a República Islâmica vai considerar enriquecer urânio em até 90%.

"Desde o assassinato em novembro de 2020 do cientista nuclear Mohsen Fakhrizadeh, o Irã acelerou a expansão de seu programa nuclear, declarou que não está mais limitado por nenhum limite do acordo nuclear [...] Se Teerã não receber alívio nas sanções, as autoridades iranianas provavelmente considerarão enriquecer ainda mais o urânio em até 90%", afirma o texto.

Por fim, sobre a Coreia do Norte, o relatório aponta que a comunidade de inteligência americana teme que Pyongyang "possa usar armas químicas ou biológicas durante um conflito ou em um ataque não convencional ou clandestino".

 

       Como a Turquia enfrenta desafios da política externa estando entre Rússia e EUA?

 

Algumas das condições da Iniciativa de Grãos do Mar Negro ainda não foram cumpridas, disse uma fonte diplomática turca de alto nível à Sputnik. O acordo expira em 18 de março de 2023, enquanto a Rússia espera por garantias quanto à entrega de seus produtos agrícolas e fertilizantes no exterior.

Em 22 de julho de 2022, Rússia, Ucrânia, Turquia e as Nações Unidas fecharam um acordo para fornecer um corredor marítimo humanitário para navios com alimentos e fertilizantes exportados dos portos ucranianos do mar Negro. O acordo foi prorrogado em novembro até 18 de março.

"Alguns dos problemas que a Rússia enfrenta são realmente problemas. O secretário-geral da ONU e nós estamos fazendo grandes esforços. Transmitimos estas questões a todos os nossos interlocutores com os quais nos reunimos à margem do G20 [...] As preocupações da Rússia, ou melhor, as dificuldades que ela está enfrentando, todas elas ainda não foram superadas [...] Estamos trabalhando duro em estreita coordenação, especialmente com a ONU e o secretário-geral da ONU, para tomar estas medidas e renovar o acordo", disse a fonte, comentando a situação em torno da renovação da Iniciativa de Grãos.

Ele também comentou a visita do general do Exército dos EUA Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto, à base americana no nordeste da Síria, após a qual o embaixador dos EUA em Ancara foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores da Turquia. Os EUA disseram então que Mark Milley havia se encontrado com as tropas norte-americanas e não havia mantido negociações com as milícias curdas, reconhecidas como organizações terroristas na Turquia.

"O embaixador dos EUA foi convidado e recebeu os avisos e mensagens adequados [...] Mas a verdade é esta: quer tenha havido ou não negociações, os EUA continuam a apoiar esta organização terrorista", deu seu comentário a fonte.

O diplomata também foi perguntado sobre a reunião dos representantes da Turquia, Suécia e Finlândia em Bruxelas, em 9 de março, a respeito da adesão desses países à OTAN.

Segundo ele, a questão particular da adesão dos países à OTAN não faz parte da agenda desta reunião.

"Haverá uma discussão ponto por ponto sobre se as obrigações previstas no Memorando de Entendimento foram cumpridas pela Suécia e pela Finlândia. Em princípio, elas não foram cumpridas. Mudanças e esclarecimentos em algumas leis precisam ser convertidos em passos concretos. Por exemplo, o financiamento do terrorismo, recrutamento de pessoas, propaganda e outros", afirmou o diplomata de alto nível.

 

       Scholz adverte sobre prolongamento do conflito na Ucrânia, diz mídia alemã

 

Segundo o jornal Berliner Zeitung, as autoridades alemãs querem que o conflito na Ucrânia termine, mas devem se preparar para um conflito prolongado, escreve. Ele também respondeu a uma pergunta sobre a "vassalagem" do país ante os Estados Unidos, escreve o Suddeutsche Zeitung.

Os países ocidentais estão apoiando a Ucrânia para que ela possa combater, mas o conflito corre o risco de se arrastar por muito tempo, disse o chanceler alemão Olaf Scholz enquanto conversava com os moradores de Cottbus, informou a edição Berliner Zeitung.

"Devemos temer que isto dure por muito tempo, embora, é claro, desejemos cada dia que as coisas sejam diferentes", cita o jornal o chanceler alemão.

Segundo o Suddeutsche Zeitung, outra publicação alemã com sede em Munique, um dos presentes na reunião disse a Scholz que "a Alemanha não é um Estado soberano, mas um Estado vassalo" em relação aos Estados Unidos, porque Berlim não se opôs com a mesma firmeza a Washington durante as operações militares no Iraque e no Afeganistão.

A publicação observa que esta opinião prevalece principalmente na Alemanha Oriental, a antiga República Democrática Alemã, um país socialista do bloco oriental durante a Guerra Fria.

"Eu não acho que você esteja certo", respondeu Scholz.

Anteriormente, o presidente da Rússia Vladimir Putin acusou os Estados ocidentais de tentarem manter um mundo unipolar, formas de neocolonialismo e de imporem seus próprios valores.

"A hegemonia deles significa estagnação para o mundo inteiro, para toda a civilização, obscurantismo e abolição da cultura, totalitarismo neoliberal", disse ele.

A Rússia também declarou repetidamente que o Ocidente deseja prolongar o conflito na Ucrânia, em particular, fornecendo armas.

        'Ouçam Putin com atenção': ex-oficial dos EUA diz que líder russo definiu o futuro da Ucrânia

O presidente russo Vladimir Putin traçou claramente os futuros contornos de segurança do país no contexto da situação na Ucrânia, disse em seu canal no YouTube o oficial reformado dos serviços secretos da Marinha americana, Scott Ritter.

"Vocês só têm que ouvir o que ele [Putin] está dizendo. A Rússia está em um conflito, e a indústria da defesa está funcionando em plena capacidade. As pessoas por cuja segurança ele é responsável serão protegidas. Aqueles que os ameaçam [os russos] serão empurrados para trás da distância máxima dos mísseis do inimigo que, neste momento, corresponde a 150 quilômetros para os sistemas Himars", disse o oficial norte-americano.

"A responsabilidade do presidente Putin é com a nação russa e a Rússia não é defendida pelas fronteiras da Federação da Rússia, mas, sim, pelo povo russo que partilha a mesma cultura, língua, história e religião, sendo a tarefa de Putin protegê-las", acrescentou ele.

De acordo com Ritter, os mísseis de longo alcance transferidos para a Ucrânia pelos Estados Unidos não lhe darão superioridade no campo de batalha, mas apenas garantirão que o país seja desmoronado durante a operação militar especial.

No final de fevereiro, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, avisou que Moscou seria forçada a afastar ainda mais a ameaça ocidental das suas fronteiras se Washington fornecesse a Kiev de longo alcance.

        'Subestimamos os russos': coronel dos EUA indica que a força que armaram na Ucrânia está destruída

O presidente dos EUA, Joe Biden, terá que admitir o erro cometido na Ucrânia e aceitar um acordo de paz com a Rússia, caso contrário as consequências para Kiev e Washington serão deploráveis, disse o coronel Douglas Macgregor, ex-assessor do chefe do Pentágono, em entrevista ao jornalista Dan Ball.

"Subestimamos os russos, e agora estamos aqui sentados a olhar para esta catástrofe. Essa força que armamos na Ucrânia foi destruída. Eles estão perdendo milhares de pessoas por dia. Isso é aproximadamente, um batalhão inteiro […] Não levamos a sério as preocupações da Rússia, pensamos que era uma oportunidade para prejudicá-la", observou Macgregor.

"Tudo o que alcançamos foi enfraquecer a OTAN, danificar nossa própria reputação, e agora somos forçados a admitir que cometemos um erro e devemos chegar a um acordo. Se não fizermos isso, o que impedirá os russos de atravessar o [rio] Dniepre, tomar Kiev e chegar à fronteira da Polônia? Nada", acrescentou o coronel dos EUA.

Anteriormente Macgregor falou sobre o "sinal de socorro" do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, enviado ao chefe da Casa Branca, Joe Biden, devido à situação difícil das forças da Ucrânia em Artyomovsk (Bakhmut na denominação ucraniana). Segundo ele, as perdas do Exército ucraniano aumentaram significativamente devido à relutância de deixar a cidade e ocupar uma nova linha de defesa.

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, informou que as perdas do regime de Kiev estão aumentando e em fevereiro ultrapassaram 11 mil, uma quantidade 40% maior do que em janeiro.

 

Fonte: Sputnik Brasil

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