quarta-feira, 8 de março de 2023


 Os sintomas de câncer no esôfago que não devemos ignorar

É a sexta causa mais comum de morte por câncer em todo o mundo, mas muitas pessoas não percebem que têm a doença.

É que o câncer de esôfago — tubo longo que transporta o alimento da garganta para o estômago — não causa sintomas no início da enfermidade.

Foi o que aconteceu com o ex-jogador de futebol escocês Andy Goram, que atuou como goleiro e jogou por vários clubes da Escócia e da Inglaterra; recentemente, ele revelou ter câncer de esôfago.

A notícia chocou seus seguidores, quando Goram, de 58 anos, anunciou em maio que recebeu o prognóstico de que teria apenas mais seis meses de vida.

Em uma entrevista, o ex-jogador de futebol explicou que se sentiu mal há cerca de sete semanas, quando teve problemas para comer e beber.

Goram conta ter ignorado a azia que sofreu inicialmente, depois de não conseguir uma consulta com seu médico.

Como ele, muitos pacientes tratados de câncer de esôfago falam sobre como essa doença se apresenta inicialmente sem sintomas, ou com sintomas que muitas vezes são facilmente ignorados.

Em 2020, segundo dados do Ministério da Saúde, esse tipo de câncer foi o quinto de maior mortalidade em homens no Brasil, após o que afeta vias respiratórias (traqueia, brônquios e pulmões), próstata, cólon e reto e estômago.

        'Ignorei como todo mundo'

Paul Sinclair, de Fife, região da costa leste da Escócia, disse à BBC que começou a sentir o que parecia um gás na parte inferior da caixa torácica em setembro de 2020. Sinclair também sentia como se tivesse comido demais após poucas mordidas.

"Ignorei, como todo mundo", diz ele. "Me sentia com gases. Mas estava comendo bem, sem dor."

"Era apenas um incômodo sob minhas costelas. Durou cerca de uma semana e meia e então pensei: 'Vou ver alguém com relação a isso'."

"Fui ao médico e ele me mandou direto para uma endoscopia. O exame confirmou que eu tinha um tumor na parte superior do estômago."

Sinclair passou por quatro rodadas de quimioterapia durante um período de oito semanas antes de uma pausa de seis semanas.

Depois disso, foi submetido a uma cirurgia de 11 horas, que também incluiu a remoção de seu baço — pequeno órgão localizado na parte superior esquerda do abdômen, que participa do processo de filtragem do sangue.

Sinclair posteriormente passou por "quimioterapia muito agressiva" novamente.

"Fiquei muito mal com as sessões de quimioterapia", explica ele. "A segunda sessão foi pior porque o corpo já está fraco depois da cirurgia."

"À medida que você se recupera, precisa começar a aprender a comer novamente, mastigar bem os alimentos, comer pequenas porções e fazer muitas refeições ao longo do dia".

Agora, três anos depois, Sinclair pode voltar à academia para praticar exercícios leves, mas "nada será como antes".

"Você tem que permanecer otimista e ser grato por todos os dias que acorda", diz ele.

"O mais importante é que não tive sintomas particularmente graves, mas é importante não ignorá-los e consultar um médico."

        Quais são os sintomas do câncer de esôfago?

O esôfago é o tubo longo que transporta o alimento da garganta para o estômago. Os principais sintomas do câncer são:

        Problemas para engolir (disfagia)

        Náuseas

        Azia ou refluxo

        Sintomas de indigestão, como arrotar muito

Outros sintomas incluem:

        Tosse que não melhora

        Voz rouca

        Perda de apetite ou perda de peso sem tentar perdê-lo

        Cansaço ou falta de energia

        Dor na garganta ou no meio do peito, especialmente ao engolir

Fonte: NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido)

        'Você nunca se recupera completamente'

Linda Moffat, que também mora na Escócia, se considerava uma mulher em boa forma física aos 48 anos e andava a cavalo todos os dias.

Mas em dezembro de 2014, começou a sentir "que a comida não descia, como se estivesse grudando em mim", lembra. "A dor aumentava e a comida ficava presa."

"Tinha que vomitar para me sentir bem. Achei que fosse uma úlcera. E que não era nada sério."

Depois de um tempo, Moffat diz que "criou coragem de falar com o médico" e recebeu uma prescrição de antiácidos. Mas os sintomas continuaram e ela foi encaminhada para uma endoscopia.

O exame revelou um "tumor muito avançado" no esôfago e este foi "o início de uma jornada muito longa e difícil", explica.

"É um câncer muito agressivo e a cirurgia é realmente brutal: oito horas", diz. "Você passa por quimioterapia antes e depois. Precisa aprender a comer de novo."

"E acaba tendo muitos problemas com vômitos, diarreia e dor. Acho que ninguém nunca se recupera totalmente."

"Tenho muita sorte. Meu câncer estava muito avançado e eu só tinha 20% de chance de sobrevivência", diz.

"Já se passaram quase sete anos e estou muito feliz por estar viva e muito grata a todos que me ajudaram a estar aqui."

"Esta doença é muitas vezes chamada de 'assassina silenciosa' porque os sintomas variam muito", acrescenta. "Você apenas reza para as pessoas irem ao médico rápido o suficiente"

'Quanto antes, melhor'

Caroline Geraghty, enfermeira especialista do instituto de pesquisa Cancer Research UK, diz que o risco de câncer de esôfago é aumentado por "fatores típicos", como fumar, beber álcool, ganhar peso e mascar tabaco.

"Mas ter um risco maior não significa que você definitivamente terá câncer", diz. "A maioria das pessoas não sabe por que tem câncer de esôfago."

Geraghty recomenda a qualquer pessoa que tenha sintomas a consultar seu médico "para ter certeza".

"Como sabemos, quanto mais cedo o câncer é identificado, maior é a chance de sobrevivência do paciente", acrescentou.

Mas ela ressalva que, para a maioria das pessoas que se queixam de sintomas como azia e disfagia, o diagnóstico não é de câncer de esôfago.

"Podemos entender por que alguns médicos de clínica geral não enviam o paciente diretamente para a endoscopia para investigar o que há de errado; algumas pessoas só precisam realmente de antiácidos", diz.

"Mas haverá outras pessoas que vão precisar de uma investigação mais profunda."

 

       Câncer de cólon: como reconhecer sintomas e sinais nas fezes. Por Philippa Roxby

 

A apresentadora britânica da BBC Deborah James, que morreu de câncer de cólon aos 40 anos no mês passado, constantemente repetia uma dica na sua campanha para aumentar a conscientização sobre a doença: verifiquem as suas fezes.

No final de semana passado, outro caso fatal desse tipo de câncer ganhou as manchetes, desta vez no Brasil. A produtora e empresária Patricia Perissinotto, esposa do músico Andreas Kisser, da banda Sepultura, morreu aos 52 anos.

Abaixo, nós respondemos às principais perguntas sobre um dos tipos mais comuns de câncer.

>> Como posso detectar o câncer de cólon?

Há três coisas principais a serem verificadas:

        sangue nas fezes sem nenhum motivo aparente — pode ser um vermelho claro ou escuro;

        mudanças na hora de defecar — como ir ao banheiro com mais frequência ou mudanças nas fezes em si (mais moles ou mais duras) ;

        dor na barriga ou inchaço, com sensação de barriga cheia e dura.

Outros sintomas incluem:

        perda de peso;

        não sentir que o intestino foi esvaziado depois de ir ao banheiro;

        sentir-se cansado e tonto.

Esses sintomas não significam necessariamente que a pessoa tem câncer de cólon. Mas recomenda-se uma consulta médica, principalmente se durarem mais de três semanas.

Isso significa que os sintomas podem ser verificados rapidamente. Quanto mais cedo os cânceres são diagnosticados, mais fácil costuma ser o tratamento.

Às vezes, o câncer de cólon pode impedir que resíduos passem pelo intestino, e isso pode causar um bloqueio, causando dor de barriga intensa, constipação e mal-estar. Nesses casos, é urgente consultar um médico ou ir ao pronto-socorro mais próximo.

O ministério da Saúde tem mais informações sobre cânceres de intestino aqui.

>> Como verifico minhas fezes?

Dê uma boa olhada nas fezes e não tenha vergonha de falar sobre o assunto.

Você deve estar atento a sinais de sangue nas fezes e também de sangramento na área do ânus.

O sangue vermelho claro pode ser resultado de vasos sanguíneos inchados, mas também pode ser causado por câncer de cólon.

Sangue vermelho escuro ou preto pode vir do intestino ou do estômago, o que também pode ser preocupante.

Você também pode estar percebendo mudanças nos hábitos intestinais, como fezes mais soltas ou a necessidade de defecar com mais frequência do que o normal.

Ou você pode sentir que não está esvaziando totalmente o intestino, ou que não vai ao banheiro com frequência suficiente.

A organização britânica Bowel Cancer UK recomenda que pacientes criem um diário dos sintomas antes de visitar o médico, para que nada seja esquecido durante a consulta.

Os médicos estão acostumados a ver pessoas com grande variedade de problemas intestinais, portanto, informe-os sobre quaisquer alterações ou sangramentos para que eles possam investigar a causa.

>> O que causa câncer de cólon?

Ninguém sabe exatamente o que causa a doença, mas alguns fatores podem aumentar os riscos:

        a idade tem um peso importante — a maioria dos casos ocorre em adultos com mais de 50 anos, como acontece com outros tipos de câncer também;

        quem tem dieta com muita carne vermelha ou carne processada, como salsichas, bacon e salame;

        fumar;

        beber álcool em excesso;

        estar acima do peso ou obeso;

        ter um histórico de pólipos no intestino, que podem virar tumores.

>> É hereditário?

Na maioria dos casos, o câncer de intestino não é hereditário, mas você deve informar seu médico de família se teve algum parente próximo diagnosticado antes dos 50 anos.

Algumas condições genéticas, como a síndrome de Lynch, fazem com que as pessoas tenham um risco muito maior de desenvolver câncer de cólon — mas elas podem ser prevenidas se os médicos souberem de antemão da doença.

>> Como reduzir os riscos?

Mais da metade dos cânceres intestinais podem ser prevenidos por pessoas que seguem um estilo de vida mais saudável, dizem os cientistas.

Isso significa fazer exercícios, comer mais fibras e menos gordura e beber cerca de seis a oito copos de água por dia.

E também se consultar com um médico sempre que houver qualquer sintoma preocupante, e realizar ressonâncias magnéticas, quando elas forem solicitadas.

>> Como o câncer de cólon é diagnosticado?

A detecção pode se dar através de uma colonoscopia — um procedimento que usa uma câmera dentro de um tubo longo para olhar dentro de todo o intestino — ou uma sigmoidoscopia flexível, que examina parte dele.

Mais de 90% das pessoas diagnosticadas com câncer de cólon em seu estágio inicial sobrevivem por cinco anos ou mais — em comparação com 44% quando diagnosticados no estágio mais avançado.

No Reino Unido, as chances de sobrevivência mais que dobraram nos últimos 40 anos. Mais da metade dos pacientes sobrevivem por dez anos ou mais, em comparação com um em cada cinco na década de 1970.

Como muitos tipos de câncer, pessoas de 15 a 40 anos têm as maiores taxas de sobrevivência, porque o câncer é mais comum e mais fatal em pessoas mais velhas.

>> Que tratamentos estão disponíveis?

O câncer de cólon é curável, especialmente se diagnosticado precocemente.

Os tratamentos estão se tornando mais personalizados. Testes genéticos avançados permitem que o tratamento seja adaptado para cada pessoa, de acordo com a resposta de seu corpo à doença.

Essa abordagem ainda precisa ser melhorada, mas pode aumentar a expectativa de vida dos pacientes.

Cada estágio da doença pode exigir tratamentos diferentes, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

<< Quais são os diferentes estágios do câncer?

        Câncer de estágio 1: é pequeno, mas não se espalhou;

        Câncer de estágio 2: é maior, mas ainda não se espalhou;

        Câncer de estágio 3: se espalhou para alguns dos tecidos ao redor, como linfonodos;

        Câncer de estágio 4: se espalhou para outro órgão do corpo, criando um tumor secundário.

 

Fonte: BBC News Brasil

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