quarta-feira, 8 de março de 2023


 A história pouco conhecida da brilhante mulher de Einstein que contribuiu para a teoria da relatividade

"Intelectual demais". "Uma velha bruxa". Esses são alguns dos comentários que a família de Albert Einstein dedicou à primeira mulher do cientista, Mileva Einstein.

Mas a relação nem sempre foi tão espinhosa assim. Antes do divórcio, em 1916, ambos haviam sido estudantes do Instituto Politécnico de Zurique, uma das poucas universidades da Europa que admitiam mulheres à época. Ali compartilharam seu amor pela ciência.

As qualificações de Mileva não deixam dúvida de que foi uma física e cientista brilhante, às vezes com notas mais altas que as de Albert. E mesmo assim não conseguiu passar nas provas finais da carreira.

Cartas revelam também que, por volta de 1900, quando ainda não estavam casados, Mileva engravidou. Não há registros do paradeiro da primeira filha do casal, mas acredita-se que ela tenha morrido após contrair escarlatina, uma doença infecciosa.

Legenda do vídeo,

Mileva Einstein: A desconhecida história da física brilhante que não ganhou crédito

Várias biografias indicam que o período de estudante foi o princípio de muitos anos de colaboração, pelos quais Mileva recebeu pouco reconhecimento, e que a criação de seus filhos com Albert a apartaram do primeiro escalão da ciência.

        Sempre juntos

As 43 cartas entre os dois que foram preservadas mencionam "nossos trabalhos" e "nossa teoria do movimento relativo", "nosso ponto de vista" ou "nossos artigos".

"Durante as férias escolares, que com frequência passavam distantes um do outro, trocaram várias cartas nas quais Albert se referia constantemente à colaboração dela", diz ao programa Today, da BBC 4, Pauline Gagnon, física sênior da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (mais conhecida pela sigla Cern).

Há ainda muitos relatos de que os dois vieram a trabalhar juntos.

"Inclusive seu filho, Hans Albert, se recorda de vê-los trabalharem juntos dia e noite na mesa da cozinha", diz Gagnon.

Isso ocorreu em 1905, quando Albert publicou seus trabalhos mais importantes: quatro artigos na revista Annalen der Physik (Anais da Física) que mudaram a compreensão das leis da física para sempre, incluindo sua teoria da relatividade.

        Uma mulher à sombra

Ao se divorciarem, os dois concordaram que, caso Albert ganhasse o Prêmio Nobel, Mileva ficaria com o dinheiro da premiação.

Ele recebeu o prêmio no campo da Física em 1921, quando estava separado da primeira mulher fazia dois anos e havia se casado outra vez.

Quando Albert fez seu testamento e deixou o dinheiro do prêmio aos filhos, acredita-se que ela tenha ameaçado revelar sua participação nos trabalhos. O cientista a aconselhou a ficar calada.

"Apagar da história da ciência mulheres brilhantes como Mileva não ajuda no trabalho de demonstrar que nós mulheres somos tão capazes quanto os homens", afirma Gagnon.

A vida depois do divórcio com Einstein foi difícil para Mileva, que enfrentou problemas econômicos. Em 1930, seu filho Eduard foi diagnosticado com esquizofrenia, e ela passou o resto da vida cuidando dele.

 

       A curiosa confissão de Einstein revelada em manuscritos inéditos

 

Dezenas de manuscritos pertencentes a Albert Einstein, muitos deles nunca antes vistos pelo público, foram revelados pela Universidade Hebraica de Jerusalém.

Mais de 110 novos documentos foram colocados em exibição na universidade para comemorar os 140 anos do nascimento do famoso cientista alemão.

A coleção inclui trabalhos científicos do ganhador do Nobel de Física em 1921 que nunca foram publicados ou pesquisados antes.

Os papeis foram doados pela Crown-Goodman Family Foundation - e tinham sido comprados de um colecionador particular da Carolina do Norte.

Os manuscritos contém um apêndice ao artigo de Einstein sobre a Teoria do Campo Unificado que não era visto desde 1930.

O cientista passou três décadas tentando criar uma teoria que, além, de explicar os fenômenos eletromagnéticos, os unificasse com a gravitação - como se ambos fossem manifestação do mesmo campo. Até hoje a ciência tenta explicar as quatro forças fundamentais da natureza (gravidade, eletromagnetismo, força nuclear fraca e força nucelar forte) por um mesmo prisma referencial.

De acordo com a universidade, acreditava-se que o apêndice estivesse perdido.

Em uma nota ao cientista italiano Michele Besso, Einstein confessa que, depois de 50 anos de dedicação, ele ainda não entendia totalmente a natureza quântica da luz.

A coleção também inclui uma carta na qual Einstein demonstra preocupação com o crescimento do partido Nazista na Alemanha.

Enviada para seu filho Hans Albert em 1935, ela diz: "Mesmo na Alemanha as coisas estão começando a mudar lentamente. Vamos esperar que não tenhamos uma guerra na Europa."

A nova coleção de documentos agora faz parte dos mais de 80 mil itens dos Arquivos de Albert Einstein, que também inclui medalhas, diplomas e fotografias.

Einstein foi um dos fundadores da Universidade Hebraica de Jerusalém e doou documentos pessoais e trabalhos científicos para a criação dos Arquivos de Albert Einstein.

"Nós da Universidade Hebraica estamos muito orgulhosos de servir como morada eterna para o legado intelectual de Albert Einstein, como era seu desejo", disse Hanoch Gutfreund, diretor acadêmico dos arquivos.

Em 2017, uma carta do cientista na qual ele discute o conceito de religião foi vendida por quase 2,3 milhões de euros ( R$ 9,9 milhões).

 

Fonte: BBC News Mundo

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