'Na situação atual,
tudo pode acontecer', alerta especialista russo sobre crise global
A
economia mundial pode estar à beira de uma nova crise global e os temores de
uma década perdida são bastante fundamentados, disse à Sputnik o especialista
em indústria e energia Leonid Khazanov.
De
acordo com a previsão atualizada do Banco Mundial, de 2022 a 2030, a taxa média
de crescimento potencial do PIB global será de 2,2% ao ano. Essa taxa de
crescimento poderá ser 0,7% maior (para uma taxa média anual de 2,9%) se os
países adotarem políticas sustentáveis e orientadas para o crescimento.
A
economia global está perante uma década perdida, disse por sua vez Indermit
Gill, economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco Mundial. Khazanov
concorda com as preocupações do representante do BM.
"Estamos
vendo, muito possivelmente diante de nossos olhos, outra crise econômica global
se desenrolando. Ela começou com uma crise energética na Europa e na China em
2021, quando os preços da energia subiram", afirma Leonid Khazanov.
"Em
seguida, ela se transformou em uma crise de sanções envolvendo a Rússia e agora
também uma crise bancária. Como consequência, temos um afrouxamento da economia
global", disse o especialista.
Segundo
ele, na situação atual, "tudo pode acontecer, desde uma queda drástica na
renda das pessoas até a falência em massa dos bancos ocidentais".
Quanto
à taxa de crescimento global do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% no final do
ano, disse, as probabilidades são de 50/50.
“Creio
que a taxa de crescimento do PIB global será ainda menor: talvez entre 1-1,5%.
Isto é, na melhor das hipóteses, se a crise bancária no Ocidente puder ser
contida", ressaltou.
Na
opinião do especialista, a solução da crise bancária no Ocidente, assim como o
cancelamento das sanções contra a Rússia, pode afetar a situação.
"Todos
estes fenômenos de crise levarão a um declínio da indústria, a um aumento do
desemprego e a uma diminuição do nível de renda das famílias", concluiu
ele.
Anteriormente,
Indermit Gill disse que a economia global enfrenta a perspectiva de uma
"década perdida" por conta do desaparecimento de quase todos os
fatores impulsionadores do progresso econômico na história recente.
• Economista: problemas no sistema
bancário dos EUA estão aproximando o país da recessão
Os
problemas do sistema bancário dos EUA podem ter um impacto negativo no mercado
imobiliário e na esfera de construção do país, aproximando assim a economia dos
EUA de uma recessão, declarou o presidente do Banco da Reserva Federal de
Minneapolis Neel Kashkari.
"Bem,
isso definitivamente nos aproxima agora", respondeu ele em entrevista à
CBS News sobre se os problemas dos bancos americanos que afetam o setor de
construção do país estão aproximando os EUA de uma recessão.
Ao
mesmo tempo, Kashkari observou que permanece incerto se as atuais dificuldades
no setor financeiro levarão a um colapso em larga escala da área de creditação
e quão forte isso pode afetar a economia.
O
economista reconheceu que, apesar das constantes discussões com instituições
financeiras sobre possíveis riscos, o regulador "não é perfeito" e
pode cometer erros.
"Não
estou dizendo que todo o estresse já ficou para trás. Considero que esse
processo leve tempo", ressaltou Kashkari, acrescentando que o sistema
bancário continua enfrentando "desafios fundamentais" e
"dificuldades regulatórias".
Em
10 de março, os reguladores estaduais da Califórnia fecharam o Silicon Valley
Bank (SVB). Esta foi a maior quebra de um banco desde a crise financeira de
2008.
• UE quer bloquear fornecimento de gás
natural liquefeito russo sem impor novas sanções, diz mídia
A
União Europeia (UE) estuda uma maneira de bloquear as importações de gás
natural liquefeito russo sem impor novas sanções energéticas, diz a Bloomberg.
"Os
ministros de Energia do bloco [UE] estão prontos para endossar uma proposta que
daria aos governos dos Estados-membros a capacidade de impedir temporariamente
os exportadores russos de reservar antecipadamente a capacidade de
infraestrutura necessária para os embarques", cita a edição um documento.
A
Bloomberg aponta que o regulamento proposto ainda precisa da aprovação do
Parlamento Europeu, mas a Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia já
apoiaram a iniciativa.
Kadri
Simson, comissária europeia de Energia, exigiu o bloqueio do fornecimento de
gás russo, dizendo que os Estados-membros devem proteger a segurança do
fornecimento.
"Não
podemos e não vamos voltar ao status quo com a Rússia como nosso principal
fornecedor de gás", cita a Bloomberg a comissária.
• Guerra de sanções
O
Ocidente aumentou a pressão de sanções sobre a Rússia após o início da operação
militar russa na Ucrânia, com muitas empresas europeias se retirando do país. A
União Europeia já impôs dez pacotes de sanções contra Moscou desde fevereiro de
2022.
A
Rússia declarou repetidamente que o país lida com a pressão das sanções
impostas pelo Ocidente desde há vários anos.
Moscou
observou que ao Ocidente falta coragem para admitir o fracasso das sanções
contra a Rússia. No próprio Ocidente têm repetidamente soado argumentos que as
sanções são ineficazes.
Vladimir
Putin apontou que a política de conter e enfraquecer a Rússia é uma estratégia
de longo prazo do Ocidente, mas as sanções infligiram um sério golpe a toda a
economia global. Segundo ele, o principal objetivo do Ocidente é piorar a vida
de milhões de pessoas.
Gastos militares dos EUA não têm nada a
ver com defesa, são ofensivos, diz ativista antiguerra
O
ativista antiguerra e jornalista norte-americano, David Swanson, acusou
Washington de belicismo, já que seus gastos militares "tem sido superiores
aos dos países [que ocupam as posições] 9, 10 ou 11 da lista [de gastos
militares] juntos", ou mais do que cerca de 150 países juntos, se olharmos
da parte inferior da lista.
David
Swanson disse à Sputnik que os membros do Congresso dos EUA são responsáveis
pela escalada das guerras em todo o mundo, já que os EUA tem de longe o maior
gasto militar do mundo. O ativista pela paz acusou os congressistas
norte-americanos de encher os bolsos com compras militares. Swanson sugeriu a
ideia de apresentar um projeto de lei para cortar os gastos militares todos os
anos em US$ 100 milhões (cerca de R$ 521,1 milhões), mas reclamou que nunca
passaria em todos os estágios de votação.
"Não
são gastos com defesa, são gastos ofensivos", afirmou, acusando os membros
pacifistas do Congresso de simplesmente votar passivamente "não" nos
aumentos do orçamento militar. Segundo o ativista, tais legisladores não
mostram nenhuma iniciativa em pressionar projetos de lei para cortar gastos.
Os
comentários vieram após outro aumento de gastos militares, elevando-os para US$
842 bilhões (cerca de R$ 4,4 trilhões), proposto pelo governo Biden na última
quinta-feira (23). Isso é 13,4% maior do que o pedido do ano de 2022.
"Quando
você coloca os Estados Unidos e seus aliados militares e anfitriões de suas
bases e seus clientes de armas juntos, bem, é uma grande maioria. É bem mais de
três quartos dos gastos militares globais.[...] Você tem membros do Congresso
se gabando abertamente de como eles estão vão lucrar com as ações das empresas
de armas, assim como estão intensificando as guerras e absoluta e
descaradamente recusando ambas as partes, em feliz acordo, a levar ao plenário
qualquer projeto de lei que proibisse a posse e negociação de ações por membros
do Congresso", explicou Swanson.
O
autor do livro Leaving World War II Behind (Deixando a Segunda Guerra Mundial
para trás) também acusou a grande mídia de mentir que todas essas guerras e
compras de armas são inevitáveis e as pessoas simplesmente não podem fazer nada
a respeito. Ele propôs várias maneiras de mudar o status quo, pedindo que as
pessoas resistissem e protestassem nos Estados Unidos para impedir as guerras
agressivas. O jornalista sugeriu aprender com os europeus: "podemos fazer
o que está sendo feito para nossa vergonha e embaraço em números muito maiores
em Roma, Londres e Paris", argumentou.
"Bem,
podemos usar e promover meios de comunicação independentes e estrangeiros.
Podemos divulgar programas como este e outros que permitem vozes que não são
permitidas na mídia corporativa dos EUA. Podemos gerar nossa própria mídia.
Podemos nos infiltrar na mídia corporativa dos EUA com cartas e telefonemas e
protestos em lobbies. Podemos fazer o que está sendo feito para nossa vergonha
e constrangimento em números muito maiores em Roma, Londres e Paris. Podemos
protestar contra as guerras e gastos militares dos EUA", disse o ativista,
listando algumas das medidas que poderiam ser usadas e convidando as pessoas a
fazerem o que puderem.
• Rússia não deve salvar novamente os EUA
da desintegração, diz secretário do Conselho de Segurança
Nikolai
Patrushev descreveu de forma altamente negativa as ações dos EUA,
particularmente contra a Rússia, razão pela qual não considera prático que
Moscou tente salvar uma queda do país norte-americano.
A
Rússia ajudou os EUA a evitar o colapso duas vezes nos séculos XVIII e XIX, mas
não é aconselhável fazer o mesmo agora, disse Nikolai Patrushev, secretário do
Conselho de Segurança russo, ao jornal russo Rossiyskaya Gazeta.
Patrushev
observou em uma entrevista publicada na segunda-feira (27) que a cultura russa
é "baseada na espiritualidade, compaixão e misericórdia", mas, em sua
opinião, "desta vez não é apropriado ajudar os Estados Unidos a preservar
sua integridade".
"A
Rússia é uma defensora histórica da soberania e do Estado de qualquer nação que
tenha se voltado para ela em busca de ajuda. Ela salvou os próprios EUA pelo
menos duas vezes, durante a Guerra da Independência [1775-1783] e a Guerra
Civil [1861-1865]", disse ele, e apoiou a tese de que os EUA têm muitas contradições
internas, principalmente entre os democratas e os republicanos.
Sistema
de Washington
Patrushev
descreveu como problema dos EUA a preocupação com "jogos
geopolíticos", em que o país se esqueceu de "seus próprios problemas
urgentes".
"Enquanto
os EUA estão inventando novos vírus em seus laboratórios militares-biológicos
para destruir os povos de países não desejados, cidades americanas outrora
limpas estão se afogando em sujeira e lixo", acrescentou.
Além
disso, de acordo com Patrushev, "a pirâmide financeira americana
construída às custas da prensa de impressão dá falhas tangíveis vez após
vez". Todos os problemas, em suas palavras, "são tapados com
dinheiro", mas este modelo "não pode funcionar para sempre".
O
membro do Conselho de Segurança espera que tanto a "queda da confiança no
dólar não apoiada por bens reais" quanto a especulação no mercado de ações
levem os EUA a uma crise poderosa.
• Sentimento anti-americano
Para
ele, não há dúvida de que mais cedo ou mais tarde os vizinhos do sul dos EUA
retomarão os territórios roubados deles.
"Os
EUA ganharam um grande status de poder pelas conquistas econômicas baseadas em
ações cínicas para confiscar territórios, recursos, explorar povos e lucrar com
as misérias militares de outras nações. Ao mesmo tempo, permaneceu uma colcha
de retalhos que pode facilmente se desmoronar pelas costuras. Digamos, como
aconteceu originalmente, se dividirão no Norte e Sul", anteviu.
Ele
afirmou que os líderes latino-americanos estão conscientes do "papel
destrutivo" do país, citando como um dos "muitos exemplos" o
estabelecimento da base em Guantánamo, Cuba.
"Ao
proclamar slogans democráticos aqui e ali, na prática Washington se tornou há
muito tempo campeão na violação da soberania dos Estados, no número de guerras
e conflitos desencadeados, na caça brutal e ilegal de cidadãos de outros
países."
O
funcionário do governo russo disse que o país acolheria com o agrado se os EUA
realmente decidirem avançar em direção à democracia e parar de humilhar seus
aliados vassalos.
Ele
também vê um colapso da União Europeia "ao virar da esquina".
"[...]
Os europeus não tolerarão esta superestrutura supranacional, que não só não
consegue justificar sua existência, como os empurra para um conflito aberto com
a Rússia", de acordo com Patrushev.
Patrushev:
Ocidente está contra a Rússia e usa a Ucrânia para esse objetivo
Quanto
à Ucrânia, declarou, os EUA e o Reino Unido estão a usando para semear um
conflito pan-europeu ou mesmo global com impunidade para ganhar dinheiro com
ele.
"Recordemos
como estes mesmos anglo-saxões fomentaram os nazistas nos anos 1930, na
esperança de virá-los contra a União Soviética. Tendo ganho dividendos
financeiros e geopolíticos no final da Segunda Guerra Mundial, hoje Washington
e Londres estão encorajando novamente o nazismo e o fascismo. Usando a Ucrânia,
eles não se importam de agitar um conflito pan-europeu ou mesmo global,
imaginando que podem escapar impunes", anteviu.
O
membro do Kremlin crê que Washington "está igualmente descontente com a
estabilidade na Ásia, que se formou em resultado da Segunda Guerra Mundial e
dos movimentos de libertação", e que a estratégia dos EUA no Indo-Pacífico
é tentar criar uma OTAN asiática dirigida contra a China e a Rússia, e também
para pacificar os Estados agora independentes".
Fonte:
Sputnik Brasil
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