Moeda única no Mercosul: Sur real ou superação?
Durante
o encontro de líderes 7ª Cúpula da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), os presidentes do Brasil e da Argentina
declararam conjuntamente que a reindustrialização das economias será
prioritária, fomentando empregos de qualidade e investimento em inovação. Ainda
afirmaram que a integração entre as cadeias produtivas ajuda a mitigar choques
externos, como os ocorridos durante a pandemia. E que por esta razão é importante
evitar estar subordinado a fornecedores externos, garantindo itens essenciais
ao bem-estar das nossas sociedades. Contudo, o que mais chamou a atenção neste
evento foi a ocorrência de diálogos acerca de uma moeda única local para
transações com países do bloco, principalmente Brasil e Argentina. Essa moeda
seria chamada de “Sur” em referência ao Bloco Econômico dos países deste
acordo: Mercosul.
Existem
vários questionamentos acerca do planejamento da criação desta moeda única. Ao
contrário de muitas especulações, isso não significa o fim do Real e do Peso
Argentino. Preliminarmente, a moeda não teria circulação corrente e o objetivo
seria reduzir a dependência dos países latinos do Dólar, que pressiona moedas
emergentes e consequentemente gera cenários de crise nas economias latinas.
Logo, as transações comerciais e financeiras estariam livres das flutuações
cambiais.
Essa
ideia pode parecer nova, mas este debate vem sido feito desde a década de 80
nos governos Sarney e Alfonsin. Além disso, anos atrás o ex-Ministro da
Economia Paulo Guedes foi mais longe e chegou a promover diversas vezes uma
moeda única latina, nomeando a mesma como “peso real”. Esse plano não se
tornou realidade em virtude de muitas diferenças econômicas e diplomáticas
entre os países. Para se ter uma dimensão destas diferenças, a Argentina além
de possuir uma economia dolarizada, fechou o ano de 2022 com taxa de juros a
75%, inflação em torno de 95% e está praticamente sem acesso ao mercado
internacional de capitais. Isso sem mencionar a impressão de dinheiro e a
política de subsídios para serviços públicos como água e energia. Vários
analistas afirmam que a crise neste país é resultado de escolhas políticas,
principalmente com a impressão de dinheiro durante a pandemia para financiar subsídios
e programas salariais. Existem tentativas de minimizar os problemas, mas
persistem divergências ideológicas entre Fernandez e sua
influente vice, Cristina Kirchner. O presidente pretende implantar as duras
medidas expressas no acordo do FMI para recuperar a confiança dos mercados
internacionais. Porém, sua vice é a favor de medidas como a introdução de uma
renda básica universal e contra a implementação de medidas impopulares, tais
quais como aumentos de preços de serviços públicos. A falta de diálogo entre os
dois traz desconfiança aos investidores internacionais e torna situação do país
muito vulnerável. Com a proximidade das eleições Argentinas, estratégias para
minimizar o impacto da crise são bem vistas aos olhos dos eleitores.
Evidencia-se que Fernandez utilizou o anúncio da moeda comum para as transações
comerciais como importante estratégia eleitoral, protegendo a pouca quantidade
de reservas em dólar Argentinas. Vislumbrando assim, a confiança de entidades
financeiras internacionais.
O
primeiro passo consistiria na criação de um Banco Central Sul-Americano, aos
moldes do Banco Central Europeu para a Zona do Euro e, a partir disso, usar a
estratégia de estabilização da inflação brasileira durante a transição entre o
cruzeiro real e o real, criando a moeda através da mesma inspiração oriunda da
Unidade Real de Valor (URV). Além disso, o Brasil teria a possibilidade de protagonizar
a organização econômica da América do Sul.
Face
ao exposto, qual seria a motivação do Brasil em liderar esta iniciativa num
momento tão delicado para a economia Argentina? Segundo Friedman, não existe
almoço grátis. De acordo com os dados das estatísticas sobre comércio exterior
(ICOMEX-FGV), o Brasil está perdendo espaço para a China na Economia Argentina.
Em fevereiro de 2022, a China superou o Brasil na disputa pelo principal
mercado de manufaturados brasileiros. Uma das razões consistem na estagnação do
Governo Brasileiro em termos de promover iniciativas de promoção à exportação.
O governo Chinês ofereceu um diferencial de dispor recursos para ajudar a
Argentina a renegociar suas dívidas externas, a incluindo em seu projeto
político-econômico do megaprojeto de infraestrutura chamado “Cinturão e
Rota”. Neste caso, entende–se a aproximação com a Argentina, não só apenas
como um plano de integração regional e fortalecimento das economias latinas,
mas sim de voltar a ter o mesmo espaço na economia vizinha, barrando os avanços
Chineses neste mercado. Este empreendimento também significa a reação do Brasil
para evitar a reprimarização da sua economia. Ao longo dos anos, a indústria
tem perdido participação no PIB nacional e a equipe econômica tem pensado em
alternativas para tornar a indústria nacional mais competitiva, pois a criação
de um lastro monetário não vai resolver a falta de competitividade das
manufaturas. Dentro do plano de estudos para a criação do “sur”, existe ações
para o lançamento de linhas de crédito de bancos privados e públicos,
incentivando a aquisição de produtos brasileiros. Em contrapartida, o Brasil
teria como garantia o recebimento garantias de liquidez internacional como os
valores contratuais de exportação de gás natural. A criação desta unidade de
conta, portanto, seria uma política de integração regional para ajudar o país
vizinho visando elevar as exportações brasileiras para a Argentina.
Ø
Programa de
Inteligencia Artificial prevê o fim do domínio do dólar como moeda de troca
global
O
programa de inteligência artificial (IA), ChatGPT, foi consultado pelo portal
Insider sobre o mercado financeiro na próxima década e destacou um aumento na
influência global do yuan chinês ao mesmo tempo que chamou atenção para um
declínio da dominância do dólar nos mercados internacionais.
A
predominância do dólar como a principal moeda no câmbio global pode chegar ao
fim e dar lugar a um sistema monetário multipolar, de acordo com uma previsão
do chatbot ChatGPT, desenvolvido pela empresa OpenAI, que associou este cenário
ao aumento da influência do yuan chinês.
Com
base em informações que se estendem até 2021, o programa de inteligência
artificial consultado pelo Insider, avaliou que nem o dólar nem o yuan podem
ter protagonismo no futuro.
Relativamente
à moeda norte-americana, o programa recordou o seu predomínio como
"reserva de valor, meio de troca e unidade de conta" durante o último
século, acrescentando que "a sua utilização generalizada, mais
precisamente no comércio internacional", lhe confere "uma influência
significativa sobre o cenário mundial".
"No
entanto, nos últimos anos houve esforços para reduzir o domínio do dólar e
aumentar o uso de outras moedas, como o euro e o yuan, nas transações
internacionais", acrescentou.
Por
outro lado, em relação à moeda chinesa, o ChatGPT destacou que "tem
aumentado gradualmente o seu papel na economia global nos últimos anos",
sendo "cada vez mais amplamente utilizada no comércio e investimento
internacional".
Após
esta análise, o sistema de inteligência artificial garantiu que é
"incerto" prever "qual a moeda dominante no futuro", embora
tenha esclarecido que "é provável" que o mundo caminhe para um
"sistema monetário mais multipolar, em que várias moedas desempenham um
papel importante, ao invés de uma moeda dominante".
A
queda do dólar como moeda dominante também foi anunciada pelo economista
Nouriel Roubini, conhecido como "Doutor Catástrofe" por sua previsão
precisa da crise financeira de 2008, que garantiu que após um processo de
desdolarização um novo sistema monetário bipolar seria alcançado, com base no
dólar e no yuan.
Conforme
explicou o ChatGPT, o sistema atual torna as economias emergentes dependentes
da política monetária e das dificuldades econômicas de Washington, por essa
razão essas economias têm preferido usar a moeda chinesa como alternativa. Além
disso, o programa enfatizou que Pequim possui instrumentos financeiros
alternativos aos ocidentais, como seus próprios sistemas de pagamentos
internacionais, o que também vai ajudar a acelerar o surgimento do sistema
monetário bipolar.
"Por
todas essas causas, é provável que o declínio relativo do dólar americano como
principal moeda de reserva ocorra na próxima década", concluiu.
¨ EUA não querem fim
do conflito, mas sim vender armas em nova escalada na Ucrânia, diz mídia
O
jornal chinês Global Times (GT) relatou que, no momento, os Estados Unidos não
estão interessados no fim do conflito da Ucrânia.
De
acordo com especialistas citados pelo GT, os norte-americanos fizeram de tudo
para comprometer as negociações entre a Ucrânia e a Rússia.
Em
2022, diversas rodadas de negociações entre a Ucrânia e a Rússia foram
realizadas, contudo não chegaram a lugar algum, já que Washington fez de tudo
para comprometer todo o processo, recordou o especialista Cui Heng.
Segundo
o especialista, a principal questão para uma possível resolução entre Moscou e
Washington é o consenso.
Anteriormente,
o ex-premiê italiano Silvio Berlusconi afirmou que os EUA deveriam oferecer um
plano de restauração à Ucrânia, em vez de continuar enviando armas.
Contudo,
ao que parece, os norte-americanos continuam interessados apenas em medir
forças e vender armas com seus "concorrentes".
¨ Parlamento Europeu
é uma das 'organizações mais corruptas do mundo', diz chanceler da Hungria
O
ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, qualificou o
Parlamento Europeu como "uma das organizações mais corruptas do
mundo".
"A
confiança no Parlamento Europeu é praticamente zero", afirmou o chanceler
durante entrevista à emissora Kossuth, indicando que os escândalos de corrupção
mostraram que se trata de "uma das organizações mais corruptas do
mundo".
Neste
contexto, o húngaro afirmou que as decisões tomadas pela instituição e suas
declarações "em geral, causaram danos à Europa", destacando que o
fornecimento de armas do Ocidente à Ucrânia apenas prolonga o conflito.
Em
janeiro, foi divulgado que a Hungria bloqueou a sétima parcela de apoio militar
da União Europeia à Ucrânia, que envolvia milhões de euros do denominado Fundo
Europeu de Apoio à Paz, utilizado em 2022 para financiar a compra de armas e
equipamentos de proteção para Kiev.
¨ Procedimento
eleitoral da OTAN para secretário-geral é 'o mais opaco', diz mídia
Um
diplomata europeu chamou o processo eleitoral para secretário-geral da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), depois do fim do mandato de
Jens Stoltenberg, de "eleição mais opaca", informou a revista
estadunidense Foreign Policy.
"Esta
é a eleição mais opaca de todas", disse o diplomata europeu à publicação.
Nota-se
que o procedimento para selecionar o secretário-geral é uma consulta entre os
Estados-membros da aliança. Supostamente, a decisão deve ser baseada em um
acordo entre todos os membros, mas na realidade são os EUA, a Alemanha, a
França e o Reino Unido os países com maior influência.
Entre
os possíveis candidatos, segundo observa a revista, os mais discutidos são o
primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, a vice-primeira-ministra canadense,
Christia Freeland, que, de acordo com a publicação, é apoiada por Washington, e
a primeira-ministra estoniana, Kaija Kallas. Os candidatos da Eslováquia,
Croácia, Lituânia, Reino Unido e outros Estados também estão sendo discutidos.
Stoltenberg
deveria ter se aposentado em 1º de outubro do ano passado, mas em março os
líderes da aliança decidiram na cúpula estender o mandato dele até 30 de
setembro de 2023. O Politico relatou em 2021, citando fontes, que três mulheres
políticas do Leste Europeu seriam prováveis candidatas a serem o próximo
secretário-geral da OTAN: as ex-presidentes croata e lituana Kolinda
Grabar-Kitarovic e Dalia Grybauskaite, respectivamente, bem como a ex-líder
estoniana, Kersti Kaljulaid.
Fonte:
Por Georgia Rodrigues Ferreira da Silva, no Le Monde/Sputnik Brasil
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