quinta-feira, 9 de março de 2023


 Moeda única no Mercosul: Sur real ou superação?

Durante o encontro de líderes 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), os presidentes do Brasil e da Argentina declararam conjuntamente que a reindustrialização das economias será prioritária, fomentando empregos de qualidade e investimento em inovação. Ainda afirmaram que a integração entre as cadeias produtivas ajuda a mitigar choques externos, como os ocorridos durante a pandemia. E que por esta razão é importante evitar estar subordinado a fornecedores externos, garantindo itens essenciais ao bem-estar das nossas sociedades. Contudo, o que mais chamou a atenção neste evento foi a ocorrência de diálogos acerca de uma moeda única local para transações com países do bloco, principalmente Brasil e Argentina. Essa moeda seria chamada de “Sur” em referência ao Bloco Econômico dos países deste acordo: Mercosul.

Existem vários questionamentos acerca do planejamento da criação desta moeda única. Ao contrário de muitas especulações, isso não significa o fim do Real e do Peso Argentino. Preliminarmente, a moeda não teria circulação corrente e o objetivo seria reduzir a dependência dos países latinos do Dólar, que pressiona moedas emergentes e consequentemente gera cenários de crise nas economias latinas. Logo, as transações comerciais e financeiras estariam livres das flutuações cambiais.

Essa ideia pode parecer nova, mas este debate vem sido feito desde a década de 80 nos governos Sarney e Alfonsin. Além disso, anos atrás o ex-Ministro da Economia Paulo Guedes foi mais longe e chegou a promover diversas vezes uma moeda única latina, nomeando a mesma como “peso real”.  Esse plano não se tornou realidade em virtude de muitas diferenças econômicas e diplomáticas entre os países. Para se ter uma dimensão destas diferenças, a Argentina além de possuir uma economia dolarizada, fechou o ano de 2022 com taxa de juros a 75%, inflação em torno de 95% e está praticamente sem acesso ao mercado internacional de capitais. Isso sem mencionar a impressão de dinheiro e a política de subsídios para serviços públicos como água e energia. Vários analistas afirmam que a crise neste país é resultado de escolhas políticas, principalmente com a impressão de dinheiro durante a pandemia para financiar subsídios e programas salariais. Existem tentativas de minimizar os problemas, mas persistem divergências ideológicas entre Fernandez e sua influente vice, Cristina Kirchner. O presidente pretende implantar as duras medidas expressas no acordo do FMI para recuperar a confiança dos mercados internacionais. Porém, sua vice é a favor de medidas como a introdução de uma renda básica universal e contra a implementação de medidas impopulares, tais quais como aumentos de preços de serviços públicos. A falta de diálogo entre os dois traz desconfiança aos investidores internacionais e torna situação do país muito vulnerável. Com a proximidade das eleições Argentinas, estratégias para minimizar o impacto da crise são bem vistas aos olhos dos eleitores. Evidencia-se que Fernandez utilizou o anúncio da moeda comum para as transações comerciais como importante estratégia eleitoral, protegendo a pouca quantidade de reservas em dólar Argentinas. Vislumbrando assim, a confiança de entidades financeiras internacionais.

O primeiro passo consistiria na criação de um Banco Central Sul-Americano, aos moldes do Banco Central Europeu para a Zona do Euro e, a partir disso, usar a estratégia de estabilização da inflação brasileira durante a transição entre o cruzeiro real e o real, criando a moeda através da mesma inspiração oriunda da Unidade Real de Valor (URV). Além disso, o Brasil teria a possibilidade de protagonizar a organização econômica da América do Sul.

Face ao exposto, qual seria a motivação do Brasil em liderar esta iniciativa num momento tão delicado para a economia Argentina? Segundo Friedman, não existe almoço grátis. De acordo com os dados das estatísticas sobre comércio exterior (ICOMEX-FGV), o Brasil está perdendo espaço para a China na Economia Argentina. Em fevereiro de 2022, a China superou o Brasil na disputa pelo principal mercado de manufaturados brasileiros. Uma das razões consistem na estagnação do Governo Brasileiro em termos de promover iniciativas de promoção à exportação. O governo Chinês ofereceu um diferencial de dispor recursos para ajudar a Argentina a renegociar suas dívidas externas, a incluindo em seu projeto político-econômico do megaprojeto de infraestrutura chamado “Cinturão e Rota”. Neste caso, entende–se a aproximação com a Argentina, não só apenas como um plano de integração regional e fortalecimento das economias latinas, mas sim de voltar a ter o mesmo espaço na economia vizinha, barrando os avanços Chineses neste mercado. Este empreendimento também significa a reação do Brasil para evitar a reprimarização da sua economia. Ao longo dos anos, a indústria tem perdido participação no PIB nacional e a equipe econômica tem pensado em alternativas para tornar a indústria nacional mais competitiva, pois a criação de um lastro monetário não vai resolver a falta de competitividade das manufaturas. Dentro do plano de estudos para a criação do “sur”, existe ações para o lançamento de linhas de crédito de bancos privados e públicos, incentivando a aquisição de produtos brasileiros. Em contrapartida, o Brasil teria como garantia o recebimento garantias de liquidez internacional como os valores contratuais de exportação de gás natural. A criação desta unidade de conta, portanto, seria uma política de integração regional para ajudar o país vizinho visando elevar as exportações brasileiras para a Argentina.

 

Ø  Programa de Inteligencia Artificial prevê o fim do domínio do dólar como moeda de troca global

 

O programa de inteligência artificial (IA), ChatGPT, foi consultado pelo portal Insider sobre o mercado financeiro na próxima década e destacou um aumento na influência global do yuan chinês ao mesmo tempo que chamou atenção para um declínio da dominância do dólar nos mercados internacionais.

A predominância do dólar como a principal moeda no câmbio global pode chegar ao fim e dar lugar a um sistema monetário multipolar, de acordo com uma previsão do chatbot ChatGPT, desenvolvido pela empresa OpenAI, que associou este cenário ao aumento da influência do yuan chinês.

Com base em informações que se estendem até 2021, o programa de inteligência artificial consultado pelo Insider, avaliou que nem o dólar nem o yuan podem ter protagonismo no futuro.

Relativamente à moeda norte-americana, o programa recordou o seu predomínio como "reserva de valor, meio de troca e unidade de conta" durante o último século, acrescentando que "a sua utilização generalizada, mais precisamente no comércio internacional", lhe confere "uma influência significativa sobre o cenário mundial".

"No entanto, nos últimos anos houve esforços para reduzir o domínio do dólar e aumentar o uso de outras moedas, como o euro e o yuan, nas transações internacionais", acrescentou.

Por outro lado, em relação à moeda chinesa, o ChatGPT destacou que "tem aumentado gradualmente o seu papel na economia global nos últimos anos", sendo "cada vez mais amplamente utilizada no comércio e investimento internacional".

Após esta análise, o sistema de inteligência artificial garantiu que é "incerto" prever "qual a moeda dominante no futuro", embora tenha esclarecido que "é provável" que o mundo caminhe para um "sistema monetário mais multipolar, em que várias moedas desempenham um papel importante, ao invés de uma moeda dominante".

A queda do dólar como moeda dominante também foi anunciada pelo economista Nouriel Roubini, conhecido como "Doutor Catástrofe" por sua previsão precisa da crise financeira de 2008, que garantiu que após um processo de desdolarização um novo sistema monetário bipolar seria alcançado, com base no dólar e no yuan.

Conforme explicou o ChatGPT, o sistema atual torna as economias emergentes dependentes da política monetária e das dificuldades econômicas de Washington, por essa razão essas economias têm preferido usar a moeda chinesa como alternativa. Além disso, o programa enfatizou que Pequim possui instrumentos financeiros alternativos aos ocidentais, como seus próprios sistemas de pagamentos internacionais, o que também vai ajudar a acelerar o surgimento do sistema monetário bipolar.

"Por todas essas causas, é provável que o declínio relativo do dólar americano como principal moeda de reserva ocorra na próxima década", concluiu.

¨       EUA não querem fim do conflito, mas sim vender armas em nova escalada na Ucrânia, diz mídia

O jornal chinês Global Times (GT) relatou que, no momento, os Estados Unidos não estão interessados no fim do conflito da Ucrânia.

De acordo com especialistas citados pelo GT, os norte-americanos fizeram de tudo para comprometer as negociações entre a Ucrânia e a Rússia.

Em 2022, diversas rodadas de negociações entre a Ucrânia e a Rússia foram realizadas, contudo não chegaram a lugar algum, já que Washington fez de tudo para comprometer todo o processo, recordou o especialista Cui Heng.

Segundo o especialista, a principal questão para uma possível resolução entre Moscou e Washington é o consenso.

Anteriormente, o ex-premiê italiano Silvio Berlusconi afirmou que os EUA deveriam oferecer um plano de restauração à Ucrânia, em vez de continuar enviando armas.

Contudo, ao que parece, os norte-americanos continuam interessados apenas em medir forças e vender armas com seus "concorrentes".

¨       Parlamento Europeu é uma das 'organizações mais corruptas do mundo', diz chanceler da Hungria

O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, qualificou o Parlamento Europeu como "uma das organizações mais corruptas do mundo".

"A confiança no Parlamento Europeu é praticamente zero", afirmou o chanceler durante entrevista à emissora Kossuth, indicando que os escândalos de corrupção mostraram que se trata de "uma das organizações mais corruptas do mundo".

Neste contexto, o húngaro afirmou que as decisões tomadas pela instituição e suas declarações "em geral, causaram danos à Europa", destacando que o fornecimento de armas do Ocidente à Ucrânia apenas prolonga o conflito.

Em janeiro, foi divulgado que a Hungria bloqueou a sétima parcela de apoio militar da União Europeia à Ucrânia, que envolvia milhões de euros do denominado Fundo Europeu de Apoio à Paz, utilizado em 2022 para financiar a compra de armas e equipamentos de proteção para Kiev.

¨       Procedimento eleitoral da OTAN para secretário-geral é 'o mais opaco', diz mídia

Um diplomata europeu chamou o processo eleitoral para secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), depois do fim do mandato de Jens Stoltenberg, de "eleição mais opaca", informou a revista estadunidense Foreign Policy.

"Esta é a eleição mais opaca de todas", disse o diplomata europeu à publicação.

Nota-se que o procedimento para selecionar o secretário-geral é uma consulta entre os Estados-membros da aliança. Supostamente, a decisão deve ser baseada em um acordo entre todos os membros, mas na realidade são os EUA, a Alemanha, a França e o Reino Unido os países com maior influência.

Entre os possíveis candidatos, segundo observa a revista, os mais discutidos são o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, a vice-primeira-ministra canadense, Christia Freeland, que, de acordo com a publicação, é apoiada por Washington, e a primeira-ministra estoniana, Kaija Kallas. Os candidatos da Eslováquia, Croácia, Lituânia, Reino Unido e outros Estados também estão sendo discutidos.

Stoltenberg deveria ter se aposentado em 1º de outubro do ano passado, mas em março os líderes da aliança decidiram na cúpula estender o mandato dele até 30 de setembro de 2023. O Politico relatou em 2021, citando fontes, que três mulheres políticas do Leste Europeu seriam prováveis candidatas a serem o próximo secretário-geral da OTAN: as ex-presidentes croata e lituana Kolinda Grabar-Kitarovic e Dalia Grybauskaite, respectivamente, bem como a ex-líder estoniana, Kersti Kaljulaid.

 

Fonte: Por Georgia Rodrigues Ferreira da Silva, no Le Monde/Sputnik Brasil

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