Lula volta a
criticar juros e Campos Neto: “Não foi eleito pelo povo”
Após
agenda no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto de
Oliveira Campos Neto, não é” problema dele”, mas do Senado Federal, que o
colocou no posto que ele ocupa, à frente da autoridade monetária. As críticas
de Lula em relação a Campos Neto são recorrentes por causa da manutenção da
taxa Selic em 13,75%.
“Quem
tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indiciou. Ele não foi eleito
pelo povo, ele não foi indicado pelo presidente, ele foi indicado pelo Senado.
Quando eu tinha o [Henrique] Meirelles [presidente do BC entre 2003 e 2011, nos
dois primeiros mandatos de Lula], que era indicado meu, eu conversava com o
Meirelles. Mas, agora, se esse cidadão quiser, não precisa conversar comigo.
Ele só tem que cumprir a lei que estabeleceu autonomia do Banco Central”, disse
Lula sobre Campos Neto.
Em
sua fala, o petista voltou a criticar a taxa de juros. Em comunicado, na
quarta-feira (22/3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano.
“Quem
tem que cuidar das coisas, cuide e cada um faz a crítica que quiser. Digo todo
dia que não há explicação para nenhum ser humano do planeta Terra, a taxa de
juros no Brasil estar 13,75%. Não existe explicação! Não posso ficar discutindo
cada relatório do Copom. Eles fazem o que eles estão fazendo e a história
julgará cada um de nós”, pontuou Lula.
Lula
já havia criticado o valor dos juros em diversas oportunidades. Na terça-feira
(21/3), por exemplo, ele voltou a falar sobre o assunto durante entrevista à TV
247.
“A
primeira coisa que eu acho absurda, de verdade, é a taxa de juros estar a
13,75%, em um momento em que a gente tem os juros mais altos do mundo, em um
momento em que não existe uma crise de demanda, não existe excesso de demanda.
Ou seja, nós ainda temos 33 milhões de pessoas passando fome, nós temos
desemprego crescendo, a massa salarial caindo… Então, não há nenhuma razão,
nenhuma explicação, nenhuma lógica”, disse.
Manutenção
da Selic
Mesmo
após a insatisfação demonstrada pelo presidente e sua base aliada, em
comunicado oficial na quarta-feira (22/3), o Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central (BC) manteve a Selic em 13,75% ao ano. Apesar da
deflação brasileira, foi considerado o cenário internacional “adverso e
volátil” e a alta dos juros americanos para a decisão.
A
decisão encerra o ciclo de alta da Selic que ocorre desde março do ano passado.
É a maior sequência de aumentos em 20 anos. “O ambiente inflacionário segue
pressionado, enquanto o processo de normalização da política monetária nos
países avançados prossegue na direção de taxas restritivas”, disse o colegiado
na decisão.
“Presidente do BC não é deus do Brasil”,
diz líder do governo Lula
O
deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo Lula na Câmara, afirmou que o
presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, “quer ser o deus do
mercado, mas não é o deus do Brasil”. Em entrevista à coluna, nesta
quinta-feira (23/3), Guimarães declarou que o Comitê de Política Monetária
(Copom) prestou um “desserviço” ao manter a Selic em 13,75%.
“Existe
um programa que foi eleito pelas urnas. A autoridade monetária não é maior do
que o veredicto das urnas. Todo mundo sabia quais eram as propostas do
Bolsonaro e quais eram as do Lula. Ele [Campos Neto] tem que levar isso em
conta. Ele não é deus. Ele quer ser o deus do mercado, mas não é o deus do
Brasil.”, afirmou Guimarães.
As
críticas do líder do governo ocorrem horas após Lula dizer que a taxa de juros
é “absurda” e que Campos Neto não foi eleito pelo povo.
Guimarães
disse que nunca ouviu Lula falar sobre o afastamento do presidente do BC, mas
afirmou que o Congresso precisa discutir a questão dos juros. “Isso não
significa que vamos desestabilizar ninguém.
Vi
a declaração do ministro do Haddad mostrando contrariedade. Como líder do
governo, eu digo que foi muito ruim. O que me espanta é que o Haddad tem feito
todos os esforços. A reforma tributária caminha a passos largos, e o caminho
está pavimentado. Mais do que isso, o Haddad já preparou o novo arcabouço
fiscal, ele só não está oficializado ainda. Estamos antecipando, sinalizando,
mas o Banco Central decide manter a taxa. Não existe país capaz de se sustentar
com a taxa de juros tão elevada. Não pode existir um negócio desses. Não temos
perspectiva de inflação. O que justifica isso? Parece que é uma disputa para mostrar
que tem autonomia. A autoridade monetária tem que levar em conta duas coisas,
respeitando a autonomia dada ao Banco Central. Em primeiro lugar, ele [Campos
Neto] não está acima do país. Ele tem que considerar o resultado das urnas, tem
um programa que foi eleito pelas urnas. A autoridade monetária não é maior do
que o veredito das urnas. É um programa que foi eleito, todo mundo sabia quais
eram as propostas do Bolsonaro e quais eram as do Lula. Ele [Campos Neto] tem
que levar isso em conta. Ele não é Deus. Ele quer ser o Deus do mercado, mas
não é o Deus do Brasil. E, em segundo lugar, ele precisa considerar o esforço
que a área econômica do governo está fazendo. Não é justo com o Haddad. Essa
decisão é um desserviço ao país.
• Você percebe uma disposição real do Lula
para afastar o presidente do BC e pedir ao Senado que chancele?
Nunca
ouvi nem toquei nesse assunto. Nunca conversei sobre isso. O que é público e
notório é que o governo está fazendo tudo o que é possível para garantir a
estabilidade econômica e o crescimento. Estamos segurando as pontas e fazendo
investimentos sociais. A proposta do arcabouço fiscal é para trazer o
equilíbrio. O Brasil precisa disso. O Brasil não pode conviver com tantos
miseráveis passando fome. [A manutenção da taxa de juros] não é o melhor
caminho, não é uma necessidade. Quando você tem uma disparada inflacionária,
você justifica a tomada de medidas duras. Mas isso não está acontecendo. Qual é
a razão para essa radicalidade toda? [O Campos Neto] quer ser maior do que o
governo? Isso não pode.
• Você recebeu alguma orientação do
governo para convocar o presidente do BC para vir à Câmara prestar
esclarecimentos?
Não,
não recebi. Nós temos que fazer um debate aqui dentro. Não é um debate sobre
convocação ou não. O Congresso precisa discutir essa questão dos juros. O
mercado discute, as instituições do mercado discutem, a Av. Paulista e Faria
Lima discutem… Por que o Congresso não pode discutir? Qual é o mal nisso? Isso
não significa que vamos desestabilizar ninguém. Isso significa que vamos pôr em
ordem uma questão central para retomar o crescimento e a geração de
oportunidades para o Brasil. Ninguém aguenta mais isso.
Alckmin critica manutenção da Selic em
13,75%: “É muito radicalismo”
O
vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), criticou, nesta
quinta-feira (23/3), a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do
Banco Central, de manter a taxa de juros, a Selic, em 13,75%. Durante agenda em
São Paulo, Alckmin falou em “radicalismo” e que é preciso “estimular a
economia”.
“É
muito radicalismo. Quer dizer, de um lado, você tinha, até pouco tempo atrás,
juros de 2%. Agora 13,75%. Eu acho que precisa ter mais moderação. Não há uma
inflação de demanda, pelo contrário. É preciso estimular a atividade
econômica”, defendeu Alckmin.
Nas
últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem criticado o
Banco Central e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, pelo
percentual da taxa de juros.
Mesmo
após a insatisfação demonstrada pela cúpula do governo, o Copom manteve a Selic
em 13,75% ao ano. Segundo o colegiado, a decisão levou em conta o cenário
internacional “adverso e volátil”, além da alta dos juros nos Estados Unidos.
Mais
cedo, nesta quinta, Lula disse que Campos Neto “não foi eleito pelo povo” e que
a responsabilidade por sua indicação é do Senado Federal. “Ele só tem de
cumprir a lei que estabeleceu autonomia do Banco Central”, afirmou.
“Digo
todo dia que não há explicação para nenhum ser humano do planeta Terra, a taxa
de juros no Brasil estar 13,75%. Não existe explicação. Não posso ficar
discutindo cada relatório do Copom. Eles fazem o que eles estão fazendo e a
história julgará cada um de nós”, declarou o presidente.
Mudança
só no segundo semestre
O
mercado financeiro acredita na queda da taxa básica de juros no Brasil somente
a partir de julho. Se confirmada, a redução só ocorrerá com maior ênfase em
agosto e setembro, com corte de cerca de 0,15 ponto percentual.
Segundo
executivos, outro ponto com chance de antecipar a diminuição dos juros seria a
apresentação da proposta do novo arcabouço fiscal pelo Palácio do Planalto.
A
expectativa era que o texto substituto da atual norma do teto de gastos fosse
divulgado nesta semana. O presidente Lula, porém, disse que o projeto só será
apresentado em abril, após retornar de sua viagem à China.
Caixa: Selic alta prejudica financiamento
da casa própria, diz Serrano
A
presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, afirmou nesta
quinta-feira (23) que a elevada tava básica de juros pressiona os
financiamentos com taxas baixas para a compra da casa própria. Nesta
quarta-feira (22), o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central
(BC), manteve a Selic em 13,75% ao ano,
patamar bastante elevado.
"A
alta de juros causa um problema de funding (captação de recursos) para
emprestar recursos com taxas mais baixas no financiamento imobiliário",
disse ela, apontando que a Caixa passa a ter que recorrer a fontes mais caras
para captar recursos.
"A
poupança teve retiradas de R$ 100 bilhões no ano passado, e o FGTS, que vem
apresentando saques sucessivos e perdendo recursos por causa do trabalho
informal. Haverá um problema de sustentabilidade e este é um problema que nós
temos que resolver", acrescentou Serrano, durante apresentação dos resultados
financeiros do banco.
Atualmente,
a Caixa é a maior responsável por financiar a compra da casa própria no Brasil.
Em dezembro do ano passado, o banco representava 66,2% deste segmento no país.
Lira diz que Haddad 'tem o respaldo da
Câmara'
O
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta
quinta-feira (23) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem o respaldo da
Casa na definição do novo arcabouço fiscal.
"O
ministro Haddad tem tido um comportamento de muita coerência. Tem o respaldo da
Câmara dos Deputados com relação ao texto do arcabouço, tem dialogado",
disse Lira.
A
nova regra fiscal, que substituirá o teto de gastos, será apresentada após o
retorno de Haddad e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de viagem à
China. O projeto já está pronto, mas
Lula optou por postergar a apresentação por achar necessário
"discutir um pouco mais".
Lira
acrescentou que, depois do arcabouço fiscal ser votado na Câmara, o Comitê de
Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), terá
"instrumentos" para reduzir a taxa básica de juros. Em decisão tomada
nesta quarta-feira (22), o órgão manteve a Selic em patamar elevado , de 13,75%
ao ano.
"O
Copom não pode fazer uma análise em cima da perspectiva de um texto que sequer
foi apresentado. Mas, se o texto é apresentado, vem bom e o Congresso vota, o
Copom terá instrumentos para começar a fazer a indicação da baixa de juros
responsável", avaliou Lira.
• Tebet estima rombo de R$ 120 bilhões nas
contas do governo em 2023
A
ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta quinta-feira
(23) que o Brasil deve encerrar este ano com déficit nas contas públicas em
torno de R$ 120 bilhões, valor acima do calculado pelos ministérios do
Planejamento e da Fazenda.
Nesta
quarta-feira (22), as pastas divulgaram projeção de déficit de R$ 107,6 bilhões
. No Orçamento de 2023, era previsto um rombo de R$ 230 bilhões.
Segundo
Tebet, o cálculo divulgado na quarta-feira não leva em consideração o novo
salário mínimo, que vai passar de R$ 1.302 para R$ 1.320 em maio.
"É
uma projeção, mas ela está caminhando no sentido que nós queremos, de que o
déficit fiscal no Brasil não se encerrará com R$ 230 bilhões, mas algo em
torno, agora, com essa projeção, de R$ 107 bilhões. Podemos ter uma pequena
alteração quando vier o reajuste do salário mínimo em torno de mais alguns
gastos, em R$ 120 bilhões", disse Tebet.
A
ministra também afirmou que o governo vai cortar gastos. Dentre as iniciativas
propostas pelo Ministério do Planejamento, está a revisão de restos a pagar
pelos ministérios.
"Está
dentro do prazo para que os ministérios revejam todos os restos a pagar, todos
programas e ações que estavam sendo realizados, e contratos do ano passado,
para ver não só a legalidade deles, como também agora a necessidade ou não
desses mesmos gastos", afirmou Tebet.
Fonte:
Metrópoles/iG
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