sexta-feira, 5 de julho de 2024

Rota do futuro: Brasil está pronto para participar da corrida global pelo lítio?

O Brasil emerge como um jogador na corrida global pelo lítio, mineral essencial para a transição energética e a produção de baterias para veículos elétricos.

Nos últimos tempos, o minério ganhou destaque nas manchetes internacionais após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e analistas ligarem a tentativa de golpe na Bolívia a interesses externos pelo elemento.

O país boliviano recentemente assinou acordos com a China e a Rússia para explorar lítio. Vale ressaltar que o território abriga cerca de 23% das reservas mundiais do mineral.

<><> O que é lítio e para que serve?

O lítio é encontrado em fontes de água mineral e em minerais como a petalita. Ele é usado na fabricação das baterias de íon de lítio, importantes para diversos eletrônicos e carros elétricos. Além disso, tem seu uso em determinados medicamentos de estabilização de humor.

O Brasil possui cerca de 1,7% da produção mundial de lítio e ocupa a posição de quinto maior produtor do mundo, segundo a presidente da Associação Paulista de Geólogos (APG) Luciana Ferrer.

Embora seu percentual na produção global pareça modesto, o país está entre os sete maiores em termos de reservas. "As reservas brasileiras são significativas quando comparadas com países líderes como Austrália, Chile e China. No entanto, a exploração e produção ainda têm um grande potencial de crescimento", afirma à Sputnik Brasil.

<><> Onde fica a maior reserva de lítio do Brasil?

Pesquisadora e doutora em ciência do sistema terrestre pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ferrer comenta que, atualmente, as principais regiões de exploração de lítio no Brasil estão concentradas em Minas Gerais, especificamente no Vale do Jequitinhonha e Mucuri, abrangendo as províncias Borborema e Vale do Jequitinhonha. Segundo ela, tais áreas são ricas em depósitos de lítio e têm atraído investimentos.

O Brasil tem firmado parcerias estratégicas com empresas internacionais para a exploração de lítio. Segundo Ferrer, entre as principais estão a Sigma Lithium, a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a Latin Resources.

Além disso, a crescente demanda por baterias de carros elétricos tem impulsionado a importância do lítio no cenário global. "A discussão sobre a importância do lítio foi um dos destaques no evento Lithium Supply and Battery Raw Materials 2024, onde representantes da ANM [Agência Nacional de Mineração] destacaram a qualidade do nosso lítio verde", comenta.

Segundo ela, há rumores de que gigantes como BYD e até Elon Musk estariam interessados no lítio brasileiro, embora não haja confirmações oficiais do governo.

"A estabilidade política de uma nação é crucial para a negociação de minerais e commodities. O Brasil, com sua soberania sólida e reservas estratégicas, é uma peça-chave no cenário geopolítico", observa.

<><> Intervenção do Ocidente na exploração do lítio

Ferrer afirma que "a intervenção dos Estados Unidos no cenário geopolítico mundial é histórica", citando exemplos como a exploração de petróleo na Venezuela e no Oriente Médio e terras-raras na Bolívia, que geram ofensivas estadunidenses.

"De alguma forma, sempre interfere na estabilidade econômica", completa, mencionando a flutuação da moeda americana e o consequente impacto na economia mundial.

Em termos de infraestrutura, segundo a pesquisadora, o Brasil tem se preparado para a exploração e o processamento de lítio em larga escala.

O Serviço Geológico Brasileiro (SGB) e a Agência Nacional de Mineração (ANM), vinculados ao Ministério de Minas e Energia, têm publicado estudos e anuários que destacam os investimentos em pesquisa de lítio, ainda que os aspectos ambientais e regulatórios possam sofrer discussões.

"Há um esforço significativo para promover a mineração sustentável nas regiões produtoras de lítio, com previsão de investimentos por agências de fomento como BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], FINEP [Financiadora de Estudos e Projetos] e Embrapii [Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Cultural]", finaliza.

<><> Lula reitera compromisso fiscal do Brasil

Depois de ter se reunido com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula aproveitou o lançamento do Plano Safra para a agricultura familiar para afirmar que a "responsabilidade fiscal é um compromisso" do governo e que o Executivo "não joga dinheiro fora".

"Se vocês [produtores rurais] fizerem acontecer, vamos produzir mais, o povo vai comer mais e teremos uma política econômica sem causar sobressaltos a ninguém, que vai fazer o país crescer e continuar fazendo transferência de renda e ao mesmo tempo continuar com responsabilidade. A gente aplica o dinheiro que é necessário, gasta com educação e saúde o que é necessário, mas a gente não joga dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso desse governo desde 2003 e a gente manterá à risca", afirmou Lula durante o evento.

A disparada especulativa do dólar reagiu logo após a declaração do presidente indicando que os ânimos do mercado haviam arrefecido após o compromisso reiterado do governo com a meta fiscal, demonstrando um tom mais positivo especialmente após as falas de Haddad.

"Tivemos a oportunidade de nos reunirmos três vezes hoje. Lula me pediu que falasse para vocês. Primeira coisa que o presidente determinou é cumprir o arcabouço fiscal. Não se discute isso. São leis que regulam as finanças no Brasil e serão cumpridas. O arcabouço será preservado a todo custo", afirmou o ministro, em coletiva de imprensa.

Depois de um dia inteiro de reuniões, o ministro Haddad anunciou um corte de R$ 25 bilhões em despesas e disse que Lula determinou que seja cumprido o arcabouço fiscal.

•           Diplomata argentino na China explica agenda comercial e de cooperação, apesar de Milei

A campanha de Javier Milei, em 2023, para a presidência argentina incluiu chamar a China – o segundo maior comprador das exportações argentinas – de "assassina", em referência a supostas infrações de direitos humanos cometidos por Pequim, demonstrando claro alinhamento à política externa norte-americana. Mas desde que assumiu o cargo em dezembro, o presidente argentino parece estar preso entre o realismo e o idealismo.

Em entrevista ao South China Morning Post (SCMP), o embaixador da Argentina em Pequim, Marcelo Suarez Salvia, nomeado em fevereiro deste ano, explicou como as duas potências emergentes podem navegar em um período de mar revolto na geopolítica mundial, especialmente entre Pequim e Washington.

Do ponto de vista comercial, o diplomata destacou que "Argentina e China são um caso típico de parceiros complementares". Além de evocar o histórico de trocas entre os países, Salvia destacou que a Argentina tem importado tecnologia chinesa para impulsionar a produção nacional de Buenos Aires, com foco no comércio de serviços e produtos de alta qualidade.

O diplomata destacou ainda que durante as últimas duas décadas, tanto o comércio como o investimento entre seus países aumentaram significativamente.

"A Argentina considera estratégica a relação do seu setor produtivo com a China. Portanto, o principal objetivo é continuar trabalhando em estreita colaboração para maximizar a cooperação para a identificação de oportunidades comuns, a negociação de protocolos de acesso ao mercado, a transferência de tecnologia, etc.", destacou ele ressaltando o papel da ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, junto à República Popular da China em sua última visita, no mês de abril.

Salvia afirmou que o interesse do setor empresarial chinês está posicionado em oportunidades de investimento na área de agronegócio, energia e mineração, e que os chineses "nos procuram com o objetivo de conhecer de fonte primária o potencial ainda [a ser] explorado em nosso país".

Para o embaixador, ainda existem setores estratégicos atrelados ao desenvolvimento tecnológico agroindustrial, de energia nuclear e de comunicação que podem ser explorados nas relações bilaterais entre a Argentina e a China, destacando ainda sua vasta cooperação com o setor espacial de diversos parceiros.

Mencionando ainda a cooperação financeira de mais de dez anos entre Pequim e Argentina, o diplomata garantiu haver aspectos importantes a serem explorados do ponto de vista da cooperação "Sul-Sul", em um momento de disputa comercial no cenário internacional.

"Do ponto de vista econômico, é possível conseguir melhorias se continuarmos a reforçar os fóruns de cooperação birregional. A América Latina e a China pertencem ao Sul Global, onde existem de fato alguns desafios comuns em termos de infraestruturas, saúde, acesso à tecnologia, desigualdade, etc. Hoje em dia também enfrentamos desafios no domínio da produção sustentável e do desenvolvimento de energia limpa."

Segundo Salvia, fortalecer os mecanismos multilaterais e de cooperação é a "única forma de resolver os novos desafios enfrentados pelos concorrentes em todo o mundo de forma justa e equitativa. Estamos prontos para cooperar e fortalecer os laços comerciais com todas as partes", concluiu.

•           Xi Jinping telefona a António Costa por presidência na UE, mas pede 'resistência' na OCX

Xi disse que "atribui grande importância ao desenvolvimento das relações China-UE", enquanto a Europa se prepara para medidas retaliatórias de Pequim e a possível abertura de uma nova frente na guerra tarifária do Ocidente.

"A China está comprometida em desenvolver a parceria estratégica abrangente China-UE. Pequim sempre considerou a Europa um polo importante na ordem multipolar", afirmou o presidente, citado pela Xinhua.

A política comercial do bloco europeu tem se tornado cada vez mais protecionista devido às preocupações de que o modelo de desenvolvimento focado na produção chinesa possa ameaçar seu mercado interno.

Nesta quinta-feira (4), entram em vigor as tarifas provisórias de importação de até 38% sobre veículos elétricos fabricados na China.

Caberá a Costa, ex-primeiro-ministro português, encontrar uma causa comum entre os 27 Estados-membros do conselho, enquanto eles hesitam sobre apoiar ou não a comissão nas tarifas de veículos elétricos em uma votação consultiva nas próximas semanas, após a forte rejeição de importantes marcas como BMW, Porsche e Volkswagen.

Também nesta quinta-feira (4), na 24ª Reunião do Conselho de Chefes de Estado da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), o presidente chinês afirmou que os países-membros devem trabalhar juntos para resistir à "interferência externa" e apoiar-se firmemente.

"Diante dos riscos reais de pequenos quintais com cercas altas, devemos assegurar o direito ao desenvolvimento", disse Xi, citado pela televisão estatal chinesa CCTV, em Astana, no Cazaquistão, no âmbito do encontro.

O bloco de dez membros deve lidar com "diferenças internas" com paz, buscar pontos em comum e resolver dificuldades de cooperação, acrescentou Xi, enfatizando a necessidade de promover conjuntamente a inovação científica e tecnológica e de manter a estabilidade e a fluidez das cadeias industriais e de suprimentos.

•           Venezuela denuncia tentativa de sabotagem ao sistema elétrico na região norte do país

O governo venezuelano denunciou nesta quarta-feira (3) uma tentativa de sabotagem contra um cabo submarino que fornece eletricidade ao estado de Nueva Esparta, na região norte do país, que podia deixar sem eletricidade pelo menos 60% da população local.

"Foi tentado um ato de sabotagem por parte de terroristas que pretendiam deixar sem eletricidade os 11 municípios do estado de Nueva Esparta, afetando 60% da sua população", denunciou o ministro do Turismo, Alí Padrón.

Com relação à tentativa de sabotagem, o ministro explicou que houve a tentativa de cortar o cabo, de cerca de 37 quilômetros de extensão, que sai do estado de Sucre e chega à ilha de Margarita, já em Nueva Esparta.

Padrón disse que a ação pretendia afetar gravemente a atividade econômica e social de toda a região. Após o caso, os órgãos de segurança venezuelanos vão iniciar uma investigação para prender os responsáveis pelo "ato terrorista".

Já o presidente Nicolás Maduro afirmou que as tentativas de sabotagem contra os serviços públicos não podem acabar com a paz no país.

"Quem faz isso? Quem financia? Quem pensa nesses ataques criminosos? Quem está por trás disso? Os mesmos que aumentaram a sabotagem da guerra elétrica, mas tenho más notícias para essas pessoas com sobrenomes [em referência aos líderes da oposição] e aos seus senhores imperiais: ninguém envergonhará a Venezuela, a Venezuela terá paz e tranquilidade", prometeu Maduro.

Na semana passada, Maduro ordenou às Forças Armadas Nacionais Bolivarianas que ativassem um plano especial de patrulha e vigilância 24 horas por dia para todas as instalações vitais de serviços elétricos.

O presidente denunciou que a oposição prepara uma ofensiva contra o sistema de energia do país para afetar o processo eleitoral de 28 de julho.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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