Rota do
futuro: Brasil está pronto para participar da corrida global pelo lítio?
O
Brasil emerge como um jogador na corrida global pelo lítio, mineral essencial
para a transição energética e a produção de baterias para veículos elétricos.
Nos
últimos tempos, o minério ganhou destaque nas manchetes internacionais após o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e analistas ligarem a tentativa de golpe
na Bolívia a interesses externos pelo elemento.
O
país boliviano recentemente assinou acordos com a China e a Rússia para
explorar lítio. Vale ressaltar que o território abriga cerca de 23% das
reservas mundiais do mineral.
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O que é lítio e para que serve?
O
lítio é encontrado em fontes de água mineral e em minerais como a petalita. Ele
é usado na fabricação das baterias de íon de lítio, importantes para diversos
eletrônicos e carros elétricos. Além disso, tem seu uso em determinados
medicamentos de estabilização de humor.
O
Brasil possui cerca de 1,7% da produção mundial de lítio e ocupa a posição de
quinto maior produtor do mundo, segundo a presidente da Associação Paulista de
Geólogos (APG) Luciana Ferrer.
Embora
seu percentual na produção global pareça modesto, o país está entre os sete
maiores em termos de reservas. "As reservas brasileiras são significativas
quando comparadas com países líderes como Austrália, Chile e China. No entanto,
a exploração e produção ainda têm um grande potencial de crescimento",
afirma à Sputnik Brasil.
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Onde fica a maior reserva de lítio do Brasil?
Pesquisadora
e doutora em ciência do sistema terrestre pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), Ferrer comenta que, atualmente, as principais regiões de
exploração de lítio no Brasil estão concentradas em Minas Gerais,
especificamente no Vale do Jequitinhonha e Mucuri, abrangendo as províncias
Borborema e Vale do Jequitinhonha. Segundo ela, tais áreas são ricas em
depósitos de lítio e têm atraído investimentos.
O
Brasil tem firmado parcerias estratégicas com empresas internacionais para a
exploração de lítio. Segundo Ferrer, entre as principais estão a Sigma Lithium,
a Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a Latin Resources.
Além
disso, a crescente demanda por baterias de carros elétricos tem impulsionado a
importância do lítio no cenário global. "A discussão sobre a importância
do lítio foi um dos destaques no evento Lithium Supply and Battery Raw
Materials 2024, onde representantes da ANM [Agência Nacional de Mineração]
destacaram a qualidade do nosso lítio verde", comenta.
Segundo
ela, há rumores de que gigantes como BYD e até Elon Musk estariam interessados
no lítio brasileiro, embora não haja confirmações oficiais do governo.
"A
estabilidade política de uma nação é crucial para a negociação de minerais e
commodities. O Brasil, com sua soberania sólida e reservas estratégicas, é uma
peça-chave no cenário geopolítico", observa.
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Intervenção do Ocidente na exploração do lítio
Ferrer
afirma que "a intervenção dos Estados Unidos no cenário geopolítico
mundial é histórica", citando exemplos como a exploração de petróleo na
Venezuela e no Oriente Médio e terras-raras na Bolívia, que geram ofensivas
estadunidenses.
"De
alguma forma, sempre interfere na estabilidade econômica", completa,
mencionando a flutuação da moeda americana e o consequente impacto na economia
mundial.
Em
termos de infraestrutura, segundo a pesquisadora, o Brasil tem se preparado
para a exploração e o processamento de lítio em larga escala.
O
Serviço Geológico Brasileiro (SGB) e a Agência Nacional de Mineração (ANM),
vinculados ao Ministério de Minas e Energia, têm publicado estudos e anuários
que destacam os investimentos em pesquisa de lítio, ainda que os aspectos
ambientais e regulatórios possam sofrer discussões.
"Há
um esforço significativo para promover a mineração sustentável nas regiões
produtoras de lítio, com previsão de investimentos por agências de fomento como
BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], FINEP
[Financiadora de Estudos e Projetos] e Embrapii [Empresa Brasileira de Pesquisa
e Inovação Cultural]", finaliza.
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Lula reitera compromisso fiscal do Brasil
Depois
de ter se reunido com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula aproveitou o
lançamento do Plano Safra para a agricultura familiar para afirmar que a
"responsabilidade fiscal é um compromisso" do governo e que o
Executivo "não joga dinheiro fora".
"Se
vocês [produtores rurais] fizerem acontecer, vamos produzir mais, o povo vai
comer mais e teremos uma política econômica sem causar sobressaltos a ninguém,
que vai fazer o país crescer e continuar fazendo transferência de renda e ao
mesmo tempo continuar com responsabilidade. A gente aplica o dinheiro que é
necessário, gasta com educação e saúde o que é necessário, mas a gente não joga
dinheiro fora. Responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso desse
governo desde 2003 e a gente manterá à risca", afirmou Lula durante o
evento.
A
disparada especulativa do dólar reagiu logo após a declaração do presidente
indicando que os ânimos do mercado haviam arrefecido após o compromisso
reiterado do governo com a meta fiscal, demonstrando um tom mais positivo
especialmente após as falas de Haddad.
"Tivemos
a oportunidade de nos reunirmos três vezes hoje. Lula me pediu que falasse para
vocês. Primeira coisa que o presidente determinou é cumprir o arcabouço fiscal.
Não se discute isso. São leis que regulam as finanças no Brasil e serão
cumpridas. O arcabouço será preservado a todo custo", afirmou o ministro,
em coletiva de imprensa.
Depois
de um dia inteiro de reuniões, o ministro Haddad anunciou um corte de R$ 25
bilhões em despesas e disse que Lula determinou que seja cumprido o arcabouço
fiscal.
• Diplomata argentino na China explica
agenda comercial e de cooperação, apesar de Milei
A
campanha de Javier Milei, em 2023, para a presidência argentina incluiu chamar
a China – o segundo maior comprador das exportações argentinas – de
"assassina", em referência a supostas infrações de direitos humanos
cometidos por Pequim, demonstrando claro alinhamento à política externa
norte-americana. Mas desde que assumiu o cargo em dezembro, o presidente
argentino parece estar preso entre o realismo e o idealismo.
Em
entrevista ao South China Morning Post (SCMP), o embaixador da Argentina em
Pequim, Marcelo Suarez Salvia, nomeado em fevereiro deste ano, explicou como as
duas potências emergentes podem navegar em um período de mar revolto na
geopolítica mundial, especialmente entre Pequim e Washington.
Do
ponto de vista comercial, o diplomata destacou que "Argentina e China são
um caso típico de parceiros complementares". Além de evocar o histórico de
trocas entre os países, Salvia destacou que a Argentina tem importado
tecnologia chinesa para impulsionar a produção nacional de Buenos Aires, com
foco no comércio de serviços e produtos de alta qualidade.
O
diplomata destacou ainda que durante as últimas duas décadas, tanto o comércio
como o investimento entre seus países aumentaram significativamente.
"A
Argentina considera estratégica a relação do seu setor produtivo com a China.
Portanto, o principal objetivo é continuar trabalhando em estreita colaboração
para maximizar a cooperação para a identificação de oportunidades comuns, a
negociação de protocolos de acesso ao mercado, a transferência de tecnologia,
etc.", destacou ele ressaltando o papel da ministra das Relações
Exteriores, Diana Mondino, junto à República Popular da China em sua última
visita, no mês de abril.
Salvia
afirmou que o interesse do setor empresarial chinês está posicionado em
oportunidades de investimento na área de agronegócio, energia e mineração, e
que os chineses "nos procuram com o objetivo de conhecer de fonte primária
o potencial ainda [a ser] explorado em nosso país".
Para
o embaixador, ainda existem setores estratégicos atrelados ao desenvolvimento
tecnológico agroindustrial, de energia nuclear e de comunicação que podem ser
explorados nas relações bilaterais entre a Argentina e a China, destacando
ainda sua vasta cooperação com o setor espacial de diversos parceiros.
Mencionando
ainda a cooperação financeira de mais de dez anos entre Pequim e Argentina, o
diplomata garantiu haver aspectos importantes a serem explorados do ponto de
vista da cooperação "Sul-Sul", em um momento de disputa comercial no
cenário internacional.
"Do
ponto de vista econômico, é possível conseguir melhorias se continuarmos a
reforçar os fóruns de cooperação birregional. A América Latina e a China
pertencem ao Sul Global, onde existem de fato alguns desafios comuns em termos
de infraestruturas, saúde, acesso à tecnologia, desigualdade, etc. Hoje em dia
também enfrentamos desafios no domínio da produção sustentável e do
desenvolvimento de energia limpa."
Segundo
Salvia, fortalecer os mecanismos multilaterais e de cooperação é a "única
forma de resolver os novos desafios enfrentados pelos concorrentes em todo o
mundo de forma justa e equitativa. Estamos prontos para cooperar e fortalecer
os laços comerciais com todas as partes", concluiu.
• Xi Jinping telefona a António Costa
por presidência na UE, mas pede 'resistência' na OCX
Xi
disse que "atribui grande importância ao desenvolvimento das relações
China-UE", enquanto a Europa se prepara para medidas retaliatórias de
Pequim e a possível abertura de uma nova frente na guerra tarifária do
Ocidente.
"A
China está comprometida em desenvolver a parceria estratégica abrangente
China-UE. Pequim sempre considerou a Europa um polo importante na ordem
multipolar", afirmou o presidente, citado pela Xinhua.
A
política comercial do bloco europeu tem se tornado cada vez mais protecionista
devido às preocupações de que o modelo de desenvolvimento focado na produção
chinesa possa ameaçar seu mercado interno.
Nesta
quinta-feira (4), entram em vigor as tarifas provisórias de importação de até
38% sobre veículos elétricos fabricados na China.
Caberá
a Costa, ex-primeiro-ministro português, encontrar uma causa comum entre os 27
Estados-membros do conselho, enquanto eles hesitam sobre apoiar ou não a
comissão nas tarifas de veículos elétricos em uma votação consultiva nas
próximas semanas, após a forte rejeição de importantes marcas como BMW, Porsche
e Volkswagen.
Também
nesta quinta-feira (4), na 24ª Reunião do Conselho de Chefes de Estado da
Organização para Cooperação de Xangai (OCX), o presidente chinês afirmou que os
países-membros devem trabalhar juntos para resistir à "interferência
externa" e apoiar-se firmemente.
"Diante
dos riscos reais de pequenos quintais com cercas altas, devemos assegurar o
direito ao desenvolvimento", disse Xi, citado pela televisão estatal
chinesa CCTV, em Astana, no Cazaquistão, no âmbito do encontro.
O
bloco de dez membros deve lidar com "diferenças internas" com paz,
buscar pontos em comum e resolver dificuldades de cooperação, acrescentou Xi,
enfatizando a necessidade de promover conjuntamente a inovação científica e
tecnológica e de manter a estabilidade e a fluidez das cadeias industriais e de
suprimentos.
• Venezuela denuncia tentativa de
sabotagem ao sistema elétrico na região norte do país
O
governo venezuelano denunciou nesta quarta-feira (3) uma tentativa de sabotagem
contra um cabo submarino que fornece eletricidade ao estado de Nueva Esparta,
na região norte do país, que podia deixar sem eletricidade pelo menos 60% da
população local.
"Foi
tentado um ato de sabotagem por parte de terroristas que pretendiam deixar sem
eletricidade os 11 municípios do estado de Nueva Esparta, afetando 60% da sua
população", denunciou o ministro do Turismo, Alí Padrón.
Com
relação à tentativa de sabotagem, o ministro explicou que houve a tentativa de
cortar o cabo, de cerca de 37 quilômetros de extensão, que sai do estado de
Sucre e chega à ilha de Margarita, já em Nueva Esparta.
Padrón
disse que a ação pretendia afetar gravemente a atividade econômica e social de
toda a região. Após o caso, os órgãos de segurança venezuelanos vão iniciar uma
investigação para prender os responsáveis pelo "ato terrorista".
Já
o presidente Nicolás Maduro afirmou que as tentativas de sabotagem contra os
serviços públicos não podem acabar com a paz no país.
"Quem
faz isso? Quem financia? Quem pensa nesses ataques criminosos? Quem está por
trás disso? Os mesmos que aumentaram a sabotagem da guerra elétrica, mas tenho
más notícias para essas pessoas com sobrenomes [em referência aos líderes da
oposição] e aos seus senhores imperiais: ninguém envergonhará a Venezuela, a
Venezuela terá paz e tranquilidade", prometeu Maduro.
Na
semana passada, Maduro ordenou às Forças Armadas Nacionais Bolivarianas que
ativassem um plano especial de patrulha e vigilância 24 horas por dia para
todas as instalações vitais de serviços elétricos.
O
presidente denunciou que a oposição prepara uma ofensiva contra o sistema de
energia do país para afetar o processo eleitoral de 28 de julho.
Fonte:
Sputnik Brasil
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