sábado, 6 de julho de 2024

Risco de câncer de pulmão pode diminuir após os 75 anos, sugerem estudos

A idade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de câncer. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, a idade média de início da doença é de 66 anos, devido a fatores externos, associados ao estilo de vida ao longo dos anos, e fatores genéticos. No entanto, novos estudos sugerem que os riscos de ter câncer — mais especificamente, o de pulmão — pode voltar a diminuir a partir dos 75 anos.

Os achados, publicados como pré-impressão (ou seja, ainda serão revisados por pares para publicação oficial), destacam que genes específicos podem contribuir para a redução no risco do desenvolvimento do tumor no pulmão e que o metabolismo de ferro também pode influenciar nesse decréscimo.

Em um primeiro estudo, pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, analisaram camundongos que possuem uma mutação causadora de câncer. Os autores do estudo conseguiram controlar, com a ajuda de um interruptor genético, essa mutação, ativando os genes mutados nos pulmões de camundongos jovens e idosos. Após essa intervenção, a equipe descobriu que os tumores eram maiores e mais frequentes nos camundongos mais jovens do que nos mais velhos.

Os pesquisadores também usaram a edição genética CRISPR-Cas9 nos tumores dos camundongos para avaliar os efeitos da inativação de cada um dos mais de 12 genes que, geralmente, suprimem o crescimento do tumor. Segundo o estudo, ao desligar a maioria desses genes, a taxa de crescimento do tumor aumentou em camundongos de todas as idades, mas o crescimento foi maior em roedores mais jovens do que nos mais velhos.

O segundo estudo, liderado por Xueqian Zhuang, biólogo oncológico do Memorial Sloan Kettering Cancer Center na cidade de Nova York, descobriu que o envelhecimento pode aumentar a produção de uma proteína chamada NUPR1, que afeta o metabolismo de ferro, em células pulmonares de camundongos e humanos. Essas células passam a se comportar como se fossem deficientes de ferro, limitando a capacidade delas de cresceram rápido e, consequentemente, reduzindo o risco de tumores.

Nesse experimento, os pesquisadores utilizaram a edição de genes CRISPR-Cas9 para inativar o gene NUPR1 em camundongos mais velhos. Essa intervenção fez com que os níveis de ferro nos pulmões dos ratos aumentassem, o que elevou o risco de desenvolver tumores de pulmão.

Isso vai ao encontro de outra descoberta da equipe: pessoas com mais de 80 anos têm mais NUPR1 no tecido pulmonar do que pessoas com menos de 55 anos, sugerindo que essa proteína pode ser protetora contra o câncer também em humanos.

•           Descobertas, se confirmadas, podem indicar novas formas de tratamento e prevenção

A pedido da CNN, Vladmir Cláudio Cordeiro de Lima, oncologista clínico e membro do Comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), analisou os dois estudos e explicou que, caso os resultados se confirmem, eles podem indicar a necessidade de terapias específicas para pacientes oncológicos idosos.

“Se os resultados do primeiro estudo se confirmarem e forem replicados posteriormente em humanos, eles indicariam que tumores de pulmão em pacientes idosos têm perfis moleculares distintos de tumores em pacientes jovens e isso poderia levar à seleção de terapias distintas e direcionadas para tais alterações”, afirma Lima.

“Já em relação ao segundo estudo, caso os dados sejam confirmados e replicados em amostras clínicas, a supressão da absorção ou utilização de ferro pelas células tumorais poderia se tornar uma nova forma de tratamento ou pode ser adotada como uma medida de redução de risco de câncer de pulmão”, acrescenta.

No entanto, o especialista reforça que os estudos ainda não foram publicados e nem revisados por pares. Por isso, alguns dos experimentos podem passar, ainda, por uma validação, repetição ou extensão. Além disso, ainda não tem como saber se as descobertas poderiam ser replicadas em outros tipos de tumores.

“[Os estudos] não foram avaliados em outros modelos e não há dados em humanos. Além disso, o modelo empregado é artificial de certa forma. Não é possível se afirmar que o mesmo ocorreria em tumores com desenvolvimento espontâneo”, afirma.

 

•           Câncer de mama: apenas 30 minutos de exercícios já beneficiam pacientes

Praticar exercícios físicos traz benefícios diversos para a saúde como um todo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que se pratique, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada ou intensa por semana, o que equivale a 30 minutos diários. Essa recomendação vai de encontro com um novo estudo que mostrou que meia hora de exercícios físicos já é o suficiente para pacientes com câncer de mama obterem benefícios contra o tumor.

De acordo com pesquisadores da Universidade de Turku, na Finlândia, a prática de exercícios por 30 minutos pode aumentar a proporção de glóbulos brancos que destroem tumores na corrente sanguínea de pacientes com câncer de mama. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Immunology no final de junho.

Os glóbulos brancos são células que compõem nosso sistema imunológico e ajudam no combate a bactérias, vírus e câncer. No entanto, nem todos os glóbulos brancos destroem células cancerígenas. Essa função é realizada por células T citotóxicas e células assassinas naturais. Já alguns tipos de glóbulos brancos podem promover o crescimento do tumor, como as células T reguladoras e células supressoras derivadas de mieloides.

“O equilíbrio de diferentes tipos de glóbulos brancos determina se o sistema imunológico trabalha para destruir o câncer ou para apoiá-lo. Se houver mais células destruidoras de câncer do que células promotoras de câncer na área do tumor, o corpo é mais capaz de combater o câncer”, explica a autora principal, pesquisadora de doutorado Tiia Koivula da Universidade de Turku, Finlândia.

Diante disso, o objetivo dos pesquisadores era entender como o exercício físico poderia influenciar no equilíbrio de células do sistema imunológico. Para isso, vinte pacientes que tinham sido recentemente diagnosticadas com câncer de mama e, portanto, ainda não tinham iniciado os seus tratamentos, foram submetidas a 30 minutos de exercícios físicos em uma bicicleta ergométrica, em intensidade à escolha da participante.

Amostras de sangue foram coletadas das pacientes em repouso, antes da pedalada, durante e após o exercício. Essas amostras foram analisadas para calcular a quantidade dos diferentes tipos de glóbulos brancos, comparando as quantidades antes e depois do exercício.

Enquanto as pacientes pedalavam, a quantidade de glóbulos brancos aumentou na corrente sanguínea, segundo os pesquisadores. O aumento foi mais expressivo nas células T citotóxicas e células assassinas naturais, que atuam destruindo células tumorais. Por outro lado, o número de células T reguladoras e células supressoras derivadas de mieloides, que são promotoras do câncer, não mudou.

Além disso, os pesquisadores descobriram que a proporção de células assassinas naturais em relação à contagem total de glóbulos brancos aumentou significativamente na corrente sanguínea, enquanto a proporção de células supressoras derivadas de mieloides diminuiu.

“Neste estudo, foi visto que o número de quase todos os tipos de glóbulos brancos diminuiu de volta aos valores de repouso uma hora após o exercício. Com o conhecimento atual, não podemos dizer para onde os glóbulos brancos vão após o exercício, mas em estudos pré-clínicos, células destruidoras de câncer foram vistas migrando para a área do tumor”, afirma Koivula.

•           Quanto maior o câncer, menor é o aumento de células destruidoras

Por outro lado, o estudo descobriu que quanto maior o tumor na mama, menor o número de células assassinas naturais aumentava. Se o câncer de mama era positivo para receptor de estrogênio e/ou progesterona, o número de células T citotóxicas aumentava menos do que em cânceres negativos para receptor de hormônio.

“Em nosso estudo anterior, encontramos pequenas indicações de que o tipo de câncer de mama pode afetar os efeitos do exercício nos glóbulos brancos, e é por isso que queríamos examiná-lo mais a fundo. No entanto, as correlações que encontramos não foram muito fortes e, portanto, nenhuma conclusão decisiva pode ser tirada dos resultados. De acordo com o conhecimento atual, é benéfico para todos os pacientes com câncer se exercitarem, e nosso estudo recente apoia essa noção”, afirma Koivula.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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