Risco de câncer
de pulmão pode diminuir após os 75 anos, sugerem estudos
A
idade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de câncer. De acordo com
o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, a idade média de início da
doença é de 66 anos, devido a fatores externos, associados ao estilo de vida ao
longo dos anos, e fatores genéticos. No entanto, novos estudos sugerem que os
riscos de ter câncer — mais especificamente, o de pulmão — pode voltar a
diminuir a partir dos 75 anos.
Os
achados, publicados como pré-impressão (ou seja, ainda serão revisados por
pares para publicação oficial), destacam que genes específicos podem contribuir
para a redução no risco do desenvolvimento do tumor no pulmão e que o
metabolismo de ferro também pode influenciar nesse decréscimo.
Em
um primeiro estudo, pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia,
analisaram camundongos que possuem uma mutação causadora de câncer. Os autores
do estudo conseguiram controlar, com a ajuda de um interruptor genético, essa
mutação, ativando os genes mutados nos pulmões de camundongos jovens e idosos.
Após essa intervenção, a equipe descobriu que os tumores eram maiores e mais
frequentes nos camundongos mais jovens do que nos mais velhos.
Os
pesquisadores também usaram a edição genética CRISPR-Cas9 nos tumores dos
camundongos para avaliar os efeitos da inativação de cada um dos mais de 12
genes que, geralmente, suprimem o crescimento do tumor. Segundo o estudo, ao
desligar a maioria desses genes, a taxa de crescimento do tumor aumentou em
camundongos de todas as idades, mas o crescimento foi maior em roedores mais
jovens do que nos mais velhos.
O
segundo estudo, liderado por Xueqian Zhuang, biólogo oncológico do Memorial
Sloan Kettering Cancer Center na cidade de Nova York, descobriu que o
envelhecimento pode aumentar a produção de uma proteína chamada NUPR1, que
afeta o metabolismo de ferro, em células pulmonares de camundongos e humanos.
Essas células passam a se comportar como se fossem deficientes de ferro,
limitando a capacidade delas de cresceram rápido e, consequentemente, reduzindo
o risco de tumores.
Nesse
experimento, os pesquisadores utilizaram a edição de genes CRISPR-Cas9 para
inativar o gene NUPR1 em camundongos mais velhos. Essa intervenção fez com que
os níveis de ferro nos pulmões dos ratos aumentassem, o que elevou o risco de
desenvolver tumores de pulmão.
Isso
vai ao encontro de outra descoberta da equipe: pessoas com mais de 80 anos têm
mais NUPR1 no tecido pulmonar do que pessoas com menos de 55 anos, sugerindo
que essa proteína pode ser protetora contra o câncer também em humanos.
• Descobertas, se confirmadas, podem
indicar novas formas de tratamento e prevenção
A
pedido da CNN, Vladmir Cláudio Cordeiro de Lima, oncologista clínico e membro
do Comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC), analisou os dois estudos e explicou que, caso os resultados se
confirmem, eles podem indicar a necessidade de terapias específicas para
pacientes oncológicos idosos.
“Se
os resultados do primeiro estudo se confirmarem e forem replicados
posteriormente em humanos, eles indicariam que tumores de pulmão em pacientes
idosos têm perfis moleculares distintos de tumores em pacientes jovens e isso
poderia levar à seleção de terapias distintas e direcionadas para tais
alterações”, afirma Lima.
“Já
em relação ao segundo estudo, caso os dados sejam confirmados e replicados em
amostras clínicas, a supressão da absorção ou utilização de ferro pelas células
tumorais poderia se tornar uma nova forma de tratamento ou pode ser adotada
como uma medida de redução de risco de câncer de pulmão”, acrescenta.
No
entanto, o especialista reforça que os estudos ainda não foram publicados e nem
revisados por pares. Por isso, alguns dos experimentos podem passar, ainda, por
uma validação, repetição ou extensão. Além disso, ainda não tem como saber se
as descobertas poderiam ser replicadas em outros tipos de tumores.
“[Os
estudos] não foram avaliados em outros modelos e não há dados em humanos. Além
disso, o modelo empregado é artificial de certa forma. Não é possível se
afirmar que o mesmo ocorreria em tumores com desenvolvimento espontâneo”,
afirma.
• Câncer de mama: apenas 30 minutos de
exercícios já beneficiam pacientes
Praticar
exercícios físicos traz benefícios diversos para a saúde como um todo. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que se pratique, pelo menos, 150
minutos de atividade física moderada ou intensa por semana, o que equivale a 30
minutos diários. Essa recomendação vai de encontro com um novo estudo que
mostrou que meia hora de exercícios físicos já é o suficiente para pacientes
com câncer de mama obterem benefícios contra o tumor.
De
acordo com pesquisadores da Universidade de Turku, na Finlândia, a prática de
exercícios por 30 minutos pode aumentar a proporção de glóbulos brancos que
destroem tumores na corrente sanguínea de pacientes com câncer de mama. O
estudo foi publicado na revista Frontiers in Immunology no final de junho.
Os
glóbulos brancos são células que compõem nosso sistema imunológico e ajudam no
combate a bactérias, vírus e câncer. No entanto, nem todos os glóbulos brancos
destroem células cancerígenas. Essa função é realizada por células T
citotóxicas e células assassinas naturais. Já alguns tipos de glóbulos brancos
podem promover o crescimento do tumor, como as células T reguladoras e células
supressoras derivadas de mieloides.
“O
equilíbrio de diferentes tipos de glóbulos brancos determina se o sistema
imunológico trabalha para destruir o câncer ou para apoiá-lo. Se houver mais
células destruidoras de câncer do que células promotoras de câncer na área do
tumor, o corpo é mais capaz de combater o câncer”, explica a autora principal,
pesquisadora de doutorado Tiia Koivula da Universidade de Turku, Finlândia.
Diante
disso, o objetivo dos pesquisadores era entender como o exercício físico
poderia influenciar no equilíbrio de células do sistema imunológico. Para isso,
vinte pacientes que tinham sido recentemente diagnosticadas com câncer de mama
e, portanto, ainda não tinham iniciado os seus tratamentos, foram submetidas a
30 minutos de exercícios físicos em uma bicicleta ergométrica, em intensidade à
escolha da participante.
Amostras
de sangue foram coletadas das pacientes em repouso, antes da pedalada, durante
e após o exercício. Essas amostras foram analisadas para calcular a quantidade
dos diferentes tipos de glóbulos brancos, comparando as quantidades antes e
depois do exercício.
Enquanto
as pacientes pedalavam, a quantidade de glóbulos brancos aumentou na corrente
sanguínea, segundo os pesquisadores. O aumento foi mais expressivo nas células
T citotóxicas e células assassinas naturais, que atuam destruindo células
tumorais. Por outro lado, o número de células T reguladoras e células
supressoras derivadas de mieloides, que são promotoras do câncer, não mudou.
Além
disso, os pesquisadores descobriram que a proporção de células assassinas
naturais em relação à contagem total de glóbulos brancos aumentou
significativamente na corrente sanguínea, enquanto a proporção de células
supressoras derivadas de mieloides diminuiu.
“Neste
estudo, foi visto que o número de quase todos os tipos de glóbulos brancos
diminuiu de volta aos valores de repouso uma hora após o exercício. Com o
conhecimento atual, não podemos dizer para onde os glóbulos brancos vão após o
exercício, mas em estudos pré-clínicos, células destruidoras de câncer foram
vistas migrando para a área do tumor”, afirma Koivula.
• Quanto maior o câncer, menor é o
aumento de células destruidoras
Por
outro lado, o estudo descobriu que quanto maior o tumor na mama, menor o número
de células assassinas naturais aumentava. Se o câncer de mama era positivo para
receptor de estrogênio e/ou progesterona, o número de células T citotóxicas
aumentava menos do que em cânceres negativos para receptor de hormônio.
“Em
nosso estudo anterior, encontramos pequenas indicações de que o tipo de câncer
de mama pode afetar os efeitos do exercício nos glóbulos brancos, e é por isso
que queríamos examiná-lo mais a fundo. No entanto, as correlações que
encontramos não foram muito fortes e, portanto, nenhuma conclusão decisiva pode
ser tirada dos resultados. De acordo com o conhecimento atual, é benéfico para
todos os pacientes com câncer se exercitarem, e nosso estudo recente apoia essa
noção”, afirma Koivula.
Fonte:
CNN Brasil
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