PF encontra arquivos em e-mail de Ramagem
com orientações para ataque às urnas e ao STF
Documentos encontrados
no e-mail de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin), incluem orientações para Jair Bolsonaro sobre ataques às
urnas eletrônicas e comentários difamatórios sobre ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF). Ramagem foi confrontado com esses arquivos durante um
depoimento à Polícia Federal.
Segundo reportagem do
jornal O Globo, os arquivos contêm recomendações explícitas para Bolsonaro
minar a confiança nas urnas eletrônicas e incluem relatos sem comprovação sobre
atividades de ministros do STF. Durante o depoimento, Ramagem afirmou que produzia
textos "para comunicação de fatos de possível interesse" de
Bolsonaro, mas disse não se lembrar se essas mensagens foram efetivamente
enviadas. Entre os documentos, um arquivo intitulado "Presidente TSE
informa.docx" sugere estratégias para reforçar politicamente a
"vulnerabilidade" das urnas eletrônicas.
Além disso, no e-mail
de Ramagem, foi descrito um grupo de confiança para o "trabalho de
aprofundamento da urna eletrônica", com a participação do major da reserva
do Exército Angelo Martins Denicoli, investigado por integrar um suposto plano
golpista. Ramagem, porém, negou qualquer lembrança sobre a formação desse grupo
ou qualquer trabalho realizado com o militar mencionado.
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Assessor de Bolsonaro pediu a Ramagem espionagem de Rodrigo Maia e Joice
Hasselmann
Uma descoberta recente
da Polícia Federal (PF) revelou que Mosart Aragão Pereira, ex-assessor especial
do gabinete de Jair Bolsonaro (PL), instruiu Alexandre Ramagem, na época
diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a investigar um veículo
observado em um jantar envolvendo Rodrigo Maia e Joice Hasselmann, informa o
jornal O Globo.
Em fevereiro de 2020,
Pereira enviou uma mensagem a Ramagem com detalhes sobre um carro, enfatizando
a necessidade de identificar seu proprietário. Na mensagem, ele relatava:
"Precisamos saber a quem pertence para saber quem anda nele. Jantar no Rueda
ontem entre o próprio, Joice e Rodrigo Maia. Sendo que essa Pajero chegou com
um cidadão com pasta de documento na mão...ficou 29 min e saiu".
Ramagem prontamente
respondeu: "Ciente. Vou verificar." Posteriormente, ele encaminhou a
mensagem a outra pessoa, cuja conversa foi encontrada impressa em posse de
Felipe Arlotta, agente da PF que trabalhava na Abin durante a gestão de
Ramagem.
Interrogado na semana
passada, no âmbito da investigação sobre a 'Abin paralela', Ramagem declarou
que a operação não visava Maia, Hasselmann ou Antônio Rueda, dirigente do PSL
na época. Segundo ele, o objetivo era identificar o usuário do veículo, que pertenceria
à União.
No depoimento, Ramagem
esclareceu que descobriram posteriormente que o carro estava sendo utilizado
por Anderson Torres, então secretário de Segurança do Distrito Federal e,
posteriormente, ministro da Justiça de Bolsonaro. Ele afirmou que, ao confirmar
que o veículo estava sendo utilizado por um agente público, a diligência foi
encerrada por não haver irregularidades.
Ramagem também foi
questionado sobre sua relação com Pereira e respondeu que ele era um assessor
da Presidência com quem tinha contato esporádico durante visitas ao local.
Mosart, considerado um homem de confiança de Bolsonaro, permaneceu no gabinete
presidencial durante a maior parte do governo, deixando o cargo apenas para
concorrer nas eleições de 2022. Ele tentou se eleger deputado federal por São
Paulo, mas ficou como suplente.
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Senador aliado a Bolsonaro é alvo de suspeita de conspiração
Investigadores da
Polícia Federal (PF) têm avaliado os vídeos publicados pelo senador Marcos do
Val (Podemos-ES) com ataques à corporação. Os ataques à PF podem motivar novas
punições ao político, que já é alvo de outros inquéritos por suspeita de conspirar
contra o Estado democrático e de Direito.
O senador, que já teve
as redes sociais suspensas e foi alvo de busca e apreensão, classificou a PF
como “capataz de Alexandre de Moraes” nos conteúdos publicados. Em um dos
vídeos, do Val traz depoimentos de filhos do blogueiro Oswaldo Eustáquio, que
está foragido.
¬¬¬ Críticas
Duas crianças, com o
rosto distorcido, contam que tiveram a “casa arrombada” e aparelhos “roubados”
pela PF, ao se referirem ao cumprimento legal de mandado de busca e apreensão
na casa deles. As crianças também atacam o delegado da PF Fábio Shor, responsável
por inquéritos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo apurou a PF,
houve o uso das imagens das crianças para evitar sanções, mas Marcos do Val
pode ser punido mesmo assim. A Associação dos Delegados da Polícia Federal
(ADPF) informou que vai buscar caminhos jurídicos para denunciar o senador.
“Os elementos
informativos e provas produzidas no inquérito policial devem ser discutidos
pela via adequada, ou seja, a judicial, não sendo admitida em hipótese nenhuma
a personalização das críticas em redes sociais com objetivo de ferir e expor
moralmente o profissional responsável pela condução do inquérito policial”, diz
a nota pública.
No vídeo, do Val
afirma que “assim que Trump for eleito, ele prometeu trabalhar incansavelmente
para ver o ministro Alexandre de Moraes na cadeia”.
• TSE determina que PF conclua em 5 dias
inquérito que apura ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas
O corregedor-geral
eleitoral, ministro Raul Araújo, deu um prazo de cinco dias para que a Polícia
Federal (PF) finalize um inquérito administrativo iniciado em agosto de 2021
para investigar os ataques às urnas eletrônicas feitos por Jair Bolsonaro (PL).
Embora a decisão de
Araújo tenha sido tomada em 28 de junho, ela só foi publicada no Diário de
Justiça Eletrônico (DJE) na quarta-feira (24). “Verifica-se que o prazo
concedido para conclusão do mencionado Registro Especial nº 2021.0058802
transcorreu sem manifestação da Polícia Federal nestes autos. Diante disso,
oficie-se a autoridade policial responsável para informar a esta
Corregedoria-Geral os resultados das investigações referentes ao Registro
Especial nº 2021.0058802, no prazo de 5 dias”, diz um trecho da decisão,
segundo o jornal O Estado de S. Paulo.
O inquérito
administrativo foi instaurado após declarações de Bolsonaro – incluindo lives –
sobre uma suposta fraude nas eleições de 2018, das quais ele saiu vencedor.
Bolsonaro chegou a afirmar que teve mais votos do que o resultado final
indicou. Contudo, o ex-mandatário nunca apresentou provas.
Na época da abertura
do inquérito, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que a
apuração abrangeria “ampla ‘dilação probatória’, promovendo medidas cautelares
para a colheita de provas, com depoimentos de pessoas e autoridades, juntada de
documentos, realização de perícias e outras providências que se fizerem
necessárias para o adequado esclarecimento dos fatos”.
Este procedimento
investigativo levou a Justiça a determinar a desmonetização de canais e
publicações de apoiadores de Bolsonaro que foram considerados disseminadores de
fake news e desinformação.
• Quem é Patrick Brito, que hackeou
Bolsonaro, Mourão e fez trabalhos ilegais para a Abin Paralela. Por Joaquim de
Carvalho
Patrick Brito começou
a cursar Física na UFRJ em 2012, mas alguns meses depois abandonou a faculdade.
Ele nunca teve emprego regular, mas sempre se manteve num padrão acima da
média. Já morou nos Estados Unidos, durante alguns meses, e hoje reside em
Belgrado, na Sérvia. Filho de uma funcionária de gráfica e de um eletricista de
automóveis, como vive Patrick Brito?
“Eu sou hacker, sempre
vivi da minha renda como hacker”, afirmou. Patríck Brito se tornou o personagem central de um escândalo sobre um
esquema de espionagem ilegal que teria sido utilizado por setores da Polícia Civil
de São Paulo, e também por políticos de Araçatuba e Bauru, no interior do
Estado. Ele cobrou por esses serviços.
Patrick também diz ter
trabalhado para a Embaixada dos EUA no Brasil e para a Abin, durante o governo
Bolsonaro, o que deveria motivar a Polícia Federal a ouvi-lo, dentro da
operação Última Milha. Mas, apesar de sua disposição de dar o seu testemunho ou
confessar seus crimes, até agora nenhum policial federal o procurou.
Suas declarações e
documentos, reveladas em primeira mão pelo jornalista André Fleury, do Jornal
da Cidade, de Bauru, levaram à abertura de uma Comissão Especial de Inquérito
(CEI) na Câmara daquela cidade. Os vereadores investigam a denúncia de que Patrick
teria sido contratado pela prefeita, Suéllen Rosim (PSD), para espionar um
jornalista e vereadores, inclusive uma parlamentar do PT.
Em entrevistas
recentes, Patrick Brito abriu um pouco mais o seu baú de segredos, e contou que
hackeou o próprio Bolsonaro, quando este era candidato, em 2018. Foi contratado
por quem? “Esse nome eu vou manter em sigilo”, declarou.
Em 2019, o hacker
teria sido procurado pelo comunicador André, filho do empresário Paulo Marinho,
que é primeiro suplente do senador Flávio Bolsonaro. André Marinho lhe teria
pedido para tentar localizar o celular de
Gustavo Bebianno, ex-ministro de Bolsonaro.
Bebianno faleceu em
março de 2020, dois meses depois de denunciar o projeto de Carlos Bolsonaro de
transformar a Abin numa polícia política, a tal Abin Paralela.
Bebianno, antes de
morrer de infarto, disse que o celular estava escondido e que contém mensagens
que comprometem o então presidente da república. Procurado, André negou o
contato com o hacker.
A prefeita de Bauru
também negou o contato com Patrick, mas seu cunhado Walmir Henrique Vitorelli
admitiu que conversou com ele, em 2021, supostamente para tratar de uma reação
a uma campanha de difamação que havia nas redes sociais contra sua esposa. O cunhado
da prefeita diz que pretendia obter serviços “legais”.
Para quem negociou com
o hacker, fica cada vez mais difícil sustentar versões como esta. Recentemente,
Patrick mostrou à CEI da Câmara Municipal de Bauru recibos de depósitos de mais
de R$ 160 mil em favor dele, a partir de ações de Walmir Vitorelli.
O cunhado da prefeita
é irmão de um policial civil em Araçatuba, Felipe Garcia Pimenta, da equipe do
delegado divisionário Carlos Henrique Cotait, que também teria usado serviços
ilegais do hacker.
A Polícia Civil em
Araçatuba obteve mandado de prisão contra o hacker, mas não conseguiu
cumpri-lo, porque Patrick reside na Sérvia desde março de 2021.
Cotait está sendo
investigado pela Corregedoria da Polícia Civil em São Paulo, e uma das provas é
a gravação em que o delegado diz ter a intenção de matar o hacker, por conta
das denúncias que este fez contra ele.
Patrick Brito chegou a
ser preso na Servia, depois que o governo brasileiro pediu sua extradição, mas
foi solto e agora está prestes a obter asilo naquele país, já que corre o risco
de ser assassinado no Brasil, vítima de queima de arquivo.
O hacker está cada vez
mais desenvolto em suas declarações, embora diga que tenha medo de morrer. A
violência é um traço marcante de sua trajetória. Ele tem 30 anos de idade e,
aos sete, perdeu o pai, executado com 6 tiros, alguns na cabeça.
Um ano antes, em 2000,
o pai já tinha sido alvo de atentado, e havia ficado paraplégico. Em Araçatuba,
o que se diz é que foi queima de arquivo. Frank Renan Alves de Brito, o pai de
Patrick, teria sido ligado à banda podre da polícia e também a quadrilhas de
desmanche de carros.
Dois tios de Patrick
já foram presos por tráfico. O hacker foi criado pela mãe, que permaneceu
solteira depois da gravidez. Frank era primo dela em primeiro grau.
“Lembro muito pouco do
meu pai. A última imagem que tenho dele é ele me levantando e me passando numa
máquina dessas de amolar peças. Era uma brincadeira dele. Tinha brincadeira
dessas. Me lembro dessa cena”, disse Patrick.
Mesmo com essas
dificuldades, o hacker sempre foi bom aluno. “Gosto muito de exatas e ensinava
os colegas”, contou. Quando tinha 16 anos, redigiu um projeto de lei de apoio
do Estado a pequenos agricultores, e foi selecionado para visitar a Assembleia
Legislativa de São Paulo, dentro do programa Parlamento Jovem.
Quando teve a
oportunidade de usar o microfone, questionou o então presidente da Assembleia,
Barros Munhoz, sobre as denúncias de corrupção que pesavam contra ele. Tentaram
lhe cassar a palavra, mas Patrick seguiu adiante.
O hacker diz que sua
satisfação é revelar o que os poderosos tentam esconder. Sua ação é um caso de
polícia, claro, mas não deixa de ser também uma ação política. Pelo que tem
falado e mostrado, Patrick é nitroglicerina pura.
É preciso ouvi-lo, e
as instituições têm o dever de apurar tudo, recolher as provas que tem, buscar
outras e punir os culpados.
Quem tem medo de
Patrick Brito?
Fonte: Brasi
247/Agencia Estado
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