Capangas de Bolsonaro confessam o roubo:
“Melhor trazer em cash”
Absolutamente
espantoso!
O descaramento de Jair
Bolsonaro no caso do roubo das joias é absolutamente espantoso!
Ele ganhou dois
presentes – duas esculturas, uma árvore e um barco – do governo dos Emirados
Árabes, numa viagem oficial feita em novembro de 2021, e ficou de olho no
dinheiro que poderia ganhar com sua venda. Por isso, os dois itens não foram
registrados no acervo pessoal ou presidencial! Foram literalmente
contrabandeados pelo próprio presidente.
Elas permaneceram
escondidas sabe-se lá onde.
Quando fugiu do
Brasil, em dezembro de 2022, usando o avião presidencial, Bolsonaro guardou
essas duas joias numa mala. Ele levou também outras joias para os Estados
Unidos, mas nessa matéria vamos focar somente nessas duas joias em particular,
as esculturas de árvore e barco.
Troca de mensagem de
Mauro Cid com Bolsonaro comprova, categoricamente, que essas duas joias estavam
em posse do presidente da República. Cid pergunta a ele: “O senhor vai trazer a
árvore e o barco?”
Ou seja, as joias
estavam com Bolsonaro. E ambos, Bolsonaro e Cid, tinham intimidade com elas o
suficiente para que, a uma simples menção de árvore e barco, já soubessem
exatamente do que se tratava.
Em depoimento a PF,
Mauro Cid diz que o próprio Bolsonaro lhe entregou a mala com essas joias (a
árvore e o barco, além de outras) para que este cuidasse de sua venda.
É inacreditável que
Mauro Cid, um oficial do exército, tenha se prestado ao papel de traficante de
joias do bandido-mor da república!
Entretanto, não é
apenas uma história de roubo e corrupção.
Há também muitos
elementos de comédia. Para começar, tanto Bolsonaro como Mauro Cid acreditavam
piamente que a árvore e o barco seriam de ouro maciço.
Num dos emails para a
loja, Mauro Cid diz que tem “absoluta certeza” que as peças são de ouro maciço.
Acontece que não eram…
Nem banhada a ouro
eram.
As peças não tinham
grande valor financeiro, somente artístico e cultural. Mauro Cid não conseguiu
vendê-las e decidiu mandá-las de volta para o Brasil, para serem guardas da
fazenda de Nelson Piquet.
Entretanto, várias
outras joias que Bolsonaro tentou vender nos EUA tinham alto valor. A PF fez
uma lista delas, e estimou seu valor total em 1,2 milhão de dólares.
Importante lembrar que
a lista é incompleta. A PF suspeita de que há até hoje joias escondidas pelo
presidente Bolsonaro. A lista traz apenas as que foram descobertas pela
investigação.
As joias de mais alto
valor são exatamente as femininas retidas pela Receita Federal no aeroporto de
Guarulhos. Por isso o desespero de Jair Bolsonaro e de seu traficante pessoal
em liberá-las antes da fuga para Miami, ao final de dezembro de 2022.
Mas vamos ao nosso
furo de hoje, que é uma das provas apresentadas pela Polícia Federal de que
Bolsonaro é um corrupto consumado.
Uma das trocas de
mensagem entre Mauro Cid e Marcelo Câmara falam da melhor maneira de entregar
os recursos, provenientes da venda ilegal das joias, para o ex-presidente Jair
Bolsonaro. Marcelo estava exercendo a função que antes era do próprio Mauro, de
ajudante-chefe de ordens. Mauro, por sua vez, estava… bem, vendendo joias para
Bolsonaro.
Cid manda um áudio
para Marcelo com “três assuntos: todos relacionados, obviamente”. A relação é
que todos eram relativos a venda de… joias e entrega do dinheiro para
Bolsonaro. Trecho da transcrição desse áudio:
“Tem vinte e cinco mil
dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse
dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com
o presidente, dar abraço nele, né? E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos.
Mas também pode depositar na conta, o que for melhor. Eu acho que quanto menos
movimentação em conta, melhor né?”
A resposta de Câmara
ao áudio é mais um clássico desse escândalo: “melhor trazer em cash”.
25 mil dólares, no
câmbio de hoje, corresponde a 141 mil reais.
O diálogo mostra dois
capangas combinando a melhor maneira de entregar dinheiro do roubo para o chefe
da quadrilha.
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Arquivo de mensagem de áudio. Transcrição:
Mauro Cid: “É, três
assuntos Coronel; todos relacionados, obviamente. Tem vinte e cinco mil dólares
com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro
levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente,
dar abraço nele, né? E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também
pode depositar na conta, o que for melhor. Eu acho que quanto menos
movimentação em conta, melhor né? E, aquelas duas peças que eu trouxe do
Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de
ouro, mas não são todas de ouro. Tem partes que é níquel, não sei das quantas…
Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma
olhada mais detalhada para ver o quanto que pode ofertar. Mas aí eu, eu preciso
deixar a peça lá para ele fazer uma análise mais ‘minuticidad’ minuciosa para
ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele
hoje. E o, e o, o relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai pro dia sete de
fevereiro, vai pra leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar(…).”
Marcelo Câmara:
“Melhor trazer em Cachê“
2023-01-18 13:19:48
-03:00
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Trechos do relatório da Polícia Federal que fala do roubo das joias mencionadas
na reportagem:
O colaborador [Mauro
Cid] disse que JAIR BOLSONARO solicitou verificar a possibilidade de vender
todos os bens que estavam na mala. MAURO CID disse ainda que a mala, com todos
os bens, foi embarcada no avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022, juntamente
com o ex-presidente e sua comitiva, com destino aos Estados Unidos.
QUE no mês de dezembro
de 2022, o então Presidente JAIR BOLSONARO entregou uma mala para o COLABORADOR
[Mauro Cid] contendo duas esculturas douradas, de um barco e uma palmeira, e o
kit de ouro rose (recebido pelo então Ministro de Minas e Energia BENTO ALBUQUERQUE
quando de sua visita à Arábia Saudita pelas autoridades desse país); QUE o
ex-Presidente JAIR BOLSONARO indagou ao COLABORADOR se poderia vender todos os
referidos bens que estavam na mala; QUE o COLABORADOR concordou em verificar a
possibilidade de venda dos referidos bens (…);
QUE a mala contendo os
bens foi embarcada no avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022,
juntamente com o ex-Presidente e sua comitiva, com destino aos Estados Unidos;
MAURO CID confirmou
que ao chegar na cidade Orlando solicitou que a mala ficasse guardada com o
Coronel CAMARINHA, ex-médico de JAIR BOLSONARO e, posteriormente, quando o
empresário CRISTIANO PIQUET foi visitar o ex-presidente JAIR BOLSONARO, ele
pegou a mala e entregou para LOURENA CID na cidade de Miami.
(…)
No dia seguinte, 05 de
janeiro de 2023, MAURO CID e DAVID FERNANDEZ continuam as tratativas para venda
das esculturas douradas. DAVID FERNANDEZ confirma que se encontrou com LOURENA
CID e gostaria de fazer alguns esclarecimentos. Resumidamente, em tradução
livre, o Diretor da DIAMOND BANC diz que para fazer uma avaliação adequada e
uma oferta de compra seria necessário retirar as bases das esculturas. Ele
afirma ainda que foi possível testar a palmeira resultando em ouro 18K, mas que
seria necessária uma avaliação com laser para checar o interior do material.
Ele questiona se seria possível remover as bases dos itens e que se possível
ele levaria o material para um parceiro local para realizar os testes
adicionais. MAURO CID responde com a seguinte afirmação: “Eu vou falar com o
proprietário e retorno para você” (tradução livre). Ele ainda pergunta qual
seria o preço estimado das peças, considerando a experiência de DAVID
FERNANDEZ, no sentido de “apenas para assessorar o proprietário”, evidenciando
que os bens seriam de outra pessoa, no caso, de JAIR MESSIAS BOLSONARO,
conforme os elementos de prova colhidos.
(…)
As trocas de e-mail
entre DAVID FERNANDEZ e MAURO CESAR CID, no início do ano de 2023, e os demais
elementos de provas colhidos, comprovam que as esculturas foram levadas para os
Estados Unidos com o objetivo de serem vendidas. MAURO CESAR CID tentou negociar
as esculturas com vários estabelecimentos especializados, tendo sido
identificado tratativas com as lojas DOVER JEWELRY & DIAMONDS, DIAMOND
BANC, Worthy, GOLD GRILLZ MIAMI, WE BUY GOLD NORTH MIAMI BEACH, FORTUNA
AUCTIONS e JACKIE ABRAHAM. Em várias oportunidades, as esculturas foram levadas
por LOURENA CID na sede dos estabelecimentos para serem avaliadas.
As trocas de e-mails
com as empresas DOVER JEWELRY & DIAMONDS e DIAMOND BANC evidenciaram que
MAURO CID e JAIR BOLSONARO acreditavam, erroneamente, que os bens eram
confeccionados em ouro maciço. Tal fato explica o motivo de os investigados não
terem encaminhado as esculturas para o GADH para tratamento e destinação ao
acervo público da Presidência da República. Acreditando se tratar de bens de
alto valor econômico, após receber as esculturas de autoridades estrangeiras,
JAIR BOLSONARO e MAURO CESAR CID aguardaram o final do mandato presidencial e
no dia 30 de dezembro de 2022, consumaram a subtração dos bens, levando-os para
os Estados Unidos, por meio do avião presidencial, para serem alienados.
As pesquisas
realizadas nos documentos relacionados ao acervo privado do ex-presidente da
República JAIR BOLSONARO, não identificaram, em seu acervo museológico, o
registro dos referidos bens. Como diligência complementar, foi solicitada à
Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República – DDH,
informações sobre possíveis registros das esculturas entregues por autoridades
estrangeiras ao então presidente da República JAIR BOLSONARO, quando de sua
visita oficial no Oriente Médio no ano de 2021. Em resposta, o diretor de
Documentação Histórica da Presidência da República informou que “não foram
identificados registros referentes aos itens em questão” nos sistemas de
informação da Diretoria de Documentação Histórica da Presidência da República.
Tais fatos demonstram
que as esculturas foram subtraídas do patrimônio público, sem sequer terem sido
submetidas ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica – GADH para tratamento
e decisão a quanto a destinação dos bens ao acervo público brasileiro ou
privado de interesse público do então presidente da República JAIR BOLSONARO.
(…)
Contextualizando as
trocas de e-mails supramencionadas, encaminhadas por meio de MLAT, com a
análise dos dados de conversas de WhatsApp obtidas por meio de apreensão de
telefones celulares e quebra de sigilo telemático dos investigados,
identificou-se que no mesmo dia 18 de janeiro de 2023 MAURO CESAR CID encaminha
mensagens para MARCELO CAMARA descrevendo a dificuldade para vender as
esculturas. Além disso, as trocas de mensagens relatam a existência de recursos
em dólar, de propriedade de JAIR BOLSONARO, em posse do General MAURO LOURENA
CID.
MAURO CID envia uma
mensagem de áudio para MARCELO CAMARA, assessor de JAIR BOLSONARO, que no
referido período, estava acompanhando o ex-presidente na cidade de Orlando/FL.
Na mensagem MAURO CID aborda três assuntos, que estariam relacionados. O
conteúdo do áudio revelou, inicialmente, que o General MAURO LOURENA CID
estaria com 25 mil dólares pertencentes a JAIR BOLSONARO. Na mensagem, MAURO
CID relata o receio de utilizar o sistema bancário formal para repassar o
dinheiro ao ex-presidente e então sugere entregar os recursos em espécie, por
meio de seu pai, diz: “Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava
vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai
estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente (…) E aí ele poderia
levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que
quanto menos movimentação em conta, melhor ne? (…).”
Em seguida, MAURO CID
esclarece sobre a tentativa de venda das esculturas douradas (barco e árvore),
repassando, possivelmente, o pedido de DAVID FERNANDEZ, da empresa DIAMOND
BANC, para fazer uma análise mais minuciosa das peças. Diz: “(…) aquelas duas peças
que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro.
Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (…) Então eu não estou
conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais
detalhada para ver o quanto pode ofertar (…) eu preciso deixar a peça lá (…)
pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com
ele hoje(…).”
Ainda na mesma
mensagem de áudio, MAURO CID relata a MARCELO CAMARA sobre o procedimento de
venda, por meio de leilão, de um kit, que conteria um relógio (kit ouro rose),
fato este relacionado ao segundo evento, que será descrito no próximo tópico,
diz: “(…) o relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai pra dia sete de
fevereiro, vai pra leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar(…).” Em resposta,
MARCELO CAMARA, se referindo aos 25 mil dólares de JAIR BOLSONARO, que estariam
em posse do General MAURO CESAR LOURENA CID, reforçando a necessidade de
investigar utilizar o sistema bancário formal, diz: “Melhor trazer em cachê
[cash]”.
¨ ”Já sumiu um que foi com
a Dona Michelle”
Até tu, Michelle?
O relatório da Polícia
Federal sobre o sumiço, tráfico ilegal, e venda clandestina de joias, doadas
por governos estrangeiros ao então presidente Jair Bolsonaro e à primeira dama,
Michelle Bolsonaro, traz uma revelação que pode colocar um ponto final na breve
carreira polícia da esposa de Bolsonaro.
O coronel Marcelo
Câmara, ex-assessor especial do ex-presidente Jair Bolsonaro, e um dos
principais operadores, juntamente com Mauro Cid, e sob as ordens diretas de
Bolsonaro, revela em mensagem que havia ao menos um conjunto de joias que teria
sumido “com a DONA MICHELLE”.
Transcrição da
mensagem de áudio do coronel Marcelo Câmara, de 13 de fevereiro de 2013:
“Eu falei com ele
sobre isso CID. Aí ele me falou que tem esse entendimento sim. Mas que o
pessoal questiona porque ele pode dar, pode fazer o que ele quiser. Mas tem que
lançar na comissão memória, entendeu? O que já foi, já foi. Mas se esse aqui
tiver ainda a gente faz certinho pra não ter problema. Porque já sumiu um que
foi com a DONA MICHELLE; então pra não ter problema.”
A PF suspeita, por
óbvio, que esse trecho do diálogo é um forte indício de que a ex-primeira dama
pode ter tido uma participação mais ativa no esquema de roubo de joias da
União.
Ou seja, há suspeita
de que Michelle afanou joias do erário!
A pergunta que não
quer calar, naturalmente, é: cadê o conjunto de joias que “suiu com a DONA
MICHELLE”?
O relatório da PF diz
o seguinte:
Em resposta, MARCELO
CAMARA encaminha uma mensagem de áudio em que afirma que já conversou com
MARCELO sobre o assunto, se referindo à possibilidade de vender objetos que
teriam sido destinados ao acervo privado do ex-Presidente da República JAIR
BOLSONARO, diz: “Eu falei com ele sobre isso CID. Aí ele me falou que tem esse
entendimento sim. Mas que o pessoal questiona porque ele pode dar, pode fazer o
que ele quiser. Mas tem que lançar na comissão memória, entendeu? (…)”. Em
seguida, após relatar a restrição para venda do kit, MARCELO CAMARA diz: “O que
já foi, já foi. Mas se esse aqui tiver ainda a gente certinho pra não dar
problema. Porque já sumiu um que foi com a DONA MICHELLE; então pra não ter
problema”.
A mensagem indica que,
apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo
ex-Presidente JAIR BOLSONARO podem ter sido vendidos, sem respeitar as
restrições legais, ressaltando inclusive que “sumiu um que foi com a DONA
MICHELLE”. Em resposta, MAURO CID diz: “(…) Eu já mandei voltar, eu já mandei
voltar!”, possivelmente se referindo ao kit de outro rose da empresa Chopard,
que foi colocado à venda em leilão, por meio da empresa Fortuna Auction,
localizada na cidade de Nova York, na data de 08 de fevereiro de 2023. MAURO
CID ainda questiona a possibilidade de informar a “comissão Memória” do Governo
Federal e depois colocar novamente à venda o referido Kit, diz: “(…) Mas o
senhor quer informar a comissão e a gente põe pra vender? (…)”. MARCELO CAMARA
discorda, diz: “Não vou informar nada. Eu prefiro não informar pra não gerar
estresse, entendeu? Já que não conseguiu vender, a gente guarda. E aí depois
tenta vender em uma próxima oportunidade”. A dinâmica das trocas de mensagens
indica que MARCELO CAMARA estaria conversando, concomitantemente, com MARCELO
DA SILVA VIEIRA, ex-chefe da GADHI sobre o mesmo assunto. “
Fonte: O Cafezinho
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