segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Os riscos psicossociais relacionados ao trabalho

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a definição de saúde é um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doenças. No Brasil, os transtornos mentais e comportamentais estão entre as principais causas de perdas de dias no trabalho. O meio ambiente do trabalho pode, sem dúvida, influenciar no processo saúde-doença das pessoas.

Também de acordo com a OMS, o ambiente psicossocial do trabalho inclui a cultura organizacional, bem como atitudes, valores, crenças e práticas cotidianas da empresa que afetam o bem-estar mental e físico dos trabalhadores. Elenquei alguns exemplos de fatores de riscos psicossociais, apoiada na literatura de LEVI (1998) e LEKA (2003):

•        Conteúdo de tarefas: monotonia, repetitividade, subutilização de habilidades, tarefas sem sentido, tarefas desagradáveis ou repugnantes;

•        Carga e ritmo de trabalho: sobrecarga ou pouca carga de trabalho, trabalhar sob pressão de tempo;

•        Horário de trabalho: pouca flexibilidade nos horários, longas jornadas, trabalho em horários na qual não há convívio social, horários imprevisíveis, esquema de turnos mal concebidos;

•        Desenvolvimento de carreira, status e salário: insegurança no trabalho, baixa perspectiva ou pouca possibilidade de promoção, trabalho de baixo valor social, pagamento por produtividade, sistemas de avaliação de desempenho pouco claros ou injustos, ser mais qualificados, ou ter baixo nível de qualificação para o trabalho;

•        Relações interpessoais: precariedade nas relações com supervisores, baixo apoio social dos colegas, bullying, assédio e violência no trabalho, isolamento físico ou social, não existir procedimentos estabelecidos para lidar com os problemas ou queixas;

•        Cultura organizacional: má comunicação, liderança “pobre”, falta de clareza sobre os objetivos organizacionais e estrutura organizacional;

•        Interface do trabalho-casa: demandas conflitantes entre trabalho e vida pessoal, pouco apoio no trabalho aos problemas domésticos, pouco apoio em casa para os problemas do trabalho.

•        Condições ambientais: agentes físicos e químicos, iluminação deficiente ou excessiva; odores incômodos e outros.

Os riscos psicossociais são fatores que podem causar estresse emocional ou mental, muitas vezes chamados de “estressores” do local de trabalho.

Mas, o que os riscos psicossociais podem, efetivamente, causar no trabalhador?

Temos como exemplo a tensão e a  preocupação excessiva, transtorno do sono, dor crônica na cabeça, sensações desagradáveis no estômago, vivências constrangedoras no trabalho, estresse, dificuldade para relaxar, fadiga constante, desânimo, desmotivação, formigamento em ombros, braços ou mãos, depressão, ansiedade, burnout, entre outras doenças. Um sofrimento para o colaborador, para a família e para os colegas.

Além de buscar um profissional da saúde que possa tratar com terapia e medicamentos, o trabalhadores também podem recorrer à  justiça para reparar esses danos à saúde física e mental. Como advogada, especialista em saúde mental, tenho acompanhado diversos casos de pessoas que, quando chegam ao limite, entram com ações na Justiça e conseguem uma reparação financeira por conta de alguma doença que foi desenvolvida ou  agravada por conta do ambiente de trabalho.

 

       Alta no número de pedidos de benefícios ao INSS deve continuar, explica advogada mestre em direito previdenciário, afirma advogada

 

O número de pedidos de benefícios solicitados ao INSS bateu um recorde de mais de 1 milhão por mês, segundo o Instituto. O número acendeu um alerta entre as autoridades ao mesmo tempo em que medidas vinham sendo tomadas para diminuir o tempo de espera na fila aguardando uma resposta do órgão federal.

Desde 2020, o INSS registra consequentes altas nas solicitações. Nesse mesmo ano, a média mensal ficou em 679 mil. Em 2021, esse número avançou para a casa dos 721 mil e, em 2022, bateu 754 mil. De acordo com a advogada Carla Benedetti, mestre em Direito Previdenciário e doutorando em Direito Constitucional pela PUC-SP, a alta recorde de 2023 já era esperada. "Percebemos nos últimos anos um aumento gradativo e a medida para diminuir essa fila não foi o suficiente por vários fatores".

A especialista em previdência explica sobre o cenário atual da seguridade social e as razões que levaram a esse aumento. Carla levanta que um dos principais pontos é o fácil acesso à comunicação. "A rede social, por exemplo, vem sendo um recurso importante para que as pessoas conheçam seus direitos. Assim como eu, vários especialistas vêm respondendo dúvidas e até criando conteúdos sobre o direito previdenciário, o que certamente está fazendo com que pessoas conheçam cada vez mais seus direitos".

Na prática, a advogada tem visto e acompanhado diversos casos, como o de pessoas que trabalham na área rural e não contabilizaram esse período na hora de solicitar a aposentadoria. "Outro caso comum é quem serviu o exército ou até mesmo aqueles que ainda não converteram suas atividades insalubres e buscam agora o INSS para esse acréscimo de informação que contabiliza na hora de se aposentar", exemplifica.

Outro fator, que segundo ela é determinante, é o término das regras de transição para aqueles que faltariam 2 anos para se aposentar antes da reforma da previdência. "Em muitos casos, não compensa para o cidadão esperar por outra regra para conseguir o benefício da aposentadoria, pois muitas vezes o tempo de espera pode ultrapassar 10 anos e o dinheiro pago acaba sendo muito maior do que aquele que a pessoa vai obter do governo na seguridade social".

Entra nesta conta também o crescimento considerável de afastamentos e outros benefícios ligados à questão da saúde mental. Segundo Carla, "a busca por esse direito tende a crescer nos próximos anos".

A advogada ainda relembra a fala do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que aponta o empobrecimento da população e o aumento do número de pessoas que ficaram sem acesso às políticas públicas sociais como uma das razões que contribuíram para esse aumento no número de pedidos de benefícios previdenciários.

O alerta da advogada fica para a interpretação dos dados. "Os números não devem ser vistos isoladamente. Reforço é que não devemos cair no debate que levou a reforma da previdência. Precisamos contextualizar e entender de fato que a previdência segue sendo necessária, mas precisamos de caminhos alternativos e diálogo de diversos setores da sociedade para abarcar esse número de pessoas que, por alguma razão, precisam desse recurso, seja momentaneamente ou definitivamente", reforça ela.

 

Fonte: Por Adriana Belintani  e Alexandre Poletto, enviados por email

 

Nenhum comentário: