Nosso programa humanitário não funciona mais
no sul de Gaza, diz ONU
O chefe da coordenação de ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU)
disse na última quinta-feira (7) que a operação da ONU não funciona
adequadamente no sul de Gaza.
“Nosso programa humanitário não funciona mais”, enfatizou o coordenador
de ajuda de emergência da ONU, Martin Griffiths.
Os caminhões que entram em Gaza têm de percorrer estradas destruídas e,
se conseguirem, poderão talvez distribuir “alguma comida ou água” a “algumas
pessoas”, destacou.
“É errático. Não é confiável. E, francamente, não é sustentável”,
ponderou Griffiths.
Entretanto, o ritmo da operação militar israelense é uma “repetição
direta do ataque no norte de Gaza”, pontuou a autoridade.
Desde terça-feira (5), as Forças de Defesa de Israel (FDI) operam na
cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, envolvidas em “batalhas intensas” com
combatentes do Hamas.
Um vídeo obtido pela agência de notícias Reuters nesta quinta-feira
mostrou uma série de palestinos feridos correndo para o Hospital Nasser em Khan
Younis após uma série de ataques israelenses.
“Nenhum de nós pode ver onde isso vai acabar. Nenhum de nós pode ver
para onde irão as pessoas amontoadas naquele bolsão ao sul de Gaza – essas duas
milhões de pessoas”, ponderou.
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Israel e
Hamas perderam disposição para negociar após trégua em novembro, diz ministro
do Catar
Nem Israel nem o Hamas mostram agora a mesma disposição que antes da
trégua de uma semana em novembro para resolver a guerra, disse o
primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Sheikh Mohammed
bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, um negociador-chave, no Fórum de Doha no
domingo (10).
Al Thani disse que o Estado do Golfo continua os seus esforços com os
seus parceiros para facilitar as negociações para resolver a guerra entre
Israel e o Hamas, mas que não se nota a mesma vontade como nas semanas
anteriores.
“Os nossos esforços como Estado do Catar, juntamente com os nossos
parceiros, continuam e não desistiremos. Sabemos que há muitas complicações”,
disse o ministro das relações exteriores à Becky Anderson, da CNN.
“Sempre são necessárias duas partes para
estarem dispostas a tal compromisso. Infelizmente, não estamos vendo a mesma
disposição que vimos nas semanas anteriores”, disse ele.
Quando questionado sobre qual partido, Al
Thani respondeu: “Ambos os lados”.
O primeiro-ministro do Catar falou do recente cessar-fogo nos combates em
novembro, que trouxe a libertação de alguns reféns e a entrada de ajuda humanitária em Gaza, e disse que o Catar está
“profundamente desapontado por as partes não terem dado a oportunidade de fazer
maiores esforços”.
Voz influente
O Catar desempenhou um papel importante de mediador entre Israel, os
Estados Unidos e o Hamas durante as negociações de novembro que levaram à
libertação de dezenas de reféns.
O primeiro-ministro do Catar, que teria se
envolvido diretamente com o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Doha
para o acordo, disse na época que seu país espera que o desenvolvimento
estabeleça “um acordo abrangente e sustentável que ponha fim à guerra e ao
derramamento de sangue”.
Ø População de Gaza está desesperada por comida, diz diretor da ONU
Um alto funcionário do setor de ajuda
humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou neste sábado
(9/12) que grande parte da população da Faixa de Gaza está passando fome à
medida em que os conflitos armados na região continuam.
Carl Skau, vice-diretor do Programa Mundial
de Alimentos da ONU, disse que apenas uma fração dos suprimentos necessários
conseguiu entrar em Gaza. Segundo ele, 9 em cada 10 pessoas não conseguem comer
todos os dias na área.
As condições em Gaza tornaram as entregas de
alimentos “quase impossíveis”, disse Skau. “As pessoas estão desesperadas por
comida”.
Por outro lado, Israel afirma que deve
continuar os ataques aéreos a Gaza para “eliminar o Hamas e trazer os reféns israelenses para
casa.”
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel,
o tenente-coronel Richard Hecht, afirmou à BBC que “qualquer morte e dor de um
civil é dolorosa, mas não temos alternativa”.
“Estamos fazendo tudo o que podemos para
entrar o máximo possível na Faixa de Gaza”, disse Hecht.
O movimento dentro e fora de Gaza tem sido
fortemente proibido desde 7 de outubro, quando membros do Hamas romperam a
fronteira fortemente vigiada do perímetro de Israel. Segundo o governo de
Israel, 1,2 mil pessoas foram mortas na ação.
Em resposta, Israel fechou as suas
fronteiras com Gaza e começou a lançar ataques aéreos no território, e também
restringiu as entregas de auxílio das quais a população civil de Gaza depende
para sobreviver.
O Ministério da Saúde, que é controlado pelo
Hamas, afirma que Israel matou mais de 17,7 mil habitantes de Gaza durante sua
campanha de retaliação, incluindo mais de 7 mil crianças.
Apenas a passagem de Rafah, na fronteira com
o Egito, está aberta, permitindo que quantidades limitadas de ajuda humanitária
cheguem a Gaza.
Nesta semana, Israel concordou em abrir a
passagem de Kerem Shalom, em Gaza, nos próximos dias – mas apenas para a
inspeção de caminhões de ajuda humanitária.
Inicialmente, os caminhões iriam então para
Rafah para chegar em Gaza.
Carl Skau, da ONU, afirmou que “não estava
preparado para o medo, o caos e o desespero” que ele e a sua equipe de
assistência encontraram durante sua viagem a Gaza nesta semana.
Segundo ele, havia “confusão em armazéns,
pontos de distribuição com milhares de pessoas desesperadas e famintas,
supermercados com prateleiras vazias e abrigos superlotados com banheiros
cheios.”
A pressão internacional gerou um cessar-fogo temporário de sete dias em
novembro, o que permitiu que alguns suprimentos entrassem na Faixa de Gaza, mas
o programa de alimentação da ONU insiste que agora “é necessária uma segunda
passagem de fronteira para satisfazer a demanda”.
Nove em cada dez famílias em algumas áreas
passam “o dia inteiro sem qualquer alimento”, segundo Skau.
Habitantes de Khan Younis, no sul de Gaza,
uma cidade agora cercada em duas frentes por tanques israelenses, dizem que “a
situação é terrível.”
O médico Ahmed Moghrabi, chefe da unidade de
cirurgia plástica e queimaduras do único centro de saúde remanescente da
cidade, o hospital Nasser, não conseguiu segurar as lágrimas ao falar à BBC
sobre a falta de alimentos.
“Tenho uma filha de três anos, ela sempre me
pede um doce, uma maçã, uma fruta. Não tenho como fornecer. Me sinto
impotente”, disse.
“Não tem comida suficiente, só arroz, você
acredita? Comemos uma vez por dia, só.”
Khan Younis tem sido o foco de fortes ataques aéreos nos últimos dias e o chefe do hospital Nasser diz que sua equipe “perdeu o controle” sobre o número de mortos e feridos
que chegam às instalações.
O governo de Israel afirma que os líderes do
Hamas estão escondidos em Khan Younis, possivelmente em uma rede subterrânea de
túneis, e que está batalhando para destruir as capacidades militares do grupo.
No sábado, o presidente da Autoridade
Palestina (AP), Mahmoud Abbas, acusou os Estados Unidos de serem “cúmplices de
crimes de guerra”.
O governo de Joe Biden vetou uma resolução
do Conselho de Segurança da ONU que pedia um cessar-fogo imediato em Gaza.
Dos 15 membros do Conselho de Segurança, 13
países votaram a favor da resolução. O Reino Unido se absteve na votação e os
EUA foram o único país a votar contra a resolução.
Abbas afirmou que responsabiliza Washington
pelo “derramamento de sangue de crianças, mulheres e idosos palestinos em Gaza
nas mãos das forças de ocupação de Israel.”
Já o embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood,
defendeu o veto e disse que a resolução apelava a um "cessar-fogo
insustentável que deixaria o Hamas com a capacidade de repetir o que fez em 7
de outubro".
Um cessar-fogo temporário de sete dias
terminou há pouco mais de uma semana. Durante a trégua, 78 reféns foram libertados pelo Hamas em troca de 180
prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses.
Por volta de 100 pessoas detidas pelo Hamas
em Gaza.
No sábado, foi confirmada a morte do
israelense Sahar Baruch, de 25 anos, segundo um comunicado do kibutz onde ele
vivia.
A morte foi confirmada depois que o braço
armado do Hamas divulgou um vídeo na sexta-feira que mostrava as consequências
violentas de uma operação fracassada das forças de Israel para libertar um
refém.
Fonte: CN Brasil/BBC News Mundo
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