sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

'Drone Wars': como a Rússia venceu a guerra tecnológica contra o Ocidente na Ucrânia?

No ano de 2023, muitos no Ocidente esperavam que a contraofensiva ucraniana fosse concluída de forma bem-sucedida. Ocorreu justamente o contrário, não somente Kiev mostrou-se incapaz de mudar o curso do conflito, como a Rússia implementou avanços tecnológicos significativos, sobretudo envolvendo o uso de drones.

Ainda assim, os Estados Unidos continuam insistindo em sucessivos pacotes de ajuda financeira e militar à Ucrânia, ao passo que algumas vozes tanto na União Europeia como em Washington já começam a se questionar se não seria a hora de iniciar negociações de paz com Moscou.

Isso porque a Rússia conseguiu resistir de forma eficiente aos ataques da contraofensiva ucraniana em praticamente toda a sua linha de defesa, frustrando assim as expectativas do Ocidente sobre as reais capacidades do Exército ucraniano.

De todo modo, é pouco provável que a Ucrânia fique completamente sem ajuda durante o próximo ano. No entanto, uma coisa é certa: a pressão sob Zelensky aumentará significativamente com o passar do tempo, tanto doméstica quanto externamente, dado que o "herói do Ocidente" e "protetor das democracias" não foi capaz de apresentar vitórias significativas no campo de batalha.

Não se trata de um projeto filantrópico, mas sim da boa e velha busca de lucros por parte de atores poderosos da indústria armamentista – especialmente americana – que usam o conflito na Ucrânia como forma de fechar contratos altamente vantajosos com o governo estadunidense.

Ao mesmo tempo, como derrotar a Rússia no campo de batalha é tarefa – para dizer o mínimo – improvável, continuar insistindo nisso apenas faz com que o conflito, que já dura quase dois anos, prolongue-se por tempo indeterminado.

Seja como for, uma coisa é certa, a experiência desta guerra-proxy do Ocidente contra Moscou mostrou que o Exército russo pode muito bem manter a defesa de seus territórios e, simultaneamente, inovar tecnologicamente em vários segmentos.

Do ponto de vista militar, por exemplo, o conflito adquiriu o caráter de uma verdadeira "guerra de drones" de ambos os lados. Tais dispositivos se mostraram capazes de atingir vários soldados e equipamentos de uma vez, além de servirem como peças de monitoramento da posição do adversário em campo.

Hoje, munições e explosivos podem ser acoplados a drones e diretamente utilizados contra o inimigo na linha de frente ou na retaguarda. A Rússia, no âmbito da tecnologia de drones, avançou significativamente desde meados de 2022.

O Exército russo vem utilizando drones de alto impacto (os chamados drones kamikaze), controlados por um operador em primeira pessoa, para destruir equipamentos pesados, como tanques e até mesmo pequenos grupamentos de soldados.

Atualmente, os russos vêm produzindo esses drones em grande escala, utilizando-os magistralmente como explosivos e na forma de projéteis. Tais drones, aliás, são capazes de localizar alvos atrás das linhas inimigas também no período noturno, o que é extremamente importante do ponto de vista militar.

Afinal, o Exército russo tem aproveitado a noite justamente para atingir por meio de drones unidades ucranianas em deslocamento da linha de frente para a retaguarda e vice-versa, além de abater tanques e outros equipamentos blindados fornecidos à Ucrânia pelo Ocidente.

Os russos, além do mais, também têm feito uso de drones do tipo Geran para atacar forças, aeródromos e infraestrutura crítica dos ucranianos em diversas partes do campo de batalha e retaguarda, prejudicando assim a iniciativa do adversário.

A Rússia, não obstante, avançou de forma significativa no que se refere à guerra radioeletrônica, que se baseia na emissão de ondas eletromagnéticas e de sinais que atrapalham o controle de drones pelo lado ucraniano. Como resultado, a tentativa de reconhecimento inimigo das posições russas por meio de drones tornou-se muito mais complicada do que antes.

No Exército russo, equipamentos militares para o combate radioeletrônico geram verdadeiras cúpulas de proteção para a linha de frente, capazes de cobrir diversos destacamentos de apoio e equipamentos vitais.

Logo, assim que um drone ucraniano – seja de reconhecimento, seja de ataque – voa para dentro desta cúpula, ele perde completamente o controle, deixando ir embora sua utilidade e função.

Por certo, embora as Forças Armadas ucranianas tenham se modernizado desde o início do conflito quanto ao uso de drones para a obtenção de objetivos militares, hoje elas enfrentam um adversário tecnologicamente mais poderoso, mais preparado e que – ainda por cima – joga a favor do tempo.

Outro fator importante a se levar em consideração é de que a Rússia depende fundamentalmente de si mesma e de sua própria produção doméstica no âmbito do conflito, o que não é o caso da Ucrânia. Se a ajuda militar e financeira ocidental a Kiev minguar de vez, mingua também o seu esforço de guerra e com ele qualquer esperança de que os ucranianos possam obter alguma vitória significativa que seja.

Para além de tudo isso, em termos logísticos as áreas que a Ucrânia tem tentado conquistar da Rússia apresentam desafios evidentes do ponto de vista militar. Trata-se de regiões – muitas delas – rodeadas de florestas ou então de áreas urbanas bastante densas, o que por si só dificulta o trabalho de operações ofensivas.

Nos grandes descampados, por sua vez, pequenos destacamentos de soldados ucranianos e seus tanques se tornam alvos fáceis para a artilharia russa e para seus drones kamikaze, elementos que, conforme já mencionado, vêm sendo utilizado de forma bastante eficiente pela Rússia, especialmente em 2023.

Em 2024, a Ucrânia contará ainda com dificuldades em reunir reservas suficientes para suas próximas operações ofensivas, que já em 2023 demonstraram sinais claros de esgotamento.

Se a situação continuar do jeito que está, restará a Zelensky, mesmo que a contragosto, retomar a possibilidade de negociação de um acordo de paz com os russos. Se o fizer, ele estará salvando milhares de vidas ucranianas.

Afinal, o Ocidente não se importa com essas vidas. Pelo contrário, para Washington e algumas capitais europeias, tudo e todos são descartáveis, se for para enfraquecer a Rússia no espaço pós-soviético.

2023 mostrou que esse projeto falhou, a Rússia não só termina mais forte como também vitoriosa nessa "guerra tecnológica" contra o Ocidente na Ucrânia.

 

Ø  Trump pede para que países da OTAN se equiparem aos EUA na assistência à Ucrânia

 

O ex-presidente estadunidense Donald Trump defendeu que os países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) devem equiparar-se aos americanos no apoio à Ucrânia, alegando que os Estados Unidos não podem mais sustentar sozinhos o suporte financeiro a Kiev.

Trump destacou a necessidade de uma atualização por parte dos países europeus em relação ao financiamento para a Ucrânia, em entrevista ao site Just The News.

Ele afirmou que, se vencesse as eleições, exigiria que a Europa reembolsasse os custos americanos com a ajuda aos ucranianos. Também salientou que os EUA já gastaram cerca de 200 bilhões de dólares (cerca de R$ 965 bilhões), enquanto os europeus contribuíram com quantia substancialmente menor.

"É muito injusto. Eu digo que eles têm que se equiparar, e se não o fizerem, os EUA não poderão continuar fazendo isso", declarou Trump.

Trump é um dos presidenciáveis para as próximas eleições americanas. Ele afirmou anteriormente que ainda não está considerando ninguém como seu potencial vice-presidente no pleito presidencial de 2024.

Anteriormente, a Rússia enviou uma nota aos países da OTAN expressando preocupações sobre o fornecimento de armas à Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, alertou que qualquer transporte contendo armamentos para a Ucrânia seria considerado um alvo legítimo para a Rússia. O Ministério das Relações Exteriores russo também acusou os países ocidentes de "brincarem com fogo" ao fornecerem armas.

O Kremlin afirmou que o envio de armas do Ocidente para Kiev não contribui para o sucesso das negociações russo-ucranianas e terá um impacto negativo.

Lavrov ainda acrescentou que os EUA e a OTAN estão diretamente envolvidos no conflito ucraniano, incluindo o fornecimento de armas e a formação de pessoal em território de vários países europeus, como Reino Unido, Alemanha e Itália.

 

Ø  Ucrânia alerta para atrasos no pagamento de salários e pensões devido à falta de ajuda de aliados

 

A vice-primeira-ministra ucraniana, Yulia Sviridenko, alertou que o seu país provavelmente vai ter de adiar o pagamento de salários e pensões a funcionários públicos e a milhões de cidadãos se os Estados Unidos e a União Europeia (UE) não cumprirem a ajuda financeira que prometeram, noticiou o Financial Times (FT).

A autoridade estatal disse ao FT que Kiev tem tentado economizar dinheiro e mudar as prioridades de gastos desde setembro, quando o apoio de seus aliados começou a reduzir.

A vice-primeira-ministra também detalhou que o país do Leste Europeu aumentou o imposto sobre os lucros extraordinários dos bancos para 50% e transferiu receitas de um imposto de renda suplementar de 1,5% do governo local para o central.

No entanto, Sviridenko observou que a Ucrânia já enfrenta um déficit, cerca de US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 24,1 bilhões) em desembolsos de doadores e credores internacionais, que, em dezembro, "não serão suficientes" para cobrir as necessidades de despesa.

Neste contexto, a autoridade informou que o seu país vai dar prioridade à Defesa e ao serviço da dívida, o que significa que "existe um enorme risco de financiamento insuficiente para determinados setores sociais".

Em outras palavras, se a ajuda prometida pelos aliados ocidentais não chegar, Kiev pode ter de atrasar o pagamento de salários a 500 mil funcionários públicos e 1,4 milhão de professores, bem como benefícios a dez milhões de aposentados.

"O apoio dos parceiros é extremamente importante. Precisamos dele urgentemente", disse Sviridenko, que também é ministra da Economia.

Ela acrescentou que se a ajuda não chegar, a economia da Ucrânia poderá regressar ao modo de "sobrevivência", depois de se recuperar em 2023 graças ao crescimento do produto interno bruto (PIB) estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 4,5%.

No início de novembro, a Câmara dos Representantes dos EUA, controlada pelos republicanos, aprovou uma lei de ajuda a Israel no valor de US$ 14,3 bilhões (mais de R$ 69 bilhões). No entanto, o projeto de lei separava a ajuda de um pedido de financiamento suplementar de US$ 106 bilhões (cerca de R$ 511,6 bilhões) da administração Joe Biden, que também incluía ajuda à Ucrânia.

Os líderes da UE alertaram que o bloco não poderia substituir a ajuda de Washington. "Certamente, a Europa não pode substituir os EUA", disse o chefe da política externa de Bruxelas, Josep Borrell, aos jornalistas. Entretanto, a imprensa ocidental noticiou que a opinião pública europeia e norte-americana está cansada do conflito.

Os meios de comunicação ocidentais dizem mesmo que os russos aparentemente tinham razão, citando o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, quando afirmou que "a fadiga por este conflito, por causa do patrocínio completamente absurdo do regime de Kiev, crescerá em vários países, incluindo os Estados Unidos".

Apesar de anteriormente alardear que a Rússia enfrenta um colapso iminente e o esgotamento das suas reservas de armas, os meios de comunicação ocidentais escrevem agora que Moscou parece estar preparada para um conflito de longo prazo.

 

Ø  Legislador alemão diz que Ucrânia deveria ceder território à Rússia para 'solução final'

 

Um proeminente legislador alemão exortou a Ucrânia a aceitar uma perda "temporária" de território na esperança de pôr fim ao conflito com a Rússia.

O ministro-presidente da Saxônia, Michael Kretschmer, disse ao jornal Der Spiegel na quarta-feira (27) que era "hora de uma solução final" para o conflito de 23 meses, enquanto defendia que Kiev considerasse o congelamento das fronteiras atuais em troca de um cessar-fogo.

"Pode ser que a Ucrânia deva primeiro aceitar que certos territórios são temporariamente inacessíveis à Ucrânia no caso de um cessar-fogo. [...] Como em outros grandes conflitos, é hora de uma solução final."

Kretschmer também instou o governo alemão a dar uma "inversão de marcha" em relação às suas políticas sobre Moscou, alertando que a Rússia é "um vizinho imprevisível" da Alemanha e "enfraquecer" a sua posição "estabelece as bases para novos conflitos".

Vale lembrar que as sanções contra fontes de energia russas, impostas após o início da operação militar na Ucrânia, causaram grande crise energética na Europa e "custaram caro à Alemanha", cuja dívida pública atingiu um recorde, conforme relembrou o jornal turco Yeni Safak.

Uma pesquisa feita pelo jornal alemão Bild e divulgada pela agência Bloomberg no começo do mês mostrou que mais da metade dos eleitores alemães estão insatisfeitos com o governo de coligação do chanceler Olaf Scholz e querem eleições antecipadas, segundo pesquisa.

De acordo com o Euronews, a recessão econômica que o país enfrenta surge na perda do gás natural barato de Moscou pelas sanções impostas pelo bloco europeu. As indústrias sentiram o choque sem precedentes que ecoa até agora, relata a mídia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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