QI: saiba o que é o Quociente de Inteligência e como funciona o teste
Você já deve ter ouvido falar sobre o Quociente de
Inteligência (QI) em algum momento da sua vida e talvez tenha até participado
de um teste na escola.
Também conhecido como CI (Coeficiente de Inteligência)
em algumas línguas, essa é uma medida numérica associadas à inteligência das
pessoas.
O Brasil tem uma marca de 2 mil brasileiros
considerados superinteligentes – pessoas com QI muito acima da média.
No entanto, apesar da sua grande fama para detectar
gênios, ele não deve ser considerado como a única medida do potencial de uma
pessoa.
Entenda mais sobre o tema a seguir.
• O que
é Quociente de inteligência (QI)?
O QI é uma medida que visa quantificar a
inteligência de uma pessoa em comparação com a média da população.
É uma forma de quantificar a capacidade cognitiva
de um indivíduo em relação a habilidades como raciocínio lógico, resolução de
problemas, capacidade verbal, habilidades matemáticas e outras aptidões
intelectuais.
Geralmente, o cálculo é feito com base em testes de
inteligência padronizados. Esses testes são projetados para avaliar várias
facetas da inteligência, como raciocínio verbal, habilidades matemáticas,
memória, compreensão visual-espacial e resolução de problemas.
As respostas corretas em um teste são convertidas
em uma pontuação padronizada que é então comparada com a média da população da
mesma faixa etária. Quanto mais alto o resultado em relação à média, maior é o
QI.
Existem vários tipos de testes de QI, sendo o Teste
de Inteligência de Stanford-Binet e o Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS)
alguns dos mais conhecidos.
Esses testes são frequentemente divididos em
subtestes que avaliam diferentes áreas da inteligência. Os resultados desses
subtestes são combinados para determinar o QI geral da pessoa.
• Como
surgiu o teste de QI?
O teste de QI surgiu graças ao trabalho pioneiro de
Alfred Binet, um psicólogo francês. Tudo isso se deu a partir de uma demanda
educacional: o governo francês queria desenvolver uma ferramenta que pudesse
identificar crianças com dificuldades de aprendizado nas escolas.
Em 1905, ele e seu colaborador, Theodore Simon,
desenvolveram o primeiro teste de inteligência, conhecido como “Escalas
Binet-Simon”.
Este teste consistia em uma série de tarefas e perguntas
destinadas a avaliar a capacidade mental das crianças, tais como memória,
linguagem, raciocínio lógico e resolução de problemas.
O resultado do teste fornecia uma pontuação que
refletia a idade mental da criança, em comparação com sua idade cronológica.
• Como
funcionam os testes de QI?
Os testes de QI são geralmente administrados
individualmente por um profissional qualificado, como um psicólogo ou um
educador.
Eles podem ser realizados em um ambiente de
consultório, escola ou em outros locais apropriados para garantir um ambiente
tranquilo e livre de distrações.
As avaliações consistem em uma série de subtestes
ou seções, cada um projetado para avaliar uma habilidade ou aspecto específico
da inteligência.
Os subtestes podem variar dependendo do teste
específico usado, mas geralmente incluem questões de diferentes tipos, como:
• Raciocínio
verbal: Pode incluir questões de sinônimos, antônimos, analogias, compreensão
de leitura e resolução de problemas relacionados à linguagem;
• Raciocínio
matemático: Envolve perguntas que avaliam habilidades matemáticas, como
cálculos, resolução de problemas aritméticos e lógica matemática;
• Compreensão
visual-espacial: testa a capacidade de interpretar informações visuais, como
resolver quebra-cabeças espaciais, padrões e reconhecimento de figuras;
• Memória:
avalia a capacidade de lembrar informações após um período de tempo;
• Raciocínio
lógico: inclui perguntas que desafiam a capacidade de dedução, identificação de
padrões e resolução de problemas lógicos.
A maioria dos testes de QI é cronometrada, o que
significa que os participantes têm um tempo limitado para completar cada
subteste.
Isso é feito para avaliar não apenas a precisão das
respostas, mas também a velocidade de processamento cognitivo.
As respostas corretas em cada subteste são
pontuadas e, em seguida, somadas para obter uma pontuação total.
Essa pontuação é comparada à média da população da
mesma faixa etária para determinar o QI da pessoa.
Além disso, os testes são adaptados para diferentes
faixas etárias, de modo que os subtestes e critérios de avaliação podem variar
de acordo com a idade do indivíduo sendo testado.
Isso ajuda a garantir que os resultados sejam
apropriados para a idade da pessoa.
• Quando
fazer o teste?
“Quanto mais precoce possível, a identificação do
QI pode ser benéfica para a criança. É importante avaliar de forma dedicada a
potencialidade para poder desenvolver as habilidades e não ter problema de
socialização nesta fase da vida”, explica o vice-presidente da Associação Mensa
Brasil, Carlos Eduardo Fonseca.
Ele esclarece que a partir dos dois anos e meio de
idade, já há testes que podem ajudar a identificar alta potencialidade para
avaliar pessoas que são super inteligentes, por exemplo.
Confira no vídeo abaixo a entrevista completa:
• Pontuação
do teste de QI
Como saber o nível de QI? A classificação Terman
define a pontuação da seguinte forma:
• Superior
a 140 significa inteligência genial;
• Entre
120 e 140 representa inteligência muito superior;
• Entre
110 e 120 indica inteligência superior;
• Entre
90 e 110 exprime inteligência normal ou média;
• Entre
80 a 90 manifesta torpeza, raramente qualificada como debilidade mental;
• Entre
70 e 80 denota debilidade mental fronteiriça;
• Abaixo
de 70 revela debilidade mental definida.
No entanto, o QI não é uma característica fixa e
imutável de uma pessoa, mas sim uma medida das habilidades cognitivas em um
determinado momento.
O QI das pessoas está diminuindo?
Um estudo constatou que as pontuações de QI têm
diminuído de forma constante nas últimas décadas.
Foram analisadas as pontuações de QI de homens
noruegueses nascidos entre 1962 e 1991 e, na pesquisa, descobriram que as
pontuações aumentaram quase 3 pontos percentuais a cada década para aqueles
nascidos entre 1962 e 1975.
No entanto, depois observaram um declínio constante
entre aqueles nascidos depois de 1975.
Isso significa que as pessoas nascidas mais
recentemente apresentam, em média, pontuações de QI mais baixas em comparação
com as gerações anteriores.
Contrariando a crença de que fatores genéticos
poderiam estar contribuindo para essa tendência, os pesquisadores argumentam
que as causas do declínio nas pontuações de QI são principalmente ambientais.
Isso significa que não se trata de uma mudança na
genética das pessoas, mas sim de influências do ambiente em que vivem.
“O aumento anterior nas pontuações de QI segue-se
ao “efeito Flynn”, um termo para o aumento a longo prazo nos níveis de
inteligência que ocorreu durante o século XX, possivelmente o resultado de um
melhor acesso à educação”, de acordo com Stuart Ritchie, um pós-doutorando em
cognição. envelhecimento na Universidade de Edimburgo.
• Principais
críticas ao teste de QI
Os testes de Quociente de Inteligência são alvo de
várias críticas ao longo dos anos. Embora esses testes tenham sido amplamente
utilizados para medir habilidades cognitivas, são vistos como limitados.
Muitos testes de QI são baseados, por exemplo, em
elementos culturais e sociais que podem favorecer grupos específicos.
Isso pode resultar em pontuações mais baixas para
pessoas de origens culturais diferentes ou com menos acesso a certos tipos de
educação.
Inclusive, um estudo baseado na maior pesquisa
online já realizada sobre o assunto revelou que os testes padronizados de
Quociente de Inteligência (QI) podem fornecer resultados enganosos.
Publicado na revista Neuron, a pesquisa contou com
a participação de mais de 100.000 pessoas que responderam a uma pesquisa sobre
seus hábitos e históricos de vida, bem como a 12 testes cognitivos.
Ele envolveu milhares de participantes de diversas
culturas, faixas etárias, crenças e nacionalidades.
De acordo com um dos autores do estudo, Adam
Hampshire, da Universidade Western Ontario, existem diferentes tipos de
inteligência que estão relacionados a várias áreas do cérebro, o que torna
inadequada a medição da capacidade intelectual.
Eles não são capazes de avaliar adequadamente
aspectos como inteligência emocional, criatividade ou habilidades práticas.
Identificar
QI elevado na infância pode beneficiar desenvolvimento, diz especialista
Em entrevista à CNN, o vice-presidente da
Associação Mensa Brasil, Carlos Eduardo Fonseca, disse que a identificação de
QI elevado pode ser benéfica para o desenvolvimento de crianças.
“Quanto mais
precoce possível, a identificação do QI pode ser benéfica para a criança. É
importante avaliar de forma dedicada a potencialidade para poder desenvolver as
habilidades e não ter problema de socialização nesta fase da vida”, disse.
Segundo ele, “a partir dos dois anos e meio de
idade, já há testes que podem ajudar a identificar alta potencialidade neste
grupo”.
Fonseca diz no entanto, que quando o QI elevado é
identificado na vida adulta, o parâmetro é outro.
“A criança já se desenvolveu. Então, o adulto tende
a ter uma perspicácia diferente no trabalho, se desenvolver de uma forma
diferente. Então é realmente na infância que a gente consegue identificar uma
janela de oportunidades”, afirmou.
O Brasil ultrapassou neste 10 de agosto, data em
que se comemora o Dia Mundial da Superdotação, a marca de 2 mil brasileiros
considerados superinteligentes – pessoas com QI muito acima da média.
O estado de São Paulo lidera o ranking, com 984
superinteligentes. Em seguida estão Rio de Janeiro, com 229 pessoas, Distrito
Federal, com 135, Paraná, com 134, e Minas Gerais, com 131.
Fonte: CNN Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário