Ex-ministro da Saúde de Bolsonaro sofre surto psicótico e com mentiras delira
sobre gestão Bolsonaro na saúde
O ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga e o
ex-secretário de Atenção Primária Raphael Câmara Parente publicaram no último
sábado (23) uma carta no periódico The Lancet em que rebatem críticas feitas à
gestão do Ministério da Saúde durante a pandemia de Covid.
No texto, Queiroga e Parente afirmaram que os
autores do artigo original demonstraram “preconceito em relação ao assunto ao
usarem o pejorativo ‘extrema direita’ no título”, promovendo uma “manifestação
de natureza político-partidária”.
Segundo eles, mais de 500 bilhões de reais foram
gastos pelo governo anterior no manejo da pandemia para apoiar o sistema de
saúde.
“O nosso governo enfrentou um sistema de saúde
fraco, marcado pela escassez de camas de UCI, onde os pacientes com baixos
rendimentos só conseguiam camas vagas por decisão judicial. Além disso, foi o
governo Bolsonaro, e não o Partido dos Trabalhadores, que criou a Secretaria de
Atenção Primária à Saúde”, afirmaram o ex-ministro da Saúde e o ex-secretário.
Queiroga comandou a pasta de março de 2021 até
dezembro de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Na mesma edição, o Lancet publicou uma réplica dos
autores das críticas. Entre eles estão o professor da FGV Adriano Massuda, o
consultor nacional da Opas (Organização Pan-americana de Saúde) e professor da
UnB Rafael Dall’Alba, os ex-ministros da Saúde André Chioro (2014-2015) e José
Gomes Temporão (2007-2011) e a demógrafa Marcia Castro, colunista da Folha de
S.Paulo.
O periódico The Lancet é considerado o mais
prestigiado na área médica do mundo.
No artigo original, publicado em fevereiro na mesma
revista, os autores sugeriram medidas para recuperar a ação coordenada do
Ministério da Saúde depois de um "governo de extrema direita". Eles
citaram, por exemplo, a necessidade de aumentar o financiamento do SUS, de reduzir
desigualdades regionais no acesso à saúde e de fortalecer a atenção primária.
Também mencionaram ações com resultados desastrosos
da gestão anterior na saúde: crise sanitária na Terra Indígena Yanomami, mortes
por Covid, deterioração de indicadores de saúde e aumento da mortalidade
materna nos últimos quatro anos.
Queiroga e Parente, por sua vez, começaram o seu
texto criticando o que consideraram "uso pejorativo do termo extrema
direita", o que denota "viés subjetivo". Para eles, há ação
política dos autores.
Ainda segundo eles, foram escondidos dados
positivos da gestão do antigo governo. Bolsonaro, continuaram eles,
"encarou a maior e mais substancial emergência sanitária que o mundo já
viu", mas "fez mais do que qualquer outra na história do país" pela
saúde.
Por fim, Queiroga e Parente escreveram que o artigo
dos críticos "serve apenas para justificar os horrores que virão e já
estão surgindo desde o início do novo governo, há nove meses, quando nenhuma
política pública de saúde foi anunciada".
Na réplica, os autores do primeiro artigo
declararam que as falas de Queiroga e de seu secretário "disseminam
mentiras para construir uma realidade distorcida" e que a gestão
representou, na verdade, um fiasco histórico, como mostram os dados e fatos
históricos.
"A resposta catastrófica do governo carrega
uma grande responsabilidade em milhares de mortes que poderiam ter sido
evitadas. A campanha [do governo] desencorajou ativamente as medidas
protetoras, como o uso de máscaras e o distanciamento social", diz o
texto.
Afirmaram que o ex-presidente minou a confiança em
vacinas e promoveu o uso de drogas sem eficácia. Também dizem que a falta de
planejamento para a vacinação contra Covid levou milhões de doses de vacina a
perderem o prazo, em um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões aos cofres públicos.
No sábado (23), por telefone, Queiroga disse à
reportagem que os autores são "militantes do PT" e que ainda não
havia lido a réplica. Questionado sobre os pontos levantados no texto, o
ex-ministro afirmou que o governo Bolsonaro recebeu o ministério
"destruído" por gestões passadas do PT.
Ao ser perguntado o que a gestão Bolsonaro fez para
a saúde, o ex-ministro citou o aumento de leitos de UTI de 23 mil para 30 mil.
Na verdade, o governo implantou leitos de UTI Covid durante o pico da pandemia,
mas uma outra portaria, publicada em 31 de dezembro de 2021, desmobilizou a
maioria dos leitos, destinando apenas cinco adultos e cinco pediátricos por
hospital para pacientes.
Em relação às mortes durante a pandemia, o
cardiologista afirmou que pode ter havido um excesso, mas disse que "o
Ministério da Saúde não seria responsável, são os estados e municípios".
Sobre esse ponto, o ministro argumentou que foram
"proibidos de agir por uma prerrogativa do STF [Supremo Tribunal Federal]",
em referência à determinação em abril de 2020 do Supremo de deixar aos estados
e municípios definirem as leis para adoção de medidas sanitárias. A decisão, no
entanto, não restringia o poder de atuação da pasta.
Queiroga acrescentou que não houve atraso na
vacinação e que a mortalidade excessiva ocorreu por ser uma pandemia. "Se
pegar as taxas per capita, o Brasil se saiu muito bem".
Até a última terça (19), 705.645 pessoas morreram
por Covid no Brasil. Destas, 412.880 foram de 1º de janeiro até 31 de dezembro
de 2021, quando já havia vacinas disponíveis.
Segundo o Our World in Data, painel que reúne
estatísticas demográficas globais, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de
mortes absolutas por Covid. Além disso, embora tenha 2,9% da população mundial,
o país concentrou 10% dos óbitos pela doença no mundo.
Em resposta, os autores do artigo original
afirmaram que as declarações de Queiroga e de seu secretário propagavam
informações falsas para criar uma narrativa distorcida e destacaram que, na
realidade, a gestão passada representou um fracasso histórico, conforme
demonstram dados e fatos históricos.
“A resposta catastrófica do governo carrega uma
grande responsabilidade em milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. A
campanha [do governo] desencorajou ativamente as medidas protetoras, como o uso
de máscaras e o distanciamento social”, afirma o texto.
Eles argumentaram que o ex-presidente minou a
confiança nas vacinas e promoveu o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
Além disso, alegaram que a falta de planejamento na campanha de vacinação
contra a Covid resultou na perda de milhões de doses de vacina, causando um
prejuízo estimado em R$ 2 bilhões aos cofres públicos.
No sábado (23), Queiroga declarou que os autores
eram “militantes do PT” e que ainda não havia tido a oportunidade de ler a
réplica. Quando questionado sobre os pontos mencionados no texto, o ex-ministro
argumentou que o governo Bolsonaro havia recebido o Ministério da Saúde em um
estado “destruído” pelas gestões anteriores do PT.
Quando perguntado sobre as ações da gestão
Bolsonaro na área da saúde, Queiroga mencionou o aumento no número de leitos de
UTI, passando de 23 mil para 30 mil. No entanto, é importante observar que
esses leitos de UTI Covid foram estabelecidos durante o auge da pandemia e,
posteriormente, uma portaria publicada em 31 de dezembro de 2021 resultou na
desativação da maioria desses leitos, deixando apenas cinco leitos adultos e
cinco pediátricos por hospital para pacientes.
Quanto às mortes durante a pandemia, o ex-ministro
indicou que poderia ter havido um excesso, mas argumentou que o Ministério da
Saúde não era o único responsável, pois atribuiu parte da responsabilidade aos
estados e municípios.
Sobre esse ponto, Marcelo Queiroga alegou que o
governo federal foi “proibido de agir por uma prerrogativa do STF [Supremo
Tribunal Federal]”, referindo-se à decisão de abril de 2020 do Supremo, que
determinou que estados e municípios tinham autonomia para estabelecer medidas
de combate à pandemia. No entanto, é relevante destacar que essa decisão não
restringiu a atuação do Ministério da Saúde.
O ex-ministro também negou atrasos na campanha de
vacinação e argumentou que a alta mortalidade durante a pandemia se deu devido
à natureza da própria pandemia. Ele teria afirmado que se considerarmos as
taxas per capita, o Brasil se saiu muito bem.
Até a última terça-feira (19), o Brasil registrou
705.645 óbitos por Covid-19. Desses, 412.880 ocorreram entre 1º de janeiro e 31
de dezembro de 2021, período em que as vacinas já estavam disponíveis. De
acordo com o Our World in Data, um painel que reúne estatísticas globais, o
Brasil é o segundo país com o maior número absoluto de mortes por Covid-19 e
concentrou 10% das mortes globais pela doença, apesar de ter apenas 2,9% da
população mundial.
“Faz parte da retórica da extrema direita dizer
isso. E dizer que temos um viés político, evidentemente, todo mundo tem, mas em
primeiro lugar, no nosso artigo original, colocamos os dados, os fatos,
diferente do que eles fazem”, disse Adriano Massuda, da FGV.
“Não existe isso de não ser responsabilidade. Está
na Constituição que o SUS é tripartite, os entes têm autonomia mas é
compartilhado”, afirmou.
De acordo com Márcia Castro, responsável por
liderar pesquisas sobre o aumento alarmante da mortalidade e a queda da
expectativa de vida no Brasil durante a pandemia de Covid, a carta divulgada
pelo ex-ministro é simplesmente um monumento à incompetência da gestão
anterior. Segundo ela, “Nós usamos informações e dados, qualquer pessoa com
acesso a um computador pode verificar que o que eles dizem é falso”.
SERGIO
MORO E MAMÃE FALEI SÃO OS PRÓXIMOS ALVOS DA AGU POR FAKE NEWS SOBRE BANHEIRO
UNISSEX
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania,
Silvio Almeida, acionou “para que sejam tomadas providências cabíveis em âmbito
administrativo, cível e criminal” a Advocacia-Geral da União (AGU) contra os
deputados Filipe Barros (PL-PR) e Nikolas Ferreira (PL-MG) por divulgação de
mentiras sobre a obrigatoriedade de banheiros unissex em escolas do país. Em
postagens no X (antigo Twitter), o ministro citou o senador Sergio Moro e o
ex-deputado estadual Arthur do Val como próximos alvos da AGU por propagarem as
mesmas fake news.
Na sexta (22), os deputados citados publicaram em
contas de redes sociais que o atual governo havia decretado a obrigatoriedade
de instalação de banheiros unissex das escolas brasileiras. O senador Sergio
Mouro (União-PR) e Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, chegaram a
repercutir as postagens em suas redes.
O ministro Silvio Almeida se posicionou sobre a
propagação de fake news em sua conta no X (antigo Twitter) nesse sábado (24).
Moro também reagiu nas redes sociais. Em comentário
publicado nas redes, ele criticou Silvio Almeida e o acusou de perseguir
parlamentares.
No ofício enviado à AGU, o ministro relata que o
deputado Nikolas Ferreira divulgou vídeo em que “distorce completamente”
resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+. O deputado
Filipe Barros divulgou que o Ministério dos Direitos Humanos “instituiu” o
banheiro unissex nas escolas brasileiras.
O texto esclarece que, diferentemente do que
afirmam os deputados, nem o ministro nem o presidente Lula tiveram qualquer
participação ou influência na produção da resolução.
•
“Pânico moral”
Ainda segundo o ofício, os comentários não foram
apenas ofensivos como também se tratam de crimes contra a honra e de dano moral
cometido em face do ministro e do presidente da República.
“Trata-se de divulgação de fake news que claramente
tem como objetivo provocar o pânico moral e expor ainda mais as pessoas
LGBTQIA+ ao ódio e à repulsa social provocada pelo preconceito e pela
discriminação”, escreveu o ministro.
“Vale ressaltar que o deputado Nikolas Ferreira se
tornou réu pelo crime de transfobia no último dia 21, consoante amplamente
divulgado pela imprensa profissional”, acrescenta Almeida, no documento.
As postagens se baseiam em uma resolução do
Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, um colegiado que reúne
integrantes do governo federal e da sociedade civil, na mesma proporção.
O texto apresenta orientações para escolas quanto
ao reconhecimento e adoção do nome social dos estudantes e indica diretrizes
para a condições de acesso e permanência de pessoas travestis, mulheres e
homens transexuais, e pessoas transmasculinas e não binárias em locais de
ensino.
Fonte: FolhaPress/Congresso em Foco
Nenhum comentário:
Postar um comentário