terça-feira, 26 de setembro de 2023

Ex-ministro da Saúde de Bolsonaro sofre surto psicótico e com mentiras delira sobre gestão Bolsonaro na saúde

O ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga e o ex-secretário de Atenção Primária Raphael Câmara Parente publicaram no último sábado (23) uma carta no periódico The Lancet em que rebatem críticas feitas à gestão do Ministério da Saúde durante a pandemia de Covid.

No texto, Queiroga e Parente afirmaram que os autores do artigo original demonstraram “preconceito em relação ao assunto ao usarem o pejorativo ‘extrema direita’ no título”, promovendo uma “manifestação de natureza político-partidária”.

Segundo eles, mais de 500 bilhões de reais foram gastos pelo governo anterior no manejo da pandemia para apoiar o sistema de saúde.

“O nosso governo enfrentou um sistema de saúde fraco, marcado pela escassez de camas de UCI, onde os pacientes com baixos rendimentos só conseguiam camas vagas por decisão judicial. Além disso, foi o governo Bolsonaro, e não o Partido dos Trabalhadores, que criou a Secretaria de Atenção Primária à Saúde”, afirmaram o ex-ministro da Saúde e o ex-secretário.

Queiroga comandou a pasta de março de 2021 até dezembro de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Na mesma edição, o Lancet publicou uma réplica dos autores das críticas. Entre eles estão o professor da FGV Adriano Massuda, o consultor nacional da Opas (Organização Pan-americana de Saúde) e professor da UnB Rafael Dall’Alba, os ex-ministros da Saúde André Chioro (2014-2015) e José Gomes Temporão (2007-2011) e a demógrafa Marcia Castro, colunista da Folha de S.Paulo.

O periódico The Lancet é considerado o mais prestigiado na área médica do mundo.

No artigo original, publicado em fevereiro na mesma revista, os autores sugeriram medidas para recuperar a ação coordenada do Ministério da Saúde depois de um "governo de extrema direita". Eles citaram, por exemplo, a necessidade de aumentar o financiamento do SUS, de reduzir desigualdades regionais no acesso à saúde e de fortalecer a atenção primária.

Também mencionaram ações com resultados desastrosos da gestão anterior na saúde: crise sanitária na Terra Indígena Yanomami, mortes por Covid, deterioração de indicadores de saúde e aumento da mortalidade materna nos últimos quatro anos.

Queiroga e Parente, por sua vez, começaram o seu texto criticando o que consideraram "uso pejorativo do termo extrema direita", o que denota "viés subjetivo". Para eles, há ação política dos autores.

Ainda segundo eles, foram escondidos dados positivos da gestão do antigo governo. Bolsonaro, continuaram eles, "encarou a maior e mais substancial emergência sanitária que o mundo já viu", mas "fez mais do que qualquer outra na história do país" pela saúde.

Por fim, Queiroga e Parente escreveram que o artigo dos críticos "serve apenas para justificar os horrores que virão e já estão surgindo desde o início do novo governo, há nove meses, quando nenhuma política pública de saúde foi anunciada".

Na réplica, os autores do primeiro artigo declararam que as falas de Queiroga e de seu secretário "disseminam mentiras para construir uma realidade distorcida" e que a gestão representou, na verdade, um fiasco histórico, como mostram os dados e fatos históricos.

"A resposta catastrófica do governo carrega uma grande responsabilidade em milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. A campanha [do governo] desencorajou ativamente as medidas protetoras, como o uso de máscaras e o distanciamento social", diz o texto.

Afirmaram que o ex-presidente minou a confiança em vacinas e promoveu o uso de drogas sem eficácia. Também dizem que a falta de planejamento para a vacinação contra Covid levou milhões de doses de vacina a perderem o prazo, em um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões aos cofres públicos.

No sábado (23), por telefone, Queiroga disse à reportagem que os autores são "militantes do PT" e que ainda não havia lido a réplica. Questionado sobre os pontos levantados no texto, o ex-ministro afirmou que o governo Bolsonaro recebeu o ministério "destruído" por gestões passadas do PT.

Ao ser perguntado o que a gestão Bolsonaro fez para a saúde, o ex-ministro citou o aumento de leitos de UTI de 23 mil para 30 mil. Na verdade, o governo implantou leitos de UTI Covid durante o pico da pandemia, mas uma outra portaria, publicada em 31 de dezembro de 2021, desmobilizou a maioria dos leitos, destinando apenas cinco adultos e cinco pediátricos por hospital para pacientes.

Em relação às mortes durante a pandemia, o cardiologista afirmou que pode ter havido um excesso, mas disse que "o Ministério da Saúde não seria responsável, são os estados e municípios".

Sobre esse ponto, o ministro argumentou que foram "proibidos de agir por uma prerrogativa do STF [Supremo Tribunal Federal]", em referência à determinação em abril de 2020 do Supremo de deixar aos estados e municípios definirem as leis para adoção de medidas sanitárias. A decisão, no entanto, não restringia o poder de atuação da pasta.

Queiroga acrescentou que não houve atraso na vacinação e que a mortalidade excessiva ocorreu por ser uma pandemia. "Se pegar as taxas per capita, o Brasil se saiu muito bem".

Até a última terça (19), 705.645 pessoas morreram por Covid no Brasil. Destas, 412.880 foram de 1º de janeiro até 31 de dezembro de 2021, quando já havia vacinas disponíveis.

Segundo o Our World in Data, painel que reúne estatísticas demográficas globais, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de mortes absolutas por Covid. Além disso, embora tenha 2,9% da população mundial, o país concentrou 10% dos óbitos pela doença no mundo.

Em resposta, os autores do artigo original afirmaram que as declarações de Queiroga e de seu secretário propagavam informações falsas para criar uma narrativa distorcida e destacaram que, na realidade, a gestão passada representou um fracasso histórico, conforme demonstram dados e fatos históricos.

“A resposta catastrófica do governo carrega uma grande responsabilidade em milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. A campanha [do governo] desencorajou ativamente as medidas protetoras, como o uso de máscaras e o distanciamento social”, afirma o texto.

Eles argumentaram que o ex-presidente minou a confiança nas vacinas e promoveu o uso de medicamentos sem eficácia comprovada. Além disso, alegaram que a falta de planejamento na campanha de vacinação contra a Covid resultou na perda de milhões de doses de vacina, causando um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões aos cofres públicos.

No sábado (23), Queiroga declarou que os autores eram “militantes do PT” e que ainda não havia tido a oportunidade de ler a réplica. Quando questionado sobre os pontos mencionados no texto, o ex-ministro argumentou que o governo Bolsonaro havia recebido o Ministério da Saúde em um estado “destruído” pelas gestões anteriores do PT.

Quando perguntado sobre as ações da gestão Bolsonaro na área da saúde, Queiroga mencionou o aumento no número de leitos de UTI, passando de 23 mil para 30 mil. No entanto, é importante observar que esses leitos de UTI Covid foram estabelecidos durante o auge da pandemia e, posteriormente, uma portaria publicada em 31 de dezembro de 2021 resultou na desativação da maioria desses leitos, deixando apenas cinco leitos adultos e cinco pediátricos por hospital para pacientes.

Quanto às mortes durante a pandemia, o ex-ministro indicou que poderia ter havido um excesso, mas argumentou que o Ministério da Saúde não era o único responsável, pois atribuiu parte da responsabilidade aos estados e municípios.

Sobre esse ponto, Marcelo Queiroga alegou que o governo federal foi “proibido de agir por uma prerrogativa do STF [Supremo Tribunal Federal]”, referindo-se à decisão de abril de 2020 do Supremo, que determinou que estados e municípios tinham autonomia para estabelecer medidas de combate à pandemia. No entanto, é relevante destacar que essa decisão não restringiu a atuação do Ministério da Saúde.

O ex-ministro também negou atrasos na campanha de vacinação e argumentou que a alta mortalidade durante a pandemia se deu devido à natureza da própria pandemia. Ele teria afirmado que se considerarmos as taxas per capita, o Brasil se saiu muito bem.

Até a última terça-feira (19), o Brasil registrou 705.645 óbitos por Covid-19. Desses, 412.880 ocorreram entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2021, período em que as vacinas já estavam disponíveis. De acordo com o Our World in Data, um painel que reúne estatísticas globais, o Brasil é o segundo país com o maior número absoluto de mortes por Covid-19 e concentrou 10% das mortes globais pela doença, apesar de ter apenas 2,9% da população mundial.

“Faz parte da retórica da extrema direita dizer isso. E dizer que temos um viés político, evidentemente, todo mundo tem, mas em primeiro lugar, no nosso artigo original, colocamos os dados, os fatos, diferente do que eles fazem”, disse Adriano Massuda, da FGV.

“Não existe isso de não ser responsabilidade. Está na Constituição que o SUS é tripartite, os entes têm autonomia mas é compartilhado”, afirmou.

De acordo com Márcia Castro, responsável por liderar pesquisas sobre o aumento alarmante da mortalidade e a queda da expectativa de vida no Brasil durante a pandemia de Covid, a carta divulgada pelo ex-ministro é simplesmente um monumento à incompetência da gestão anterior. Segundo ela, “Nós usamos informações e dados, qualquer pessoa com acesso a um computador pode verificar que o que eles dizem é falso”.

 

       SERGIO MORO E MAMÃE FALEI SÃO OS PRÓXIMOS ALVOS DA AGU POR FAKE NEWS SOBRE BANHEIRO UNISSEX

 

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, acionou “para que sejam tomadas providências cabíveis em âmbito administrativo, cível e criminal” a Advocacia-Geral da União (AGU) contra os deputados Filipe Barros (PL-PR) e Nikolas Ferreira (PL-MG) por divulgação de mentiras sobre a obrigatoriedade de banheiros unissex em escolas do país. Em postagens no X (antigo Twitter), o ministro citou o senador Sergio Moro e o ex-deputado estadual Arthur do Val como próximos alvos da AGU por propagarem as mesmas fake news.

Na sexta (22), os deputados citados publicaram em contas de redes sociais que o atual governo havia decretado a obrigatoriedade de instalação de banheiros unissex das escolas brasileiras. O senador Sergio Mouro (União-PR) e Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, chegaram a repercutir as postagens em suas redes.

O ministro Silvio Almeida se posicionou sobre a propagação de fake news em sua conta no X (antigo Twitter) nesse sábado (24).

Moro também reagiu nas redes sociais. Em comentário publicado nas redes, ele criticou Silvio Almeida e o acusou de perseguir parlamentares.

No ofício enviado à AGU, o ministro relata que o deputado Nikolas Ferreira divulgou vídeo em que “distorce completamente” resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+. O deputado Filipe Barros divulgou que o Ministério dos Direitos Humanos “instituiu” o banheiro unissex nas escolas brasileiras.

O texto esclarece que, diferentemente do que afirmam os deputados, nem o ministro nem o presidente Lula tiveram qualquer participação ou influência na produção da resolução.

•        “Pânico moral”

Ainda segundo o ofício, os comentários não foram apenas ofensivos como também se tratam de crimes contra a honra e de dano moral cometido em face do ministro e do presidente da República.

“Trata-se de divulgação de fake news que claramente tem como objetivo provocar o pânico moral e expor ainda mais as pessoas LGBTQIA+ ao ódio e à repulsa social provocada pelo preconceito e pela discriminação”, escreveu o ministro.

“Vale ressaltar que o deputado Nikolas Ferreira se tornou réu pelo crime de transfobia no último dia 21, consoante amplamente divulgado pela imprensa profissional”, acrescenta Almeida, no documento.

As postagens se baseiam em uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, um colegiado que reúne integrantes do governo federal e da sociedade civil, na mesma proporção.

O texto apresenta orientações para escolas quanto ao reconhecimento e adoção do nome social dos estudantes e indica diretrizes para a condições de acesso e permanência de pessoas travestis, mulheres e homens transexuais, e pessoas transmasculinas e não binárias em locais de ensino.

 

Fonte: FolhaPress/Congresso em Foco

 

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