Deepfakes: saiba como se proteger
Deepfake é um tipo de mídia digital (vídeo, áudio e imagens) editada e
manipulada com o uso de inteligência
artificial (IA). O resultado é obtido através de uma
tecnologia conhecida como “machine learning” ou “aprendizagem
automática”. Nela, a IA aprende coisas novas por meio do consumo de
informações. Apesar de ser um recurso recente, as deepfakes já apresentam diversos riscos para a segurança
cibernética.
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Como funciona a deepfake?
De maneira simples, a técnica de deepfake funciona por meio de
algoritmos de deep learning (aprendizado profundo) e machine
learning. Eles são alimentados com exemplos de imagens, vídeos e áudios,
que servem para produzir o resultado desejado: uma mídia digital falsa
semelhante ao exemplo que recebido.
Ou seja, uma forma prática de exemplificar o
funcionamento do deepfake é
a forma como os humanos descobrem o mundo. Por exemplo, um recém-nascido coloca
objetos na boca toda hora e percebe que eles não são comestíveis. Depois de um
tempo fazendo isso, a criança vai saber separar o que pode colocar na boca e o
que não pode.
Sendo assim, a máquina recebe a informação exemplo,
a analisa várias vezes em diversos níveis neurais diferentes e só então
constrói um resultado semelhante, mas que não existe.
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Funcionamento de
deepfakes de forma técnica
As deepfakes usam
dois algoritmos para criar e refinar o conteúdo falso: um gerador e um
discriminador. A função do gerador é construir e treinar informações baseadas
no que é necessário para obter o resultado desejado. Desta maneira, ele cria o
primeiro conteúdo digital falso com base no exemplo que lhe foi
fornecido.
A partir disso entra o discriminador, esse
algoritmo tem como função analisar o quão realista é o conteúdo falso criado
pelo gerador. Esse processo é repetido várias vezes até que os dois algoritmos
aperfeiçoem suas habilidades, criando a mídia digital falsa mais realista
possível.
A junção do discriminador e do gerador formam uma “generative
adversarial network (GAN)” ou rede adversarial generativa. A GAN usa
da técnica de deep learning para reconhecer padrões em imagens
reais e recriar esses padrões nos conteúdos falsos. Por exemplo:
- Quando cria-se uma imagem de deepfake, o sistema da GAN analisa todos os ângulos do
exemplar, capturando todas as perspectivas e detalhes;
- No caso de um vídeo, cabe a rede adversarial generativa a função
de analisar as ações, os movimentos e os padrões de fala presentes no
conteúdo;
- Para áudios a GAN clona o som da voz de uma pessoa e cria um
modelo baseado nos seus padrões de fala, que repete tudo aquilo que o
criador desejar;
- Essa informação é lida pelo discriminador várias vezes, até que o
gerador produza um resultado mais realista;
O tempo de criação da deepfake depende do trabalho que os algoritmos têm que fazer,
podendo ser de algumas horas ou alguns dias. No final é possível obter um
pedaço de mídia em que um indivíduo fala ou faz algo que nunca fez ou faria.
Além disso, o rosto de alguém pode ser trocado com o corpo de outra pessoa,
para criar uma situação inexistente.
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Quem criou a deepfake?
As raízes da deepfake surgiram com a manipulação de fotos em softwares como
o Adobe Photoshop, por volta de 2010. Foi nessa época que os
computadores ficaram mais baratos e a tecnologia das IAs começaram a ficar mais
sofisticadas.
Em 2014, na Universidade de Montreal, o pesquisador
Ian Goodfellow criou a primeira rede adversária generativa, que viria a ser o
coração das deepfakes. Em
2017, uma conta anônima do Reddit postou uma série de vídeos pornográficos usando deepfake para inserir rostos de
pessoas famosas. Esse conteúdo se tornou viral e a prática foi ganhando
seguidores.
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Quais as tecnologias
necessárias para criar uma deepfake?
Para desenvolver uma verdadeira deepfake é necessário trabalhar
com as seguintes tecnologias:
# GAN:
- a rede adversária generativa é usada na produção de todo conteúdo deepfake;
# Redes neurais
convolucionais:
- analisam os padrões de dados visuais e são usadas
para reconhecimento facial e rastreio de movimentos;
# Autoencoders:
- redes neurais usadas para identificar atributos e
padrões importantes para a recriação de expressões faciais e movimentos
corporais;
# Processamento de
linguagem natural:
- responsável por criar áudios de deepfake. Esse algoritmo que analisa
os atributos de fala de um indivíduo e gera textos originais para que a voz
reproduza;
# Computação de alto
desempenho (HPC):
- um tipo de computação que oferece a energia necessária para a produção
de deepfakes;
De acordo com o relatório “Ameaça crescente de deepfakes“,
do Departamento de Segurança Interna dos EUA, os softwares mais
usados para gerar esses conteúdos falsos são:
- Deep Art
Effects
- Deepswap
- Deep Video
Portraits
- FaceApp
- FaceMagic
- MyHeritage
- Wav2Lip
- Wombo
- Zao
>>>> Quais
são os riscos da deepfake?
As deepfakes podem
ser um perigo para a segurança cibernética das pessoas e de governos. Um dos
primeiros casos a estourar, como citado acima, foi a divulgação de pornografia
sem consentimento com o rosto de pessoas famosas. Ou seja, logo de início essa
falsificação causou dano ao ser humano.
Entre os principais riscos das deepfakes pode se encontrar a
criação de conteúdo falso para chantagear e danificar a reputação de um
indivíduo. Esse fator é nocivo não só para pessoas comuns, mas também em
políticas. Afinal, mídias digitais criadas para difamar alguém podem ter poder
sobre eleições e momentos delicados da política e economia mundial.
Sem contar que as deepfakes abrem o caminho para a produção de falsas
evidências, fraudes, disseminação de desinformação e manipulação de dados. Os
impactos negativos deste tipo de tecnologia podem ser sentidos em pequena e
grande escala.
Um exemplo é o que aconteceu em 2022, durante a
invasão da Rússia na Ucrânia. Foi vazado uma deepfake em que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky,
aparece comandando as tropas do país a se renderem aos russo. O vídeo foi
desmentido, mas mesmo assim teve um impacto significativo na situação delicada
da época.
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Como se proteger de
deepfakes?
No Brasil, ainda não existe uma legislação
específica para o combate de deepfakes.
Porém, é possível se defender juridicamente dependendo da situação:
- Em casos de deepfakes pornográficas
é possível apelar a Lei
Carolina Dieckmann (Lei nº
12.737/2012) e a Lei
de Importunação Sexual (Lei nº
13.718/2018);
- Situações políticas durante as eleições podem ser enquadradas pelo
Código Eleitoral (Lei
nº 4.737/1965);
- Alguns casos são previstos na Lei
de Crimes Cibernéticos (Lei nº
12.737/2012), no Marco
Civil da Internet (Lei nº
12.965/2014 — “MCI”) e na Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei
nº 13.709/2018);
É importante que as pessoas desenvolvam sua
literacia midiática. Ou seja, sejam educadas para discernir o que é informação
falsa e o que não é, quais portais confiar e quais evitar. Na hora de
identificar uma deepfake fique
atento para:
- Posicionamento facial anormal ou estranho;
- Movimento facial ou corporal não natural;
- Coloração não natural;
- Vídeos que parecem estranhos quando ampliados ou aumentados;
- Áudio inconsistente;
- Pessoas que não piscam os olhos;
- Erros ortográficos;
- Frases que não fluem naturalmente;
- Endereços de e-mail de origem suspeita;
- Frases que não correspondem ao suposto remetente;
- Mensagens fora de contexto que não são relevantes para qualquer
discussão, evento ou problema;
Existem softwares que podem
facilitar a identificação deste tipo de conteúdo. A Adobe, Microsoft,
Operation Minerva e a Sensity são algumas empresas que fornecem
ferramentas para a proteção de mídias digitais. Além da detecção de
falsificações em informações e dados.
Fonte: eCycle
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