Coisas da Bahia: Jerônimo mão de tesoura e Rui(m) com nervos à flor da
pele
Petistas e demais canhotos da base do governo na
Assembleia foram os que mais saíram chamuscados da sessão que aprovou o
pagamento de precatórios aos professores, retirando deles o direito aos juros e
correção de mora. Olívia Santana (PCdoB), presidente da Comissão de Educação,
foi tratada como “traidora” porque deu as costas para a categoria que diz
representar. Mas a ironia mesmo ficou por conta do deputado Zé Raimundo (PT),
que é chamado internamente na Alba de “professor”. Coube a ele, como
vice-presidente da Casa, tocar boa parte da sessão, mas como a condução foi
ficando cada vez mais vermelha e os protestos da oposição e dos professores nas
galerias só aumentava, o presidente Adolfo Menezes (PSD) reassumiu a cadeira
para equilibrar a mediação, já que o “professor da presidência” estava
atropelando os professores da vida real.
<><> Jerônimo mãos de tesoura
No resumo da ópera, a base governista autorizou
Jerônimo a dar um calote de quase R$ 1 bilhão nos trabalhadores da educação.
Mas o prejuízo não ficou limitado aos precatórios. Jerônimo também mandou
cortar o salário dos professores que aderiram à paralisação para protestar por
seus direitos. Muitos deles tiveram perda de cerca de R$ 800, segundo relataram
nas redes sociais. A maior indignação da classe é que Jerônimo, professor por
formação, age na prática como um ditador, fazendo política com chicote na mão.
• Nervos
à flor da pele
Após provocar insatisfação quase unânime de colegas
da Esplanada dos Ministérios e parlamentares, o ministro Rui Costa (PT) agora é
alvo de queixa até mesmo de seus assessores mais próximos. O petista anda tão
irritado, que desconta toda a sua ira nos auxiliares. Dos poucos que
acompanharam Rui na mudança para Brasília, a maioria já está arrependida diante
da grosseria diária e frequente do ministro. Alguns já dizem que estão
amargamente arrependidos e sonham em voltar para a Bahia.
<><> Fugindo do Chefe
O nível máximo do estresse de Rui, até aqui,
ocorreu nesta semana, quando o ministro foi alvo de críticas da imprensa
nacional, mas não por sua atuação na Casa Civil, e sim por sua gestão como
governador da Bahia na área da segurança pública. Jornalistas renomados como
Josias de Souza e Elio Gaspari, que chamou Rui de negacionista, não pouparam
críticas ao governo de Rui. Na semana anterior, vale lembrar, Rui chegou a ser
chamado de “terraplanista da segurança” por suas declarações de não reconhecer
os levantamentos oficiais sobre violência no país. Os assessores mais espertos
têm evitado encontrar-se com o chefe nesses momentos. “Sabem que vai acabar
sobrando para eles”, ironiza um conhecido petista baiano.
• Tic
tac
Uma certa empresa que tem contratos milionários com
o Governo da Bahia deve ser alvo de uma operação policial nas próximas semanas.
Somente em 2023, a tal corporação já recebeu R$ 176 milhões do governo e, desde
2013, a soma já se aproxima de R$ 1 bilhão. As investigações já estão sendo
realizadas e apontam indícios de diversas irregularidades. Os sócios da
empresa, pelo que se comenta, já são velhos conhecidos da polícia.
• Tudo
em casa
Surpreendeu a muitos a defesa do deputado estadual
Robinson Almeida (PT) à candidatura de Aline Peixoto para o Tribunal de Contas
dos Municípios (TCM) às vésperas da votação, ocorrida em março. Ligado ao
senador Jaques Wagner (PT), Robinson sempre criticava nos bastidores a
indicação da ex-primeira-dama da Bahia e esposa de Rui Costa (PT) para um dos
cargos mais cobiçados do meio político. Meses depois a coluna descobriu o
motivo. O pré-candidato a prefeito de Salvador pelo PT emplacou sua esposa,
Everli Carvalho de Almeida, no gabinete de Aline Peixoto, com salários mensais
de R$ 18 mil. Agora ficou tudo em casa.
• Moeda
de troca
Os irmãos Vieira Lima ficaram bastante aborrecidos
com o lançamento do deputado estadual Robson Almeida como pré-candidato do PT à
Prefeitura de Salvador. O movimento praticamente sepulta a candidatura de
Geraldo Jr. (MDB). Mas não que eles estivessem preocupados com o atual
vice-governador. Há quem diga que o lançamento de Geraldo era um balão de
ensaio e serviria para o MDB negociar mais uma secretaria no governo do estado.
<><> Prêmio de Consolação
E por falar em Geraldo Junior: o atual presidente
do MDB no estado, Alex Futuca, foi reconduzido ao cargo durante convenção do
partido. Sobrou para Geraldo ser delegado da legenda da Bahia na convenção
nacional.
• O
mistério da Ford
A bancada de oposição na Assembleia está atrás de
respostas sobre o que foi feito com cerca de R$ 2 bilhões que a Ford pagou ao
Governo da Bahia em forma de indenização. A caravana para saber o valor exato,
a data do recebimento e aplicação dos recursos começou pela Secretaria da
Fazenda, vai passar pelo Tribunal de Contas do Estado até chegar no Ministério
Público. Uma das suspeitas é que a bolada pode ter sido usada para turbinar as
ações de governo que tinham clara finalidade eleitoral, como os inúmeros convênios
assinados de última hora com prefeituras para conseguir apoios pelo interior do
Estado. A investigação só deve terminar depois que o caminho do dinheiro for
encontrado e revelado para todo mundo ver.
• Até
os mortos trabalham
O prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), tem
vivido um verdadeiro inferno astral nas últimas semanas. Após o vazamento de
uma lista com quase 800 supostos funcionários fantasmas, o prefeito vem sendo
bombardeado nas redes sociais e viu aumentarem às críticas ao seu governo, como
as deficiências no atendimento de uma UPA, além da prometida recuperação do
estádio municipal que não sai do papel. As queixas, que se intensificaram,
também têm como alvo deficiências na rede municipal de ensino, com a falta de
profissionais. E sobre os supostos servidores fantasmas, na semana passada, o
prefeito até foi para uma rádio amiga e admitiu as indicações políticas, mas
disse que todo mundo trabalha. Só não explicou como trabalham as pessoas que
faleceram e aqueles que moram em outros países.
• Entrando
de Solla
A disputa pelo comando do Conselho Regional de
Enfermagem (Coren-BA) tem uma batalha política como pano de fundo. A entidade,
aparelhada pelo PT, tem duas candidaturas ligadas ao partido: a chapa 1, do
grupo que comanda hoje o conselho e é ligado ao deputado federal Jorge Solla; e
chapa 3, com o apoio do senador Jaques Wagner. Enquanto isso, a chapa 2 decidiu
adotar uma estratégia da independência, defendendo a realização de fiscalização
em hospitais e até pautas de interesse da categoria sem amarras políticas. Não
é segredo para ninguém que o grupo que controla o conselho tem pautas que nem
sempre atendem ao interesse da categoria, mas sim de questões político
partidárias. Será que a enfermagem vai aceitar?
Petistas
baianos se esquivam sobre possíveis alianças com PL
Petistas baianos procurados pela Tribuna optaram
pelo silêncio em relação à aprovação de uma resolução do PT para as eleições
municipais de 2024 que cria possibilidades para alianças com o PL, partido do
ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ontem, a reportagem buscou entrar em contato com
Éden Valadares, presidente do PT na Bahia, contudo, sua equipe de comunicação
informou que até o momento de fechamento desta publicação, não havia conseguido
contato com o líder partidário.
Membros da Assembleia Legislativa da Bahia do PT
também se abstiveram de comentar a controvérsia, como Júnior Muniz, também
contatado. Robinson Almeida, por exemplo, cujo nome foi recentemente aprovado
pelo diretório municipal do partido para concorrer à Prefeitura de Salvador no
próximo ano, não respondeu, por meio de sua equipe, às perguntas feitas pela
Tribuna.
O comunicado em questão foi liberado pelo PT nesta
quarta-feira. Dirigentes petistas apoiam acordos com o PL nos municípios onde
houver convergência de interesses - no Rio, como exemplo, existem sondagens em
andamento entre os dois partidos em municípios da Baixada Fluminense e da
Região Metropolitana.
Durante a reunião do diretório nacional no início
desta semana, a cúpula do PT apresentou uma proposta de resolução que, entre
outros pontos, proíbe alianças com "candidatos e candidatas associados ao
projeto bolsonarista". Houve, anteriormente, uma tentativa de fortalecer o
texto, para vetar que candidatos petistas apoiassem ou fossem apoiados por
membros do PL nas próximas eleições.
A sugestão de uma proibição mais severa ao PL foi
liderada pelo historiador Valter Pomar, uma das principais figuras da corrente
interna Articulação Esquerda, e adotada por outras alas minoritárias no
diretório nacional. Detentora da maioria das posições no diretório, a corrente
Construindo um Novo Brasil (CNB), integrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, impediu a alteração no texto e manteve a restrição apenas ao que for considerado
como "projeto bolsonarista", sem especificar a filiação
partidária.
Na reunião do diretório nacional do PT de terça,
outro alvo de divergência foi o trecho da resolução que condena a violência
praticada por policiais. A menção à violência policial ocorre em um momento em
que a Bahia, estado governado ininterruptamente pelo PT nos últimos 14 anos, é
palco de índices elevados de mortes violentas e de letalidade provocada por
ação policial.
Fonte: Correio/Tribuna da Bahia
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