terça-feira, 26 de setembro de 2023

Antigo Hospital Espanhol, em Salvador, deixou rastro de dívidas

Fechado em 2014 após falência, e reaberto em 2019 como um referencial Centro de Tratamento para Covid, o Hospital Espanhol, hoje Hospital Dois de Julho, começou em agosto deste ano a retomar suas atividades focando no atendimento em clínica geral  - diversas especialidades - após investimento amplo do governo da Bahia, que arrematou o equipamento.

Embora haja do Estado investimento para reativar mais de 270 leitos e modernizar a estrutura, o hospital, outrora referências da Bahia e do Brasil, deixou com sua falência um rastro de dívidas: mais de três mil funcionários – entre médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares da saúde – foram demitidos em 2014 e até hoje aguardam os direitos trabalhistas e indenizatórios já garantidos pelo Tribunal Regional do Trabalho que seria de responsabilidade do próprio governo da Bahia.

Esta situação levou o  Sindicato dos Trabalhadores da Rede Privada de Saúde do Estado da Bahia (SINDISAÚDE) e o Sindicato dos Enfermeiros (SEEB) a realizarem uma coletiva a imprensa, ontem, para cobrar a indenização e pressionar o governo da Bahia, a quem cabe a responsabilidade de quitação.  Pelo menos é o que afirma a diretora financeira do SEEB, Lúcia Dique.

Segundo Lúcia, o governador atual, Jerônimo Rodrigues, informou que investiria uma verba para o pagamento, mas o valor está aquém do ideal. “O dinheiro só vai quitar uma parte da dívida trabalhista. Os trabalhadores vão receber em torno de uns 40% a 50% da dívida, no máximo. São dez anos, tem gente que nem viva mais está”,  informou.

•        Histórico

Logo após seu fechamento em 2014, o então governador Jaques |Wagner, à época, baixou decreto proibindo o espaço de ser utilizado para outro tipo de fim que não o hospitalar e declarando-o como bem de utilidade pública. O texto também obrigava que quem tomasse a frente da unidade assumisse a dívida. Em 2019, o governo da Bahia adquiriu o equipamento por R$ 89 milhões, quando reativou como centro de tratamento de Covid,  mas os três mil funcionários que foram demitidos continuam a ver navios.

Neste 2023, o Espanhol completa 128 anos de existência – foi fundado pela Real Sociedade  Espanhola em 1885 e durante anos foi um dos principais do país. Agora, atua com uma terceirizada.  “O governo da Bahia fala que vai repassar a verba, faz de conta que não tem responsabilidade com a dívida trabalhista, mas tem sim. Se na época tivesse repassado para um Consórcio, talvez estes 3 mil funcionários já tivessem recebido’,conta.

Conhecido por estar localizado em uma área privilegiada da capital baiana, o bairro da Barra, o Hospital Espanhol tem uma história louvável que muito orgulha os funcionários que foram demitidos. É o caso de Perpetua Maria França Andrade, também à espera do pagamento das dívidas trabalhistas: por 18 anos ela foi enfermeira atuando em unidade aberta: todas as especialidades, inclusive em infectologia, um dos destaques do equipamento.

“È triste que nós, que estivemos lá nos tempos áureos, vivenciamos tantas coisas, estejamos passando por essa situação. Lá tinha os melhores profissionais, os mais preparados e humanizados”, conta.

Pérpetua lembra que o setor de infectologia era um dos mais bem quistos e, logo em 1996, quando ela entrou, a unidade estava na luta do combate à AIDS e fazendo testes para a utilização do antirretroviral em Pessoas que Vivem com HIV. “Foi um momento ímpar na vida de todos nós. Todos os pesquisadores, especialistas em infectologia passavam pelo setor. Foi um período muito doloroso lidar com pacientes em situação de AIDS e que ainda não encontravam respostas em tratamentos. E por outro lado vivenciei a evolução da ciência. O Espanhol colaborou com o Brasil ser o país pioneiro no tratamento da AIDS. Ver que nós, profissionais deste período, com essa trajetória, estamos sendo desrespeitados nos nossos direitos trabalhistas é entristecedor”, destaca.

 

       Prefeitura e Osid firmam parceria de reabilitação física e emocional para idosos

 

A Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) e as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) firmaram uma parceria para a requalificação da praça do Centro de Geriatria e Gerontologia Júlia Magalhães, no Bonfim. Com vigência até agosto de 2025, o termo de fomento assinado promoverá o repasse no valor de mais de R$ 1,2 milhão, proveniente do Fundo Municipal da Pessoa Idosa (FMPI).

O objetivo é oferecer aos idosos atendidos pela instituição um espaço ao ar livre para a realização de atividades de reabilitação física e emocional. O titular da Sempre, Júnior Magalhães, celebrou a iniciativa, destacando os esforços para ajudar na obra.

“Estamos capacitando equipe, estudando modelos de boas práticas de outros municípios e buscando referências em instituições com expertise, como as Osid, para oferecer serviços socioassistenciais e proporcionar mais dignidade aos idosos que são assistidos por eles”, afirmou.

Maria Rita Pontes, superintendente das Osid, aproveitou a oportunidade para agradecer a parceria com o município e também ressaltou a necessidade da intervenção para o cuidado dos pacientes atendidos: “O que nos inspirou foi observar a condição dos idosos, e com a realização desse projeto proporcionaremos um espaço de socialização e dignidade para eles”.

 

       Brasileiros se dividem sobre legalização de psicodélicos como remédios

 

A primeira pesquisa nacional sobre uso terapêutico de substâncias psicodélicas, realizada pelo Datafolha em 12 e 13 de setembro, mostra brasileiros divididos sobre a legalização medicinal desses fármacos: 43% se declaram a favor e 46%, contra. Sem opinião se dizem 10% dos entrevistados, e 2%, indiferentes.

Há diferenças significativas entre grupos populacionais. Registra-se mais apoio a psicodélicos medicinais do lado dos homens (49%, contra 37% de mulheres) e de jovens de 16 a 24 anos (47%, perante 36% de 60 anos em diante).

Entre os 62% que ouviram falar em psicodélicos, um quinto afirmou considerar-se bem informado. Mais ou menos informados são 31%, e 12%, mal informados. Como seria de esperar, mostram-se mais favoráveis a esses tratamentos pessoas com conhecimento do tema (49% apoiam, versus 33% dos que desconhecem).

A pesquisa ouviu 2.016 pessoas em 139 municípios de todo o Brasil. A margem de erro máxima para o total da amostra é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Nota-se um descompasso entre católicos e evangélicos: os primeiros divididos, 44% contra e 44% a favor do uso medicinal, e os últimos majoritariamente contra (51% a 36%). Neste caso, a diferença fica próxima do limite entre margens de erro específicas para os dois contingentes, respectivamente de 3 e 4 pontos percentuais.

Psicodélicos, também conhecidos como alucinógenos, são compostos proibidos na maior parte dos países. No Brasil, LSD, psilocibina de cogumelos e MDMA (ecstasy, bala, molly) integram a lista F da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de substâncias de uso proscrito.

A exceção é a ayahuasca, ou daime. Mesmo contendo o composto proibido DMT (dimetiltriptamina), o chá pode ser tomado legalmente no país, desde que em contexto religioso.

A proibição dessas substâncias alteradoras da consciência se espalhou pelo mundo a partir de 1970, com a chamada guerra às drogas declarada nos EUA. Foi uma reação ao consumo de LSD e maconha por jovens pacifistas no movimento a contracultura. A proscrição, entretanto, está sob revisão em alguns países.

O principal impulso por trás do revisionismo vem da ciência biomédica. Estudos clínicos vêm mostrando, de uma década para cá, potencial terapêutico promissor de MDMA e psilocibina, principalmente, para tratar transtornos como estresse pós-traumático e depressão resistente aos medicamentos disponíveis.

É de supor que, à medida que esse potencial se confirme e psicodélicos sejam aprovados para uso psicoterapêutico nos EUA em 2024 ou 2025, como se espera, a divisão de opiniões no Brasil se resolva em favor da regulamentação. A pesquisa Datafolha traz indícios nessa direção.

Questionados sobre a hipótese de um médico de confiança receitar tratamento com psicodélicos como o mais indicado, uma ligeira maioria (52%) diz que concordaria; destes, aceitariam com certeza 36%, e outros 16%, talvez. Outros 43% disseram que não estariam de acordo com isso.

A legalização do uso religioso de psicodélicos, apesar de a ayahuasca ser legalizada no Brasil em cerimônias de igrejas como Santo Daime, União do Vegetal e Barquinha, é condenada por 62% e favorecida por 25%. A taxa dos contrários, aqui, é um pouco mais alta entre evangélicos (69%) na comparação com católicos (62%).

Marcante, por outro lado, revela-se a recusa da legalização completa do uso de psicodélicos, ou seja, para venda e recreação: 80% contra e meros 11% a favor. Os indiferentes são 2% e 7% não opinaram.

Os entrevistados, por outro lado, demonstram confiança limitada na capacidade de autoridades decidirem sobre o uso medicinal de substâncias psicoativas como psicodélicos e maconha. No Congresso confiam 43% e não confiam 55%; no governo federal, 50% e 48%, respectivamente.

Bem melhor se saem cientistas, nos quais a confiança vai a 77%, e profissionais de saúde, com 74%. No fundo do poço ficam líderes religiosos, apesar da influência eleitoral e parlamentar que exercem nessa discussão: 60% não confiam neles para decidir isso, e só 37% confiam (9% muito, 28% um pouco)

 

Fonte: Tribuna da Bahia/FolhaPress

 

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