Operação Rui Costa para aprovação da esposa para o TCM, foi jogo bruto
O
governador Jerônimo Rodrigues respirou aliviado e espera ter autonomia de agora
em diante depois de ter finalmente realizado o desejo do seu antecessor Rui
Costa de colocar a ex-primeira-dama Aline Peixoto no Tribunal de Contas dos
Municípios (TCM). A operação para que 40 deputados estaduais votassem na esposa
de Rui foi afiançada, entre outras coisas, graças ao toma lá dá cá mediado por
Jerônimo, com o pagamento generoso de emendas, oferta de cargos na máquina
estadual e até em empresas terceirizadas que prestam serviço ao governo baiano.
Agora que a fatura foi liquidada, o staff governista projeta um reequilíbrio na
relação Rui-Jerônimo, sem que o ministro interfira tanto no dia a dia das
decisões administrativas.
• Rui no cangote
Segundo
interlocutores, o próprio Jerônimo já teria se queixado da falta de
independência para tomar decisões em questões relativamente simples, mas que
ainda estão sujeitas ao aval do agora ministro da Casa Civil. Exemplo disso é a
lista para nomeação de assessores de funções técnicas que ainda repousa na mesa
de Jerônimo aguardando sinal verde do ex. Sem liberdade almejada, o novo
governador vê seus primeiros dias de mandato escorrer pelos dedos, com agendas
que ainda não têm sua digital.
• Nas entocas
Diversas
nomeações no Diário Oficial do Estado deram o ritmo para a votação da bancada
do PP na indicação de Aline Peixoto ao TCM. Pessoas ligadas aos pepistas foram
agraciadas com cargos nos últimos dias, conforme movimentações publicadas no
diário oficial, para garantir o apoio em bloco da legenda à ex-primeira-dama.
• Caça às bruxas
Caciques
da base governista estão desconfiados da votação obtida por Aline Peixoto e
começaram uma caça às bruxas velada. Isso porque o Palácio de Ondina esperava
ter 43 votos favoráveis à agora conselheira do TCM, mas teve 40. A avaliação é
que três deputados da base se comprometeram a apoiar a esposa de Rui Costa, mas
não entregaram o voto. Há suspeitas, mas por enquanto o silêncio é palavra de
ordem.
• Sem acordo
Embora
a operação para a eleição de Aline Peixoto tenha sido bem-sucedida, o processo
deixou rachas na base governista. Além das suspeitas de traição, o deputado
Fabrício Falcão (PCdoB) não escondeu sua insatisfação com o líder do governo,
Rosemberg Pinto (PT), que afirmou não haver acordo para a próxima vaga em
tribunal de contas. Antes do processo, Fabrício retirou sua candidatura ao TCM
para apoiar Aline em troca de apoio na próxima empreitada. A irritação do
deputado comunista foi tanta que ele chegou a sair de um grupo de WhatsApp de
parlamentares.
• Barrado no baile
E
o pior é que, em conversas reservadas, Fabrício Falcão não deve ter mesmo a
vaga. Isso porque, de acordo com fontes da coluna, caso a cadeira em tribunal
de contas vá para o PCdoB, o escolhido deve ser o deputado federal Daniel
Almeida, que preside a legenda na Bahia.
• Fato sem fake
O
líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Rosemberg Pinto
(PT), deve desculpas públicas por ter atacado o jornalista João Pedro Pitombo
que trouxe à tona um vínculo que a ex-primeira-dama Aline Peixoto - e agora
conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA) - omitiu do seu
currículo enviado à Assembleia Legislativa da Bahia. Tão logo teve sua
indicação aprovada ao TCM na última quarta (8), Aline foi exonerada da função
de assessora especial no gabinete da secretária de Saúde do Estado, o que prova
a existência do vínculo empregatício com o governo estadual.
• Dormiu no ponto
E
Rosemberg, que já tem sido bastante criticado na liderança governista, ganhou
mais um motivo para ter sua posição questionada. Nesta semana, a comissão de
Direitos Humanos da ALBA, presidida pelo deputado Pablo Roberto (PSDB), aprovou
um convite do secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, para falar sobre
a violência no Estado. A aprovação foi considerada uma cochilada da liderança
do governo, que, embora tenha a maioria da comissão, dormiu no ponto e deixou
que a oposição aprovasse o convite. Em conversas de WhatsApp, parlamentares
governistas já elegeram Rosemberg como culpado.
• Crise à vista
Interlocutores
do governo de Jerônimo Rodrigues enxergam num horizonte não muito distante o
risco de uma grave crise na segurança pública, sobretudo pelo ritmo desenfreado
e diário de conflitos entre facções criminosas. Quem alerta sobre o tema leva
em conta os registros cada vez mais numerosos de homicídios e ocorrências
rotineiras de trocas de tiros, somado ao fato de que o novo governador ainda
não colocou na mesa um plano de ação para conter a ousadia dos criminosos.
• À procura de um culpado
Diante
do tamanho que a situação ganhou, há quem fale em herança maldita deixada por
Rui na área da segurança. Consideram que Jerônimo tem pouco tempo na cadeira
para ser cobrado pela questão, mas que ao mesmo tempo seu governo representa a
continuidade de um ciclo de 16 anos, não havendo brecha para se isentar da
questão ou até responsabilizar adversários. Se tiver que reclamar de alguém,
Jerônimo terá de endereçar críticas ao seu antecessor Rui Costa - que nos
últimos quatro anos colocou a Bahia como o estado brasileiro com maior número
de mortes violentas do País.
• Oportunismo
O
governo do Estado quer vender como benfeitoria uma correção salarial que está
para fazer nos subsídios de professores indígenas. A categoria foi esquecida
pelo ex-governador Rui Costa na última adequação do piso nacional feita em
abril de 2022 e mesmo com reiteradas reclamações não teve o direito concedido.
Agora o governador Jerônimo foi aconselhado a dar atenção especial ao assunto,
sobretudo pela conexão identitária com a comunidade indígena. Nesse sentido, já
enviou projeto à Assembleia Legislativa para reparar o descaso de Rui,
aplicando efeito retroativo a março do ano passado. O problema é que, para
extrair louros políticos dessa pauta, o novo gestor quer transformar uma
correção salarial em promoção.
• Aline assume Ouvidoria Geral do TCM
Após
ser sacramentada como nova conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios
(TCM) em votação no plenário da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia
(ALBA) na última quarta-feira, 8, a ex-primeira-dama da Bahia, Aline Peixoto,
foi empossada nesta sexta-feira, 10, no comando da Ouvidoria Geral do Tribunal.
A
definição ocorreu durante a posse do conselheiro Francisco de Souza Andrade
Netto, que retorna para a presidência do Tribunal durante o próximo biênio
(2023-2025) em substituição ao conselheiro Plínio Carneiro Filho.
O
ex-presidente, por sua vez, irá assumir o cargo de corregedor do órgão,
enquanto o conselheiro Fernando Vita será o novo vice-presidente.
Outros
cargos incluem o presidente da 1ª Câmara, conselheiro José Alfredo Rocha Dias,
o da 2ª Câmara, conselheiro Mário Negromonte; e o da Escola de Contas,
conselheiro Nelson Pellegrino.
O
governador Jerônimo Rodrigues (PT), o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União
Brasil); o vice-governador, Geraldo Jr. (MDB); o presidente da Alba, Adolfo
Menezes (PSD); e o presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz (PTB) marcaram
presença na solenidade que marcou a comemoração dos 52 anos da instituição.
Fonte:
Correio/A Tarde
Nenhum comentário:
Postar um comentário