sábado, 11 de março de 2023


 Oncologista alerta sobre os perigos do câncer de útero

Segundo o INCA, anualmente quase 8 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de útero (endométrio), o que representa 3,2% de todos os casos de câncer feminino no Brasil. O oncologista da Oncologia D’Or Eduardo Paulino explica que a incidência da doença está, na maioria das vezes, relacionada ao estímulo do endométrio por hormônios femininos.

Ele cita como fatores de risco o uso de reposição hormonal com estrogênio sem oposição de progesterona, idade, obesidade e síndromes hereditárias. Cada aumento em 5 unidades do índice de massa corpórea (IMC) aumenta a chance em cerca de 50% do risco de câncer de endométrio.

Cerca de 3% dos tumores estão relacionados a síndrome hereditária, o que pode chegar a 9% quando o tumor é diagnosticado com menos de 50 anos. Mulheres que não tiveram filhos também têm mais chances de apresentar o tumor. “A escolha por não engravidar deixa a mulher mais exposta ao estrogênio, o que aumenta o risco de ter o câncer”, relata.

Paulino também esclarece que não se pode confundir o câncer de endométrio (“câncer de útero”), com o de colo de útero. “Apesar de ocorrerem em um mesmo órgão, são doenças bem distintas”, observa.

O primeiro ocorre na parte superior, conhecida como endométrio; enquanto o segundo, na parte inferior, está relacionado a infecção pelo HPV e é o terceiro tipo de câncer de maior incidência entre as mulheres (7% dos casos, cerca de 17 mil casos anuais), atrás apenas do de mama e cólon e reto. No entanto, alerta o oncologista, a menor incidência do tumor não pode ser razão para descuido.

A melhor forma de prevenir é evitar o uso de estrogênios de forma isolada e tentar manter uma vida saudável. “Ter uma alimentação equilibrada e praticar atividade física regular são formas de prevenir a maioria dos tipos de câncer e ter uma vida saudável”, ressalta o oncologista, que explica que entre os principais sintomas está o sangramento vaginal após a menopausa.

Casos mais avançados podem provocar dor abdominal e pélvica, dor lombar, aumento do volume abdominal, massa palpável em pelve e até abdómen e inchaço das pernas. Por isso, é fundamental fazer um acompanhamento ginecológico periódico, para que se possa diagnosticar a doença ainda em seu estágio inicial.

 

Ø  Câncer de colo de útero reduz com vacina de HPV

 

Pesquisa publicada na revista científica The Lancet traz otimismo e confiança na vacina contra o  HPV. Os resultados mostram uma queda de quase 90% nos casos de câncer de colo de útero entre as imunizadas. O  estudo realizado na Inglaterra, analisou dados de mulheres de 20 a 64 anos, coletados entre 2006 e 2019. Durante a sua realização, foram analisados os impactos do imunizante entre vacinadas e não vacinadas contra o HPV.

O estudo foi feito com diagnósticos do câncer de colo de útero ou cervical entre as participantes ou detecções de alterações anormais de células do colo do útero - que podem indicar uma fase pré-câncer. Ficou óbvio para os pesquisadores a redução nos indicadores desde o início do programa de imunização em 2008.

Por ano, mais de 16 mil brasileiras são diagnosticadas a doença no Brasil, e cerca de 7 mil acabam morrendo. Enquanto isso, no mundo, são 342 mil mortes por ano, sendo 90% delas em países de renda baixa e média, segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer.

O Brasil se enquadra no perfil dos países com baixa adesão à vacina, apesar de existirem duas vacinas disponíveis atualmente contra o HPV no Brasil - ambas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante é oferecido gratuitamente pelo SUS em duas doses (com intervalo de seis meses entre elas), para todas as garotas de 9 a 14 anos e todos os garotos de 11 a 14 anos. 

 

Ø  Biópsia tardia agrava o tratamento do câncer de mama

 

Rspecialista alerta para a urgência na otimização de tempo e recursos para o tratamento de câncer de mama no Brasil por parte do sistema de saúde. “Especialmente na Região Sudeste, entre os primeiros sintomas apresentados pela paciente e o início da aplicação dos recursos terapêuticos, o período chega a 11 meses”, afirma o mastologista Henrique Lima Couto. Coordenador do Departamento de Imagem da Mama da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o médico também expressa preocupação diante do direcionamento das políticas públicas decorrentes das alternâncias de governo.

Mesmo contando com os Centros de Alta Complexidade em Oncologia (Cacons), o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) registra atualmente um gargalo no diagnóstico histológico, a biópsia para confirmação de câncer de mama. O período entre o surgimento dos sintomas e a biópsia, segundo o mastologista Henrique Lima Couto, é de 8 meses em média.

“Há um desperdício de recursos, pois antes do início do tratamento a paciente terá de se submeter mais uma vez aos exames comprobatórios para que o especialista detecte a evolução do câncer neste período”, explica. Ainda mais grave, destaca o coordenador da SBM, é o prognóstico para tratar uma doença que, diagnosticada em fase inicial tem aumentada as chances de cura.

Para o especialista, os investimentos para diminuir o tempo entre o diagnóstico e o tratamento no SUS não precisam, necessariamente, ser direcionados a ampliar a quantidade de mamógrafos. “O número de aparelhos no País é suficiente”, afirma Couto. “É preciso, sim, aumentar a cobertura mamográfica com a implementação de um rastreamento organizado, que otimizaria os recursos já existentes e proporcionaria resultados significativos com melhor eficiência e menor impacto financeiro”, completa.

Independentemente da alternância de governos, a cobertura mamográfica da população-alvo no Brasil tem se mantido inferior a 30% nos últimos 14 anos. O ideal, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 70%. De acordo com o mastologista Henrique Couto, uma forma de aumentar a eficiência do sistema está no cumprimento das chamadas leis dos 30 e 60 dias.

A Lei nº 13.896/2019 estabelece nos casos de hipótese de neoplasia maligna que os exames para diagnóstico sejam realizados no prazo máximo de 30 dias. Mais antiga, a Lei nº 12.732/2012 determina que o paciente com câncer tem o direito de se submeter ao primeiro tratamento no SUS em até 60 dias, contados a partir do dia do diagnóstico.

Atualmente, o rastreamento mamográfico no SUS prevê exame bianual para uma população de 50 a 69 anos de idade. A SBM, a Federação Nacional das Associações de Ginecologistas e Obstetras (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) recomendam a mamografia anual a partir dos 40 anos. Mas as entidades médicas esperam, para o mais breve possível, o cumprimento da Lei nº 14.335, de 10 de maio de 2022, que garante o acesso ao exame a todas as mulheres a partir dos 18 anos.

Outra expectativa, destaca Couto, é a promulgação da nova Diretriz Diagnóstica e Terapêutica (DDT) do câncer de mama, que deve estabelecer em 2023 avanços importantes e incorporações no tratamento sistêmico. “A DDT já foi avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e pela população e sociedade civil organizada em consulta pública”, diz.

Depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente e a primeira causa de morte em mulheres de todas as regiões do Brasil. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) prevê 73.610 novos casos da doença até o fim de 2023. “Além de todas as medidas para ampliação dos diagnósticos com maior rapidez, as políticas públicas necessitam de um planejamento que inclua a capacitação qualificada e permanente dos profissionais em relação à saúde mamária”, finaliza o mastologista Henrique Lima Couto.

 

Fonte: iG

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