Oncologista alerta sobre os perigos do câncer de útero
Segundo
o INCA, anualmente quase 8 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de útero
(endométrio), o que representa 3,2% de todos os casos de câncer feminino no
Brasil. O oncologista da Oncologia D’Or Eduardo Paulino explica que a
incidência da doença está, na maioria das vezes, relacionada ao estímulo do
endométrio por hormônios femininos.
Ele
cita como fatores de risco o uso de reposição hormonal com estrogênio sem
oposição de progesterona, idade, obesidade e síndromes hereditárias. Cada
aumento em 5 unidades do índice de massa corpórea (IMC) aumenta a chance em
cerca de 50% do risco de câncer de endométrio.
Cerca
de 3% dos tumores estão relacionados a síndrome hereditária, o que pode chegar
a 9% quando o tumor é diagnosticado com menos de 50 anos. Mulheres que não
tiveram filhos também têm mais chances de apresentar o tumor. “A escolha por
não engravidar deixa a mulher mais exposta ao estrogênio, o que aumenta o risco
de ter o câncer”, relata.
Paulino
também esclarece que não se pode confundir o câncer de endométrio (“câncer de
útero”), com o de colo de útero. “Apesar de ocorrerem em um mesmo órgão, são
doenças bem distintas”, observa.
O
primeiro ocorre na parte superior, conhecida como endométrio; enquanto o
segundo, na parte inferior, está relacionado a infecção pelo HPV e é o terceiro
tipo de câncer de maior incidência entre as mulheres (7% dos casos, cerca de 17
mil casos anuais), atrás apenas do de mama e cólon e reto. No entanto, alerta o
oncologista, a menor incidência do tumor não pode ser razão para descuido.
A
melhor forma de prevenir é evitar o uso de estrogênios de forma isolada e
tentar manter uma vida saudável. “Ter uma alimentação equilibrada e praticar
atividade física regular são formas de prevenir a maioria dos tipos de câncer e
ter uma vida saudável”, ressalta o oncologista, que explica que entre os
principais sintomas está o sangramento vaginal após a menopausa.
Casos
mais avançados podem provocar dor abdominal e pélvica, dor lombar, aumento do
volume abdominal, massa palpável em pelve e até abdómen e inchaço das pernas.
Por isso, é fundamental fazer um acompanhamento ginecológico periódico, para
que se possa diagnosticar a doença ainda em seu estágio inicial.
Ø
Câncer
de colo de útero reduz com vacina de HPV
Pesquisa
publicada na revista científica The Lancet traz otimismo e confiança na vacina
contra o HPV. Os resultados mostram uma
queda de quase 90% nos casos de câncer de colo de útero entre as imunizadas.
O estudo realizado na Inglaterra,
analisou dados de mulheres de 20 a 64 anos, coletados entre 2006 e 2019.
Durante a sua realização, foram analisados os impactos do imunizante entre
vacinadas e não vacinadas contra o HPV.
O
estudo foi feito com diagnósticos do câncer de colo de útero ou cervical entre
as participantes ou detecções de alterações anormais de células do colo do
útero - que podem indicar uma fase pré-câncer. Ficou óbvio para os
pesquisadores a redução nos indicadores desde o início do programa de
imunização em 2008.
Por
ano, mais de 16 mil brasileiras são diagnosticadas a doença no Brasil, e cerca
de 7 mil acabam morrendo. Enquanto isso, no mundo, são 342 mil mortes por ano,
sendo 90% delas em países de renda baixa e média, segundo a Agência
Internacional de Pesquisa sobre o Câncer.
O
Brasil se enquadra no perfil dos países com baixa adesão à vacina, apesar de
existirem duas vacinas disponíveis atualmente contra o HPV no Brasil -
ambas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O
imunizante é oferecido gratuitamente pelo SUS em duas doses (com intervalo de
seis meses entre elas), para todas as garotas de 9 a 14 anos e todos os garotos
de 11 a 14 anos.
Ø
Biópsia
tardia agrava o tratamento do câncer de mama
Rspecialista
alerta para a urgência na otimização de tempo e recursos para o tratamento de
câncer de mama no Brasil por parte do sistema de saúde. “Especialmente na
Região Sudeste, entre os primeiros sintomas apresentados pela paciente e o
início da aplicação dos recursos terapêuticos, o período chega a 11 meses”,
afirma o mastologista Henrique Lima Couto. Coordenador do Departamento de
Imagem da Mama da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o médico também
expressa preocupação diante do direcionamento das políticas públicas
decorrentes das alternâncias de governo.
Mesmo
contando com os Centros de Alta Complexidade em Oncologia (Cacons), o atendimento
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) registra atualmente um gargalo no diagnóstico
histológico, a biópsia para confirmação de câncer de mama. O período entre o
surgimento dos sintomas e a biópsia, segundo o mastologista Henrique Lima
Couto, é de 8 meses em média.
“Há
um desperdício de recursos, pois antes do início do tratamento a paciente terá
de se submeter mais uma vez aos exames comprobatórios para que o especialista
detecte a evolução do câncer neste período”, explica. Ainda mais grave, destaca
o coordenador da SBM, é o prognóstico para tratar uma doença que, diagnosticada
em fase inicial tem aumentada as chances de cura.
Para
o especialista, os investimentos para diminuir o tempo entre o diagnóstico e o
tratamento no SUS não precisam, necessariamente, ser direcionados a ampliar a
quantidade de mamógrafos. “O número de aparelhos no País é suficiente”, afirma
Couto. “É preciso, sim, aumentar a cobertura mamográfica com a implementação de
um rastreamento organizado, que otimizaria os recursos já existentes e
proporcionaria resultados significativos com melhor eficiência e menor impacto
financeiro”, completa.
Independentemente
da alternância de governos, a cobertura mamográfica da população-alvo no Brasil
tem se mantido inferior a 30% nos últimos 14 anos. O ideal, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 70%. De acordo com o mastologista
Henrique Couto, uma forma de aumentar a eficiência do sistema está no
cumprimento das chamadas leis dos 30 e 60 dias.
A
Lei nº 13.896/2019 estabelece nos casos de hipótese de neoplasia maligna que os
exames para diagnóstico sejam realizados no prazo máximo de 30 dias. Mais
antiga, a Lei nº 12.732/2012 determina que o paciente com câncer tem o direito
de se submeter ao primeiro tratamento no SUS em até 60 dias, contados a partir
do dia do diagnóstico.
Atualmente,
o rastreamento mamográfico no SUS prevê exame bianual para uma população de 50
a 69 anos de idade. A SBM, a Federação Nacional das Associações de
Ginecologistas e Obstetras (Febrasgo) e o Colégio Brasileiro de Radiologia
(CBR) recomendam a mamografia anual a partir dos 40 anos. Mas as entidades
médicas esperam, para o mais breve possível, o cumprimento da Lei nº 14.335, de
10 de maio de 2022, que garante o acesso ao exame a todas as mulheres a partir
dos 18 anos.
Outra
expectativa, destaca Couto, é a promulgação da nova Diretriz Diagnóstica e
Terapêutica (DDT) do câncer de mama, que deve estabelecer em 2023 avanços
importantes e incorporações no tratamento sistêmico. “A DDT já foi avaliada
pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde
(Conitec) e pela população e sociedade civil organizada em consulta pública”,
diz.
Depois
do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente e a
primeira causa de morte em mulheres de todas as regiões do Brasil. O Instituto
Nacional de Câncer (Inca) prevê 73.610 novos casos da doença até o fim de 2023.
“Além de todas as medidas para ampliação dos diagnósticos com maior rapidez, as
políticas públicas necessitam de um planejamento que inclua a capacitação
qualificada e permanente dos profissionais em relação à saúde mamária”,
finaliza o mastologista Henrique Lima Couto.
Fonte:
iG
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