quarta-feira, 29 de março de 2023

Especialista explica por que fornecimento de munições de urânio empobrecido à Ucrânia é crime

Em entrevista à Sputnik, o analista militar eslovaco Frantisek Skvrnda comentou os planos do Reino Unido de entregar munições de urânio empobrecido a Kiev.

Na passada terça-feira (21) o Reino Unido anunciou planos para fornecer tanques Challenger e munições com um núcleo que contém urânio empobrecido.

"A entrega de projéteis antiblindagem com urânio empobrecido tem vários aspetos. Antes de mais nada, esta é mais uma manifestação irracional da arrogância britânica associada a uma russofobia agressiva. O fornecimento também indica cinismo em relação aos ucranianos, porque o uso dessas munições terá consequências negativas para a saúde humana e o meio ambiente", disse Skvrnda.

O especialista considera que o Ocidente, especialmente a OTAN e os anglo-saxões, estão preocupados que seus planos estejam falhando.

"É por isso que eles frequentemente mentem sobre o que está acontecendo. Estou a referir-me às informações de fontes próximas à inteligência britânica ou ao Instituto de Estudos de Guerra de Washington [ISW, na sigla em inglês]. Aqui eu colocaria também as garantias ocidentais de apoiar a Ucrânia por tanto tempo quanto seja necessário. Vários relatos sobre indícios de uma mudança da situação no campo da batalha em favor de Kiev visam com que a população dos países da 'aliança antirrussa' continue a apoiar o fornecimento de armas", ressaltou analista.

Ele observou que a tendência perigosa apoiada pelos instigadores da guerra no Ocidente é a guerra contra os russos até o último ucraniano. Para que os ucranianos inflijam danos à Rússia a qualquer custo, e as munições de urânio empobrecido se encaixam muito bem para esse fim.

"Do ponto vista militar, a intenção de fornecer munições de urânio empobrecido é bastante provocadora. A utilização de urânio empobrecido não é proibida por nenhuma norma do direito internacional. No entanto, em um contexto mais amplo, isso é um crime, porque destrói o meio ambiente e ameaça à saúde humana", disse especialista.

"O Ocidente está cada vez mais enredado em suas políticas irracionais e agressivas na Ucrânia. A substituição da razão e do raciocínio pela violência e o ódio nunca na história trouxe nada de bom e no final das contas virou-se contra os países que agiram dessa forma", explicou Skvrnda.

•        MD russo: produção de certos modelos de munição aumentará 7-8 vezes até o final do ano

O Ministério da Defesa russo disse que a produção de determinados modelos de munição crescerá 7-8 vezes até o final do ano.

Os chefes de empresas informaram o ministro da Defesa russo Sergei Shoigu sobre os resultados atuais do cumprimento da encomenda estatal de defesa, sobre os projetos que estão sendo implementados pelas empresas para modernizar e expandir a capacidade de produção, bem como para aumentar a produtividade da mão de obra.

"A implementação desses projetos já permitiu às empresas aumentar várias vezes a produção de munições para atender às necessidades das tropas russas, e até o final do ano corrente a produção de determinados modelos aumentará 7-8 vezes", disse o serviço de imprensa do Ministério da Defesa russo.

Anteriormente, foi relatado que o ministro da Defesa russo Sergei Shoigu inspecionou a implementação da encomenda estatal de defesa nas empresas do ramo nas regiões de Chelyabinsk e Kirov.

De acordo com Shoigu, a Defesa russa continuará expandindo a gama de sistemas robóticos militares. E um dos domínios prioritários é equipar as Forças Armadas com sistemas autônomos.

Posteriormente, o ministro russo ordenou o aumento da produção de munições de alta precisão.

•        Mídia: instrutores americanos e britânicos ensinam ucranianos a usar projéteis de urânio empobrecido

Instrutores britânicos e americanos têm treinado as tropas ucranianas a usar projéteis de urânio empobrecido, informou a publicação britânica Declassified UK.

Em sua matéria, a mídia de jornalismo investigativo refere um vídeo do Ministério da Defesa britânico no YouTube, no qual um grupo de instrutores familiariza artilheiros e comandantes com os tipos de munição para o tanque Challenger 2.

"Está surgindo a primeira filmagem de tripulações ucranianas de tanques sendo treinadas no uso da controversa arma durante um curso no Reino Unido", relata a publicação.

Os projéteis de urânio empobrecido, como é mostrado no vídeo, estão dispostos sobre uma mesa na frente dos militares ucranianos, que estão ouvindo uma palestra de soldados americanos e britânicos. Essas munições são rotuladas como "inertes", o que poderia significar que são réplicas.

De acordo com a Declassified UK, a presença de um soldado americano na sessão de treinamento poderia agravar ainda mais as tensões, não obstante a Casa Branca ter negado na semana passada o envio de tais munições para Kiev.

Por sua vez, o embaixador da Rússia em Washington, Anatoly Antonov, afirmou que os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, que decidiram abastecer Kiev com munições de urânio empobrecido aproximam irreversivelmente o mundo de uma linha perigosa, que cada vez mais pode conduzir ao Armagedom nuclear.

Posteriormente, Igor Kirillov, chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas russas, disse que o uso de munições de urânio empobrecido causará danos irreparáveis à saúde dos militares e da população civil da Ucrânia, mas que, mesmo assim, a OTAN está disposta a entregá-las a Kiev.

•        Oposição do Japão critica silêncio do premiê sobre envio de munições de urânio empobrecido a Kiev

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, foi criticado pela oposição por permanecer calado sobre a anunciada entrega de munições de urânio empobrecido pelo Reino Unido ao regime de Kiev, escreve mídia.

Destaca-se que Taro Yamamoto, o líder do partido de oposição Reiwa Shinsengumi, teria levantado a questão em uma reunião do comitê de orçamento na câmara alta do Parlamento japonês.

"Senhor primeiro-ministro, você pretende incentivar o Reino Unido a não enviar tais munições?", perguntou o político a Kishida, aponta mídia.

O chefe do governo japonês se esquivou ostensivamente de dar uma resposta direta, dizendo que "apesar de estudos sobre os efeitos negativos para a saúde humana, não foram obtidos resultados concretos". Entretanto, Yamamoto seguiu pressionando:

"Na verdade, tais munições já poderiam ser classificadas como armas nucleares […] e verificou-se que existe um risco de câncer […] Sr. primeiro-ministro, durante a sua reunião com o [presidente ucraniano Vladimir] Zelensky você pediu-lhe para não usar munições de urânio empobrecido?"

Kishida teria respondido que, "quanto às armas de urânio empobrecido, eu não disse nada específico sobre isso durante o meu encontro com Zelensky".

Em seguida o líder da oposição criticou esta resposta como o envio de uma "mensagem ruim", e acrescentou por fim que o próprio primeiro-ministro era "de Hiroshima".

Em agosto de 1945, pilotos norte-americanos lançaram bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Como resultado da explosão nuclear e das suas consequências, em Hiroshima, de uma população de 350 mil pessoas, 140 mil morreram, enquanto em Nagasaki morreram 74 mil pessoas.

A esmagadora maioria das vítimas do bombardeamento nuclear corresponde a civis. Nenhuma destas cidades destruídas tinha quaisquer instalações militares importantes.

 

       Dar 'a espingarda do galinheiro para o lobo': Avibras não pode ser vendida a europeus, diz analista

 

Empresa-chave do setor de defesa brasileiro pode ser vendida para Alemanha ou Emirados Árabes Unidos, após entrar em recuperação judicial questionada por sindicato. Para o comandante Robinson Farinazzo, perda da Avibras seria tiro no pé e colocaria em risco a soberania brasileira.

Nesta semana, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região acendeu o alerta para a possível venda da empresa de produtos de defesa Avibras para conglomerados estrangeiros.

Empresas como a alemã Rheinmetall e a emiradense Edge Group estão de olho na empresa brasileira, que fabrica sistemas de lançamento de foguetes Astros e o míssil tático de cruzeiro AV-TM 300.

O sistema de foguetes Astros passa por um bom momento em vendas internacionais e já foi testado e operado por cerca de nove países, informou o jornal Hora do Povo. A Avibras obtém cerca de 80% de suas receitas através de exportações, cifra que estava em tendência de alta.

De acordo com o especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, comandante Robinson Farinazzo, a venda de uma empresa estratégica para o setor de defesa a conglomerados internacionais não atende aos interesses do Brasil.

"Pior negócio do mundo. Principalmente se a venda for feita para a Europa, composta de países que reiteradamente questionam a nossa soberania sobre a Amazônia", disse Farinazzo à Sputnik Brasil. "Vamos vender a espingarda que defende o galinheiro para o lobo."

Conforme apurou o portal Relatório Reservado, a Avibras confirmou que "o governo brasileiro acompanha de perto a evolução" das negociações de venda da empresa.

O conglomerado alemão Rheinmetall conta com fábricas em 33 países e lucra alto com o conflito ucraniano. O grupo produz tanques Leopard que serão enviados por Berlim a Kiev e planeja abrir fábrica na Ucrânia, cliente que lhe garantiu aumento de 150% no preço de suas ações desde fevereiro do ano passado.

Já a Edge Group, dos Emirados Árabes Unidos, conta com intermediários influentes no cenário político brasileiro, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em maio de 2022, o filho 0.3 do ex-presidente Bolsonaro esteve reunido com o Edge Group, ao lado do então secretário de assuntos estratégicos da Presidência, Flávio Rocha, e do então secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Marcos Degaut.

Para o comandante Farinazzo, a perda da Avibras seria "um tiro no pé", já que o Brasil perderia "capital humano com grande experiência, uma marca e a capacidade de fabricar produtos de defesa importantes".

Além disso, a empresa desenvolve projetos cruciais para o setor de defesa brasileiro, como os mísseis antinavio de superfície Mansup. Segundo o jornal Estado de São Paulo, o Exército brasileiro já investiu mais de R$ 100 milhões no projeto que, caso concluído, será o primeiro deste tipo a contar com tecnologias e componentes 100% nacionais.

"O sistema Astros não deixa a desejar em relação a nenhum similar no planeta. É primeira linha em qualquer lugar do mundo, o que é reconhecido internacionalmente", disse Farinazzo. "É uma arma atualizada, que todo país [...] precisa manter em seu portfólio."

Apesar da qualidade e importância dos produtos fabricados pela Avibras, a empresa enfrenta dificuldades há bastante tempo. Em 2022, a companhia pediu recuperação judicial pela segunda vez, após acumular dívida de R$ 500 milhões e demitir 400 funcionários. Em nota técnica, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região declarou que a recuperação judicial da empresa é injustificada e que seu valor de mercado só tende a crescer. Para manter os postos de trabalho e a tecnologia desenvolvida pela Avibras no Brasil, o sindicato defende a estatização da empresa.

"Todo o investimento realizado desde 1940 pelo Estado brasileiro no complexo industrial militar corre o risco de ser adquirido por multinacionais [...] levando à transformação de fábricas brasileiras em simples maquiladoras", argumentou o sindicato em nota.

Farinazzo acredita que a estatização não deve ser "demonizada antes de ser estudada", mas lembra que essa situação poderia ter sido evitada, caso o Brasil tivesse uma "política de investimento perene no setor de defesa".

"A indústria de defesa precisa do investimento do Estado, isso é uma característica do setor", apontou Farinazzo. "As pessoas precisam mudar a mentalidade do neoliberalismo de que a indústria de defesa precise dar lucro. Mesmo que opere no vermelho, o governo precisa garantir a manutenção dela."

A Avibras está entre os principais fornecedores de armamentos para as Forças Armadas brasileiras, em particular para os Fuzileiros Navais. No entanto, as compras são consideradas insuficientes, o que levou a empresa a investir nas exportações.

A falta de política de Estado para investimento em Defesa está associada à ideia ultrapassada de setores da sociedade brasileira, que consideram o país "alinhado aos EUA e parte do bloco ocidental".

"Não é isso: o bloco ocidental é que faz ingerências no sentido de relativizar nossa soberania da Amazônia", alertou Farinazzo. "Ou mudamos a nossa mentalidade, ou o preço a ser pago será altíssimo."

No entanto, a mudança da mentalidade brasileira em relação ao setor de defesa e suas parcerias externas é "talvez o desafio mais difícil a ser superado".

"O Brasil é um país cobiçado. Se não tivermos um arcabouço de defesa, não conseguiremos impor nossos objetivos de segurança nacional, e viveremos para sempre na pobreza, explorados e a reboque das grandes potências", concluiu o comandante.

No dia 23 de março, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região emitiu nota técnica repudiando a possível venda da empresa de defesa Avibras a conglomerados estrangeiros. O sindicato chamou atenção para salários atrasados de funcionários da companhia e defendeu sua estatização.

 

       Todo o mundo vê as ações dos EUA e do resto do Ocidente para encurralar a Rússia, diz Maduro

 

As ações dos EUA e seus aliados europeus contra a Rússia visam encurralá-la e agravar o conflito na Ucrânia, disse o presidente venezuelano Nicolás Maduro, em uma cerimônia que contou com a presença do embaixador da China que concluiu seu mandato na Venezuela.

"Estamos bastante conscientes dos movimentos no tabuleiro geopolítico do imperialismo e dos seus aliados europeus. Acho que é evidente, acredito que todos no mundo assim podemos ver, podemos ver claramente, as provocações contra a Rússia para tentar encurralá-la e as ameaças de tentar escalar a guerra na Ucrânia e levá-la ao território russo, e de escalar esta guerra e levá-la a nível nuclear", afirmou Maduro em sua declaração transmitida pelo canal estatal de TV Venezolana de Televisión.

De acordo com o presidente venezuelano, está surgimento uma nova geopolítica global baseada no respeito entre as nações.

O presidente venezuelano ofereceu estas declarações durante um evento de despedida e condecoração do embaixador da China em Caracas, Li Baorong, que concluiu seu ciclo diplomático no país sul-americano.

Em 24 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o início de uma operação militar especial para desmilitarização e desnazificação da Ucrânia.

 

       Blinken chama propostas de cessar-fogo na Ucrânia de 'armadilha cínica'

 

O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken disse que as propostas para um cessar-fogo imediato na Ucrânia poderiam ser uma "armadilha cínica" que congelaria o conflito.

As autoridades norte-americanas não fazem segredo de sua atitude negativa em relação ao plano de paz chinês, que inclui um cessar-fogo entre a Rússia e Ucrânia.

"Portanto, o que parece ser atraente na superfície – quem não queria que os canhões ficassem em silêncio – também pode ser uma armadilha muito cínica, da qual temos de ter muito, muito cuidado", disse Blinken durante uma reunião virtual com colegas estrangeiros sobre as perspectivas de uma "paz justa e duradoura na Ucrânia".

"Acho que todos nós temos que estar muito atentos e tomar cuidado com o que pode parecer bem intencionado: esforços, por exemplo, para pedir cessar-fogo, o que potencialmente teria o congelamento efetivo no lugar do conflito", acrescentou o secretário de Estado.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba, disse que Kiev aprecia iniciativas de paz propostas por outros países, mas o povo ucraniano, segundo ele, só aceitaria a paz se ela garantisse "a retirada completa das tropas russas e a restauração da integridade territorial de nosso país dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas".

•        Operação especial na Ucrânia

Em 24 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o início de uma operação militar especial para desmilitarização e desnazificação da Ucrânia.

Durante a operação, o Exército russo, junto com as forças das repúblicas de Donetsk e Lugansk, libertou completamente a República Popular de Lugansk e uma parte significativa da república de Donetsk, inclusive Mariupol, bem como a região de Kherson, áreas de Zaporozhie junto do mar de Azov e uma parte da região de Carcóvia.

De 23 a 27 de setembro, a RPD, RPL e regiões de Kherson e Zaporozhie realizaram referendos sobre a adesão à Rússia, com a maioria da população votando a favor. Em 30 de setembro, durante uma cerimônia no Kremlin, o presidente russo assinou os acordos sobre a integração das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e regiões de Kherson e Zaporozhie à Rússia.

Após aprovação por ambas as câmaras do parlamento russo, os acordos foram ratificados por Putin no dia 5 de outubro.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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