Discalculia em crianças: o que é, como identificar e tratar
O
transtorno prejudica o raciocínio matemático. A criança pode manifestá-lo por
volta dos 4 anos de idade, e deve ser acompanhada por profissionais.
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Crianças portadoras de discalculia apresentam
dificuldade ou incapacidade de entender conceitos relacionados aos números. Símbolos,
operações matemáticas, valores de moeda e sequências numéricas são confusos
para o indivíduo. "Isso o afeta tanto no ambiente escolar quanto no
cotidiano", diz a psicóloga clínica Vanessa Gebrim.
O
transtorno prejudica o raciocínio lógico, bem como o processamento de
informações. Naturalmente, a criança enfrentará obstáculos para se adaptar a
estímulos considerados "normais" do aprendizado, sentindo-se
diferente dos colegas de turma. " Pode resultar em um maior isolamento, dificuldade de socialização,
sensação de vergonha ou culpa", conta a médica psiquiatra Jessica
Martani.
Inseguranças
durante a principal fase de formação da personalidade são bastante
prejudiciais. Estimulam a construção de um indivíduo com a autoimagem e a
autoestima fragilizadas, capaz de desenvolver doenças como ansiedade e
depressão. " Quanto mais
precoce o diagnóstico da discalculia, melhor o prognóstico (o provável
resultado do tratamento)", diz Jéssica.
A
seguir, reunimos informações fundamentais sobre o transtorno e ferramentas para
que a criança consiga se adaptar.
·
O que é discalculia?
A discalculia é um transtorno que causa
prejuízo na aprendizagem da matemática. A criança tem dificuldade em pensar, refletir, avaliar e raciocinar
diante de atividades relacionadas ao senso numérico. Tal como
memorização de fatos aritméticos, precisão e fluência do cálculo. "O desenvolvimento
matemático de quem tem discalculia é significativamente menor do que o
esperado", explica Sueli Conte, psicóloga, mestre em educação e
neurociências e terapeuta de Barras de Acess.
O
transtorno de aprendizagem geralmente se manifesta em crianças, pois elas estão
em idade escolar. Os sintomas
começam a aparecer entre 4 e 5 anos de idade, ainda na educação infantil. No
entanto, o diagnóstico costuma ser feito por volta dos 7 anos. "É quando
ela é apresentada a conceitos mais complexos de matemática", diz Vanessa.
·
Os tipos de discalculia
É
possível classificar a discalculia como leve, moderada ou grave, e em tipos
diferentes. "Os profissionais fazem o diagnóstico de acordo com a
intensidade do transtorno e a facilidade de avanço no tratamento", explica
a psicóloga.
- Discalculia Verbal: a criança tem dificuldade para
entender os conceitos matemáticos que são falados
- Discalculia Practognóstica: a criança tem dificuldade para
enumerar, comparar e quantificar
- Discalculia Léxica: a criança tem dificuldade em ler
números e símbolos
- Discalculia Gráfica: a criança tem dificuldade em escrever,
copiar ou reproduzir símbolos matemáticos
- Discalculia Ideognóstica: a criança tem dificuldade em fazer
cálculos mentais e a relação entre os algarismos
- Discalculia Operacional: a criança tem dificuldade em realizar
as operações matemáticas
<<<<< O que causa a discalculia?
Crianças
com discalculia apresentam disfunções em conexões neurais específicas, que as
impossibilitam de acessar informações numéricas e fazer a representação mental
dos números. "Suas redes de
conexão neural usam rotas alternativas que uma pessoa sem o transtorno não
utiliza", explica Vanessa. A decodificação numérica se torna mais
difícil e afeta a compreensão de tarefas ou problemas de matemática.
Existem
outras possíveis causas relacionadas a distúrbios cerebrais de desenvolvimento
e problemas na maturação das estruturas do cérebro. "Isso pode ocorrer
devido a doenças durante a gestação ou mesmo ao uso de medicamentos e álcool no
período da gravidez", complementa Jessica.
·
Como a discalculia afeta a criança na escola?
São
várias as maneiras como a discalculia prejudica o aprendizado. " E isso se transforma à medida que a criança
cresce", explica Sueli. Durante a Educação Infantil, ela pode
apresentar dificuldade para aprender a contar (especialmente de trás para a
frente), reconhecer padrões simples, distinguir qual é o número maior, entender
o significado dos numerais e o conceito de numeração.
No
Ensino Fundamental, a dificuldade se estende para aprender e recordar as
expressões numéricas, para lembrar o placar de jogos, calcular o preço total de
itens, entender ou associar um número com uma palavra (por exemplo, 3 e três),
além do uso excessivo dos dedos para contar.
Por
fim, no Ensino Médio, informações de tabelas e gráficos podem ser difíceis de
se compreender, assim como a contagem do troco ou de gorjetas, a quantidade de
ingredientes de uma receita e os cálculos de velocidade, distância e
direção. "O adolescente acaba
evitando situações que necessitam da compreensão de números e atividades que
envolvem a matemática", diz Vanessa.
Como saber se meu filho tem discalculia?
Os
pais devem acompanhar o desenvolvimento do filho na escola e perceber se há grandes dificuldades em aprender
matemática. Enquanto isso, o professor precisa observar e comunicar
se a criança apresenta resistência em aprender a contar, por exemplo.
"Sofrimento ao entender a matéria e desestímulo para fazer as atividades
em casa podem ser sinais de discalculia", afirma Sueli.
·
Diagnóstico da discalculia
O
diagnóstico da discalculia é clínico e feito mediante a avaliação e caracterização dos sintomas que
aparecem na vida da criança. Como o transtorno pode estar ligado a
outros, a análise de psicopedagogos, neuropediatras e psicólogos é imprescindível
para definir quais avaliações devem ser aplicadas.
"É
o conjunto de testes direcionados que levarão ao diagnóstico correto",
explica a psicóloga. O processo exige paciência. Com o suporte adequado, a
criança poderá enfrentar as dificuldades.
·
Tratamento para discalculia
A discalculia não tem cura. Mas com o tratamento
adequado é possível melhorar o quadro. A intervenção é feita com exercícios
e atividades que ajudam a estimular o processamento da linguagem numérica.
"A Neurociência desenvolveu vários jogos que permitem avaliar os déficits
de atenção", conta Sueli.
Cada
criança deve ser analisada para que os profissionais iniciem o tratamento com
participações interativas, jogos e brincadeiras. "Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante.
Para que haja um trabalho eficaz e concentrado nas áreas de aprendizagem",
complementa.
Fonte: bebê.com.br
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