sábado, 11 de março de 2023


 Como se comportarão a China e Xi Jinping em um mundo em mudança?

Pequim está tomando preparativos em meio às cada vez mais deterioradas relações com o Ocidente, que está aumentando os gastos militares na Ásia-Pacífico, disse especialista sobre a região.

Thomas W. Pauken II, autor do livro " EUA vs. China: Da Guerra Comercial ao Acordo Recíproco" ("EUA vs. China: From Trade War to Reciprocal Deal", em inglês), concedeu uma entrevista à Sputnik, na qual deu sua opinião sobre Xi Jinping, que acaba de ser eleito para um terceiro mandato como presidente chinês.

O também consultor em assuntos da Ásia-Pacífico espera que haja uma "pressão política esmagadora" por parte dos EUA. Ele não vê Joe Biden como um "presidente forte" que ataque a China militarmente, e prevê sobretudo uma política de "contenção" econômica, diplomática e política, mas espera que o ano possa resultar em relações ainda mais deterioradas com o Ocidente devido à falta de compromissos por ambas as partes.

Sobre a estratégia de Xi diante de tais desenvolvimentos, o especialista geopolítico notou uma tendência de centralização do sistema de poder. Relativamente às medidas de Biden para parar o surgimento da China como um poder tecnológico global, Pauken respondeu que Pequim procurará continuar inovando através da localização da ciência, como através de hubs de pesquisa e desenvolvimento, e assegurando que as patentes chinesas sejam cumpridas.

Quanto ao reforço dos gastos militares norte-americanos para "dissuadir" a China, o analista não crê que "os chineses estejam nervosos sobre o poder militar de Biden", tendo em conta o esgotamento dos stocks de armas e munições enviados para a Ucrânia, que diz serem difíceis de voltar a produzir. No entanto, Thomas Pauken reconheceu que "a maioria dos chineses não gosta de que provavelmente vá haver mais expansão militar na região da Ásia-Pacífico".

A Sputnik perguntou ainda o que a China tem na manga para responder ao brandir das armas dos EUA.

"Eles não têm que responder realmente de forma forte, porque parece que Biden e os EUA estão agindo de forma tão agressiva, que estão se machucando no processo. Basta ver a guerra por procuração na Ucrânia e como eles enviaram mais de US$ 100 bilhões [R$ 520,03 bilhões] para a Ucrânia. E eles nem sequer vão auditar os fundos que foram para lá porque têm medo que as pessoas descubram para onde o dinheiro foi", assinalou o entrevistado.

"Ao mesmo tempo, muitas dessas armas estão sendo enviadas para a Ucrânia. Portanto, o que eu quero dizer é que os EUA e o Ocidente estão sendo tão agressivos, mas não estão sendo agressivos de forma inteligente. Dito isto, os chineses não têm realmente que fazer nada em troca. Há um velho ditado que ouvi de uma pessoa chinesa, que diz: 'quando seu inimigo está agindo tolamente, não diga nada para detê-lo.'"

Para o especialista sobre a Ásia-Pacífico, a falta de armas após o esvaziamento de estoques terá ramificações a longo prazo na OTAN, na Europa, no Reino Unido, nos EUA e no resto da Europa. Isso está levando países como a Coreia do Sul e o Japão a aumentar a produção de armas, mas não será suficiente para os próximos anos, conclui.

¨         MRE russo: fortalecimento dos laços com China é antídoto à doutrina americana

Moscou e Pequim não têm uma agenda oculta e os laços crescentes entre Rússia e China são um antídoto à doutrina americana, deixando Washington provavelmente enfurecido, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov.

"Os americanos parecem entender que a relação entre a Rússia e a China é um dos elementos centrais na formação de uma nova ordem mundial multipolar e, se você quiser, um antídoto para a doutrina e a hegemonia americanas", afirmou o diplomata em entrevista à redação árabe do RT.

"Trabalhamos com a China de mãos dadas, ombro a ombro, resistindo às investidas de nossos inimigos", ressaltou.

A Rússia tem muitos projetos a desenvolver com a China, e não temos uma agenda escondida, somos movidos pelo desejo de assegurar um desenvolvimento estável e um futuro próspero para nossos Estados e nossos povos, e isto parece enfurecer nossos inimigos em Washington, ressaltou o vice-chanceler russo.

Durante a entrevista, Ryabkov também comentou as relações russo-americanas, afirmando que as questões relevantes continuam a ser a tratadas através de canais especializados.

A troca dos prisioneiros entre a Rússia e os Estados Unidos que aconteceu em dezembro de 2022 foi a única coisa positiva nas relações de ambos os países.

Recentemente, a revista Foreign Policy relatou que os EUA tentam debilitar a Rússia e sufocar a China devido ao seu profundo medo de um mundo multipolar.

Posteriormente, Li Hongtao, que é o reitor da Faculdade de Política Internacional do Instituto de Ciência Política e Direito da Universidade de Jinan, disse em entrevista à Sputnik que as relações sino-russas envolvem não só os dois países, mas também têm a ver com a paz e a estabilidade ao redor.

Juntas, Rússia e China podem promover a multipolaridade e democratização das relações estatais.

¨         Esperamos uma nova corrida armamentista, mas 'de outro tipo', diz analista

O fracasso na renovação do Tratado Novo START entre a Rússia e os Estados Unidos poderia ocasionar uma nova corrida armamentista, que correria o risco de perder as bases para trabalhar em questões nucleares em um contexto multipolar, afirmou um cientista político.

Esta foi uma das ideias expostas pelo professor emérito do Departamento de Ciências Políticas da Universidade da Colúmbia, Robert Legvold, em uma entrevista à revista Rússia nos Assuntos Globais publicada na quarta-feira (8).

Perguntado se a decisão de Moscou de suspender sua participação no Tratado de Reduções Ofensivas Estratégicas (START III ou Novo START) acabaria com os tratados clássicos de controle de armamentos, Legvold sublinhou que este acordo "está morrendo" e agora "seu destino se tornou um derivado" do conflito ucraniano. Assim, seus fundamentos serão ainda mais prejudicados enquanto o confronto continuar.

"Se não o salvarmos, podemos dizer que todo o sistema de tratados que existia desde a década de 1970 terminará aí. Ao mesmo tempo, será possível esquecer a abordagem em si, que somos capazes de encontrar soluções para regular as relações entre Rússia e Estados Unidos na esfera nuclear através de acordos mais informais do que formais (precisamente não através de acordos negociados)", disse Legvold.

"Isso significaria que perderíamos a base para trabalhar em questões nucleares em um contexto multipolar", afirmou, salientando que também se perderiam as perspectivas de um acordo entre Pequim e Washington.

Além disso, de acordo com o cientista político, neste caso o mundo entrará em uma época em que haverá uma nova corrida armamentista, mas "de outro tipo", já que, em vez de aumentar o número de armas nucleares, Rússia e Estados Unidos rivalizariam pela superioridade qualitativa.

O cientista político ainda garantiu que a concorrência se intensificaria em muitos âmbitos, já que vivemos em tempos de uma maior diversidade de armas, como mísseis hipersônicos, ou de novas zonas para a confrontação, como o espaço. E tudo isso poderia ocorrer em uma situação de ausência total de medidas que regulamentem esta corrida.

Ao mesmo tempo, reconheceu que o passo dado por Moscou é um alívio para muitos funcionários norte-americanos que desejam realizar novos testes nucleares.

Segundo Legvold, não se trata atualmente apenas de pessoas que sempre se opuseram aos tratados de controle de armas, mas também daqueles que inicialmente não eram contra o assunto e que agora se mostram contrários a qualquer acordo com o Kremlin.

Entretanto, o especialista está convencido de que se Washington "se move nesta direção devido ao declínio geral em matéria de controle de armamentos, a Rússia responderá simetricamente".

"Pessoalmente, duvido que a Rússia seja a primeira a dar um passo no sentido de retomar os testes, mas tudo dependerá da atmosfera geral no contexto do que está acontecendo na Ucrânia. Isso é o que determina tudo neste momento", concluiu.

Em 21 de fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, fez um discurso à Assembleia Federal russa, onde anunciou a suspensão da participação da Rússia no Tratado Novo START.

"Hoje, sou forçado a anunciar que a Rússia está suspendendo sua participação no Tratado de Redução de Armas Estratégicas. Repito: não estamos nos retirando do tratado, mas sim suspendendo a participação [...] Devemos entender o que pretendem países como a França e Reino Unido e como levaremos em conta seus arsenais estratégicos, ou seja, o potencial de ataque combinado da aliança [OTAN]", afirmou Putin.

 

Ø  Mais fornecimento de armas para Kiev pode levar a uma 'Guerra dos Cem Anos', diz Le Pen

 

O conflito ucraniano será prolongado porque Kiev não será capaz de vencer sem a entrada da OTAN no conflito, o que significaria uma guerra mundial, por isso o fornecimento de armas ofensivas para Kiev deve parar, declarou Marine Le Pen, líder do partido Reunião Nacional no Parlamento da França, na quinta-feira (9).

"Não existem 50 soluções diferentes, além de um acordo de paz, todos os outros serão ruins. A Ucrânia não vencerá, somente se a OTAN vier em seu auxílio. Mas se a OTAN entrar na guerra do lado da Ucrânia, o mundo inteiro estará em guerra. A China também muito provavelmente entrará no conflito", disse Le Pen no ar da estação de rádio France Inter.

Ela sublinhou que "se continuarmos a fornecer armas – que não temos, aliás – para a Ucrânia, privando delas nosso próprio Exército, então diante de nós haverá uma 'Guerra dos Cem Anos'.

Le Pen observou que seu partido Reunião Nacional não se opõe ao fornecimento de armas defensivas para a Ucrânia, mas a transferência de armas ofensivas pode agravar o conflito.

"O fornecimento de armas ofensivas é preocupante para nós porque pode se tornar um elemento que contribuirá para a transformação do conflito territorial em um conflito mundial", afirmou ela.

A parlamentar apontou que a França deve contribuir para a busca de uma solução pacífica e tomar a iniciativa de organizar uma conferência sobre a regulação na Ucrânia, ao que a política apelou em uma carta aberta publicada no final de fevereiro.

Anteriormente, o presidente francês, Emmanuel Macron afirmou que não descarta nenhuma opção para novas entregas de armas à Ucrânia, incluindo aeronaves militares e tanques pesados Leclerc. Os primeiros tanques AMX-10RC franceses, de acordo com o Ministério da Defesa francês, devem chegar à Ucrânia nesta semana.

Os países ocidentais vêm aumentando seu apoio militar a Kiev desde 24 de fevereiro, quando a Rússia iniciou uma operação militar especial na Ucrânia, após pedidos de ajuda das repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL).

A Rússia enviou uma nota aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre o fornecimento de armas à Ucrânia. O chanceler russo, Sergei Lavrov, observou que qualquer carga que contenha armas para a Ucrânia se tornará um alvo legítimo para a Rússia.

O Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que os países da OTAN "estão brincando com fogo" ao fornecerem armas à Ucrânia. O porta-voz do presidente da Rússia, Dmitry Peskov, observou que o bombeamento da Ucrânia com armas pelo Ocidente não contribui para o sucesso das negociações entre a Rússia e a Ucrânia e terá um efeito negativo.

¨         Ex-embaixador americano crê que o tempo não está a favor da Ucrânia

Os sucessos militares do presidente russo Vladimir Putin na Ucrânia são motivo de preocupação, escreveu Newsweek, citando Michael McFaul, ex-embaixador dos Estados Unidos em Moscou.

"A situação está efetivamente presa por meses, e isso me deixa nervoso. Estou preocupado com a capacidade dos ucranianos de aguentarem", disse o diplomata.

"Os ucranianos não acreditam que o tempo esteja trabalhando a favor deles. Eles não querem uma guerra longa porque acham que não podem sustentá-la. Primeiro, porque ficarão sem soldados, e segundo, temem ficar sem apoio do Ocidente", disse McFaul.

Anteriormente, a edição Berliner Zeitung citou as palavras do chanceler alemão Olaf Scholz sobre os países ocidentais estarem apoiando a Ucrânia para que ela possa combater, mesmo o conflito correndo o risco de se arrastar por muito tempo.

"Devemos temer que isto dure por muito tempo, embora, é claro, desejemos diariamente que as coisas sejam diferentes", cita o jornal o chanceler alemão.

Como o presidente Vladimir Putin enfatizou, a Rússia não está procurando girar a roda do conflito ucraniano, mas sim acabar com ele.

Mas os países ocidentais continuam falando sobre a necessidade de continuar lutando, intensificando o fornecimento de armas e treinando os militares das Forças Armadas da Ucrânia em seu território.

 

Ø  FT: UE pode realizar exercícios conjuntos após sabotagem no gasoduto Nord Stream

 

A UE está considerando patrulhas e exercícios conjuntos para proteger a infraestrutura marítima após o atentado contra o gasoduto Nord Stream, disse o Financial Times, citando Virginijus Sinkevicius, comissário europeu para o Meio Ambiente.

"A União Europeia está considerando patrulhas marítimas conjuntas e exercícios navais [...] para proteger a infraestrutura marítima crítica [...] De acordo com o comissário, o ataque ao gasoduto Nord Stream [Corrente do Norte] mostrou a necessidade de maior vigilância em relação às atividades marítimas europeias na Europa", diz o artigo.

A estratégia marítima atualizada da UE, refere a publicação, contém uma lista de ações que inclui exercícios navais conjuntos anuais da UE e o aumento das patrulhas militares e da ação da guarda costeira. De acordo com Sinkevicius, a UE promove o alargamento do monitoramento por satélite e compartilhamento de inteligência.

Além disso, o comissário afirma que tanques de armazenamento flutuantes e instalações de regaseificação podem ser possíveis alvos de ataques por parte da Rússia.

De acordo com o jornal, Sinkevicius também observou que, como parte da estratégia renovada da UE, ele defendeu a criação de uma força-tarefa para desativar as minas no mar Negro.

·         O que já se sabe sobre as explosões nos gasodutos

Recentemente, o New York Times noticiou, com base em dados de inteligência, que um grupo pró-ucraniano teria estado por trás da sabotagem dos gasodutos Nord Stream.

Por sua vez, o jornal alemão Die Zeit escreveu que os vestígios do ataque aos gasodutos levam na direção da Ucrânia.

O Ministério Público Federal alemão confirmou à Sputnik que foram realizadas buscas em um navio alegadamente carregado com materiais para explodir o Nord Stream.

No entanto, o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov chamou as publicações que apontam para o envolvimento da Ucrânia de "operação coordenada de desinformação".

Ele expressou perplexidade quanto à capacidade das autoridades norte-americanas, mencionadas nas publicações, de fazerem suposições sobre ataques terroristas ao Nord Stream sem antes haver uma investigação.

Os ataques ocorreram simultaneamente em 26 de setembro de 2022 nos dois gasodutos russo-alemães que transportavam gás natural russo para a Europa – o Nord Stream 1 e Nord Stream 2.

A Alemanha, a Dinamarca e a Suécia não descartam que tenha sido um ato de sabotagem.

A operadora dos gasodutos, a Nord Stream AG, informou que a situação de emergência nos gasodutos foi inédita e que o tempo de reparos não poderia ser avaliado.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a explosão dos gasodutos foi um óbvio ato de terrorismo.

O Pentágono tem negado qualquer envolvimento dos EUA.

 

Fonte: Sputnik Brasil

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