Bolsonaro recebeu
um 3º conjunto de joias com Rolex de diamantes e este ele embolsou
O
ex-presidente Jair Bolsonaro levou um terceiro pacote de joias dadas pelo
regime da Arábia Saudita quando deixou o mandato, no fim de 2022. O Estadão
apurou que o estojo inclui um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado
de diamantes.
A
caixa de madeira clara, que traz o símbolo verde do brasão de armas da Arábia
Saudita, contém uma caneta da marca Chopard prateada, com pedras incrustadas.
Há um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e
outros diamantes ao redor. Compõe o conjunto, ainda, um anel em ouro branco com
um diamante no centro e outros em forma de "baguette" ao redor, uma
"masbaha", um tipo de rosário árabe, feito de ouro branco e com
pingentes cravejados em brilhantes.
O
relógio Rolex é encontrado na internet pelo preço de R$ 364 mil. Os demais
itens, quando comparados a peças similares, somam, no mínimo, R$ 200 mil. Isso
significa que esta terceira caixa de presentes está estimada em mais de R$ 500
mil, na hipótese mais conservadora.
A
reportagem apurou que este conjunto de joias, diferentemente das outras duas
caixas enviadas a Bolsonaro, foi recebido em mãos pelo próprio ex-presidente,
quando esteve com sua comitiva em viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riad,
na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 10 de outubro de 2019.
Naquela
ocasião, Bolsonaro teve um almoço oferecido pelo rei saudita Salma Bin
Abdulaziz Al Saud. No encontro, o então presidente disse que possuía
"certa afinidade" com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salma. Segundo
Bolsonaro, "todo mundo" gostaria de passar uma tarde com um príncipe,
"principalmente as mulheres".
A
reportagem apurou que, neste caso, Bolsonaro voltou com o conjunto de joias
para o Brasil e deu ordens para que os itens fossem levados a seu acervo
privado, o que foi confirmado no dia 8 de novembro de 2019, pelo Gabinete
Ajunto de Documentação Histórica da Presidência.
Naquela
ocasião, um formulário de encaminhamento de presentes para o presidente foi
preenchido, com a especificação de cada item do conjunto de joias. Na parte inferior
desta descrição, há uma pergunta que se questiona se "houve intermediário
no trâmite". A resposta é: "não".
Uma
segunda pergunta questiona se o presente foi "visualizado pelo
presidente". A resposta é: "sim".
A
guarda dessas joias permaneceria no acervo privado de Bolsonaro por mais de um
ano e meio, até que, já no ano passado, o então presidente daria novas ordens,
desta vez para ter o conjunto, fisicamente, em suas mãos. Isso ocorreu no dia 6
de junho de 2022. Nesta data, foi registrado pelo sistema da Presidência que os
itens foram "encaminhados ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro".
Dois dias depois, em 8 de junho, conforme os registros oficiais, as joias já se
encontravam "sob a guarda do Presidente da República".
A
nova denúncia se soma às demais tentativas de Bolsonaro de ficar com joias
recebidas do regime árabe. Como revelou o Estadão, em outubro de 2021, a
comitiva do governo Bolsonaro tentou entrar ilegalmente no Brasil com presentes
dos sauditas, sem fazer a devida de declaração dos bens. Uma caixa de
presentes, já estimada em cerca de R$ 1 milhão, passou pela alfândega sem ser
declarada pela comitiva liderada pelo então ministro de Minas e Energia Bento
Albuquerque.
Um
segundo conjunto de joias de diamantes, porém, que já chegou a ser estimado em
cerca de R$ 16,5 milhões, acabou retido na alfândega, após os auditores da
Receita Federal suspeitarem dos membros da comitiva. Estas joias, segundo
Albuquerque, seriam presentes para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Ela negou ter conhecimento sobre as joias.
Bolsonaro,
que, quando o Estadão denunciou os casos, disse desconhecer as joias dadas
pelos sauditas, acabou por se desmentir dias depois e reconheceu que havia
recebido um pacote que entrou ilegalmente no Brasil, sendo obrigado a devolver
os itens, por determinação do Tribunal de Contas da União. Um fuzil e uma
pistola dada pelos Emirados Árabes também foi devolvida. O TCU deve fazer uma
auditoria nos demais presentes recebidos pelo ex-presidente.
Bolsonaro guardou joias e outros
presentes valiosos na fazenda de Piquet, em Brasília
O
ex-presidente Jair Bolsonaro contou com a ajuda de um apoiador para arrumar um
lugar onde guardar suas caixas de presentes recebidos durante seu mandato, como
as joias de diamantes, e que não queria entregar para a União. O Estadão apurou
que dezenas de caixas com pertences foram despachadas para uma propriedade do
ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet.
O
local escolhido para guardar os presentes é conhecido como “Fazenda Piquet”, e
fica localizado no Lago Sul, uma das regiões mais nobres de Brasília. O Estadão
apurou ainda que tudo que foi destinado à propriedade de Piquet saiu pelas
garagens privativas do Palácio do Planalto e também do Palácio da Alvorada, a
residência oficial dos presidentes da República.
A
data inicial para envio das caixas foi registrada no dia 7 de dezembro do ano
passado, quando Bolsonaro começava a organizar a sua saída dos palácios, após a
derrota na eleição presidencial. Apesar do pedido ter ocorrido nesta data,
houve atraso na remessa, e os itens só seriam encaminhados à casa de Nelson
Piquet no dia 20 de dezembro do ano passado, uma terça-feira, às 09h00 da
manhã.
Faltavam apenas 11 dias para o fim do mandato
de Bolsonaro. Na semana seguinte, Bolsonaro mandaria um avião da Força Aérea
Brasileira (FAB) ao aeroporto de Guarulhos, para tentar resgatar a caixa de
diamantes que era destinada a Michelle Bolsonaro, como seu próprio ministro
Bento Albuquerque reafirmou ao Estadão.
Houve
o claro objetivo de Bolsonaro em ficar com os itens de maior valor, uma vez que
apenas estes foram enviados para a propriedade de Nelson Piquet, enquanto
outros itens, como cartas e livros, por exemplo, foram despachados para o
Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional do Rio. Para estes itens, portanto, o
entendimento foi que seriam bens do Estado brasileiro, enquanto as joias foram
tratadas como bens pessoais.
O
Estadão procurou Nelson Piquet para questioná-lo sobre os motivos de guardar,
em sua propriedade, os bens que Bolsonaro alega que são dele. Não houve
resposta até a publicação desta reportagem.
Nelson
Piquet é um cabo eleitoral ativo de Bolsonaro e esteve presente em atos
golpistas realizados em 2022. Em novembro do ano passado, um mês antes de
alocar os presentes do então presidente, o ex-piloto brasileiro participou das
manifestações bolsonaristas contra a derrota Bolsonaro na disputa à reeleição.
Um
vídeo circulou nas redes sociais, onde ele dizia: “Vamos botar esse Lula filho
de uma p* para fora”. Ao fim da gravação, o eleitor que estava ao lado de
Piquet repetiu o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, e o
ex-piloto completou a frase dizendo “E o Lula lá no cemitério”, seguido de um
palavrão.
MAIOR
DOADOR – Piquet chegou a fazer uma doação de R$ 501 mil para a campanha de
Bolsonaro. A informação, registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), veio
a público no fim de agosto, transformando o corredor e empresário no maior
doador “pessoa física” da campanha do presidente à época.
Ainda
em agosto, a empresa de Piquet, a Autotrac Comércio e Comunicações, recebeu um
aditivo de cerca de R$ 6,6 milhões, correspondente a um contrato assinado em
2019, sem licitação, com o Ministério da Agricultura, já no governo atual. A
parceria veio apesar de a empresa dever R$ 6,3 mil em impostos.
Na
semana passada, Piquet foi condenado em primeira instância a pagar uma
indenização de R$ 5 milhões por falas racistas e homofóbicas dirigidas ao
piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, da Mercedes, durante entrevista a um canal
do Youtube.
Bolsonaro sabe que é o próximo na fila.
Por Moisés Mendes
Bolsonaro
precisa voltar ao Brasil para não morrer de tédio em Orlando, onde completa no
fim de março três meses de acampamento.
Ninguém
com alguma relevância política o visitou nesse tempo todo. Deve ser cada vez mais
difícil conviver da manhã à noite dentro e fora de casa com o mesmo grupo de
seguranças.
Voltar
ao Brasil no dia 30 será o gesto pessoal de alguém em sofrimento, antes de ser
parte de um plano com algum sentido político.
Que
sentido político explícito ou sugerido Bolsonaro daria ao seu retorno em meio
às incertezas sobre o que o espera depois da fuga com as joias?
Pode
tentar testar sua popularidade e percorrer o Brasil em motociatas e grandes
reuniões? Ou irá apenas fechar-se em casa e recolher impressões do PL e do
centrão sobre o ambiente e os humores ao redor?
Não
é pouca coisa o dilema de Bolsonaro. Se voltar e agir ostensivamente,
mobilizando as bases imprecisas, as ações serão percebidas como afronta ao TSE,
às vésperas da provável inelegibilidade.
Se
ficar em casa apenas conchavando, essa mesma base poderá considerá-lo
vacilante. Foi como parte do bolsonarismo percebeu seu veraneio em Orlando,
enquanto manés e terroristas eram presos.
Se
for intenso, Bolsonaro provoca o Judiciário. Se for covarde, não terá como
medir uma reação política que pudesse deixar o TSE inseguro.
Bolsonaro
tenta ser um fenômeno político único no mundo. Perde a eleição, perde
imunidades, é acossado por uma dúzia de acusações com tramitação formal na
Justiça e agrega ao currículo o caso das joias das arábias.
Três
meses depois da fuga, pode testar, na volta, a sua sobrevivência política. Mas
sabe também que poderá fracassar até como puxador de comboio de motos.
Na
Argentina, Maurício Macri tentou, mas desistiu de voltar ao jogo. Não será
candidato na eleição à presidência em outubro. Aparecia em sexto lugar nas
pesquisas, com 6% a 8%.
Donald
Trump ainda esperneia, também tentando pôr à prova sua popularidade e a
capacidade de reação dos homens com guampas, mas deve ser contido pela Justiça.
Já está sendo descartado por parte da direita americana.
Em
Israel, Benjamin Netanyahu retornou ao poder, mas foi longe demais, tentou
amordaçar o Judiciário, enfrentou a fúria das ruas, recuou e só não cai se
desistir do golpe.
Na
sempre lembrada Bolívia, em estado permanente de golpe, Luís Fernando Camacho,
chefe civil do motim da polícia que derrubou Evo Morales em 2019, está preso
desde o final de dezembro e nada de grave aconteceu.
Líderes
e ex-líderes da direita e da extrema direita, com alguma expressão, estão em
sofrimento. Analistas esforçados tentam achar uma grande explicação que sirva
para a maioria da desgraceira dessa gente, mas não há nada muito convincente à
mão.
Até
porque, no caso argentino, Macri morre politicamente, mas o deputado
liberal-extremista Javier Milei, um fenômeno mais recente, lidera com folga as
pesquisas à presidência.
O
Brasil tem muitos Mileis prontos para ocupar o lugar do acampado da Flórida, de
Sergio Moro a Michelle, de Hamilton Mourão a Tarcísio de Freitas. E tem ainda
Romeu Zema, Simone Tebet e outros que podem surgir mais adiante.
Bolsonaro
pode virar um Macri, mesmo que eles não sejam similares. O fascista brasileiro
é um ser híbrido, uma aberração verde-amarela única num ambiente em que o
imponderável é o que mais se renova.
Pois
Bolsonaro foi eleito pelo imponderável em 2018 e tenta agora sobreviver até à
maldição do cavalo dourado das arábias com três pernas quebradas. Mas ele sabe
que é o próximo na fila.
Weintraub chama Bolsonaro de “cafetão do
povo"
Abraham
Weintraub, ministro da Educação por 14 meses na gestão do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), xingou o ex-chefe ao comentar a volta dele na próxima
quinta-feira, 30, após três meses autoexiliado nos Estados Unidos.
No
Twitter, Weintraub fez publicações chamando Bolsonaro de “cafetão do povo” e
chamou os bolsonaristas que devem receber o ex-presidente no aeroporto de
“meretrizes do Centrão”.
“O
CAFETÃO do povo está voltando! Você, que é uma meretriz do centrão, precisa ir
ao aeroporto!”, tuitou o ex-ministro.
O
xingamento é um trocadilho com o mote eleitoral de Bolsonaro nas eleições de
2022. A campanha do ex-presidente o intitulava de “capitão do povo”, em
referência à sua patente militar.
Torres e general Dutra se encontraram 48
horas antes de ataques de 8/1
Citados
em investigações que apuram os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro deste
ano em Brasília, o ex-secretário do Distrito Federal, Anderson Torres, e o
general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, se encontraram 48 horas antes dos
ataques na capital federal.
Ex-titular
da Segurança Pública do DF, Torres está
preso enquanto as investigações estão em curso. Dutra chefiava o Comando
Militar do Planalto (CMP).
De
acordo com o portal Metrópoles, que obteve o registro da reunião, o encontro
ocorreu às 10h do dia 6 de janeiro, uma sexta-feira, na sala de reuniões do
quarto andar da Secretaria de Segurança Pública.
No
mesmo dia, Anderson Torres embarcou para os Estados Unidos. dois dias depois,
apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram Brasília na tentativa de
iniciarem um golpe de Estado. A Praça dos Três Poderes foi totalmente
vandalizada, com foco principalmente nas sedes do Supremo Tribunal Federal
(STF), Senado, Câmara e Palácio do Planalto.
A
maioria dos golpistas estava acampada em frente ao Quartel-General do Exército,
em Brasília.
Fonte:
Agencia Estado/Brasil 247/A Tarde
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