quarta-feira, 29 de março de 2023

Bolsonaro recebeu um 3º conjunto de joias com Rolex de diamantes e este ele embolsou

O ex-presidente Jair Bolsonaro levou um terceiro pacote de joias dadas pelo regime da Arábia Saudita quando deixou o mandato, no fim de 2022. O Estadão apurou que o estojo inclui um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes.

A caixa de madeira clara, que traz o símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita, contém uma caneta da marca Chopard prateada, com pedras incrustadas. Há um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor. Compõe o conjunto, ainda, um anel em ouro branco com um diamante no centro e outros em forma de "baguette" ao redor, uma "masbaha", um tipo de rosário árabe, feito de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes.

O relógio Rolex é encontrado na internet pelo preço de R$ 364 mil. Os demais itens, quando comparados a peças similares, somam, no mínimo, R$ 200 mil. Isso significa que esta terceira caixa de presentes está estimada em mais de R$ 500 mil, na hipótese mais conservadora.

A reportagem apurou que este conjunto de joias, diferentemente das outras duas caixas enviadas a Bolsonaro, foi recebido em mãos pelo próprio ex-presidente, quando esteve com sua comitiva em viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riad, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 10 de outubro de 2019.

Naquela ocasião, Bolsonaro teve um almoço oferecido pelo rei saudita Salma Bin Abdulaziz Al Saud. No encontro, o então presidente disse que possuía "certa afinidade" com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salma. Segundo Bolsonaro, "todo mundo" gostaria de passar uma tarde com um príncipe, "principalmente as mulheres".

A reportagem apurou que, neste caso, Bolsonaro voltou com o conjunto de joias para o Brasil e deu ordens para que os itens fossem levados a seu acervo privado, o que foi confirmado no dia 8 de novembro de 2019, pelo Gabinete Ajunto de Documentação Histórica da Presidência.

Naquela ocasião, um formulário de encaminhamento de presentes para o presidente foi preenchido, com a especificação de cada item do conjunto de joias. Na parte inferior desta descrição, há uma pergunta que se questiona se "houve intermediário no trâmite". A resposta é: "não".

Uma segunda pergunta questiona se o presente foi "visualizado pelo presidente". A resposta é: "sim".

A guarda dessas joias permaneceria no acervo privado de Bolsonaro por mais de um ano e meio, até que, já no ano passado, o então presidente daria novas ordens, desta vez para ter o conjunto, fisicamente, em suas mãos. Isso ocorreu no dia 6 de junho de 2022. Nesta data, foi registrado pelo sistema da Presidência que os itens foram "encaminhados ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro". Dois dias depois, em 8 de junho, conforme os registros oficiais, as joias já se encontravam "sob a guarda do Presidente da República".

A nova denúncia se soma às demais tentativas de Bolsonaro de ficar com joias recebidas do regime árabe. Como revelou o Estadão, em outubro de 2021, a comitiva do governo Bolsonaro tentou entrar ilegalmente no Brasil com presentes dos sauditas, sem fazer a devida de declaração dos bens. Uma caixa de presentes, já estimada em cerca de R$ 1 milhão, passou pela alfândega sem ser declarada pela comitiva liderada pelo então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.

Um segundo conjunto de joias de diamantes, porém, que já chegou a ser estimado em cerca de R$ 16,5 milhões, acabou retido na alfândega, após os auditores da Receita Federal suspeitarem dos membros da comitiva. Estas joias, segundo Albuquerque, seriam presentes para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Ela negou ter conhecimento sobre as joias.

Bolsonaro, que, quando o Estadão denunciou os casos, disse desconhecer as joias dadas pelos sauditas, acabou por se desmentir dias depois e reconheceu que havia recebido um pacote que entrou ilegalmente no Brasil, sendo obrigado a devolver os itens, por determinação do Tribunal de Contas da União. Um fuzil e uma pistola dada pelos Emirados Árabes também foi devolvida. O TCU deve fazer uma auditoria nos demais presentes recebidos pelo ex-presidente.

 

       Bolsonaro guardou joias e outros presentes valiosos na fazenda de Piquet, em Brasília

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro contou com a ajuda de um apoiador para arrumar um lugar onde guardar suas caixas de presentes recebidos durante seu mandato, como as joias de diamantes, e que não queria entregar para a União. O Estadão apurou que dezenas de caixas com pertences foram despachadas para uma propriedade do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet.

O local escolhido para guardar os presentes é conhecido como “Fazenda Piquet”, e fica localizado no Lago Sul, uma das regiões mais nobres de Brasília. O Estadão apurou ainda que tudo que foi destinado à propriedade de Piquet saiu pelas garagens privativas do Palácio do Planalto e também do Palácio da Alvorada, a residência oficial dos presidentes da República.

A data inicial para envio das caixas foi registrada no dia 7 de dezembro do ano passado, quando Bolsonaro começava a organizar a sua saída dos palácios, após a derrota na eleição presidencial. Apesar do pedido ter ocorrido nesta data, houve atraso na remessa, e os itens só seriam encaminhados à casa de Nelson Piquet no dia 20 de dezembro do ano passado, uma terça-feira, às 09h00 da manhã.

 Faltavam apenas 11 dias para o fim do mandato de Bolsonaro. Na semana seguinte, Bolsonaro mandaria um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) ao aeroporto de Guarulhos, para tentar resgatar a caixa de diamantes que era destinada a Michelle Bolsonaro, como seu próprio ministro Bento Albuquerque reafirmou ao Estadão.

Houve o claro objetivo de Bolsonaro em ficar com os itens de maior valor, uma vez que apenas estes foram enviados para a propriedade de Nelson Piquet, enquanto outros itens, como cartas e livros, por exemplo, foram despachados para o Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional do Rio. Para estes itens, portanto, o entendimento foi que seriam bens do Estado brasileiro, enquanto as joias foram tratadas como bens pessoais.

O Estadão procurou Nelson Piquet para questioná-lo sobre os motivos de guardar, em sua propriedade, os bens que Bolsonaro alega que são dele. Não houve resposta até a publicação desta reportagem.

Nelson Piquet é um cabo eleitoral ativo de Bolsonaro e esteve presente em atos golpistas realizados em 2022. Em novembro do ano passado, um mês antes de alocar os presentes do então presidente, o ex-piloto brasileiro participou das manifestações bolsonaristas contra a derrota Bolsonaro na disputa à reeleição.

Um vídeo circulou nas redes sociais, onde ele dizia: “Vamos botar esse Lula filho de uma p* para fora”. Ao fim da gravação, o eleitor que estava ao lado de Piquet repetiu o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, e o ex-piloto completou a frase dizendo “E o Lula lá no cemitério”, seguido de um palavrão.

MAIOR DOADOR – Piquet chegou a fazer uma doação de R$ 501 mil para a campanha de Bolsonaro. A informação, registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), veio a público no fim de agosto, transformando o corredor e empresário no maior doador “pessoa física” da campanha do presidente à época.

Ainda em agosto, a empresa de Piquet, a Autotrac Comércio e Comunicações, recebeu um aditivo de cerca de R$ 6,6 milhões, correspondente a um contrato assinado em 2019, sem licitação, com o Ministério da Agricultura, já no governo atual. A parceria veio apesar de a empresa dever R$ 6,3 mil em impostos.

Na semana passada, Piquet foi condenado em primeira instância a pagar uma indenização de R$ 5 milhões por falas racistas e homofóbicas dirigidas ao piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, da Mercedes, durante entrevista a um canal do Youtube.

 

       Bolsonaro sabe que é o próximo na fila. Por Moisés Mendes

 

Bolsonaro precisa voltar ao Brasil para não morrer de tédio em Orlando, onde completa no fim de março três meses de acampamento.

Ninguém com alguma relevância política o visitou nesse tempo todo. Deve ser cada vez mais difícil conviver da manhã à noite dentro e fora de casa com o mesmo grupo de seguranças.

Voltar ao Brasil no dia 30 será o gesto pessoal de alguém em sofrimento, antes de ser parte de um plano com algum sentido político.

Que sentido político explícito ou sugerido Bolsonaro daria ao seu retorno em meio às incertezas sobre o que o espera depois da fuga com as joias?

Pode tentar testar sua popularidade e percorrer o Brasil em motociatas e grandes reuniões? Ou irá apenas fechar-se em casa e recolher impressões do PL e do centrão sobre o ambiente e os humores ao redor?

Não é pouca coisa o dilema de Bolsonaro. Se voltar e agir ostensivamente, mobilizando as bases imprecisas, as ações serão percebidas como afronta ao TSE, às vésperas da provável inelegibilidade.

Se ficar em casa apenas conchavando, essa mesma base poderá considerá-lo vacilante. Foi como parte do bolsonarismo percebeu seu veraneio em Orlando, enquanto manés e terroristas eram presos.

Se for intenso, Bolsonaro provoca o Judiciário. Se for covarde, não terá como medir uma reação política que pudesse deixar o TSE inseguro.

Bolsonaro tenta ser um fenômeno político único no mundo. Perde a eleição, perde imunidades, é acossado por uma dúzia de acusações com tramitação formal na Justiça e agrega ao currículo o caso das joias das arábias.

Três meses depois da fuga, pode testar, na volta, a sua sobrevivência política. Mas sabe também que poderá fracassar até como puxador de comboio de motos.

Na Argentina, Maurício Macri tentou, mas desistiu de voltar ao jogo. Não será candidato na eleição à presidência em outubro. Aparecia em sexto lugar nas pesquisas, com 6% a 8%.

Donald Trump ainda esperneia, também tentando pôr à prova sua popularidade e a capacidade de reação dos homens com guampas, mas deve ser contido pela Justiça. Já está sendo descartado por parte da direita americana.

Em Israel, Benjamin Netanyahu retornou ao poder, mas foi longe demais, tentou amordaçar o Judiciário, enfrentou a fúria das ruas, recuou e só não cai se desistir do golpe.

Na sempre lembrada Bolívia, em estado permanente de golpe, Luís Fernando Camacho, chefe civil do motim da polícia que derrubou Evo Morales em 2019, está preso desde o final de dezembro e nada de grave aconteceu.

Líderes e ex-líderes da direita e da extrema direita, com alguma expressão, estão em sofrimento. Analistas esforçados tentam achar uma grande explicação que sirva para a maioria da desgraceira dessa gente, mas não há nada muito convincente à mão.

Até porque, no caso argentino, Macri morre politicamente, mas o deputado liberal-extremista Javier Milei, um fenômeno mais recente, lidera com folga as pesquisas à presidência.

O Brasil tem muitos Mileis prontos para ocupar o lugar do acampado da Flórida, de Sergio Moro a Michelle, de Hamilton Mourão a Tarcísio de Freitas. E tem ainda Romeu Zema, Simone Tebet e outros que podem surgir mais adiante.

Bolsonaro pode virar um Macri, mesmo que eles não sejam similares. O fascista brasileiro é um ser híbrido, uma aberração verde-amarela única num ambiente em que o imponderável é o que mais se renova.

Pois Bolsonaro foi eleito pelo imponderável em 2018 e tenta agora sobreviver até à maldição do cavalo dourado das arábias com três pernas quebradas. Mas ele sabe que é o próximo na fila.

 

       Weintraub chama Bolsonaro de “cafetão do povo"

 

Abraham Weintraub, ministro da Educação por 14 meses na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), xingou o ex-chefe ao comentar a volta dele na próxima quinta-feira, 30, após três meses autoexiliado nos Estados Unidos.

No Twitter, Weintraub fez publicações chamando Bolsonaro de “cafetão do povo” e chamou os bolsonaristas que devem receber o ex-presidente no aeroporto de “meretrizes do Centrão”.

“O CAFETÃO do povo está voltando! Você, que é uma meretriz do centrão, precisa ir ao aeroporto!”, tuitou o ex-ministro.

O xingamento é um trocadilho com o mote eleitoral de Bolsonaro nas eleições de 2022. A campanha do ex-presidente o intitulava de “capitão do povo”, em referência à sua patente militar.

 

       Torres e general Dutra se encontraram 48 horas antes de ataques de 8/1

 

Citados em investigações que apuram os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro deste ano em Brasília, o ex-secretário do Distrito Federal, Anderson Torres, e o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, se encontraram 48 horas antes dos ataques na capital federal.

Ex-titular da  Segurança Pública do DF, Torres está preso enquanto as investigações estão em curso. Dutra chefiava o Comando Militar do Planalto (CMP).

De acordo com o portal Metrópoles, que obteve o registro da reunião, o encontro ocorreu às 10h do dia 6 de janeiro, uma sexta-feira, na sala de reuniões do quarto andar da Secretaria de Segurança Pública.

No mesmo dia, Anderson Torres embarcou para os Estados Unidos. dois dias depois, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram Brasília na tentativa de iniciarem um golpe de Estado. A Praça dos Três Poderes foi totalmente vandalizada, com foco principalmente nas sedes do Supremo Tribunal Federal (STF), Senado, Câmara e Palácio do Planalto.

A maioria dos golpistas estava acampada em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

 

Fonte: Agencia Estado/Brasil 247/A Tarde

 

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