Por que lâmpadas de LED não fizeram consumo de energia cair
Se você quiser vender uma bicicleta, cuide da
iluminação de sua loja.
Quem aconselha é Eamon Barrett, dono da loja
de bicicletas Altitude
em Waterford, na Irlanda. As tintas multicoloridas brilhantes, as superfícies
cromadas, os raios novos e brilhantes — tudo fica cintilante quando bem
iluminado.
Mas Barrett começou a se incomodar em manter
lâmpadas fluorescentes acesas todo o dia para ajudar a promover uma forma de
transporte supostamente verde.
Por isso, cerca de três anos atrás, decidiu mudar
para iluminação com LEDs, que é mais eficiente, no seu
showroom, na oficina, na lanchonete e nos escritórios administrativos da
Altitude.
Sensores de movimento fazem com que as luzes em
algumas das áreas se acendem apenas quando alguém entrar na sala.
O sistema é alimentado, em parte, por novos painéis
solares e uma bateria.
"Todos nós ganhamos", conta Barrett.
"A qualidade da iluminação é melhor" e, segundo ele, sua conta anual
de eletricidade caiu em 35%.
Barrett ressalta que esta economia seria ainda
maior, não fosse pela invasão da
Ucrânia pela Rússia, que fez os preços da energia dispararem.
A iluminação com LEDs existe há décadas, mas muitas
empresas ainda não fazem uso desta alternativa. Isso se deve, em parte, ao
custo inicial da mudança.
Barrett afirma que gastou cerca de 10 mil euros
(cerca de R$ 53,6 mil) com a nova iluminação da empresa. O imóvel ocupa cerca
de 2 mil metros quadrados.
Ele calcula que irá levar cerca de sete anos para
recuperar este valor e o custo adicional dos painéis solares e da bateria.
Em 2022, os LEDs atingiram uma marca histórica.
Eles representaram 50% das vendas de material de iluminação em todo o mundo,
segundo a Agência Internacional de Energia.
Mas hoje existem no mundo mais pessoas instalando
iluminação elétrica do que nunca. Por isso, o consumo total de energia para
iluminação, na verdade, está aumentando.
As lâmpadas de LED mais recentes são
ultraeficientes, mas provavelmente precisamos fazer mais para garantir que a
iluminação não acabe consumindo mais energia.
"O número de luzes utilizadas nas residências
está aumentando", segundo Shivika Mittal, do Instituto Grantham do
Imperial College de Londres. "Isso está anulando o efeito da migração para
os LEDs."
Mittal afirma que muitos imóveis residenciais,
especialmente no Ocidente, já adotaram as lâmpadas de LED. Mas os edifícios
comerciais estão levando mais tempo para fazer essa transição.
Políticas governamentais poderiam ajudar a
incentivar as empresas a realizar a mudança.
E pode haver maior economia de energia, segundo
ela, aliando a iluminação a sistemas inteligentes, como os sensores de
movimento empregados por Barrett. Essas medidas poderiam ajudar a reduzir o
consumo global de energia para fins de iluminação.
A empresa Marmax Products, de Durham, no nordeste
da Inglaterra, recicla plástico para produzir mobiliário externo, como mesas de
piquenique.
A empresa finalmente substituiu suas lâmpadas
incandescentes por LEDs no seu armazém e nos escritórios em 2022.
"Sentimos que, devido à nossa linha de
produtos, estávamos fazendo a nossa parte", afirma o gerente-geral da
empresa, Dave Johnson.
Uma auditoria sobre redução de energia indicou a
possibilidade de mudar para a iluminação com lâmpadas de LED.
"Você sempre pode fazer mais", afirma
Johnson.
A eficiência da iluminação elétrica pode ser medida
em termos de quantos lumens (a quantidade emitida de luz visível) são
produzidos por Watt de energia consumida.
No início dos anos 2000, os LEDs brancos ofereciam
apenas cerca de 20 lumens por Watt, segundo Paul Scheidt, gerente de marketing
de produtos da empresa Cree LED, importante fabricante de artigos de
iluminação.
Mas, em março de 2023, a Cree LED anunciou lâmpadas
de LED brancas que fornecem 228 lumens por Watt.
A ampla maioria da energia consumida pelos LEDs é
usada para produzir fótons (luz), enquanto as lâmpadas incandescentes
desperdiçam cerca de 90% da energia que consomem na produção de calor.
Scheidt destaca que, para LEDs de tonalidade
quente, a eficiência sofre alguma queda, mas ainda é possível atingir cerca de
160 lumens por Watt com luminárias brancas quentes, com temperatura de cor de
2700 Kelvin.
Mas são esperados outros avanços. Mittal calcula
que a eficiência dessas lâmpadas pode dobrar nos próximos 20 anos.
Em alguns locais, a simples substituição de
iluminação inexistente há muito tempo permanece um desafio.
No início deste ano, o fabricante de artigos de
iluminação Gemma Lighting foi chamado ao conjunto residencial Stamford Hill
Estate, em Londres, para recomendar opções de iluminação em áreas externas e
nas ruas.
"Quando examinamos o local, apenas 10% das
luzes originais ainda estavam funcionando. Elas criavam muitos pontos
escuros", afirma o gerente de marketing da empresa, Piers Lowbridge.
As luzes antigas eram lâmpadas de vapor de sódio.
Agora, todas elas — mais de 100 lâmpadas — foram substituídas por lâmpadas de
LED.
O consumo anual de energia das lâmpadas antigas, se
todas estivessem funcionando, seria de 341 mil quiloWatts-hora (kWh), segundo
Lowbridge. Este consumo seria suficiente para atender à demanda média anual de
eletricidade de mais de 120 lares britânicos.
Os novos LEDs consomem apenas 36 mil kWh por ano —
uma redução de cerca de 90%.
E, embora o custo da mudança tenha sido de 34,5 mil
libras (cerca de R$ 213,5 mil), a operação das lâmpadas antigas — novamente, se
todas estivessem funcionando — teria custado 115 mil libras por ano (cerca de
R$ 712 mil), incluindo os custos de manutenção, segundo a Gemma Lighting.
A empresa também anunciou recentemente uma
luminária pública autônoma, alimentada por energia solar, que não precisa ser
conectada à rede.
Ela vem equipada com um sensor de luz, para que
seja ligada apenas após o anoitecer, e um sensor de movimento. Isso permite que
a lâmpada aumente seu brilho de 30% a 100% sempre que um veículo ou pedestre
passe por perto dela.
Uma desvantagem das lâmpadas de LED é que a luz
azul que elas emitem foi relacionada a problemas de saúde, como distúrbios do
sono e diversas doenças. Mas a luz azul, até certo ponto, é emitida até pelas
luminárias de luz quente.
Karolina Zielińska-Dąbkowska, da Universidade de
Tecnologia de Gdansk, na Polônia, afirma que nossos olhos possuem
fotorreceptores particularmente sensíveis ao azul.
"Como pesquisadora e designer de iluminação,
acho que o único caminho são os LEDs, mas eles ainda precisam ser melhorados",
afirma ela.
As instalações de iluminação com LEDs também
costumam ser criticadas por serem excessivamente brilhantes. Scheidt afirma
que, há anos, os instaladores de lâmpadas escolheram erroneamente luminárias
com "azul demais", mas isso agora está mudando.
A popularidade das lâmpadas de LED está em franco
crescimento. Se forem instaladas criteriosamente, elas podem ajudar as empresas
a atingir grandes economias financeiras, segundo Barrett. Ele agora repara nas
luzes menos eficientes — e na energia desperdiçada em forma de calor — sempre
que anda pelas ruas.
"Se você tiver qualquer espaço grande de
varejo usando lâmpadas antigas, honestamente, você está simplesmente jogando
dinheiro fora", conclui ele.
Fonte: Por Chris Baraniuk, repórter de tecnologia
de negócios da BBC News
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