terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O povo da Colômbia que celebra Natal em fevereiro e com Menino Jesus negro

Os moradores da cidade de Quinamayó, na Colômbia, celebram o Natal em fevereiro com uma procissão que inclui uma estátua de um Menino Jesus negro.

Os afrodescendentes locais dizem que a tradição remonta aos tempos da escravidão, quando seus ancestrais eram proibidos de comemorar o Natal em 25 de dezembro.

Eles escolheram, então, uma data em meados de fevereiro — o terceiro sábado do mês — um costume preservado desde então.

As celebrações contam com apresentações teatrais, fantasias coloridas, fogos de artifício, música e dança.

"As pessoas que nos escravizaram comemoravam o Natal em dezembro e não nos era permitido ter aquele dia de descanso; tivemos que escolher outro", explicou Holmes Larrahondo, coordenador do evento.

"Na nossa comunidade, acreditamos que uma mulher deve jejuar 45 dias após o parto, por isso celebramos o Natal não em dezembro, mas em fevereiro, para que Maria possa dançar conosco", acrescentou Larrahondo.

Balmores Viáfara, professor de 54 anos, disse ao jornal local El Colombiano que, para ele, 24 de dezembro é "como qualquer outro dia", enquanto as Adorações ao Menino Jesus, como são conhecidas as celebrações, são uma festa "em que nós, negros, celebramos adorando nosso Deus, à nossa maneira".

Elas combinam as crenças católicas, fruto da evangelização europeia, com outras formas de expressão e rituais que os escravos trouxeram da África.

São "celebrações de resistência", resumiu Viáfara ao El Colombiano.

No âmbito das celebrações, os moradores vão de casa em casa em peregrinação "à procura" do Menino Jesus — representado por um boneco de madeira — cantando e dançando.

Assim que é "encontrado", o boneco é carregado em procissão ao redor da cidade por participantes de todas as idades vestidos de anjos e soldados, que finalmente a colocam na manjedoura.

Em seguida, é realizada uma dança chamada "la fuga", que busca imitar os passos de escravos acorrentados.

As festividades — que incluem recitações conhecidas como loas, dança e bebida — seguem até as primeiras horas da manhã.

Durante o resto do ano, o boneco do Menino Jesus fica sob custódia na casa de um dos moradores.

Essa responsabilidade recai sobre Mirna Rodríguez, uma parteira de 55 anos, que herdou de sua falecida mãe a tarefa de manter o boneco em perfeitas condições.

"Todos participamos do evento desde pequenos (…) então acho que a tradição nunca vai acabar", disse Rodríguez ao El Colombiano.

 

Ø  Por que Ucrânia celebra o Natal em 25 de dezembro pela 1ª vez

 

Muitos cristãos ortodoxos ucranianos estão celebrando o Natal neste dia 25 de dezembro pela primeira vez em suas vidas.

Ucrânia usava historicamente o calendário juliano, também utilizado pela Rússia, no qual o Natal cai em 7 de janeiro.

Em mais um gesto de afastamento em relação à Rússia, o país agora celebra o Natal de acordo com o calendário ocidental – ou gregoriano, que já é usado na vida cotidiana dos ucranianos.

presidente Volodymyr Zelensky mudou a lei em julho, dizendo que isso permitiria aos ucranianos “abandonar a herança russa” de celebrar o Natal em janeiro.

Em mensagem de Natal divulgada no domingo (24/12) à noite, Zelensky disse que todos os ucranianos estavam agora juntos.

"Celebramos o Natal todos juntos. Na mesma data, como uma grande família, como uma nação, como um país unido."

Na capital Kiev, o casal Lesia Shestakova, que é católica, e Oleksandr Shestakov, que é ortodoxo, comemoraram juntos o Natal.

A dupla compareceu ao culto de domingo de manhã na catedral católica da cidade (foto acima).

"Finalmente temos um dia na Ucrânia em que meu marido e eu podemos passar juntos na catedral e agradecer a Deus por estarmos juntos, vivos e com boa saúde", disse Lesia à agência de notícias Reuters.

A Igreja Ortodoxa da Ucrânia (OCU), uma igreja independente recentemente criada que realizou sua primeira missa em 2019, também mudou sua data do Natal para 25 de dezembro.

Ela rompeu formalmente com a Igreja Ortodoxa Russa devido à anexação da Crimeia por Moscou em 2014 e ao seu apoio aos separatistas no leste da Ucrânia.

Fiéis oraram e acenderam velas em todo o país no domingo.

Na cidade ocidental de Lviv, que foi pouco atingida pela guerra, crianças em trajes tradicionais cantaram canções de natal e participaram de procissões festivas nas ruas.

Nos últimos anos, muitos fiéis aderiram à OCU, mas milhões ainda seguem a Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC), historicamente ligada à Rússia, e, portanto, continuarão celebrando o Natal no dia 7 de janeiro.

A UOC afirma que se separou em 2022 de Moscou devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, embora muitas pessoas tenham dúvidas sobre isso.

E é claro que também se espera que alguns ucranianos celebrem o Natal duas vezes.

 

Fonte: BBC News Mundo

 

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