terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Estudo mostra que introduzindo sanções o Ocidente 'subestimou seriamente' o poder econômico da Rússia

Sanções ocidentais não conseguiram afundar a economia russa devido a um efeito de "armadilha de um país grande", aponta um estudo do Instituto de Economia da Academia de Ciências da Rússia.

Se um país é um ator importante no mercado global – como a Rússia – a imposição de restrições às suas exportações inevitavelmente sairá pela culatra, levando a um aumento nos preços globais, observam pesquisadores, referindo-se ao embago ocidental ao fornecimento de petróleo russo por via marítima.

As sanções visando o petróleo russo introduzidas pelo G7 e pela União Europeia no final do ano passado foram concebidas como um meio de reduzir as receitas provenientes de fontes de energia da Rússia sem causar um aumento nos preços globais da energia.

No entanto, na realidade, elas tiveram um efeito bumerangue. O aumento dos preços do petróleo ajudou a Rússia a compensar financeiramente um declínio nos suprimentos, colocando a "eficácia formal" das sanções em contradição com sua "eficácia estratégica", diz o estudo.

As receitas mensais da Rússia com as exportações de petróleo bruto são alegadamente maiores do que antes do início da operação militar na Ucrânia, com receitas líquidas de petróleo atingindo US$ 11,3 bilhões (R$ 54,8 bilhões) em outubro, de acordo com os cálculos da Bloomberg.

Em resposta às sanções, a Rússia redirecionou com sucesso a maior parte de suas exportações de fontes de energia para a Ásia – particularmente para a Índia, China e Irã, onde o petróleo do país foi vendido bem acima do teto de preço de US$ 60 por barril estabelecido pelo Ocidente, explicou Aleksei Kostin, professor associado da Universidade Financeira de Moscou.

As tentativas de bloquear um dos principais exportadores do mundo só levaram a uma desestabilização do mercado, explicou Maksim Maksimov, professor associado da Universidade Russa de Economia Plekhanov. Ele acrescentou que os países ocidentais "subestimaram seriamente" a Rússia como um ator econômico global. Não há soluções que possam reduzir drasticamente a receita da Rússia proveniente das exportações, concluiu.

·        Presidente do Banco Central da Rússia afirma estar se preparando para mais sanções, diz mídia

Após o 12º pacote de sanções europeu, a expectativa é que os EUA e a União Europeia (UE) emitam mais sanções contra a Rússia em razão do conflito ucraniano, e para isso, o dinheiro de longo prazo é um desafio importante, disse Nabiullina à RBC News nesta segunda-feira (25).

A presidente do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, que ajudou o Kremlin a absorver o golpe das sanções abrangentes após o início da operação militar especial russa na Ucrânia, disse que está se preparando para um reforço das sanções destinadas à economia do país.

Em entrevista divulgada pela Bloomberg, Nabiullina afirmou que a reestruturação da economia russa está ocorrendo "muito rapidamente", à medida que as empresas se adaptam às sanções. Ela afirmou ainda que o Ocidente tende a implicar que "estamos, como dizem, afundados no mar até os joelhos" depois de resistir à tempestade inicial, embora "devemos estar preparados para o aumento da pressão das sanções".

O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou na sexta-feira (23) que aplicaria sanções contra bancos que facilitem acordos em que a Rússia adquira semicondutores, rolamentos de esferas e outros equipamentos necessários para uma alegada máquina de guerra – mesmo às instituições que o façam sem conhecer tal atividade.

Nabiullina disse ainda que os pagamentos transfronteiriços continuam sendo "um problema para muitas empresas". Existem também desafios "muito sérios" no desenvolvimento do financiamento de longo prazo, disse ela.

"Não podemos dizer que respondemos a todos os desafios", disse Nabiullina. Ainda assim, de acordo com a presidente, ela está "bastante positiva em relação ao desenvolvimento do setor financeiro e à sua sustentabilidade".

•        Fornecimento de petróleo russo à Índia evitou o caos no mercado global, diz ministério indiano

Relatório do Ministério do Petróleo e Gás da Índia afirma que o aumento das importações de petróleo cru da Rússia impediu que os preços globais da commodity subissem para até R$ 195 por barril.

O preço do petróleo bruto no mercado global teria disparado se a Rússia não tivesse aumentado suas exportações para a Índia logo após o Ocidente impor sanções contra Moscou, por conta do conflito ucraniano.

A conclusão é de um relatório do Ministério do Petróleo e Gás da Índia sobre o tema, apresentado ao Parlamento de Nova Déli no dia 20, e divulgado nesta segunda-feira (25), pela mídia indiana.

"Se eles [refinadores indianos] não tivessem importado petróleo russo para a Índia, o que pode ser um grande número de 1,95 milhões de barris por dia, essa deficiência teria criado um caos no mercado de petróleo bruto e os preços teriam disparado cerca de US$ 30 a US$ 40 por barril [entre R$ 146 e R$ 195]", informa um representante do ministério, citado no relatório.

"O mercado do petróleo bruto é tamanho que com uma demanda de 100 milhões de barris por dia, se a OPEP [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] disser que vai reduzir em um ou dois milhões de barris por dia, os preços aumentariam entre 10% e 20% e chegariam a US$ 125-130 [entre R$ 611 e R$ 635]", acrescentou o funcionário.

A Índia é a terceira maior economia da Ásia, atrás de China e Japão, e o terceiro maior consumidor de petróleo cru do mundo, atrás apenas dos EUA e da China. O país depende da importação para suprir 85% de sua demanda, e tornou-se um grande consumidor do petróleo russo. Em novembro, as importações da commodity atingiu seu maior nível, totalizando 1,7 milhão de barris por dia.

Os preços globais do petróleo ultrapassaram o limite de US$ 100 por barril em 2022 (R$ 489), na sequência das sanções ocidentais contra a Rússia. Posteriormente, os preços recuaram e atualmente os preços do petróleo Brent, usado como referência, giram em torno de US$ 80 por barril (R$ 391).

Um dos fatores que contribuíram para o recuo dos preços foi a decisão de Moscou de redirecionar o fornecimento de petróleo para o Leste, o que fez Nova Déli aumentar as compras de petróleo russo com descontos. Neste ano, a Índia substituiu a União Europeia (UE) como o maior comprador de petróleo bruto russo transportado por via marítima.

 

Ø  Prêmio Nobel de Economia comenta a apreensão de ativos russos: 'Catástrofe para o dólar'

 

A apreensão de ativos russos congelados para ajudar a Ucrânia poderá ser "cataclísmica" para o sistema dominado pelo dólar e vai confirmar mais uma vez a Moscou que o conflito ucraniano é uma guerra por procuração do Ocidente contra a Rússia, afirma o prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller, professor da Universidade de Yale.

"Que sinal daríamos a dezenas de países que, tal como a Rússia e também os países do G7 [grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido], por razões de segurança convertem as suas reservas em dólares e as confiam ao Tio Sam? Se os Estados Unidos fizerem isto hoje com a Rússia, se se apoderarem do dinheiro que a Rússia lhes confiou [...] amanhã ele poderá fazer o mesmo com qualquer outro país", disse Schiller ao jornal italiano La Repubblica.

O especialista acredita que a expropriação de ativos "destruirá a auréola de segurança que rodeia o dólar", sendo "o primeiro passo para a desdolarização". Como salienta Schiller, muitos países estão agora se inclinando para este lado, "da China aos países em desenvolvimento, para não falar da própria Rússia", e outros Estados também podem ser "tentados" a converter dólares em yuan "ou, por que não, em euros".

A utilização dos ativos da Rússia, advertiu, constituiria a primeira violação da regra inquebrável e levaria à destruição do cobertor de segurança construído em torno do dólar.

"Seria a primeira operação deste tipo na história e terá consequências catastróficas para o atual sistema em que o dólar domina", destacou.

A mídia norte-americana revelou que o presidente dos EUA, Joe Biden, iniciou conversações urgentes com parceiros dos EUA sobre a possibilidade de canalizar ativos russos congelados para fornecer assistência ao governo ucraniano e estaria pressionando o restante dos países do G7 a apresentar um plano até fevereiro de 2024.

Shiller alerta que há muitas variáveis ​​que Biden deve analisar antes de tomar uma decisão deste tipo, já que, "paradoxalmente, poderia atingir os Estados Unidos e todo o bloco ocidental".

As nações do G7 e a União Europeia (UE) congelaram € 300 bilhões (cerca de R$ 1,6 trilhão) das reservas da Rússia após o início da operação militar especial russa para impedir o bombardeio ucraniano de civis em Donetsk e Luhansk, em fevereiro de 2022.

O Ministério dos Relações Exteriores da Rússia descreveu o congelamento de ativos da UE como um roubo aos investidores privados russos e às instituições públicas do país.

O Ministério da Economia russo alertou para os riscos para os investimentos estrangeiros na UE e alertaram que os países-membros do bloco impõem restrições contra cidadãos e entidades russas, procuram confiscar bens congelados, nomear administradores externos nas subsidiárias das empresas russas privar ou restringir ilegalmente os direitos de propriedade de cidadãos e empresas.

 

Ø  'Fachada da unidade quebrada': conflito na Ucrânia revela descrédito do poder da OTAN, diz diplomata

 

Os fracassos ocidentais no conflito com a Rússia na Ucrânia conduziram a uma divisão dentro da OTAN, declarou o diplomata e ex-secretário adjunto de Defesa e Segurança Internacional dos EUA Chas Freeman em entrevista ao canal Dialogue works no YouTube.

"A fachada da unidade da OTAN que existia anteriormente foi quebrada. Agora alguns membros da OTAN rejeitam abertamente a ideia de continuar este conflito [na Ucrânia]", disse o ex-diplomata.

Freeman sugeriu que a destruição das "melhores armas" da OTAN pela Rússia desacreditou as capacidades militares da Aliança Atlântica.

O ex-conselheiro do Pentágono acrescentou que o Ocidente não conseguiu isolar a Rússia na arena internacional. Segundo ele, a maioria dos países do mundo não apoia o rumo dos EUA e seus aliados para um confronto com Moscou.

Além disso, as sanções ocidentais não só não conseguiram enfraquecer a Rússia, mas também tornaram sua economia mais poderosa, diz o especialista. Freeman destacou que as restrições só atingiram países como a Alemanha, que perdeu o acesso ao combustível russo.

 

Ø  Especialista dos EUA explica por que OTAN perdeu completamente sua reputação como força militar

 

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) perdeu completamente a sua reputação de ser uma força formidável e não resistirá a um confronto direto com a Rússia, declarou Scott Ritter, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, em entrevista ao jornalista Danny Haiphong.

"A OTAN perdeu sua credibilidade. A OTAN era guiada pela ideia de que era uma enorme aliança composta por exércitos modernos e tecnologia moderna. […]. Mas acontece que essas armas são lixo, e o exército da OTAN é inútil", disse o especialista, referindo-se aos tanques Leopard e M1 Abrams.

Ritter notou particularmente a degradação das Forças Armadas alemãs (Bundeswehr). O ex-oficial de inteligência observou que a redução do potencial da Alemanha devido às sanções ocidentais antirrussas levou a que os alemães sejam agora incapazes de fornecer tanques para seu próprio Exército.

Segundo o analista, as atuais Forças Armadas alemãs são um exército de tempo de paz. Somente pessoas que não conseguiram encontrar um emprego melhor vão para a Bundeswehr.

"A boa notícia para a OTAN é que a Rússia não tem intenção de ir lá", concluiu Ritter.

Moscou tem repetidamente observado que a OTAN visa o confronto, mas sua expansão não trará mais segurança à Europa.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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