Estudo: gravidez reduz desejo de fumar antes mesmo de ser descoberta
Todos sabemos que o tabagismo durante a gravidez
pode trazer uma série de complicações para a mãe e para o bebê. Por isso, essa
é a principal motivação para que mulheres que descobriram uma gestação parem de
fumar. Mas, de acordo com estudo publicado no periódico Addiction Biology, esse
não é o único motivo para a interrupção do hábito na gestação.
Os pesquisadores observaram que gestantes fumantes
reduziram o hábito em um cigarro por dia antes mesmo de estarem cientes da
gravidez. Já no mês seguinte à descoberta, as mulheres reduziram o hábito em
outros quatro cigarros por dia. "A pesquisa sugere então que os processos
biológicos da gravidez podem diminuir o desejo de fumar antes mesmo das
gestantes terem consciência da gestação", destaca o Dr. Fernando Prado,
especialista em Reprodução Humana, membro da Sociedade Americana de Medicina
Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
• O
estudo
No estudo, os cientistas estudaram os hábitos de
416 mulheres que fumavam antes de ficarem grávidas. O objetivo era estimar as
mudanças no número de cigarros fumados diariamente. As participantes foram
entrevistadas na 16ª semana de gravidez, além de fornecerem amostras de urina
para que os pesquisadores pudessem confirmar suas respostas.
Em média, elas fumavam cerca de 10 cigarros por dia
antes da concepção. Entre a concepção e a data em que souberam que estavam
grávidas, as mulheres reduziram o hábito em um cigarro por dia. Já no mês após
a confirmação da gravidez, a média diária de cigarros fumados foi de nove para
cinco. É importante destacar que esse padrão foi observado independentemente do
planejamento da gravidez ou da completa interrupção do tabagismo durante a
gestação.
Os pesquisadores acreditam que a redução
provavelmente está associada aos hormônios da gravidez, especialmente ao
hormônio Gonadotrofina Coriônica humana (HCG). Isso porque o declínio mais
acentuado no tabagismo foi observado justamente quando os níveis desse hormônio
geralmente atingem o ápice, entre a 5ª e 10ª semana de gravidez.
"HCG é um hormônio produzido pela placenta nos
estágios iniciais da gravidez. Ele está ligado aos enjoos, náuseas e vômitos
matinais que ocorrem comumente na gestação", explica o Dr Fernando. Os
pesquisadores ainda relataram que é improvável que as mulheres que não deixaram
de fumar durante o primeiro trimestre da gravidez, quando os níveis de HCG
estão elevados, abandonem o hábito antes do parto. O resultado foi o mesmo se
assistidas por medicamentos ou incentivos financeiros.
• Gravidez
e cigarro
O diferencial do estudo é focar no impacto da
gestação no hábito de fumar, e não ao contrário, como a grande maioria das
pesquisas fazem. Geralmente, os estudos focam no impacto do tabagismo na
gestação, bem como na saúde da mulher e do bebê.
"Apesar da redução do tabagismo durante a
gravidez ser bem estabelecida, nenhum outro estudo foi capaz de determinar
precisamente quando essa redução ocorre e, principalmente, se acontece antes
mesmo da mulher estar ciente da gestação", afirma o médico.
Além disso, antes da pesquisa, era entendido que o
único fator que fazia as mulheres fumantes abandonarem o cigarro era o desejo
de proteger o bebê. Mas agora é possível enxergar que a frequência do tabagismo
começa a diminuir antes das mulheres sequer suspeitarem que estão grávidas,
apesar da descoberta da gestação realmente servir como um evento importante
nessa redução.
• O
cigarro e a saúde feminina
O próximo passo dos pesquisadores é apontar
precisamente quais os processos envolvidos nessa diminuição do número diário de
cigarros fumados por gestantes. "Se os processos biológicos do início da
gravidez realmente estiverem envolvidos na redução do tabagismo, conforme
assegura o estudo, identificá-los precisamente pode contribuir para o
desenvolvimento de novos medicamentos para parar de fumar, o que pode,
inclusive, ajudar mulheres que estão tentando engravidar, já que o hábito
prejudica a fertilidade", destaca o Dr. Fernando Prado.
"O cigarro é um dos principais causadores da
infertilidade, pois os componentes tóxicos presentes no produto pioram
severamente a qualidade reprodutiva. Nas mulheres, o tabagismo altera a
motilidade dos cílios nas tubas uterinas, atrapalhando a fertilização. Ele é
capaz também de favorecer a deterioração dos óvulos, envelhecendo-os em até dez
anos e acelerando o início da menopausa, o que é especialmente prejudicial nos
dias de hoje, quando as mulheres querem engravidar cada vez mais tarde",
finaliza.
Conheça
os sintomas de gravidez
Sua menstruação atrasou e você está desconfiada de
uma possível gestação? Geralmente, um dos primeiros sintomas de gravidez é
mesmo o atraso no ciclo menstrual, mas existem diversos outros alertas dados
pelo corpo que podem indicar a fecundação do óvulo. No geral, é importante
conhecer o seu corpo e realizar um teste para ter certeza do que está realmente
acontecendo.
• Menstruação
atrasada é sempre sinal de gravidez?
Não. Afinal, a lista de possíveis causas para o
atraso menstrual é grande. A ginecologista do Hospital Edmundo Vasconcelos,
Luana Ariadne Ferreira Zanchetta Souza, aponta as principais razões que podem
podem fazer a menstruação chegar uns dias mais tarde: # Desequilíbrios
hormonais pelo uso irregular do anticoncepcional oral ou da pílula do dia
seguinte;
# Situações emocionais, como estresse e ansiedade;
# Variações bruscas de peso;
# Excesso de atividade física;
# Efeitos da síndrome dos ovários policísticos;
# Quadros infecciosos.
• Então,
quais são os sintomas da gravidez?
>>> Algumas mulheres podem passar toda a
gravidez sem apresentar sintomas. Mas, de acordo com o Ministério da Saúde, os
sinais mais comum são:
# Aumento dos seios;
# Enjoos/vômitos;
# Mais sono;
# Mais fome;
# Aumento da frequência urinária;
# Maior sensação de cansaço.
Algumas mulheres são mais sensíveis às mudanças
hormonais ou possuem condições que favorecem a exacerbação de determinados
sintomas, aponta o ministério. Além disso, esses sintomas também não garantem a
ocorrência de uma gestação. Por isso, após perceber um ou mais sinais de
alerta, o recomendado é fazer um teste de gravidez. Em caso de resultado
positivo, é preciso procurar uma unidade de saúde para iniciar a rotina
pré-natal.
Fonte: Saúde em Dia
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