segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Mariana Garcia: Dando asas a um negócio bilionário

A consolidação da inserção de empresas, companhias financeiras e, mais recentemente, Estados nacionais nas operações dos clubes profissionais de futebol dá conta do avançado processo de mercadorização de um esporte imprevisível, que se firmou como negócio bilionário por seu potencial para influenciar torcedores/consumidores fiéis e sua capacidade de atravessar fronteiras e mobilizar audiências apaixonadas. Para os fãs da essência imponderável dessa modalidade esportiva, a disseminação de modelos capitalistas (como clubes- -empresa e conglomerados futebolísticos) desperta desconfiança. Afinal, de que maneira pode uma marca transformar o futebol?

A questão norteou o sociólogo Vinicius Alvim em sua pesquisa de mestrado, realizada no Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, e é explorada na dissertação “A Contrapartida do Futebol: A inserção do processo de branding da Red Bull no esporte”. Sob orientação de Michel Nicolau Netto, professor do mesmo instituto, o pesquisador partiu de uma coleta de dados extensiva para analisar elementos peculiares àquela operação, comparando-a à atuação do City Football Group, outro conglomerado de times. Para tanto, se ancorou em literaturas teóricas sobre futebol, mercadorização e cultura de consumo, aliadas ao estudo do projeto de branding – processo de construção constante de uma marca – da Red Bull, uma empresa austríaca.

O sociólogo define a mercadorização como resultado do desenvolvimento de uma cultura que privilegia o consumo como um de seus principais atos. Caracteriza-se, segundo ele, pela transformação de elementos da vida social em mercadoria, organizando dessa forma a sociedade. “Embora talvez nunca chegue a esse ponto, [o fenômeno] é muito presente no futebol.” Ao investigar a operação da Red Bull, Alvim notou que a modalidade esportiva servia de peça para uma estratégia de branding, sendo pautada por suas diretrizes.

Seu trabalho revela elementos de um discurso publicitário presentes em quatro alicerces estratégicos: aquisição de atletas; perfil de jogadores e treinadores contratados pelo conglomerado; média de idade de seus elencos ano a ano; e desenvolvimento de um estilo de jogo único. “Ao olhar para o que, de certo modo, era o lado concorrente do modelo adotado, foi possível encontrar diferenças relevantes e mostrar que [aquela operação] não correspondia à realidade dos outros times”, destaca Nicolau Netto. “Questões que envolvem a transformação dos clubes para atender aos objetivos de uma empresa – como quebra de identidade e tentativa de mercadorização da paixão – se mostraram inerentes”, completa o pesquisador.

•        Medo e tensões

São-paulino, Alvim decidiu investigar a operação de uma marca no futebol quando pesquisou a relação entre o Futbol Club Barcelona e a Catalunha, em seu trabalho de iniciação científica, orientado pelo mesmo professor. “Há uma noção simbólica sobre a adesão do Barcelona aos movimentos separatistas e sua relação identitária. Vinicius notou que existia uma certa tensão entre a Catalunha, enquanto identidade, e a marca Barcelona, que adquire uma dinâmica própria, de valorização e de capitalização, consumida transnacionalmente por quem é e por quem não é a favor da independência da região”, explica o docente.

Uma vez na pós-graduação, movido não apenas pelo interesse científico, o pesquisador resolveu trilhar o caminho contrário. “Morro de medo do meu time virar clube-empresa. Sou muito fã de futebol e defensor do modelo associativista. De certo modo, esse trabalho é uma forma de militar politicamente”, confessa. Já a escolha do objeto de estudo foi determinada pela robustez da atuação da Red Bull no futebol, que em 18 anos acumula ao menos 20 títulos em campeonatos profissionais. “O caso apresenta um exemplo heurístico, melhor do que qualquer outro, do processo que o Vinicius já vinha observando. Talvez a dimensão da operação da Red Bull não seja comparável a nenhuma outra no futebol”, sinaliza Nicolau Netto.

Alvim examinou as especificidades da operação nos quatro clubes da empresa – Red Bull Salzburg (Áustria), RB Leipzig (Alemanha), New York Red Bulls (EUA) e Red Bull Bragantino. Como uma “varredura ininterrupta”, captou dados em canais de comunicação oficial da marca, veículos de imprensa, Twitter e Instagram. Reuniu, dessa forma, informações divulgadas oficialmente e, também, encontradas em entrevistas, reportagens, artigos opinativos e postagens de jornalistas, influenciadores e perfis de torcedores. A intenção era “ficar a par do que sempre estava acontecendo e não perder de vista, por exemplo, o tipo de contratação feita, a divulgação nos canais da marca e a repercussão nos portais e redes”.

Paralelamente, o sociólogo levantou dados de outras iniciativas que fugiam ao formato tradicional praticado no esporte. A atuação transnacional do City Football Group apresentou o maior número de similaridades em relação à operação pesquisada, sendo eleita para a análise comparativa – dos 13 times do grupo inglês, Alvim considerou quatro. A análise revelou disparidades consideráveis em todos os quesitos, destacando-se a baixa média de idade dos elencos da Red Bull, em comparação às médias de seu principal concorrente e também dos times que disputavam a Série A do Campeonato Brasileiro.

Segundo Alvim, essa preferência visava fazer da operação no esporte uma vitrine para o slogan: “Dar asas a pessoas e ideias”. “Há um discurso simbólico muito afinado, sendo construído em torno de uma marca supostamente arrojada, corajosa, que se aventura.” Para além de simbolizar força e velocidade, jogadores mais jovens costumam ser moldados mais facilmente a um discurso e um modelo de jogo específicos, justifica o docente. “Um craque é visto como concorrência [à marca]. Eles querem sempre ver estampados nas manchetes a vitória de seus times e não quantos gols uma estrela fez.”

O perfil dos treinadores revelado pela pesquisa combina juventude, trajetória vitoriosa em clubes pequenos e experiência profissional em outros setores profissionais. “Há uma tentativa em vinculá-los à marca de um produto que era pouco conhecido e que se construiu de forma particular, envolvendo-se com esportes radicais. Por isso não fazem questão de alguém que tenha muitos anos de experiência e sim que pareça ser arrojado e criativo”, analisa. As diferenças em relação ao grupo City foram igualmente notáveis na estratégia de contratação e no estilo de jogo. Ao contrapor as dez aquisições mais caras dos dois lados, o sociólogo constatou que o décimo jogador do grupo City havia custado o valor da maior aquisição da marca austríaca no futebol. “Cinco jogadores da Red Bull são necessários para chegar ao que o concorrente paga em um.”

Fruto dessa estratégia, o estilo tático de jogo adotado pelos clubes do conglomerado Red Bull foi sendo moldado ao longo dos anos para personificar a mensagem que a empresa buscava transmitir. “Independentemente do adversário, seus times jogam sempre com ousadia, para frente, marcando pressão e tentando recuperar a bola rapidamente. Os jogadores precisam se adaptar ao esquema da operação e se desenvolver nele”, finaliza.

 

       ‘Seria ótimo se Neymar se dedicasse mais ao futebol’, dispara campeão do tetra

 

O mundo está apreensivo quanto ao futuro de Neymar, depois da grave lesão que o atacante brasileiro sofreu no último jogo da seleção brasileira, contra o Uruguai. Em entrevista ao site alemão Wettbasis, o técnico Jorginho compartilhou sua visão a respeito do jogador a essa altura da carreira.

Para ele, o tempo de Neymar está acabando no futebol e ele precisa se dedicar mais para conseguir render mais nas temporadas que lhe restam nos gramados.

"Seria ótimo se ele se concentrasse mais no futebol. Tentei explicar ao Neymar que, na minha época, isso (estar mais preocupado com a vida extracampo) não era ruim, a menos que fizesse algo errado fora de campo. Mas hoje em dia, todos têm telefones para tirar fotos. Eu sei que todos estão de olho nele, mas seria bom se ele entendesse que precisa se concentrar mais no futebol. Pois ele é um jogador muito, muito importante, e precisamos dele", afirmou Jorginho.

Jorginho comparou Neymar a Messi, que conseguiu finalmente ser campeão do mundo com a seleção da Argentina somente ano passado, aos 35 anos.

"Neymar tem menos tempo hoje. Por exemplo, Messi foi campeão mundial porque continuou a evoluir ao longo de sua carreira. Neymar precisa entender que seu tempo de agir de certa maneira já passou. Ele é um super jogador, mas precisa se concentrar mais no futebol e aproveitar o tempo que tem".

"Por exemplo, Messi, quando sofre uma falta, ele ainda tenta avançar. Eu não sei o que os treinadores, aqueles que estão com ele, ou agora Fernando Diniz, estão falando com o Neymar. Temos um treinador na seleção brasileira que gosta de jogar com os jogadores muito juntos. Tem um estilo de jogo parecido com o do Barcelona, do tiki taka. É um grande estilo de jogo. Mas nele não se pode, por exemplo, reter muito a bola. Mas a maioria dos jogadores do Brasil seguram muito a bola. Neymar segura demais".

Questionado se Neymar ainda conseguirá estar com o Brasil na Copa do Mundo de 2026, Jorginho afirmou que acredita que sim:

"Não temos jogadores excepcionais como antes, mas ainda temos bons jogadores. Eu mencionei Neymar, Vini Jr, Rodrygo. Temos bons defensores também. Por outro lado, temos dificuldades nas laterais direita e esquerda. Seria ótimo se o Arthur estivesse jogando no Leverkusen. Ele já esteve com a seleção sub-20, seria maravilhoso".

"Em 2026, serão 24 anos sem o Brasil conquistar um título da Copa do Mundo, assim como era em 1994. Espero que estejamos realmente indo na direção certa. Espero uma excelente qualificação para a Copa do Mundo e que os jogadores estejam focados no futebol. Nossos jogadores precisam entender que o tempo de não se concentrar bem acabou".

•        Após lesão, Neymar sofre nova "desvalorização", segundo estudo

O atacante Neymar teve abreviado o fim de sua participação em 2023 devido a uma grave lesão no joelho, sofrida durante a derrota da Seleção Brasileira contra o Uruguai pelas Eliminatórias. Além da necessidade de uma longa recuperação, o problema físico reflete no valor de mercado do atleta.

Segundo análise do Transfermarkt, Neymar sofreu uma nova desvalorização. O valor do jogador do Al-Hilal, da Arábia Saudita, caiu de 60 milhões de euros (R$ 314,7 milhões) para 50 milhões de euros (R$ 262,3 milhões).

A análise considera que Neymar tem o menor valor de mercado desde 2013, quando deixou o Santos rumo ao Barcelona. O auge de Neymar esteve em 2019, quando tinha 27 anos e defendia o PSG - estava avaliado em 180 milhões de euros (equivalente hoje a R$ 944,22 milhões).

Neymar completa 32 anos em fevereiro do ano que vem e as sucessivas contusões deixam dúvidas se ele poderá retomar a sua melhor forma física. A tendência é que ele fique fora dos gramados por até 8 meses devido à lesão no joelho.

Pelo Al-Hilal, Neymar disputou apenas 5 jogos desde que foi contratado na temporada 2023/24. Foram 3 participações pelo Campeonato Saudita e outras 2 na Liga dos Campeões da Ásia. O atacante marcou 1 gol e deu 3 assistências.

 

       Filha de Daniel Alves está com depressão após prisão do pai e ameaças

 

A ex-esposa de Daniel Alves, jogador preso na Espanha acusado de estupro, Dinorah Santana revelou que a filha que teve com o jogador de futebol está sofrendo de depressão. A confissão aconteceu após o ex-atleta postar um áudio onde parabeniza a herdeira por seu aniversário de 16 anos e expor a menina ao marcar o perfil dela na publicação.

Após a atitude de Daniel Alves, a filha teria recebido diversos ataques e mensagens ameaçadoras na rede social. “Ele abriu uma caixa de Pandora. Se ele quisesse parabenizar a filha, era só ligar. Não ligou. Não vou admitir que use meus filhos para estratégia, seja lá qual for”, explicou Dinorah ao Uol.

Ainda de acordo com a mãe, a filha do jogador adoeceu após a prisão do pai. “Minha filha está sendo medicada para tratar depressão. Desde que o Daniel foi preso, ela, que nunca foi má aluna, começou a tirar notas péssimas na escola, ficou de recuperação. O transtorno é grande”, confessou.

Dinorah Santana garante que a filha já mudou o nome de perfil do Instagram diversas vezes, porque era ameaçada. “Diziam que ela deveria passar pelo o que aquela mulher passou [Daniel Alves está preso investigado por agressão sexual a uma mulher]”, acrescentou. Ela também explica que a menina já foi atacada fora do ambiente on-line e são constantes as provocações mesmo na rua. “Já ouviu diversas barbaridades.”

•        Rejeição

A ex-mulher também contou que enquanto morava no mesmo condomínio com os filhos, eram raros os encontros paternais. Agora, preso, ele sofre com a rejeição dos herdeiros. “Minha filha não quer falar com ele, e ele não aceita rejeição. Nunca impediria meus filhos de falarem com o pai se eles quisessem, mas eles não querem”, explicou.

 

Fonte: Jornal da Unicamp/Terra/Gazeta Esportiva/Metrópoles

 

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