A culpa não é só dos partidos: Ministérios com indicação pessoal de
Lula têm 3 homens para cada mulher
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) indicou três homens para cada mulher em sua cota pessoal de ministros. É o
que aponta um levantamento publicado pelo Jornal A Folha de São Paulo na
sexta-feira, 27.
Apesar de ter lamentado a falta de
representatividade feminina no governo e ter responsabilizado os partidos
políticos por um primeiro escalão masculino, Lula aparenta não favorecer a
mudança deste quadro.
Dos 38 ministérios, 9 deles são ocupados sem indicação
partidária. Somente 3 deles, porém, foram entregues para mulheres pelo
presidente da República. São elas Nísia Trindade (Saúde), Margareth Menezes
(Cultura) e Anielle Franco (Igualdade Racial).
Durante um café da manhã com jornalistas no Palácio
do Planalto na sexta-feira, o presidente afirmou que não pode fazer nada quanto
à falta de ministras e presidentes mulheres do cargo. Um dia depois de demitir
a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano.
"Eu lamento, porque o que eu quero fortalecer
no governo é passar a ideia de que a mulher veio para a política para
ficar", disse o mandatário. "Quando um partido político tem que
indicar uma pessoa e não tem mulher, eu não posso fazer nada”.
Antes de Rita, Lula já havia demitido as então
ministras do Turismo, Daniela Carneiro, e do Esporte, Ana Moser.
No início do ano, o time do presidente escalado
para a Esplanada tinha 11 ministros em 37 pastas. Agora, elas são apenas 9 na
Esplanada, com 38 ministérios. Veja quantas mulheres há para cada partido
representado nos ministérios do governo Lula:
>>> Quantidade de mulheres no primeiro
escalão, por partido:
• PT:
11 ministros, 9 homens e 2 mulheres
Fernando Haddad – Ministério da Fazenda
Rui Costa – Casa Civil
Alexandre Padilha – Secretaria de Relações
Institucionais
Márcio Macedo – Secretaria-Geral da Presidência da
República
Camilo Santana – Ministério da Educação
Wellington Dias – Ministério do Desenvolvimento
Social
Luiz Marinho – Ministério do Trabalho
Paulo Pimenta – Secretaria de Comunicação
Paulo Teixeira – Ministério do Desenvolvimento
Agrário
Esther Dweck – Ministério da Gestão e Inovação em
Serviços Públicos
Cida Gonçalves – Ministério das Mulheres
• Cota
pessoal de Lula: 9 ministros, 6 homens e 3 mulheres
José Múcio Monteiro – Ministério da Defesa
Mauro Vieira – Ministério das Relações Exteriores
Jorge Messias – Advocacia-Geral da União
Nísia Trindade – Ministério da Saúde
Margareth Menezes – Ministério da Cultura
Anielle Franco – Ministério da Igualdade Racial
Silvio Almeida – Ministério dos Direitos Humanos
Vinícius Carvalho – Controladoria-Geral da União
Marcos Antonio Amaro– Gabinete de Segurança
Institucional
• PSB:
3 ministros, todos homens
Flávio Dino – Ministério da Justiça
Márcio França – Ministério da Micro e Pequena
Empresa
Geraldo Alckmin – Ministério da Indústria e
Comércio
• PSD:
3 ministros, todos homens
Alexandre Silveira – Ministério de Minas e Energia
Carlos Fávaro – Ministério da Agricultura
André de Paula – Ministério da Pesca
• União
Brasil: 3 ministros, todos homens
Waldez Góes – Ministério da Integração
Juscelino Filho – Ministério das Comunicações
Celso Sabino — Ministério do Turismo
• MDB:
3 ministros, 2 homens e 1 mulher
Renan Filho – Ministério dos Transportes
Jader Filho – Ministério das Cidades
Simone Tebet – Ministério do Planejamento
• Outros
partidos: 6 ministros, 3 homens e 3 mulheres
Luciana Santos (PCdoB) – Ministério da Ciência e
Tecnologia
Carlos Lupi (PDT) – Ministério da Previdência
Marina Silva (Rede) – Ministério do Meio Ambiente
Sonia Guajajara (PSOL) – Ministério dos Povos
Originários
André Fufuca (PP) — Ministério do Esporte
Silvio Costa Filho (Republicanos) — Ministério dos
Portos e Aeroportos
Em
contradição com a realidade, Lula culpa aliados pela redução no número de
mulheres no governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse
que a redução feminina no primeiro escalão do governo ocorreu em função da
falta de indicações de mulheres pelos aliados políticos. "Quando um
partido político tem que indicar uma pessoa e não tem mulher, eu não posso
fazer nada", disse o presidente.
Respondendo ao questionamento de jornalistas
durante um café da manhã no Palácio do Planalto, na manhã desta sexta-feira
(27/10), Lula disse que pediu aos aliados que indicassem o nome de uma mulher
para substituir Rita Serrano no comando da Caixa Econômica Federal, o que
acabou não ocorrendo.
"Quando você estabelece uma aliança com um
partido político, nem sempre esse partido tem uma mulher para indicar. Mas isso
não quer dizer que eu não posso, no governo, tirar o homem e colocar mulher. Eu
ainda posso trocar muita gente", disse o presidente, que admitiu o
incômodo com as substituições de mulheres.
"Eu sofro muito quando tenho que tirar uma
figura como Ana Moser, quando tem que tirar uma Rita, é muito ruim, é muito
desagradável. A única que eu não falei foi a Daniela do Turismo, porque ela
trocou de partido quando não poderia ter trocado, mesmo assim eu fiquei
chateado", disse o presidente.
Lula prometeu reforçar a participação feminina no
governo, e disse que novas trocas podem ocorrer. "O que eu quero
fortalecer no governo é a ideia de que a mulher veio para a política para
ficar", disse o petista.
Ao assumir à presidência da República, em 1º de
janeiro deste ano, Lula tinha 11 ministras entre as 37 pastas da Esplanada, além
de duas mulheres na presidência de bancos públicos, com Rita Serrano na Caixa
Econômica e Tarciana Medeiros, no Banco do Brasil. Com as saídas de Daniela
(Turismo) e Ana Moser (Esportes), a Esplanada acomoda agora nove ministras
entre 38 pastas — um novo ministério foi criado para acomodar Márcio França.
• Supremo
Lula também recebe pressão para indicar uma jurista
negra para a vaga em aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), deixada após a
aposentadoria da ministra Rosa Weber. Questionado, o presidente disse que a
indicação ainda pode ser feita para "qualquer um". "Pode ser
mulher, pode ser homem, pode ser negro, pode ser negra", completou.
Apesar de já ter dito que gênero e raça não são
critérios de escolha, o presidente não descarta a possibilidade de escolher uma
mulher para a vaga, e garantiu que o nome será posto ainda neste ano. "Eu
tenho que indicar muita gente esse ano. Eu tenho que indicar mais alguns
ministros do Superior Tribunal de Justiça, quatro pessoas do Cade,
procurador-geral da República ou procuradora, ministro ou ministra da Suprema
Corte. Tudo isso", disse Lula.
Lula
promete indicações para STF e PGR ainda neste ano e não descarta mulheres
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou,
nesta sexta-feira (27/10), que fará suas indicações para o Supremo Tribunal
Federal (STF) e para a Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda neste ano.
Em café da manhã com jornalistas, ele disse que está conversando com técnicos e
aliados para escolher as “pessoas certas”.
Lula ressaltou que tem “pressa” para fazer as
indicações, mas que precisava cuidar primeiramente de seu quadro de saúde.
Nesta semana, ele retomou a agenda presencial após um período de 20 dias para
se recuperar de uma artroplastia, com o objetivo de tratar uma artrose no quadril
direito.
“Não é que
eu não tenha pressa. Eu tenho pressa, mas eu precisava fazer uma cirurgia. Eu
estava há 14 meses com uma dor insuportável. Eu já não tinha mais paciência, eu
chegava aqui de manhã já com um humor muito azedo”, afirmou.
Desde setembro, a Suprema Corte funciona com 10
integrantes por conta da aposentadoria da ministra Rosa Weber. A PGR, por sua
vez, é conduzida pela interina Elizeta Ramos — que ocupa o cargo deixado por
Augusto Aras. Em conversa com jornalistas, Lula lembrou da derrota no Senado,
nesta semana, que rejeitou sua indicação para a Defensoria Pública da União
(DPU).
“Então, agora, eu não vou esperar o final do ano.
Eu posso escolher amanhã. Semana que vem, depois de amanhã. Eu vou escolher as
pessoas certas, adequadas, para o lugar certo. Em função da circunstância
política, porque eu não posso fechar os olhos e não enxergar que eu tenho que
mandar um nome para ser aprovado pelo Senado”, disse.
• Mulheres
para os cargos
Apesar de sofrer pressão para atender ao critério
de diversidade e indicar uma mulher negra para o STF, o presidente havia
afirmado, em declarações anteriores, que não se pautaria nisso para indicar um
nome à Suprema Corte. Nesta sexta-feira, porém, ele deixou em aberto a
possibilidade de nomear uma mulher tanto para o tribunal, quanto para a PGR.
Ao tratar sobre a indicação à chefia do Ministério
Público Federal, Lula disse que o procurador escolhido tem que ser alguém que
não faça "política".
“Eu tenho que escolher um procurador que tenha
noção do papel, do procurador de Estado. O procurador não pode ser procurador e
fazer política. Ele tem que cumprir um papel sério. Não fazer pirotecnia, não
perseguir ninguém. É isso que eu quero”, disse.
“Eu vou indicar. Logo, logo vocês vão saber quem eu
vou indicar. Eu vou indicar o procurador-geral, ou procuradora, eu vou indicar
o ministro ou a ministra, eu vou indicar o Cade, eu vou indicar mais gente. E
com muita tranquilidade”, afirmou.
Ø Lula deu a Caixa Econômica ao Centrão, mas vai ficar refém até o fim do
governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou a
Caixa Econômica Federal ao centrão a fim de conseguir aprovar sua pauta
parlamentar do segundo semestre e evitar mais fritura de parte de seus
ministros.
Interessa saber agora é quantos anéis, braços e
rins Lula terá de entregar; se prêmios da ordem de grandeza da Petrobras estão
no horizonte do comércio político; se o governo assim vai conseguir uma bancada
estável —não parece, pois o jogo mudou.
Lula deu a Caixa ao condomínio parlamentar sob o
comando de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. Não causou muita
sensação, se por mais não fosse, porque um noticiário exuberante de horrores de
guerras, crime, fofocas de celebridades e o fastio do público com economia e
política ajudam a distrair.
De resto, era sabido que essa carne, a Caixa,
estava no forno da barganha faz tempo. Segundo, Lula não tem o que fazer. Caso
queira governar um pouco, terá de entregar muito, pois sua coalizão é muito
minoritária no Congresso mais direitista da “Nova República”.
Terceiro, não há propriamente oposição para
criticar a barganha. Lula está justamente barganhando com a oposição —ou com o
que passa por isso. Isto é, o presidente negocia com os acionistas majoritários
dessa cooperativa de gestão de fundos políticos e públicos privatizados que
mais e mais é o Congresso.
O arranjo nem tem sido infrutífero, vide a
quantidade de projetos que o governo tem aprovado. Mas é um arranjo indefinido,
perigoso e mais gelatinoso do que o habitual nas coalizões parlamentares.
É indefinido porque o governo adquire apoios ainda
mais incertos, pontuais e porque parte dos partidos arrebanhados detesta Lula,
o PT ou é de extrema direita. É indefinido porque seu custo parece crescer sem
limite. É um arranjo perigoso. A quantidade de recursos disponíveis para a
barganha é agora mais limitada.
Há menos estatais para entregar. Se a Eletrobras
fosse ainda estatal, talvez já houvesse risco de “eletrolão” — Centrão e MDB
foram os maiores beneficiários políticos da roubança, enquanto o crime
compensou. Vide as tantas suspeitas, por assim dizer, sobre a Codevasf.
Apareceu no horizonte a possibilidade de se reabrir
a porteira da Petrobras. Se o fizer, o governo dará um tiro no pé e apontará a
arma para a própria cabeça.
Há muito menos dinheiro no Orçamento. Haverá
dificuldades para pagar emendas. Sendo pagas, os recursos mínimos para
investimento serão mais picotados em obras paroquiais ou em desperdício. A
eficiência do gasto público e seu efeito no crescimento serão menores.
Mesmo que não seja infrutífero, o arranjo tem os
limites impostos pelo caráter negocista, conservador ou reacionário do
Congresso. Para piorar, a elite econômica vai se bater, óbvio, contra mudanças
ou aumentos de impostos.
Fonte: Terra/Correio Braziliense/FolhaPress
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