domingo, 29 de outubro de 2023

A culpa não é só dos partidos: Ministérios com indicação pessoal de Lula têm 3 homens para cada mulher

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou três homens para cada mulher em sua cota pessoal de ministros. É o que aponta um levantamento publicado pelo Jornal A Folha de São Paulo na sexta-feira, 27.

Apesar de ter lamentado a falta de representatividade feminina no governo e ter responsabilizado os partidos políticos por um primeiro escalão masculino, Lula aparenta não favorecer a mudança deste quadro.

Dos 38 ministérios, 9 deles são ocupados sem indicação partidária. Somente 3 deles, porém, foram entregues para mulheres pelo presidente da República. São elas Nísia Trindade (Saúde), Margareth Menezes (Cultura) e Anielle Franco (Igualdade Racial).

Durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto na sexta-feira, o presidente afirmou que não pode fazer nada quanto à falta de ministras e presidentes mulheres do cargo. Um dia depois de demitir a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano.

"Eu lamento, porque o que eu quero fortalecer no governo é passar a ideia de que a mulher veio para a política para ficar", disse o mandatário. "Quando um partido político tem que indicar uma pessoa e não tem mulher, eu não posso fazer nada”.

Antes de Rita, Lula já havia demitido as então ministras do Turismo, Daniela Carneiro, e do Esporte, Ana Moser.

No início do ano, o time do presidente escalado para a Esplanada tinha 11 ministros em 37 pastas. Agora, elas são apenas 9 na Esplanada, com 38 ministérios. Veja quantas mulheres há para cada partido representado nos ministérios do governo Lula:

>>> Quantidade de mulheres no primeiro escalão, por partido:

•        PT: 11 ministros, 9 homens e 2 mulheres

Fernando Haddad – Ministério da Fazenda

Rui Costa – Casa Civil

Alexandre Padilha – Secretaria de Relações Institucionais

Márcio Macedo – Secretaria-Geral da Presidência da República

Camilo Santana – Ministério da Educação

Wellington Dias – Ministério do Desenvolvimento Social

Luiz Marinho – Ministério do Trabalho

Paulo Pimenta – Secretaria de Comunicação

Paulo Teixeira – Ministério do Desenvolvimento Agrário

Esther Dweck – Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos

Cida Gonçalves – Ministério das Mulheres

•        Cota pessoal de Lula: 9 ministros, 6 homens e 3 mulheres

José Múcio Monteiro – Ministério da Defesa

Mauro Vieira – Ministério das Relações Exteriores

Jorge Messias – Advocacia-Geral da União

Nísia Trindade – Ministério da Saúde

Margareth Menezes – Ministério da Cultura

Anielle Franco – Ministério da Igualdade Racial

Silvio Almeida – Ministério dos Direitos Humanos

Vinícius Carvalho – Controladoria-Geral da União

Marcos Antonio Amaro– Gabinete de Segurança Institucional

•        PSB: 3 ministros, todos homens

Flávio Dino – Ministério da Justiça

Márcio França – Ministério da Micro e Pequena Empresa

Geraldo Alckmin – Ministério da Indústria e Comércio

•        PSD: 3 ministros, todos homens

Alexandre Silveira – Ministério de Minas e Energia

Carlos Fávaro – Ministério da Agricultura

André de Paula – Ministério da Pesca

•        União Brasil: 3 ministros, todos homens

Waldez Góes – Ministério da Integração

Juscelino Filho – Ministério das Comunicações

Celso Sabino — Ministério do Turismo

•        MDB: 3 ministros, 2 homens e 1 mulher

Renan Filho – Ministério dos Transportes

Jader Filho – Ministério das Cidades

Simone Tebet – Ministério do Planejamento

•        Outros partidos: 6 ministros, 3 homens e 3 mulheres

Luciana Santos (PCdoB) – Ministério da Ciência e Tecnologia

Carlos Lupi (PDT) – Ministério da Previdência

Marina Silva (Rede) – Ministério do Meio Ambiente

Sonia Guajajara (PSOL) – Ministério dos Povos Originários

André Fufuca (PP) — Ministério do Esporte

Silvio Costa Filho (Republicanos) — Ministério dos Portos e Aeroportos

 

       Em contradição com a realidade, Lula culpa aliados pela redução no número de mulheres no governo

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a redução feminina no primeiro escalão do governo ocorreu em função da falta de indicações de mulheres pelos aliados políticos. "Quando um partido político tem que indicar uma pessoa e não tem mulher, eu não posso fazer nada", disse o presidente.

Respondendo ao questionamento de jornalistas durante um café da manhã no Palácio do Planalto, na manhã desta sexta-feira (27/10), Lula disse que pediu aos aliados que indicassem o nome de uma mulher para substituir Rita Serrano no comando da Caixa Econômica Federal, o que acabou não ocorrendo.

"Quando você estabelece uma aliança com um partido político, nem sempre esse partido tem uma mulher para indicar. Mas isso não quer dizer que eu não posso, no governo, tirar o homem e colocar mulher. Eu ainda posso trocar muita gente", disse o presidente, que admitiu o incômodo com as substituições de mulheres.

"Eu sofro muito quando tenho que tirar uma figura como Ana Moser, quando tem que tirar uma Rita, é muito ruim, é muito desagradável. A única que eu não falei foi a Daniela do Turismo, porque ela trocou de partido quando não poderia ter trocado, mesmo assim eu fiquei chateado", disse o presidente.

Lula prometeu reforçar a participação feminina no governo, e disse que novas trocas podem ocorrer. "O que eu quero fortalecer no governo é a ideia de que a mulher veio para a política para ficar", disse o petista.

Ao assumir à presidência da República, em 1º de janeiro deste ano, Lula tinha 11 ministras entre as 37 pastas da Esplanada, além de duas mulheres na presidência de bancos públicos, com Rita Serrano na Caixa Econômica e Tarciana Medeiros, no Banco do Brasil. Com as saídas de Daniela (Turismo) e Ana Moser (Esportes), a Esplanada acomoda agora nove ministras entre 38 pastas — um novo ministério foi criado para acomodar Márcio França.

•        Supremo

Lula também recebe pressão para indicar uma jurista negra para a vaga em aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), deixada após a aposentadoria da ministra Rosa Weber. Questionado, o presidente disse que a indicação ainda pode ser feita para "qualquer um". "Pode ser mulher, pode ser homem, pode ser negro, pode ser negra", completou.

Apesar de já ter dito que gênero e raça não são critérios de escolha, o presidente não descarta a possibilidade de escolher uma mulher para a vaga, e garantiu que o nome será posto ainda neste ano. "Eu tenho que indicar muita gente esse ano. Eu tenho que indicar mais alguns ministros do Superior Tribunal de Justiça, quatro pessoas do Cade, procurador-geral da República ou procuradora, ministro ou ministra da Suprema Corte. Tudo isso", disse Lula.

 

       Lula promete indicações para STF e PGR ainda neste ano e não descarta mulheres

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (27/10), que fará suas indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para a Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda neste ano. Em café da manhã com jornalistas, ele disse que está conversando com técnicos e aliados para escolher as “pessoas certas”.

Lula ressaltou que tem “pressa” para fazer as indicações, mas que precisava cuidar primeiramente de seu quadro de saúde. Nesta semana, ele retomou a agenda presencial após um período de 20 dias para se recuperar de uma artroplastia, com o objetivo de tratar uma artrose no quadril direito.

 “Não é que eu não tenha pressa. Eu tenho pressa, mas eu precisava fazer uma cirurgia. Eu estava há 14 meses com uma dor insuportável. Eu já não tinha mais paciência, eu chegava aqui de manhã já com um humor muito azedo”, afirmou.

Desde setembro, a Suprema Corte funciona com 10 integrantes por conta da aposentadoria da ministra Rosa Weber. A PGR, por sua vez, é conduzida pela interina Elizeta Ramos — que ocupa o cargo deixado por Augusto Aras. Em conversa com jornalistas, Lula lembrou da derrota no Senado, nesta semana, que rejeitou sua indicação para a Defensoria Pública da União (DPU).

“Então, agora, eu não vou esperar o final do ano. Eu posso escolher amanhã. Semana que vem, depois de amanhã. Eu vou escolher as pessoas certas, adequadas, para o lugar certo. Em função da circunstância política, porque eu não posso fechar os olhos e não enxergar que eu tenho que mandar um nome para ser aprovado pelo Senado”, disse.

•        Mulheres para os cargos

Apesar de sofrer pressão para atender ao critério de diversidade e indicar uma mulher negra para o STF, o presidente havia afirmado, em declarações anteriores, que não se pautaria nisso para indicar um nome à Suprema Corte. Nesta sexta-feira, porém, ele deixou em aberto a possibilidade de nomear uma mulher tanto para o tribunal, quanto para a PGR.

Ao tratar sobre a indicação à chefia do Ministério Público Federal, Lula disse que o procurador escolhido tem que ser alguém que não faça "política".

“Eu tenho que escolher um procurador que tenha noção do papel, do procurador de Estado. O procurador não pode ser procurador e fazer política. Ele tem que cumprir um papel sério. Não fazer pirotecnia, não perseguir ninguém. É isso que eu quero”, disse.

“Eu vou indicar. Logo, logo vocês vão saber quem eu vou indicar. Eu vou indicar o procurador-geral, ou procuradora, eu vou indicar o ministro ou a ministra, eu vou indicar o Cade, eu vou indicar mais gente. E com muita tranquilidade”, afirmou.

 

Ø  Lula deu a Caixa Econômica ao Centrão, mas vai ficar refém até o fim do governo

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou a Caixa Econômica Federal ao centrão a fim de conseguir aprovar sua pauta parlamentar do segundo semestre e evitar mais fritura de parte de seus ministros.

Interessa saber agora é quantos anéis, braços e rins Lula terá de entregar; se prêmios da ordem de grandeza da Petrobras estão no horizonte do comércio político; se o governo assim vai conseguir uma bancada estável —não parece, pois o jogo mudou.

Lula deu a Caixa ao condomínio parlamentar sob o comando de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. Não causou muita sensação, se por mais não fosse, porque um noticiário exuberante de horrores de guerras, crime, fofocas de celebridades e o fastio do público com economia e política ajudam a distrair.

De resto, era sabido que essa carne, a Caixa, estava no forno da barganha faz tempo. Segundo, Lula não tem o que fazer. Caso queira governar um pouco, terá de entregar muito, pois sua coalizão é muito minoritária no Congresso mais direitista da “Nova República”.

Terceiro, não há propriamente oposição para criticar a barganha. Lula está justamente barganhando com a oposição —ou com o que passa por isso. Isto é, o presidente negocia com os acionistas majoritários dessa cooperativa de gestão de fundos políticos e públicos privatizados que mais e mais é o Congresso.

O arranjo nem tem sido infrutífero, vide a quantidade de projetos que o governo tem aprovado. Mas é um arranjo indefinido, perigoso e mais gelatinoso do que o habitual nas coalizões parlamentares.

É indefinido porque o governo adquire apoios ainda mais incertos, pontuais e porque parte dos partidos arrebanhados detesta Lula, o PT ou é de extrema direita. É indefinido porque seu custo parece crescer sem limite. É um arranjo perigoso. A quantidade de recursos disponíveis para a barganha é agora mais limitada.

Há menos estatais para entregar. Se a Eletrobras fosse ainda estatal, talvez já houvesse risco de “eletrolão” — Centrão e MDB foram os maiores beneficiários políticos da roubança, enquanto o crime compensou. Vide as tantas suspeitas, por assim dizer, sobre a Codevasf.

Apareceu no horizonte a possibilidade de se reabrir a porteira da Petrobras. Se o fizer, o governo dará um tiro no pé e apontará a arma para a própria cabeça.

Há muito menos dinheiro no Orçamento. Haverá dificuldades para pagar emendas. Sendo pagas, os recursos mínimos para investimento serão mais picotados em obras paroquiais ou em desperdício. A eficiência do gasto público e seu efeito no crescimento serão menores.

Mesmo que não seja infrutífero, o arranjo tem os limites impostos pelo caráter negocista, conservador ou reacionário do Congresso. Para piorar, a elite econômica vai se bater, óbvio, contra mudanças ou aumentos de impostos.

 

Fonte: Terra/Correio Braziliense/FolhaPress

 

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