A medida simples que incentiva pessoas a doarem sangue de novo
Dizer para as pessoas que doaram sangue quando e
onde a doação foi utilizada aumenta a probabilidade de elas doarem novamente,
segundo um novo estudo que conduzimos e publicamos recentemente.
Os doadores que obtiveram detalhes como a data e o
hospital em que seu sangue foi utilizado tiveram 10% mais probabilidade de doar
novamente do que as pessoas que apenas receberam agradecimentos.
Os estudos foram conduzidos pela internet e em
locais de doação, juntamente com os pesquisadores da área de marketing da
Universidade de Hamburgo, Besarta Veseli e Michel Clement.
Trabalhando com a Cruz Vermelha da Áustria,
analisamos a resposta de 75 mil pessoas que haviam doado sangue nos dois anos
anteriores e se elas voltariam para doar novamente.
Parte dessas pessoas receberam como resposta apenas
agradecimentos por parte dos locais de doação. Outras também receberam
informações específicas sobre a data em que seu sangue foi usado e o nome do
hospital onde isso aconteceu.
Aqueles que receberam informações específicas
tiveram 10% mais probabilidade de doar novamente do que o grupo que recebeu
apenas o agradecimento.
A Cruz Vermelha da Áustria também nos ajudou a
entender o papel do tempo de resposta em outro estudo.
A organização enviou às pessoas uma curta mensagem
de texto, incluindo a data em que o sangue foi utilizado e o nome do hospital,
três semanas após a doação ou 10 dias antes da permissão para as pessoas doarem
novamente – com aproximadamente um mês de intervalo.
Obter detalhes 10 dias antes de poder doar
novamente fez com que a chance dos doadores voltarem caísse 63% em comparação
com pessoas que receberam a mesma mensagem três semanas após a última doação.
Em um estudo adicional, trabalhamos com a Cruz
Vermelha da Alemanha, que enviou informações a mais de 16 mil pessoas que não
doavam sangue há mais de dois anos.
Eles receberam agradecimentos pela doação anterior,
e foram informados sobre como seu sangue foi usado, ou receberam agradecimento
e foram informados sobre como sua próxima doação seria usada.
Esses ex-doadores de sangue tinham 11% mais
probabilidade de doar novamente quando era dito a eles como seu sangue foi
usado no passado, em comparação com aqueles que receberam apenas agradecimento.
Para compreender o que impulsiona esses efeitos,
conduzimos uma experiência na internet com quase 500 pessoas que já tinham
doado sangue para a Cruz Vermelha da Alemanha.
Quando essas pessoas receberam uma mensagem de
texto com detalhes sobre o uso do sangue, elas sentiram que a organização se
preocupava mais com elas. Consequentemente, disseram que seria mais provável
que doassem novamente.
• Por
que isso importa
Com base nas nossas descobertas iniciais, a Cruz
Vermelha da Áustria substituiu a sua tradicional mensagem de agradecimento por
informações sobre como o sangue foi usado.
Embora não tenhamos trabalhado com a Cruz Vermelha
dos Estados Unidos, o aplicativo da organização notifica as pessoas sobre o
hospital onde o sangue é utilizado.
Portanto, fornecer mais informações aos doadores
pode aumentar as doações e salvar mais vidas.
Embora quase metade da população dos EUA seja
elegível para doar sangue, menos de 10% doa pelo menos uma vez por ano.
Existem algumas restrições, como a exigência de uma
espera de 56 dias entre uma doação e outra.
E a demanda por sangue é constante.
A cada dois segundos, alguém nos EUA precisa de
sangue, plaquetas ou ambos, segundo a Cruz Vermelha, organização sem fins
lucrativos que recolhe 40% das doações de sangue do país.
Como nem todas as pessoas elegíveis realmente doam
sangue, há uma escassez periódica, e que se tornou mais frequente.
Em setembro, a Cruz Vermelha afirmou que “meses
consecutivos de desastres quase constantes provocados pelo clima” dificultaram
a doação de milhares de pessoas.
O problema pode levar os hospitais a adiar
transfusões e cirurgias
• Próximo
estudo
Infelizmente, parte do sangue doado é descartada em
vez de ser usada em transfusões e outros procedimentos médicos.
Em nosso próximo estudo, pretendemos descobrir se e
como as organizações que recolhem sangue devem informar os doadores quando isso
acontece.
Também pretendemos analisar se contar repetidamente
aos dadores regulares sobre a utilização do seu sangue fará mais ou menos
diferença a longo prazo.
Fonte: Por Edlira Shehu e Karen Winterich, para The
Conversation
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