Cid comprometeu Bolsonaro em diversas partes de sua
delação, diz jornalista
O tenente-coronel Mauro
Cid comprometeu o ex-presidente Jair Bolsonaro em várias partes da delação
premiada feita à Polícia Federal (PF). Entre as revelações feitas por Cid, está
a informação de que a ordem para fraudar os certificados falsos de vacinação
contra a Covid-19 partiu do próprio ex-presidente.
O ex-ajudante de ordens
da Presidência confessou à PF que coordenou a falsificação dos cartões com a
ajuda de aliados, e afirmou que imprimiu os documentos falsos e os entregou
pessoalmente ao então presidente da República no ano passado. As informações
são da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.
A versão apresentada pelo
ex-presidente à PF difere daquela fornecida por Cid. Bolsonaro afirmou aos
investigadores que não tinha conhecimento nem deu instruções para a falsificação
de cartões de vacinação, seja para seu uso pessoal ou para o de sua filha.
Segundo fontes próximas
às investigações relataram à jornalista, Cid respondeu a todas as perguntas da
PF que envolviam Jair Bolsonaro, e descreveu em detalhes a participação do
ex-presidente em reuniões para discutir a possibilidade de um golpe de Estado
no País e o caso das joias sauditas.
• Bolsonaro recebeu uma minuta golpista
Segundo Cid, Bolsonaro
recebeu pessoalmente uma minuta contendo um rascunho de um documento com um
plano golpista. Os investigadores da PF estão conduzindo investigações para
determinar se este documento é o mesmo que foi descoberto durante uma busca e
apreensão na residência do ex-ministro Anderson Torres.
A "minuta do
golpe" refere-se a uma proposta de decreto que, segundo Cid, teria sido
elaborada para que Bolsonaro instaurasse Estado de Defesa no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), enquanto ainda ocupava a presidência. Conforme estabelecido no
artigo 136 da Constituição Federal, o Estado de Defesa permite ao presidente
intervir em "locais restritos e determinados" para
"preservar" ou "prontamente restabelecer" a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
O texto, segundo
informações, tinha como finalidade reverter o resultado da eleição presidencial
de 2022, na qual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente.
Cid diz em delação à PF que Bolsonaro ordenou fraudes em
cartões de vacina
O tenente-coronel Mauro
Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse em seu acordo de
delação premiada à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente da República
ordenou, no final do seu mandato no Palácio do Planalto, que ele fraudasse os
cartões de vacina de covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.
Segundo informações do
UOL, Cid admitiu a sua participação no esquema e apontou Bolsonaro como o
mandante. O portal diz que o ex-chefe do Executivo pediu que os cartões dele e
da sua filha, Laura, de 13 anos, fossem fraudados. Segundo o tenente-coronel,
os documentos fraudados foram impressos e entregue em mãos ao ex-presidente
para que ele usasse quando "achasse conveniente".
O ex-ajudante de ordens
confirmou que os dados falsos de Bolsonaro e de Laura foram inseridos no
sistema do Ministério da Saúde por servidores da Prefeitura de Duque de Caxias,
na Baixada Fluminense, no dia 21 de dezembro de 2022, nove dias antes do ex-presidente
viajar para os Estados Unidos antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Naquela época, as leis americanas exigiam que os viajantes
comprovassem a imunização contra a covid-19.
• Investigação aponta que Bolsonaro tinha conhecimento das
falsificações
No dia 3 de maio, seis
aliados de Bolsonaro - entre eles Mauro Cid - foram presos pela Polícia Federal
na Operação Venire, que coletou provas de um esquema de fraudes de cartões de
vacinação durante o governo do ex-presidente.
A investigação aponta que
Bolsonaro e os seus aliados tinham "plena ciência" das falsificações.
O objetivo, segundo a PF, era obter "vantagem indevida" em situações
que necessitassem comprovação de vacina contra a covid no Brasil e nos Estados
Unidos.
• Bolsonaro nega ter sido vacinado contra a covid-19
A PF identificou dois
registros de vacinação de Bolsonaro no Centro Municipal de Saúde de Duque de
Caxias. O ex-presidente teria tomado o imunizante Pfizer em 13 de agosto e em
14 de outubro do ano passado. Nas mesmas datas, seus assessores Max Guilherme
Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro também teriam sido imunizados. Porém,
a Controladoria-Geral da União (CGU) checou as agendas do ex-chefe do Executivo
e atestou que seria impossível que ele tivesse comparecido na unidade de saúde.
Além de Bolsonaro e
Laura, Mauro Cid também teria falsificado o próprio cartão de vacinação e
também o da sua mulher, Gabriela Cid, e das suas três filhas.
Em um depoimento para a
PF no dia 16 de maio, Bolsonaro negou que ele e a filha teriam sido vacinados
contra a covid-19. O ex-presidente também afirmou que não determinou e não
tinha conhecimento das fraudes, o que agora é confrontado pela delação premiada
de Cid.
Em suas redes sociais, o
advogado e assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, rechaçou a hipótese de
Bolsonaro ter ordenado a falsificação dos dados de vacinação, como Mauro Cid
teria dito à PF. "Chance zero", disse Wajngarten na rede social X
(antigo Twitter), completando: "Mundo todo conhece a posição do Pr
@jairbolsonaro sobre vacinação. Como chefe de Estado, o passaporte/visto que
ele possui não exige nenhuma vacina. Filha menor de idade jamais necessitou de
vacinação, até porque possui comorbidades."
• Bolsonaro jamais soube de qualquer tipo de falsificação”, diz
advogado
A defesa de Jair
Bolsonaro (PL) voltou a negar envolvimento do ex-presidente com a fraude do
cartão de vacinação, após novas revelações sobre a delação premiada do
ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
À Polícia Federal (PF),
Cid disse que cumpriu ordens de Bolsonaro. A informação foi revelada pelo
portal “UOL” e confirmada pela CNN.
Nesta terça-feira (24),
advogados de Bolsonaro encaminharam à CNN a cópia do teste PCR que o
ex-presidente teria realizado nos Estados Unidos, antes do retorno ao Brasil.
De acordo com Paulo Cunha
Bueno, o documento foi apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) como parte
do argumento de que o ex-presidente não tinha motivos para falsificar cartão de
vacinação.
“Bolsonaro não
participou, jamais soube de qualquer tipo de falsificação. Ele sempre teve uma
conhecida posição contra a vacina. Não precisaria disso, ainda mais fazendo
[teste] PCR. Não teria porque autorizar”, disse o advogado.
A defesa alega que, na
condição de presidente, Bolsonaro entrou nos Estados Unidos, em dezembro de
2022, sem a obrigação de apresentar certificado de vacina. Na volta, em março
deste ano, o teste de PCR teria sido o suficiente para obter a autorização de
viajar de avião e desembarcar no Brasil.
Joias, golpe e vacinas: o que Mauro Cid já delatou à Polícia
Federal
O ex-ajudante de ordens
Mauro Cid implicou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro em pelo menos
três momentos da delação que fechou com a Polícia Federal: no caso das joias
sauditas trazidas ilegalmente para o Brasil; no suposto plano de golpe de
Estado; e também na fraude em cartões de vacina contra Covid-19.
A Polícia Federal ouviu
Mauro Cid durante três dias. São 24 horas de depoimentos registrados em vídeo.
Na maior parte das declarações, o militar reforça que apenas cumpria ordens,
segundo apurou a CNN.
• Joias sauditas
Sobre as joias sauditas,
Mauro Cid teria dito que cumpriu ordens “para resolver” e confessou que vendeu
o Rolex por 35 mil dólares e repassou parte do dinheiro, em mãos, para
Bolsonaro. A informação foi confirmada pelo advogado Cézar Bitencourt ainda em
agosto.
• Plano de golpe
No fim de setembro, outra
parte da colaboração veio a público: o trecho em que Cid detalha uma reunião do
então presidente com os comandantes das Forças Armadas para discutir um plano
de golpe. Nesse encontro, segundo Cid, Bolsonaro teria apresentado uma minuta
para se manter na Presidência da República.
• Cartões de vacina
Em maio, Cid foi preso
como responsável pelo esquema que viabilizou a inserção de dados falsos em
cartões de vacinação contra Covid-19. Na ocasião, Bolsonaro chegou a ser alvo
de busca e apreensão.
Na delação à PF, Cid
afirmou que os documentos fraudados foram impressos e entregues em mãos ao
ex-presidente para que ele usasse quando “achasse conveniente” ou “se precisasse”.
A informação de que militar “cumpriu ordens” de Bolsonaro neste caso foi
revelada pelo portal UOL nesta segunda-feira (25) e confirmada pela CNN.
Aos investigadores, o
ex-ajudante de ordens teria dito que os dados falsos de Bolsonaro e da filha do
político, de 12 anos, foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por
servidores da prefeitura de Duque de Caxias (RJ), no dia 21 de dezembro de
2022, nove dias antes do ex-presidente viajar para os Estados Unidos.
• Outro lado
A defesa de Jair Bolsonaro
nega as acusações contra o ex-presidente. Aliados de Bolsonaro afirmaram ao
âncora da CNN Gustavo Uribe e à analista Jussara Soares, da CNN, que a
confiança em Mauro Cid não muda mesmo após a revelação de novos detalhes da
delação do militar.
A estratégia segue sendo
evitar confronto com as versões do ex-ajudante de ordens e tratar as notícias
como “suposições”.
Ainda de acordo com
interlocutores, Bolsonaro não tinha tempo de tratar de assuntos operacionais e
de execução de tarefas. O argumento é que assessores como Cid tinham suas
responsabilidades e tomavam suas iniciativas.
Mais de 1.300 pessoas com mandados de prisão doaram para
Bolsonaro
Uma análise feita por uma
equipe de servidores especialistas cedidos à Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro apontam que 1.365 pessoas
com mandados de prisão doaram dinheiro para o ex-presidente Jair Bolsonaro, em
doações que somam R$ 27.227,06.
Ao todo, Bolsonaro
recebeu R$ 18.151.374,38 entre 20 de junho e 31 de julho em 809.839
transferências via Pix de 770.226 pessoas diferentes, conforme a análise. Um
único doador enviou, de uma única vez, R$ 5 mil para o ex-presidente.
Das 770 mil pessoas que
doaram algum valor para Bolsonaro, quase um terço delas (244.927) possuem
registro no Cadastro Único (CadÚnico) - serviço do Ministério do Desenvolvimento
e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Além disso, foram identificadas
150.196 pessoas entre aqueles que possuem renda abaixo ou igual a dois
salários-mínimos.
Um relatório do Conselho
de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostra que o ex-presidente Jair
Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões por meio de Pix de janeiro a julho deste ano,
em doações para uma vaquinha criada por apoiadores de Jair Bolsonaro para pagar
multas que ele possuia junto à Justiça.
A campanha foi endossada
pelo entorno de Bolsonar, já que parlamentares e ex-integrantes do governo
divulgaram amplamente a chave Pix do ex-presidente dias antes das postagens
pedindo doações ao ex-presidente.
Fonte: Terra/Agencia
Estado/CNN Brasil/g1
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