quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Cid comprometeu Bolsonaro em diversas partes de sua delação, diz jornalista

O tenente-coronel Mauro Cid comprometeu o ex-presidente Jair Bolsonaro em várias partes da delação premiada feita à Polícia Federal (PF). Entre as revelações feitas por Cid, está a informação de que a ordem para fraudar os certificados falsos de vacinação contra a Covid-19 partiu do próprio ex-presidente.

O ex-ajudante de ordens da Presidência confessou à PF que coordenou a falsificação dos cartões com a ajuda de aliados, e afirmou que imprimiu os documentos falsos e os entregou pessoalmente ao então presidente da República no ano passado. As informações são da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.

A versão apresentada pelo ex-presidente à PF difere daquela fornecida por Cid. Bolsonaro afirmou aos investigadores que não tinha conhecimento nem deu instruções para a falsificação de cartões de vacinação, seja para seu uso pessoal ou para o de sua filha.

Segundo fontes próximas às investigações relataram à jornalista, Cid respondeu a todas as perguntas da PF que envolviam Jair Bolsonaro, e descreveu em detalhes a participação do ex-presidente em reuniões para discutir a possibilidade de um golpe de Estado no País e o caso das joias sauditas.

•        Bolsonaro recebeu uma minuta golpista

Segundo Cid, Bolsonaro recebeu pessoalmente uma minuta contendo um rascunho de um documento com um plano golpista. Os investigadores da PF estão conduzindo investigações para determinar se este documento é o mesmo que foi descoberto durante uma busca e apreensão na residência do ex-ministro Anderson Torres.

A "minuta do golpe" refere-se a uma proposta de decreto que, segundo Cid, teria sido elaborada para que Bolsonaro instaurasse Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enquanto ainda ocupava a presidência. Conforme estabelecido no artigo 136 da Constituição Federal, o Estado de Defesa permite ao presidente intervir em "locais restritos e determinados" para "preservar" ou "prontamente restabelecer" a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

O texto, segundo informações, tinha como finalidade reverter o resultado da eleição presidencial de 2022, na qual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente.

 

       Cid diz em delação à PF que Bolsonaro ordenou fraudes em cartões de vacina

 

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse em seu acordo de delação premiada à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente da República ordenou, no final do seu mandato no Palácio do Planalto, que ele fraudasse os cartões de vacina de covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

Segundo informações do UOL, Cid admitiu a sua participação no esquema e apontou Bolsonaro como o mandante. O portal diz que o ex-chefe do Executivo pediu que os cartões dele e da sua filha, Laura, de 13 anos, fossem fraudados. Segundo o tenente-coronel, os documentos fraudados foram impressos e entregue em mãos ao ex-presidente para que ele usasse quando "achasse conveniente".

O ex-ajudante de ordens confirmou que os dados falsos de Bolsonaro e de Laura foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no dia 21 de dezembro de 2022, nove dias antes do ex-presidente viajar para os Estados Unidos antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Naquela época, as leis americanas exigiam que os viajantes comprovassem a imunização contra a covid-19.

•        Investigação aponta que Bolsonaro tinha conhecimento das falsificações

No dia 3 de maio, seis aliados de Bolsonaro - entre eles Mauro Cid - foram presos pela Polícia Federal na Operação Venire, que coletou provas de um esquema de fraudes de cartões de vacinação durante o governo do ex-presidente.

A investigação aponta que Bolsonaro e os seus aliados tinham "plena ciência" das falsificações. O objetivo, segundo a PF, era obter "vantagem indevida" em situações que necessitassem comprovação de vacina contra a covid no Brasil e nos Estados Unidos.

•        Bolsonaro nega ter sido vacinado contra a covid-19

A PF identificou dois registros de vacinação de Bolsonaro no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias. O ex-presidente teria tomado o imunizante Pfizer em 13 de agosto e em 14 de outubro do ano passado. Nas mesmas datas, seus assessores Max Guilherme Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro também teriam sido imunizados. Porém, a Controladoria-Geral da União (CGU) checou as agendas do ex-chefe do Executivo e atestou que seria impossível que ele tivesse comparecido na unidade de saúde.

Além de Bolsonaro e Laura, Mauro Cid também teria falsificado o próprio cartão de vacinação e também o da sua mulher, Gabriela Cid, e das suas três filhas.

Em um depoimento para a PF no dia 16 de maio, Bolsonaro negou que ele e a filha teriam sido vacinados contra a covid-19. O ex-presidente também afirmou que não determinou e não tinha conhecimento das fraudes, o que agora é confrontado pela delação premiada de Cid.

Em suas redes sociais, o advogado e assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, rechaçou a hipótese de Bolsonaro ter ordenado a falsificação dos dados de vacinação, como Mauro Cid teria dito à PF. "Chance zero", disse Wajngarten na rede social X (antigo Twitter), completando: "Mundo todo conhece a posição do Pr @jairbolsonaro sobre vacinação. Como chefe de Estado, o passaporte/visto que ele possui não exige nenhuma vacina. Filha menor de idade jamais necessitou de vacinação, até porque possui comorbidades."

•        Bolsonaro jamais soube de qualquer tipo de falsificação”, diz advogado

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) voltou a negar envolvimento do ex-presidente com a fraude do cartão de vacinação, após novas revelações sobre a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

À Polícia Federal (PF), Cid disse que cumpriu ordens de Bolsonaro. A informação foi revelada pelo portal “UOL” e confirmada pela CNN.

Nesta terça-feira (24), advogados de Bolsonaro encaminharam à CNN a cópia do teste PCR que o ex-presidente teria realizado nos Estados Unidos, antes do retorno ao Brasil.

De acordo com Paulo Cunha Bueno, o documento foi apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) como parte do argumento de que o ex-presidente não tinha motivos para falsificar cartão de vacinação.

“Bolsonaro não participou, jamais soube de qualquer tipo de falsificação. Ele sempre teve uma conhecida posição contra a vacina. Não precisaria disso, ainda mais fazendo [teste] PCR. Não teria porque autorizar”, disse o advogado.

A defesa alega que, na condição de presidente, Bolsonaro entrou nos Estados Unidos, em dezembro de 2022, sem a obrigação de apresentar certificado de vacina. Na volta, em março deste ano, o teste de PCR teria sido o suficiente para obter a autorização de viajar de avião e desembarcar no Brasil.

 

       Joias, golpe e vacinas: o que Mauro Cid já delatou à Polícia Federal

 

O ex-ajudante de ordens Mauro Cid implicou diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro em pelo menos três momentos da delação que fechou com a Polícia Federal: no caso das joias sauditas trazidas ilegalmente para o Brasil; no suposto plano de golpe de Estado; e também na fraude em cartões de vacina contra Covid-19.

A Polícia Federal ouviu Mauro Cid durante três dias. São 24 horas de depoimentos registrados em vídeo. Na maior parte das declarações, o militar reforça que apenas cumpria ordens, segundo apurou a CNN.

•        Joias sauditas

Sobre as joias sauditas, Mauro Cid teria dito que cumpriu ordens “para resolver” e confessou que vendeu o Rolex por 35 mil dólares e repassou parte do dinheiro, em mãos, para Bolsonaro. A informação foi confirmada pelo advogado Cézar Bitencourt ainda em agosto.

•        Plano de golpe

No fim de setembro, outra parte da colaboração veio a público: o trecho em que Cid detalha uma reunião do então presidente com os comandantes das Forças Armadas para discutir um plano de golpe. Nesse encontro, segundo Cid, Bolsonaro teria apresentado uma minuta para se manter na Presidência da República.

•        Cartões de vacina

Em maio, Cid foi preso como responsável pelo esquema que viabilizou a inserção de dados falsos em cartões de vacinação contra Covid-19. Na ocasião, Bolsonaro chegou a ser alvo de busca e apreensão.

Na delação à PF, Cid afirmou que os documentos fraudados foram impressos e entregues em mãos ao ex-presidente para que ele usasse quando “achasse conveniente” ou “se precisasse”. A informação de que militar “cumpriu ordens” de Bolsonaro neste caso foi revelada pelo portal UOL nesta segunda-feira (25) e confirmada pela CNN.

Aos investigadores, o ex-ajudante de ordens teria dito que os dados falsos de Bolsonaro e da filha do político, de 12 anos, foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da prefeitura de Duque de Caxias (RJ), no dia 21 de dezembro de 2022, nove dias antes do ex-presidente viajar para os Estados Unidos.

•        Outro lado

A defesa de Jair Bolsonaro nega as acusações contra o ex-presidente. Aliados de Bolsonaro afirmaram ao âncora da CNN Gustavo Uribe e à analista Jussara Soares, da CNN, que a confiança em Mauro Cid não muda mesmo após a revelação de novos detalhes da delação do militar.

A estratégia segue sendo evitar confronto com as versões do ex-ajudante de ordens e tratar as notícias como “suposições”.

Ainda de acordo com interlocutores, Bolsonaro não tinha tempo de tratar de assuntos operacionais e de execução de tarefas. O argumento é que assessores como Cid tinham suas responsabilidades e tomavam suas iniciativas.

 

       Mais de 1.300 pessoas com mandados de prisão doaram para Bolsonaro

 

Uma análise feita por uma equipe de servidores especialistas cedidos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro apontam que 1.365 pessoas com mandados de prisão doaram dinheiro para o ex-presidente Jair Bolsonaro, em doações que somam R$ 27.227,06.

Ao todo, Bolsonaro recebeu R$ 18.151.374,38 entre 20 de junho e 31 de julho em 809.839 transferências via Pix de 770.226 pessoas diferentes, conforme a análise. Um único doador enviou, de uma única vez, R$ 5 mil para o ex-presidente.

Das 770 mil pessoas que doaram algum valor para Bolsonaro, quase um terço delas (244.927) possuem registro no Cadastro Único (CadÚnico) - serviço do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Além disso, foram identificadas 150.196 pessoas entre aqueles que possuem renda abaixo ou igual a dois salários-mínimos.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões por meio de Pix de janeiro a julho deste ano, em doações para uma vaquinha criada por apoiadores de Jair Bolsonaro para pagar multas que ele possuia junto à Justiça.

A campanha foi endossada pelo entorno de Bolsonar, já que parlamentares e ex-integrantes do governo divulgaram amplamente a chave Pix do ex-presidente dias antes das postagens pedindo doações ao ex-presidente.

 

Fonte: Terra/Agencia Estado/CNN Brasil/g1

 

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