terça-feira, 26 de setembro de 2023

Sede, tonturas, cerveja: veja riscos no calor forte e cuidados para se proteger

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) acionou nos últimos dias o alerta vermelho para diversos estados do país por conta das altas temperaturas, o que significa que a onda de calor que assola o Brasil nesta semana implica, inclusive, em riscos para a saúde, em especial de crianças e idosos.

A exposição direta ao sol e a falta de hidratação podem levar a consequências que vão de queda na pressão até desmaios, além de aumentar o risco de doenças graves como o melanoma, uma das formas mais graves e câncer de pele.

A CNN conversou com os cardiologistas Sergio Timerman, diretor do Instituto do Coração (InCor), e Augusto Scalabrini Neto, do Hospital Sírio Libanês, que explicaram quais são os riscos implicados para a saúde das pessoas sob temperaturas acima do normal.

Eles listam os principais cuidados a se tomar para evitar esses impactos e a que sinais de alerta do corpo estar atento para procurar ajuda, se necessário.

>>>> Cuidados

•        Tomar água

“Quando a pessoa está sentindo sede ela já está desidratada. Não espere ficar com sede e comece a se hidratar com água”, disse Timerman, do InCor.

De acordo com ele, a velha e boa água já é a melhor opção e não pode faltar, dispensando isotônicos ou outros tipos de bebidas.

Scalabrini, do Sírio Libanês, explica que a indicação é manter uma garrafa de água sempre por perto, bebê-la ao longo do dia todo e, nas altas temperaturas, ingerir ao menos 2 litros de água.

Como a atual onda de calor está acompanhada, também, de um tempo muito seco, os riscos de desidratação ficam ainda maiores.

•        Outras formas de hidratação

O diretor do InCor lembra que a desidratação atinge o corpo por diversas frentes além da sede, podendo ser sentida também em mucosas como a do nariz e na pele.

Por isso, outras formas de hidratação, além da ingestão de água, também são importantes;

As vias nasais também podem ser hidratadas, com soro fisiológico por exemplo.

Para a pele, ajudam compressas com pano umedecido, banhos e cremes hidratantes.

Pequenos “truques” para ajudar a elevar a umidade dos ambientes também ajudam, como panos ou outros objetivos molhados no ambiente.

•        Filtro solar

Os protetores solares são essenciais para proteger a pele, inclusive para reduzir os riscos da evolução de doenças como o melanoma e outros tipos de câncer de pele.

Os protetores devem ter fator 30, pelo menos, de acordo com Scalabrini, e serem repostos na pele a cada duas horas, para que não percam o efeito.

•        Horários de exposição

A indicação dos especialistas é evitar a exposição ao sol, aproximadamente, das 10h da manhã até as 16h ou 17h, no fim da tarde, período em que o calor fica mais intenso.

O pico de calor, explica Timerman, acontece entre 13h e 14h.

Isto vale, por exemplo, para passeios, parques, praia, piscina, caminhadas e, principalmente, atividades esportivas – que devem ser feitas pela manhã ou ao fim da tarde.

Além do protetor solar, que é essencial, outras proteções como boné, chapéu, guarda-sol ou sombrinha também ajudam a reduzir os efeitos da exposição direta ao sol.

•        Pode beber álcool?

Embora a combinação entre calor e cerveja seja muito atraente, as bebidas alcoolicas, no geral, colaboram para acelerar a desidratação, e devem ser consumidas de maneira moderada e sempre intercaladas com água.

“O álcool inibe um hormônio chamado antidiurético e faz você urinar mais”, explica Scalabrini, do Sírio Libanês.

“Por isso, quando tomamos cerveja, aumenta a diurese [eliminação de urina].  Isso faz com que a pessoa perca mais água e, com certeza, se desidrate mais rápido.”

•        Como se alimentar

Evitar refeições pesadas e gordurosas também ajuda a evitar as sensações de mal estar causadas pelo calor.

As refeições devem ser leves, feitas em quantidades menores e com intervalos mais curtos, a cada duas horas, o que ajuda a não pesar a digestão.

“Quando você come, parte da circulação é desviada para o sistema digestivo, para fazer a digestão, o que diminuiu o aporte de sangue para outras regiões do corpo”, diz Scalabrini.

“Isso, junto com desidratação, facilita as quedas de pressão e o mal estar que podem levar até ao desmaio.”

•        O que pode acontecer e sintomas

De acordo com os médicos, há alguns sintomas típicos do calor em excesso e quem podem, também, ser os primeiros sinais de uma situação de estresse no corpo.

Entre os principais, estão:

•        Fadiga e cansaço

•        Sede

•        Sudorese

•        Dor de cabeça

•        Pele avermelhada

Beber água, tomar um banho frio e sair do local para uma área mais fresca são algumas medidas que ajudam a revertê-los, recomenda Timerman, do InCor.

“A pessoa também pode fazer uma compressa com gelo ou com água fria”, diz o cardiologista.

Os demais cuidados, como a hidratação constante e a alimentação leve ajudam também a evitá-los.

•        Quando procurar um médico

Os sinais de mal estar podem evoluir para sintomas mais graves, em especial nas crianças e nos idosos, e que merecem atenção.

“Em uma segunda fase, que tem acontecido muito na Europa, há o que chamamos de golpe de calor, ou acidente vascular causado pelo calor“, diz Timerman.

“É como se fosse um derrame. Se a pessoa tiver taquicardia e mal estar, pode procurar um serviço de emergência.”

Entre os sintomas mais graves, e que podem valer a procurar por ajuda especializada, estão:

•        Tontura forte

•        Sensação de desmaio

•        Queda forte da pressão arterial

•        Aumento expressivo da frequência cardíaca (acima de 100 batimentos por segundo em repouso)

 

       Estudo aponta que 38 milhões de brasileiros sofrem com estresse térmico

 

Um estudo do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ) concluiu que o número de brasileiros expostos ao estresse térmico passa dos 38 milhões. O fenômeno pode causar problemas de saúde que podem ser graves para quem já possui condições médicas pré-existentes.

O estresse térmico é definido por condições climáticas que fazem com que a temperatura corporal aumente e não consiga manter-se nos 36,5°C – ideal para o organismo humano.

O Brasil, que vive uma forte onda de calor, registrou, no domingo (24), recordes de maiores temperaturas do ano em quatro capitais do sul e sudeste.

De acordo com o Instituto de Meteorologia (Inmet), Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro atingiram os maiores picos registrados neste ano.

A professora Renata Libonati, que coordenou o trabalho do Lasa/UFRJ, afirma que a pesquisa tinha como objetivo analisar o estresse térmico na América do Sul e como ele evoluiu ao longo dos últimos 40 anos.

O estudo, por meio de índices bioclimáticos, levou em consideração não apenas a temperatura, mas também aspectos como umidade do ar e o vento, para poder calcular os níveis de estresse térmico.

O trabalho focou nas 31 principais cidades da América do Sul com mais de 1 milhão de habitantes – 13 delas no Brasil – e analisou que em todas essas regiões houve um aumento gradativo e contínuo no número de horas de estresse térmico – com registros de até 12 horas ou mais consecutivas acima dos níveis ideais.

Esse aumento de temperatura corporal, inclusive, pode levar a problemas graves, como explica a professora à CNN: “O estresse térmico tem relação direta com problemas de saúde. Pode variar desde uma dor de cabeça ou cansaço até situações mais graves. A quem já é acometido de condições médicas pré-existentes, principalmente cardiovasculares, tem que ficar atento porque em níveis extremos pode até levar a óbito”.

A professora Renata Libonati citou ainda projeções obtidas pelo estudo: “Concluímos que o estresse térmico aumentou consideravelmente nos últimos 40 anos, mas deve também persistir pelas próximas décadas”.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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