Sede, tonturas, cerveja: veja riscos no calor forte e cuidados para se
proteger
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
acionou nos últimos dias o alerta vermelho para diversos estados do país por
conta das altas temperaturas, o que significa que a onda de calor que assola o
Brasil nesta semana implica, inclusive, em riscos para a saúde, em especial de
crianças e idosos.
A exposição direta ao sol e a falta de hidratação
podem levar a consequências que vão de queda na pressão até desmaios, além de
aumentar o risco de doenças graves como o melanoma, uma das formas mais graves
e câncer de pele.
A CNN conversou com os cardiologistas Sergio
Timerman, diretor do Instituto do Coração (InCor), e Augusto Scalabrini Neto,
do Hospital Sírio Libanês, que explicaram quais são os riscos implicados para a
saúde das pessoas sob temperaturas acima do normal.
Eles listam os principais cuidados a se tomar para
evitar esses impactos e a que sinais de alerta do corpo estar atento para
procurar ajuda, se necessário.
>>>> Cuidados
• Tomar
água
“Quando a pessoa está sentindo sede ela já está
desidratada. Não espere ficar com sede e comece a se hidratar com água”, disse
Timerman, do InCor.
De acordo com ele, a velha e boa água já é a melhor
opção e não pode faltar, dispensando isotônicos ou outros tipos de bebidas.
Scalabrini, do Sírio Libanês, explica que a
indicação é manter uma garrafa de água sempre por perto, bebê-la ao longo do
dia todo e, nas altas temperaturas, ingerir ao menos 2 litros de água.
Como a atual onda de calor está acompanhada,
também, de um tempo muito seco, os riscos de desidratação ficam ainda maiores.
• Outras
formas de hidratação
O diretor do InCor lembra que a desidratação atinge
o corpo por diversas frentes além da sede, podendo ser sentida também em
mucosas como a do nariz e na pele.
Por isso, outras formas de hidratação, além da
ingestão de água, também são importantes;
As vias nasais também podem ser hidratadas, com
soro fisiológico por exemplo.
Para a pele, ajudam compressas com pano umedecido,
banhos e cremes hidratantes.
Pequenos “truques” para ajudar a elevar a umidade
dos ambientes também ajudam, como panos ou outros objetivos molhados no
ambiente.
• Filtro
solar
Os protetores solares são essenciais para proteger
a pele, inclusive para reduzir os riscos da evolução de doenças como o melanoma
e outros tipos de câncer de pele.
Os protetores devem ter fator 30, pelo menos, de
acordo com Scalabrini, e serem repostos na pele a cada duas horas, para que não
percam o efeito.
• Horários
de exposição
A indicação dos especialistas é evitar a exposição
ao sol, aproximadamente, das 10h da manhã até as 16h ou 17h, no fim da tarde,
período em que o calor fica mais intenso.
O pico de calor, explica Timerman, acontece entre
13h e 14h.
Isto vale, por exemplo, para passeios, parques,
praia, piscina, caminhadas e, principalmente, atividades esportivas – que devem
ser feitas pela manhã ou ao fim da tarde.
Além do protetor solar, que é essencial, outras
proteções como boné, chapéu, guarda-sol ou sombrinha também ajudam a reduzir os
efeitos da exposição direta ao sol.
• Pode
beber álcool?
Embora a combinação entre calor e cerveja seja
muito atraente, as bebidas alcoolicas, no geral, colaboram para acelerar a
desidratação, e devem ser consumidas de maneira moderada e sempre intercaladas
com água.
“O álcool inibe um hormônio chamado antidiurético e
faz você urinar mais”, explica Scalabrini, do Sírio Libanês.
“Por isso, quando tomamos cerveja, aumenta a
diurese [eliminação de urina]. Isso faz
com que a pessoa perca mais água e, com certeza, se desidrate mais rápido.”
• Como
se alimentar
Evitar refeições pesadas e gordurosas também ajuda
a evitar as sensações de mal estar causadas pelo calor.
As refeições devem ser leves, feitas em quantidades
menores e com intervalos mais curtos, a cada duas horas, o que ajuda a não
pesar a digestão.
“Quando você come, parte da circulação é desviada
para o sistema digestivo, para fazer a digestão, o que diminuiu o aporte de
sangue para outras regiões do corpo”, diz Scalabrini.
“Isso, junto com desidratação, facilita as quedas
de pressão e o mal estar que podem levar até ao desmaio.”
• O que
pode acontecer e sintomas
De acordo com os médicos, há alguns sintomas
típicos do calor em excesso e quem podem, também, ser os primeiros sinais de
uma situação de estresse no corpo.
Entre os principais, estão:
• Fadiga
e cansaço
• Sede
• Sudorese
• Dor
de cabeça
• Pele
avermelhada
Beber água, tomar um banho frio e sair do local
para uma área mais fresca são algumas medidas que ajudam a revertê-los,
recomenda Timerman, do InCor.
“A pessoa também pode fazer uma compressa com gelo
ou com água fria”, diz o cardiologista.
Os demais cuidados, como a hidratação constante e a
alimentação leve ajudam também a evitá-los.
• Quando
procurar um médico
Os sinais de mal estar podem evoluir para sintomas
mais graves, em especial nas crianças e nos idosos, e que merecem atenção.
“Em uma segunda fase, que tem acontecido muito na
Europa, há o que chamamos de golpe de calor, ou acidente vascular causado pelo
calor“, diz Timerman.
“É como se fosse um derrame. Se a pessoa tiver
taquicardia e mal estar, pode procurar um serviço de emergência.”
Entre os sintomas mais graves, e que podem valer a
procurar por ajuda especializada, estão:
• Tontura
forte
• Sensação
de desmaio
• Queda
forte da pressão arterial
• Aumento
expressivo da frequência cardíaca (acima de 100 batimentos por segundo em
repouso)
Estudo
aponta que 38 milhões de brasileiros sofrem com estresse térmico
Um estudo do Laboratório de Aplicações de Satélites
Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ) concluiu que o
número de brasileiros expostos ao estresse térmico passa dos 38 milhões. O
fenômeno pode causar problemas de saúde que podem ser graves para quem já
possui condições médicas pré-existentes.
O estresse térmico é definido por condições
climáticas que fazem com que a temperatura corporal aumente e não consiga
manter-se nos 36,5°C – ideal para o organismo humano.
O Brasil, que vive uma forte onda de calor,
registrou, no domingo (24), recordes de maiores temperaturas do ano em quatro
capitais do sul e sudeste.
De acordo com o Instituto de Meteorologia (Inmet),
Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro atingiram os maiores picos
registrados neste ano.
A professora Renata Libonati, que coordenou o
trabalho do Lasa/UFRJ, afirma que a pesquisa tinha como objetivo analisar o
estresse térmico na América do Sul e como ele evoluiu ao longo dos últimos 40
anos.
O estudo, por meio de índices bioclimáticos, levou
em consideração não apenas a temperatura, mas também aspectos como umidade do
ar e o vento, para poder calcular os níveis de estresse térmico.
O trabalho focou nas 31 principais cidades da
América do Sul com mais de 1 milhão de habitantes – 13 delas no Brasil – e
analisou que em todas essas regiões houve um aumento gradativo e contínuo no
número de horas de estresse térmico – com registros de até 12 horas ou mais
consecutivas acima dos níveis ideais.
Esse aumento de temperatura corporal, inclusive,
pode levar a problemas graves, como explica a professora à CNN: “O estresse
térmico tem relação direta com problemas de saúde. Pode variar desde uma dor de
cabeça ou cansaço até situações mais graves. A quem já é acometido de condições
médicas pré-existentes, principalmente cardiovasculares, tem que ficar atento
porque em níveis extremos pode até levar a óbito”.
A professora Renata Libonati citou ainda projeções
obtidas pelo estudo: “Concluímos que o estresse térmico aumentou
consideravelmente nos últimos 40 anos, mas deve também persistir pelas próximas
décadas”.
Fonte: CNN Brasil
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