'Para a família Bolsonaro, sou um leproso', afirma Queiroz
Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e
considerado braço direito do clã Bolsonaro no Rio de Janeiro, Fabrício Queiroz
pretende seguir um caminho político independente do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e seus filhos. O PM reformado afirmou em entrevista à revista
Veja que o clã o vê como um "leproso" e que são "do tipo que
valorizam aqueles que os trai".
"Os Bolsonaro são do tipo que valorizam aqueles
que os trai. Bolsonaro não me ajudou em nada na minha campanha a deputado
estadual em 2022. Nem na urna em que ele vota eu tive voto. Se ele sinalizasse
favoravelmente à minha candidatura, hoje eu seria deputado", reclamou
Queiroz.
O aliado de Bolsonaro afirmou que pretende disputar
o cargo de vereador da cidade do Rio de Janeiro nas eleições de 2024. Ele
comparou Bolsonaro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comentar a
falta de apoio do clã durante as eleições do ano passado.
"Lula, assim que ganhou a eleição, foi para a
Avenida Paulista em seu primeiro discurso. Do seu lado, estavam José Guimarães,
Lindbergh Farias, e vários outros acusados por crimes. Para a família
Bolsonaro, eu sou um leproso", diz.
No início de dezembro de 2018, o Estado revelou que
um relatório do Coaf apontava uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na
conta bancária de Queiroz. O valor é referente ao período entre janeiro de 2016
e janeiro de 2017.
Ex-policial militar, Queiroz é amigo de longa data
da família Bolsonaro e, oficialmente, trabalhava como motorista de Flávio
Bolsonaro. O relatório também apontava um repasse de um cheque de R$ 24 mil da
conta de Queiroz destinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro. O relatório foi
anexado à investigação que, em novembro, levou à Operação Furna da Onça, que
prendeu dez deputados estaduais envolvidos no esquema.
Queiroz chegou a ser preso preventivamente em junho
de 2020, em Atibaia. Mas passou pouco menos de um mês na cadeia. O Superior
Tribunal de Justiça lhe concedeu o direito à prisão domiciliar. Poucos meses
depois, a mesma corte lhe garantiu a liberdade. Em novembro, o Superior
Tribunal de Justiça decidiu que a investigação só poderá andar com uma nova
denúncia.
Ø Relatórios do Coaf revelam
que entorno de Bolsonaro movimentaram fortunas
Relatórios de movimentações financeiras enviados
pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e pela Receita
Federal (RF) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos
Golpistas apontam que membros do círculo próximo de Jair Bolsonaro (PL)
movimentaram ao menos R$ 26.665.739,96 milhões, entre os anos de 2020 e 2023.
O Coaf classificou as movimentações das contas como
atípicas, e o montante registrado corresponde apenas ao que foi identificado
nas contas correntes dos envolvidos que incluem figuras-chave da equipe de
apoio direto do ex-mandatário, incluindo o tenente-coronel Mauro Cid, seu
ex-ajudante de ordens.
• Suspeitas
Os documentos apontam que a movimentação
identificada nos últimos quatro anos destoa do patrimônio e dos rendimentos do
grupo investigado. A lista inclui o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid,
ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 13,5 milhões (2020 a 2023);
Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 5 milhões
(2020 a 2023); Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, com R$ 3,9 milhões
(2021 a 2023).
Os documentos também apontam movimentações
suspeitas feitas por Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro,
com R$ 2,6 milhões (2021 a 2023); Luiz Antonio Gonçalves de Oliveira,
ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 582,6 mil (2022 a 2023); Jairo
Moreira da Silva, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 453,3 mil
(2022 a 2023); Adriano Alves Teperino, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro,
com R$ 268 mil (2022).
Ø Mauro Cid recebeu mais de R$ 90 mil em diárias em 2022
O valor das diárias recebidas em 2022 por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, passa de R$ 90 mil. Os números foram declarados pelo tenente-coronel
à Receita
Federal.
Classificados como “rendimentos isentos e não
tributáveis”, as diárias e ajudas de custo de Mauro Cid somam exatos R$
90.527,26. Somente do Comando da
11ª Região Militar, no Distrito Federal, o tenente-coronel recebeu R$
52 mil.
A declaração de Imposto de Renda, à qual a coluna
teve acesso, registra ainda cerca de R$ 20 mil recebidos da Presidência da
República. Outros R$ 18 mil foram pagos a Cid pelo Ministério das Relações
Exteriores, referentes a diárias e despesas para acompanhar Bolsonaro em
viagens a outros países.
Os rendimentos não tributáveis de Mauro Cid incluem
ainda R$ 9 mil pagos pelo Comando do Exército em alimentação,
auxílio-transporte e assistência pré-escolar (Cid tem uma filha nascida em
2017, que tinha menos de 5 anos de idade em 2022). No total, foram R$ 99 mil
recebidos com isenção de impostos no ano passado.
Mauro Cid foi preso em março deste ano por
envolvimento em um suposto esquema de fraude nos cartões de vacina do
ex-presidente e de familiares. Ele foi libertado este mês, depois de firmar um
acordo de delação com a Polícia Federal.
Além da fraude dos cartões de vacina, o militar é
peça central em diversas investigações envolvendo Bolsonaro, a exemplo da venda
de joias e de presentes recebidos enquanto presidente da República.
Ø "Não vamos autorizar": Jair Renan é vetado do palco na Festa
Farroupilha em SC
Jair Renan, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro,
foi exposto a uma humilhação diante da divulgação do vídeo que mostra ele sendo
vetado de subir ao palco da festa de encerramento da Semana Farroupilha em
Balneário Camboriú (SC) neste domingo (24).
Na gravação, é possível ouvir Denize Leite,
presidente da Fundação Cultural, afirmando ao empresário bolsonarista Emílio
Dalçóquio que não autorizaria menção a Jair Renan. O filho do presidente estava
vestido com trajes típicos gaúchos e aguardava para subir no palco, mas foi
vetado.
"Não, não vai citar. Nós não vamos autorizar.
Eu que sou presidente da Fundação Cultural. Não vai citar porque não pode. Pode
seguir o protocolo", afirma Denize ao apresentador.
O vídeo com a cena tem viralizado nas redes
sociais.
Ø Bolsonarista Gustavo Gayer vira alvo da PGR por racismo e pode perder o
mandato
Um dos principais líderes extremistas, aliado do
clã Bolsonaro, no Congresso Nacional, Gustavo Gayer virou alvo de investigação
da Procuradoria-Geral da República (PGR) por falas racistas e pode perder o
mandato.
No sábado (23), a PGR pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) para que Gayer deponha sobre falas preconceituosas contra
africanos em junho, quando o bolsonarista afirmou que falta “capacidade
cognitiva” a africanos para que entendam e vivam em um regime democrático.
“Democracia
não prospera na África. Para você ter uma democracia, você tem que ter o mínimo
de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado.
Tentaram fazer democracia na África várias vezes, mas o ditador tomou tudo. O
Brasil está desse jeito”, disse o deputado ao podcast Três irmãos.
No programa, Gayer ainda concordou com uma fala do
apresentador de que macacos teriam o QI maior que a de pessoas que nasceram em
países da África.
A ação da PGR foi proposta pelo ministro dos
Direitos Humanos, Silvio Almeida, que também acionou a Polícia Federal pela
fala racista.
Além de incorrer em flagrante desrespeito para com
os povos africanos, Gayer ainda sugeriu que os eleitores do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva são burros. As falas do bolsonarista possuem clara
conotação racista e podem configurar, inclusive, o crime de injúria racial,
cuja pena, prevista na Lei 14.532/2023, é de 2 a 5 anos de prisão, além de
multa.
Por causa da fala racista, a deputada federal Duda
Salabert (PDT-MG) protocolou junto ao Conselho de Ética da Câmara um pedido de
cassação do bolsonarista. Caso seja condenado, Gayer pode perder o mandato.
Ø Camilo Cristófaro: vereador cassado por racismo é suspeito de esquema
de rachadinha
Camilo Cristófaro (Avante), primeiro
vereador de São Paulo a ser cassado por racismo, é suspeito de envolvimento em um esquema de rachadinha. Segundo informações do Fantástico, a partir de um relatório de
inteligência financeira, ele teria movimentado cerca de R$ 730 mil em
2020.
Na última terça-feira (19), o político teve
seu mandato cassado por quebra de decoro parlamentar na Câmara
Municipal de São Paulo, com 47 votos a favor, cinco abstenções e nenhum contra.
Em maio de 2022, sem saber que seu áudio estava aberto, ele teria proferido a
frase "é coisa de preto" durante
uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Aplicativos.
Camilo Cristófaro é investigado pela Polícia Civil,
Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) por suspeita
por participação em esquema de rachadinha, isto é, a denominação conferida à
prática de contratação de funcionários com a exigência de repasse de uma
parcela dos salários ao contratante.
A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e
Social do MPSP pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-vereador,
porém o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) negou o pedido.
Embora não seja diretamente constituída como
infração penal, a rachadinha pode ser compreendida como os seguintes crimes, no
caso de Cristófaro:
- Peculato (Art. 312 do Código Penal
Brasileiro): a apropriação ou desvio de dinheiro, valor
ou bem público por parte de um funcionário público, que teria a posse
destes itens devido ao cargo, em proveito próprio ou alheio;
- Corrupção passiva (Art. 317 do Código
Penal Brasileiro): solicitar ou receber vantagem indevida
– ou aceitar promessa de tal vantagem – para si ou para outra pessoa,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão do cargo exercido;
- Concussão (Art. 316 do Código Penal
Brasileiro): exigir vantagem indevida, para si ou
para outra pessoa, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão do cargo exercido;
- Lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/1998): ocultação da natureza, localização, disposição, movimentação e
propriedade de bens ou valore provenientes, direta ou indiretamente;
De acordo com registros do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf), o ex- parlamentar teria movimentado R$ 730
mil durante nove meses em 2020. O dinheiro foi repassado em dez depósitos
de R$ 73 mil e pagamentos feitos entre os funcionários e o ex-vereador cassado.
O político do Avante, que ocupa cargos públicos
desde 1978, teria realizado transações incompatíveis com seu patrimônio,
suas ocupações profissionais e sua capacidade financeira, conforme o relatório
de inteligência do Coaf.
A anormalidade identificada nas suas contas foi a
quantidade de movimentações em dinheiro vivo. A compra de um carro no
valor de R$ 175 mil, em janeiro de 2022, foi feita com dinheiro em espécie. No
total, Cristófaro acumula 27 veículos, incluindo uma van Mercedes-Benz,
adquirida por pagamento em dinheiro vivo.
Fonte: Agencia Estado/Correio do
Brasil/Metrópoles/Fórum
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