terça-feira, 26 de setembro de 2023

'Para a família Bolsonaro, sou um leproso', afirma Queiroz

Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e considerado braço direito do clã Bolsonaro no Rio de Janeiro, Fabrício Queiroz pretende seguir um caminho político independente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos. O PM reformado afirmou em entrevista à revista Veja que o clã o vê como um "leproso" e que são "do tipo que valorizam aqueles que os trai".

"Os Bolsonaro são do tipo que valorizam aqueles que os trai. Bolsonaro não me ajudou em nada na minha campanha a deputado estadual em 2022. Nem na urna em que ele vota eu tive voto. Se ele sinalizasse favoravelmente à minha candidatura, hoje eu seria deputado", reclamou Queiroz.

O aliado de Bolsonaro afirmou que pretende disputar o cargo de vereador da cidade do Rio de Janeiro nas eleições de 2024. Ele comparou Bolsonaro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comentar a falta de apoio do clã durante as eleições do ano passado.

"Lula, assim que ganhou a eleição, foi para a Avenida Paulista em seu primeiro discurso. Do seu lado, estavam José Guimarães, Lindbergh Farias, e vários outros acusados por crimes. Para a família Bolsonaro, eu sou um leproso", diz.

No início de dezembro de 2018, o Estado revelou que um relatório do Coaf apontava uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta bancária de Queiroz. O valor é referente ao período entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Ex-policial militar, Queiroz é amigo de longa data da família Bolsonaro e, oficialmente, trabalhava como motorista de Flávio Bolsonaro. O relatório também apontava um repasse de um cheque de R$ 24 mil da conta de Queiroz destinado à primeira-dama Michelle Bolsonaro. O relatório foi anexado à investigação que, em novembro, levou à Operação Furna da Onça, que prendeu dez deputados estaduais envolvidos no esquema.

Queiroz chegou a ser preso preventivamente em junho de 2020, em Atibaia. Mas passou pouco menos de um mês na cadeia. O Superior Tribunal de Justiça lhe concedeu o direito à prisão domiciliar. Poucos meses depois, a mesma corte lhe garantiu a liberdade. Em novembro, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que a investigação só poderá andar com uma nova denúncia.

 

Ø  Relatórios do Coaf revelam que entorno de Bolsonaro movimentaram fortunas

 

Relatórios de movimentações financeiras enviados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e pela Receita Federal (RF) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas apontam que membros do círculo próximo de Jair Bolsonaro (PL) movimentaram ao menos R$ 26.665.739,96 milhões, entre os anos de 2020 e 2023.

O Coaf classificou as movimentações das contas como atípicas, e o montante registrado corresponde apenas ao que foi identificado nas contas correntes dos envolvidos que incluem figuras-chave da equipe de apoio direto do ex-mandatário, incluindo o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens.

•        Suspeitas

Os documentos apontam que a movimentação identificada nos últimos quatro anos destoa do patrimônio e dos rendimentos do grupo investigado. A lista inclui o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 13,5 milhões (2020 a 2023); Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 5 milhões (2020 a 2023); Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, com R$ 3,9 milhões (2021 a 2023).

Os documentos também apontam movimentações suspeitas feitas por Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 2,6 milhões (2021 a 2023); Luiz Antonio Gonçalves de Oliveira, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 582,6 mil (2022 a 2023); Jairo Moreira da Silva, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 453,3 mil (2022 a 2023); Adriano Alves Teperino, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, com R$ 268 mil (2022).

 

Ø  Mauro Cid recebeu mais de R$ 90 mil em diárias em 2022

 

O valor das diárias recebidas em 2022 por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, passa de R$ 90 mil. Os números foram declarados pelo tenente-coronel à Receita Federal.

Classificados como “rendimentos isentos e não tributáveis”, as diárias e ajudas de custo de Mauro Cid somam exatos R$ 90.527,26. Somente do Comando da 11ª Região Militar, no Distrito Federal, o tenente-coronel recebeu R$ 52 mil.

A declaração de Imposto de Renda, à qual a coluna teve acesso, registra ainda cerca de R$ 20 mil recebidos da Presidência da República. Outros R$ 18 mil foram pagos a Cid pelo Ministério das Relações Exteriores, referentes a diárias e despesas para acompanhar Bolsonaro em viagens a outros países.

Os rendimentos não tributáveis de Mauro Cid incluem ainda R$ 9 mil pagos pelo Comando do Exército em alimentação, auxílio-transporte e assistência pré-escolar (Cid tem uma filha nascida em 2017, que tinha menos de 5 anos de idade em 2022). No total, foram R$ 99 mil recebidos com isenção de impostos no ano passado.

Mauro Cid foi preso em março deste ano por envolvimento em um suposto esquema de fraude nos cartões de vacina do ex-presidente e de familiares. Ele foi libertado este mês, depois de firmar um acordo de delação com a Polícia Federal.

Além da fraude dos cartões de vacina, o militar é peça central em diversas investigações envolvendo Bolsonaro, a exemplo da venda de joias e de presentes recebidos enquanto presidente da República.

 

Ø  "Não vamos autorizar": Jair Renan é vetado do palco na Festa Farroupilha em SC

 

Jair Renan, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi exposto a uma humilhação diante da divulgação do vídeo que mostra ele sendo vetado de subir ao palco da festa de encerramento da Semana Farroupilha em Balneário Camboriú (SC) neste domingo (24).

Na gravação, é possível ouvir Denize Leite, presidente da Fundação Cultural, afirmando ao empresário bolsonarista Emílio Dalçóquio que não autorizaria menção a Jair Renan. O filho do presidente estava vestido com trajes típicos gaúchos e aguardava para subir no palco, mas foi vetado.

"Não, não vai citar. Nós não vamos autorizar. Eu que sou presidente da Fundação Cultural. Não vai citar porque não pode. Pode seguir o protocolo", afirma Denize ao apresentador.

O vídeo com a cena tem viralizado nas redes sociais.

 

Ø  Bolsonarista Gustavo Gayer vira alvo da PGR por racismo e pode perder o mandato

 

Um dos principais líderes extremistas, aliado do clã Bolsonaro, no Congresso Nacional, Gustavo Gayer virou alvo de investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) por falas racistas e pode perder o mandato.

No sábado (23), a PGR pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Gayer deponha sobre falas preconceituosas contra africanos em junho, quando o bolsonarista afirmou que falta “capacidade cognitiva” a africanos para que entendam e vivam em um regime democrático.

 “Democracia não prospera na África. Para você ter uma democracia, você tem que ter o mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado. Tentaram fazer democracia na África várias vezes, mas o ditador tomou tudo. O Brasil está desse jeito”, disse o deputado ao podcast Três irmãos.

No programa, Gayer ainda concordou com uma fala do apresentador de que macacos teriam o QI maior que a de pessoas que nasceram em países da África.

A ação da PGR foi proposta pelo ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que também acionou a Polícia Federal pela fala racista. 

Além de incorrer em flagrante desrespeito para com os povos africanos, Gayer ainda sugeriu que os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são burros. As falas do bolsonarista possuem clara conotação racista e podem configurar, inclusive, o crime de injúria racial, cuja pena, prevista na Lei 14.532/2023, é de 2 a 5 anos de prisão, além de multa. 

Por causa da fala racista, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) protocolou junto ao Conselho de Ética da Câmara um pedido de cassação do bolsonarista. Caso seja condenado, Gayer pode perder o mandato.

 

Ø  Camilo Cristófaro: vereador cassado por racismo é suspeito de esquema de rachadinha

 

Camilo Cristófaro (Avante), primeiro vereador de São Paulo a ser cassado por racismo, é suspeito de envolvimento em um esquema de rachadinha. Segundo informações do Fantástico, a partir de um relatório de inteligência financeira, ele teria movimentado cerca de R$ 730 mil em 2020. 

Na última terça-feira (19), o político teve seu mandato cassado por quebra de decoro parlamentar na Câmara Municipal de São Paulo, com 47 votos a favor, cinco abstenções e nenhum contra. Em maio de 2022, sem saber que seu áudio estava aberto, ele teria proferido a frase "é coisa de preto" durante uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Aplicativos.

Camilo Cristófaro é investigado pela Polícia Civil, Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) por suspeita por participação em esquema de rachadinha, isto é, a denominação conferida à prática de contratação de funcionários com a exigência de repasse de uma parcela dos salários ao contratante.

A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social do MPSP pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-vereador, porém o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) negou o pedido.

Embora não seja diretamente constituída como infração penal, a rachadinha pode ser compreendida como os seguintes crimes, no caso de Cristófaro:

  • Peculato (Art. 312 do Código Penal Brasileiro): a apropriação ou desvio de dinheiro, valor ou bem público por parte de um funcionário público, que teria a posse destes itens devido ao cargo, em proveito próprio ou alheio;
  • Corrupção passiva (Art. 317 do Código Penal Brasileiro): solicitar ou receber vantagem indevida – ou aceitar promessa de tal vantagem – para si ou para outra pessoa, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão do cargo exercido;
  • Concussão (Art. 316 do Código Penal Brasileiro): exigir vantagem indevida, para si ou para outra pessoa, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão do cargo exercido;
  • Lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/1998): ocultação da natureza, localização, disposição, movimentação e propriedade de bens ou valore provenientes, direta ou indiretamente;

De acordo com registros do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o ex- parlamentar teria movimentado R$ 730 mil durante nove meses em 2020. O dinheiro foi repassado em dez depósitos de R$ 73 mil e pagamentos feitos entre os funcionários e o ex-vereador cassado.

O político do Avante, que ocupa cargos públicos desde 1978, teria realizado transações incompatíveis com seu patrimônio, suas ocupações profissionais e sua capacidade financeira, conforme o relatório de inteligência do Coaf.

A anormalidade identificada nas suas contas foi a quantidade de movimentações em dinheiro vivo. A compra de um carro no valor de R$ 175 mil, em janeiro de 2022, foi feita com dinheiro em espécie. No total, Cristófaro acumula 27 veículos, incluindo uma van Mercedes-Benz, adquirida por pagamento em dinheiro vivo.

 

Fonte: Agencia Estado/Correio do Brasil/Metrópoles/Fórum

 

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