Inchaço abdominal: as causas e como prevenir
É algo bastante comum: sentir-se como um balão, com
a sensação de estar com o estômago cheio, mas sem necessariamente ter comido
muito.
O inchaço ou distensão é um aumento visível no
tamanho do abdômen. A barriga parece cheia e isso gera incômodo.
Além da alteração física evidente, o inchaço
abdominal pode vir acompanhado de dor de barriga, desconforto ou ruídos.
Por trás dessa condição tão comum, pode haver
muitas causas. Algumas são fáceis de gerenciar e, para acabar com o problema,
basta fazer algumas mudanças na alimentação.
Outras são mais complexas e podem variar de
problemas no sistema imunológico a até serem indícios de um tipo de câncer.
A seguir, explicaremos algumas causas, quais são os
sinais que devem nos deixar em alerta e que hábitos precisamos mudar para
evitar essa sensação incômoda.
• Ar ou
constipação
A razão mais comum para o inchaço é ter muitos
gases no intestino. O NHS, serviço público de saúde do Reino Unido, indica que
isso pode ser provocado por alguns alimentos e bebidas ou pela ingestão de ar.
A segunda causa mais comum de sensação de inchaço é
a constipação, algo que pode passar despercebido porque não se trata apenas de
evacuar menos.
O Centro de Medicina da Universidade Johns Hopkins
afirma que, se você tiver que fazer esforço para iniciar ou terminar uma evacuação;
se suas fezes se assemelham a pedras ou seixos; ou se não ficar uma sensação de
vazio ao defecar, você está sofrendo de constipação.
E tudo isso pode contribuir para que haja dores
abdominais e inchaço. Porque quanto mais tempo as fezes ficam sem sair, mais
chances as bactérias têm de fermentar e, portanto, de criar mais gases e
inchaço.
• Excesso
de bactérias ou falta de movimento
Outra razão por trás do inchaço é a Sibo, sigla em
inglês para supercrescimento bacteriano no intestino delgado. Como o próprio
nome sugere, é um excesso de bactérias, e ocorre quando as bactérias
intestinais do cólon transbordam para o intestino delgado.
O crescimento excessivo na população dessas
bactérias também pode sobrecarregar outras bactérias que são responsáveis
justamente pelo equilíbrio do sistema e absorvem os gases.
A Sibo pode ocorrer após uma complicação em uma
cirurgia abdominal ou como resultado de alguns problemas estruturais em nosso
sistema digestivo, como aderências intestinais (alças intestinais grudadas) ou
diverticulite (inflamação no intestino grosso), de acordo com a Clínica Mayo,
uma das maiores organizações de pesquisa médica dos Estados Unidos.
A síndrome do intestino irritável, condição
bastante comum que afeta o sistema digestivo, pode tornar os pacientes
extremamente sensíveis a gases e dores, cólicas estomacais, diarreia e
constipação, além de inchaço abdominal.
Não se sabe a causa exata da síndrome do intestino
irritável, mas o NHS afirma que ela tem sido associada a fatores tão variados
quanto: a velocidade com que a comida passa pelo intestino, nervos
hipersensíveis no intestino, estresse e histórico familiar.
Outro motivo que pode nos deixar inchados é a
gastroparesia, doença que afeta os músculos do estômago, alterando sua
motilidade — ou seja, o movimento espontâneo normal. Pode ser que a motilidade
diminua ou pare de funcionar e, por isso, o estômago demore mais para esvaziar.
A causa da gastroparesia é desconhecida, mas a
Clínica Mayo indica que, após uma cirurgia, complicações de diabetes ou uso de
alguns medicamentos para depressão, pressão alta ou alergias pode haver
esvaziamento gástrico lento e sintomas semelhantes.
• Intolerâncias
e hormônios
Às vezes, após o inchaço, pode haver uma
intolerância alimentar. Alguns dos suspeitos habituais por trás do inchaço são
geralmente alimentos que contêm lactose, frutose e carboidratos, como trigo e
leguminosas.
Além disso, indica o NHS, pode ser sintoma da
doença celíaca, condição na qual o sistema imunológico ataca seus próprios
tecidos a partir da ingestão de glúten, proteína que aparece principalmente em
três tipos de cereais: trigo, cevada e centeio.
Isso danifica o intestino delgado, impossibilitando
a absorção de nutrientes e causando uma variedade de sintomas, incluindo
diarreia, dor abdominal e inchaço.
Tão comum quanto os gases é o inchaço produzido
pelos hormônios responsáveis pelo ciclo menstrual. Até 3 em cada 4 mulheres
sofrem de distensão abdominal antes e durante a menstruação, de acordo com a
Cleveland Clinic.
Há também as flutuações hormonais que acontecem
durante a perimenopausa, período de transição da última menstruação até a
menopausa.
Os hormônios femininos podem causar inchaço por
vários motivos. Por exemplo, o estrogênio causa retenção de líquidos; esse
mesmo hormônio e a progesterona podem acelerar ou retardar a motilidade dos
músculos estomacais e, por sua vez, causar gases; e ainda tem o aumento do
útero pouco antes da menstruação.
Às vezes, o inchaço que não desaparece pode ser
sinal de algo mais sério, como problemas nos ovários e no útero, até mesmo
câncer de ovário — por isso, é importante fazer exames pélvicos regulares.
Como reduzir o inchaço
Se você ainda não sabe por que se sente inchado, é
importante fazer primeiro pequenas mudanças para ir descartando as causas.
O NHS recomenda a prática de exercícios regulares
para melhorar a digestão e massagear o estômago da direita para a esquerda para
liberar o ar preso, se a causa for gases.
No caso de constipação, comer alimentos ricos em
fibras, como frutas, legumes e verduras, e beber muita água pode ajudar.
Entre as coisas a evitar, estão bebidas com gás,
álcool e cafeína, presente no café e no chá, alimentos gordurosos, processados,
muito açucarados ou condimentados e aqueles que são mais flatulentos, como
repolho, feijão e lentilha.
Em relação à alimentação, também é aconselhável não
fazer grandes refeições — mas, sim, pequenas e mais frequentes —, mastigar com
a boca fechada para evitar engolir ar, não fazer refeições pesadas antes de
deitar, nem se curvar na hora de comer.
Se você acredita que tem uma intolerância
alimentar, tente eliminar gradualmente os alimentos sob suspeita e veja como se
sente após cada refeição.
• Quando
procurar um médico
Normalmente, o inchaço costuma desaparecer por
conta própria ou com algumas mudanças simples. E se aparecer apenas esse
sintoma, embora seja algo incômodo, não tem por que representar uma condição
subjacente grave.
Mas se o inchaço abdominal aparecer junto a outros
sintomas ou não houver melhora com algumas mudanças simples, é aconselhável
consultar um médico.
Diarreia, dor abdominal persistente ou intensa,
fezes com sangue ou mudanças na cor das mesmas são alguns sintomas que devem
nos deixar em alerta, assim como alterações na frequência com que você vai ao
banheiro, perda de peso involuntária, perda de apetite ou sensação de saciedade
muito rápida e desconforto no peito, segundo a Clínica Mayo.
Fonte: BBC News Mundo
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