Governo aposta nos devedores para recompor os caixas públicos
Além de ajudar empresas e cidadãos a regularizarem
dívidas vencidas, o Programa de Incentivo à Regularização Fiscal do Distrito
Federal (Refis) vai contribuir para compensar o impacto gerado nos cofres públicos
do DF pela diminuição na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS) de 2022 até o momento. A queda foi causada pelas
determinações federais, instituídas por lei (veja quadro), de baixar a carga
tributária de combustíveis, energia e telecomunicações. O ICMS é o
carro-chefe da arrecadação no DF, representando cerca de 50%. Segundo a
Secretaria de Fazenda (Sefaz), os setores que mais arrecadam esse tributo
são os comércios atacadista e varejista, combustíveis, indústria, venda de
veículos, energia elétrica e comunicações, nesta ordem.
As alterações legislativas impactaram os cofres do
DF em cerca de R$ 1 bilhão negativo, montante que deve ser compensado com o
Refis e com a implementação de um sistema de fiscalização do Imposto sobre
Serviços (ISS), que está em funcionamento desde o início do ano. "A
expectativa é que o Refis incremente a arrecadação em cerca de R$ 360 milhões,
tendo em vista que esse foi o montante injetado com o Refis de 2021. Além
disso, o sistema de fiscalização do ISS deve incrementar a arrecadação em cerca
de R$ 500 milhões, até o fim deste ano", declarou Anderson Borges Roepke,
subsecretário de Acompanhamento Econômico da Secretaria de Fazenda do Distrito
Federal. "A União também se comprometeu com estados e com o DF a fazer o
ressarcimento desse ICMS perdido por meio de um pacote que vai devolver cerca
de R$ 10 bilhões para os estados mas que até o momento ainda não foi implementado",
acrescentou.
O secretário de Planejamento, Orçamento e
Administração, Ney Ferraz Júnior, lembra que, além das perdas decorrentes da
determinação federal que baixaram repasses do ICMS, houve uma alta na
inadimplência e sonegação de impostos como ISS, ICMS e também Imposto sobre
Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de
Veículos Automotores (IPVA). "Cheguei por aqui (na secretaria) em outubro
do ano passado e, de lá para cá, tenho me esforçado no sentido de corrigir o
fluxo dos gastos públicos para aliviar esse impacto da queda da arrecadação nas
contas públicas. Ainda em janeiro, editamos medidas de austeridade,
transparência e economicidade. Organizando o fluxo dos gastos e sendo muito
firme junto às unidades orçamentárias e financeiras dos órgãos", elencou.
·
Fiscalização
Outra ação a ser implementada pelo GDF, ainda este
ano, e que vai ajudar a mitigar as perdas do ICMS, é o Sistema Eletrônico de
Fiscalização de Mercadorias em Trânsito (SEFIT). "O sistema vai ajudar a
coibir a sonegação fiscal, por meio da leitura automática de placas de
caminhões e cruzamento das informações com o sistema da receita do DF, para
verificar se os veículos estão entrando no DF com notas fiscais repetidas, se o
peso está adequado ao que foi declarado etc", explicou Roepke.
O economista César Bergo acredita que o cenário é
preocupante, mas pode ser revertido com as medidas que estão em andamento.
"As apostas estão no Refis, que está para ser aprovado na CLDF e que que
vai ajudar o GDF. Também temos visto o setor de serviços atacadista e varejista
ajudando bastante a arrecadação", analisou. "Existem alguns casos em
que o GDF tem isentado impostos, sobretudo no tocante a questões sociais,
mas nesse momento de dificuldade é importante observar que qualquer receita é
importante. A operação que será feita para evitar sonegações precisará ser
feita com muito afinco. O cenário é preocupante porque as despesas não têm como
fugir e as receitas não estão performando o suficiente", completou.
·
Renegociação
O projeto de lei que institui Programa de Incentivo
à Regularização Fiscal do Distrito Federal (Refis) foi enviado no início de
setembro à Câmara Legislativa (CLDF) junto com outro projeto, que aumenta a
alíquota do ICMS Modal de 18% para 20%. "Hoje, na dívida ativa, temos mais
de R$ 34,5 bilhões de impostos e tributos não quitados. Se recuperarmos 10%
desse valor, conseguimos recuperar R$ 345 milhões. Veja o tamanho da
importância do Refis para o DF neste momento. E fizemos essa edição com um
diferencial. O contribuinte terá de dar uma entrada de 10% da sua dívida para
parcelar o restante", detalhou o secretário de Planejamento, Ney Ferraz
Júnior.
A adesão ao Refis terá início quando for publicada
a Lei Complementar que trata do programa, enquanto o encerramento está marcado
para 10 de novembro de 2023. Este é o terceiro programa de refinanciamento de
dívidas lançado pela atual gestão e busca recuperar cerca de R$ 200 milhões de
dívidas de tributos e impostos de pessoa física e jurídica, parte delas
contraídas durante o período de pandemia da covid-19. Entre 2020 e 2021, os
Refis 1 e Refis 2 contemplaram mais de 66 mil pessoas físicas e 19,9 mil
pessoas jurídicas, totalizando R$ 4,1 bilhões a serem recebidos em até 10 anos.
Ø Lula busca sintonia com Lira para tocar acordos
A pauta internacional brasileira e a vontade de
mostrar aos investidores um Brasil unido em prol do desenvolvimento sustentável
e de medidas relacionadas à responsabilidade fiscal não foi o único motivo para
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levar o presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), e o do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), para ocupar duas das três cadeiras na bancada do Brasil no Plenário
das Nações Unidas. Lula, segundo informam autoridades brasileiras, quer ainda
que ambos entendam que nem tudo pode ser levado a ferro e fogo, sob pena de
comprometer investimentos no país.
No caso de Pacheco, avaliam alguns, a relação é
mais tranquila. Mas, no caso de Lira, as cobranças explícitas de cargos causa
desconforto. Na véspera do discurso de Lula nas Nações Unidas, por exemplo, o
jornal Folha de S.Paulo publicou uma entrevista em que o presidente da Câmara
diz, com todas as letras, que o acordo era para que o PP recebesse a Caixa
Econômica Federal de "porteira fechada" — ou seja, com o direito de
indicar todos os cargos importantes.
Só tem um problema: a vice-presidência de Habitação
da Caixa, considerada uma das joias da coroa, está ocupada atualmente por Inês
da Silva Magalhães e há resistências até dentro do governo em substituí-la. E é
esse o cargo mais cobiçado, principalmente depois que o Conselho Curador do
FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) ampliou de R$ 68,1 bilhões para
R$ 96,9 bilhões os recursos disponíveis para reforçar o caixa do Minha Casa
Minha Vida. No governo, há quem diga que os congressistas precisam entender que
nem tudo pode ser na base do toma lá dá cá, que existe um projeto em curso e
que as coisas precisam ser negociadas sem essa pressão da "faca no
pescoço" para substituir quem quer que seja.
No Parlamento, porém, o que se ouve é que se o
Executivo quer que se tenha mais calma para mostrar unidade lá fora, precisa,
ao menos, respeitar o pactuado pelos seus líderes no Legislativo. O veto
parcial à lei do Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), tirando
boa parte do que havia sido objeto de acordo no Congresso, é considerado
preocupante por muitos líderes. Foi vetada, por exemplo, a redução de multas
para os contribuintes que adotassem providências para sanar ações ou omissões
durante o curso da fiscalização. Parlamentares reclamam que não dá para o
governo fazer combinações para a aprovação de propostas e, depois, na hora da
sanção do projeto, desconhecer esses acertos.
Esta semana, antes da cirurgia de Lula, será a hora
de governo e Congresso tentarem acertar os ponteiros. Lira e Pacheco, além de
assento na bancada do Brasil na ONU, também tiveram tempo de conversar
com Lula em Nova York. Eles participaram do jantar com empresários, no
domingo passado.
·
"Tête-à-tête"
Segundo relatos, os presidentes da República e da
Câmara conversaram por um bom tempo sozinhos, mas não voltaram para o Brasil no
mesmo avião. A relação entre ambos ainda não chegou à sintonia total, e talvez
não chegue. Mas o alinhamento e respeito mútuo estão sendo construídos. Porém,
casos como o dos vetos do Carf fazem com que a relação volte alguma casas. Em
pelo menos dois debates, o do BTG Pactual e o do grupo Esfera, Lira foi
incisivo ao dizer que o Congresso faria alterações na proposta e esperava respeito
às decisões do Legislativo.
"Há que se ter o respeito da Receita Federal
pelo texto aprovado pelo Congresso Nacional", disse, contando que as
resoluções não se dessem "ao arrepio do texto e à vontade do
legislador".
O caso do Carf é o mais emblemático até o momento
e, a contar pela reação do setor produtivo, vai gerar ainda muita dor de cabeça
na relação entre os Poderes e na confiança do mercado. A Associação Brasileira
das Companhias Abertas (Abrasca), que congrega mais de 440 empresas, emitiu nota
em que lamenta os vetos feitos pelo Poder Executivo ao PL do Carf.
"O Congresso Nacional melhorou o PL 2.384/23
ao incluir diversos aprimoramentos no ambiente de negócios, como, por exemplo,
aqueles relacionados ao sistema de garantias e ao novo marco legal de multas.
As melhorias — que iriam promover uma verdadeira reforma no contencioso
tributário do país — foram vetadas com a justificativa de que são 'contrárias
ao interesse público', mesmo após um longo debate legislativo", salienta a
Abrasca, em nota.
A posição da associação diz, ainda, que a parte
vetada reduzia o custo com garantias para contribuintes, criava critérios
objetivos para a aplicação de multas pela Receita Federal e estabelecia
penalidades em linha com as práticas internacionais. "As medidas ainda
incorporavam ao ordenamento jurídico a jurisprudência criada pelo STF de que as
multas acima de 100% hoje aplicadas são confiscatórias e
inconstitucionais", observa.
Ø Lira x Haddad: quem vai piscar primeiro?
Ainda não dá para saber se o abraço protagonizado entre o
ministro da Fazenda Fernando
Haddad e o presidente da Câmara deputado Arthur Lira (PP-AL), em Nova
York, quando ambos acompanhavam o presidente Lula na Assembleia Geral da ONU,
foi mesmo um sinal de que as relações
estremecidas desde meados de agosto foram agora reatadas, ou se foi apenas uma
pose para as fotos. A resposta deverá vir em pouco tempo, traduzida em
iniciativas para o avanço de pautas
econômicas importantes na Câmara que permitam o equilíbrio
nas contas públicas, mas
que dependem de um consenso entre os deputados.
Haddad foi considerado o principal articulador político do governo nos
primeiros meses deste ano, ao viabilizar a aprovação, pelos deputados, de questões relevantes.
Entre elas estavam:
• PEC da Transição,
• Arcabouço Fiscal,
• Reforma Tributária.
Elas agora dependem da aprovação do Senado.
Mas foi o mesmo Haddad
quem trombou com Lira na questão da taxação de fundos offshore e antecipação de
imposto para fundos exclusivos.
O deputado teria ficado incomodado ao descobrir que
a tributação de fundos de
investidores milionários foi embrulhada na mesma Medida Provisória
(MP) que aumentou o limite de isenção da tabela de Imposto de Renda para as
pessoas físicas.
Em seguida, não gostou de ser cobrado pelo ministro sobre a tramitação
do assunto na Casa.
Mas o caldo
entornou mesmo com as declarações de Haddad de que “a Câmara dos
Deputados está com ‘muito poder’”, e que aquele poder não podia ser usado para
“humilhar o Senado Federal, nem o Poder Executivo”.
“Nós temos duas matérias,
a taxação de fundos fechados e das offshores. Elas têm prazo, e temos de votar
emergencialmente. Vamos votar já, já.”
José Guimarães, líder do governo na Câmara
A tributação de investimentos dos super-ricos deve
gerar uma arrecadação anual extra em torno de R$ 10 bilhões, segundo
estimativas do próprio governo. Uma cifra nada desprezível diante da
necessidade de angariar R$ 168 bilhões para atender a pretensão do ministro em
apresentar déficit zero em 2024.
O deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, está
otimista com o andamento das pautas: “Nós temos duas matérias, uma que é
fundamental, a da taxação dos super-ricos dos fundos fechados, e a das
offshores. Elas estão tramitando e têm prazo, são as que temos de votar
emergencialmente. E nós vamos votar já, já”.
Para isso, Guimarães aposta na relação construída
pelo governo com o Congresso nesses oito meses: “A prova disso é que
nós votamos todas as matérias de interesse do País, não ficou uma sem votar.
Mesmo sem o PP e o Republicanos estarem na base, conseguimos votações
extraordinárias que viabilizaram o governo”, afirma o líder do governo na
Câmara.
Nem todo mundo tem essa mesma leitura e compreensão
de tranquilidade no momento político atual.
Um deputado que prefere permanecer no anonimato
afirma que Lira quer fazer da
aprovação dessas medidas de tributação uma moeda de troca para conseguir
emplacar nomes para a direção da Caixa Econômica Federal.
“O
Arthur tem tido uma condução infeliz. Ao tentar fazer as indicações para a
Caixa, ele age da forma mais rasa e fisiológica, e expõe uma situação em que o
governo está de joelhos para a Câmara. Mas essa é a vontade dele, não
corresponde à realidade”.
Versão confirmada pelo ministro das Relações
Institucionais, Alexandre Padilha,
ao esclarecer publicamente que o comando
da Caixa estava fora das negociações relativas à recente reforma ministerial.
·
Problemas pendentes
O governo tem pendentes no Congresso as propostas
de aumento de receitas, mas não sinaliza com cortes de gastos, em outro lado da balança no equilíbrio do orçamento público.
Guimarães espera que as votações sejam concluídas
no Senado até o fim do ano.
Enquanto isso, na Câmara, vão cuidar de fontes
de receitas e despesas do governo que precisam ser apreciadas,
entre elas a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA).
Para o cientista político e professor da USP José Álvaro Moisés, a raiz das crises políticas que surgiram a
partir do governo Dilma Rousseff está no regime de presidencialismo de
coalizão. Nele, “o governo perde a maioria e não consegue ter forças
necessárias que garantam a governabilidade”, define o acadêmico.
O sistema funcionou bem nos dois primeiros mandatos
de Fernando Henrique e Lula da Silva, já que o aumento de poder ao Legislativo
é justificado nesse modelo, mas foi fragilizado com denúncias e escândalos
ocorridos nos governos seguintes.
O mesmo papel de Arthur Lira hoje foi desempenhado
por Eduardo Cunha há
alguns anos, o primeiro a
descobrir a brecha aberta para dar mais poder ao Legislativo, lembra o
professor.
“Foram
pequenas ações, como a criação do orçamento e das emendas individuais, depois
da bancada, que conferiram mais poder ao Legislativo e impuseram exigências ao
Executivo”. E a primeira exigência é compartilhar certos segmentos
do governo. “Essa é a nova realidade, contam com forças para encostar o
presidente na parede” arremata Moisés.
·
Enroscado na Câmara
Os temas pendentes aumentam a arrecadação de
impostos ao mirar nos aplicadores do mercado financeiro. A tributação em investimentos no exterior e
o come-cotas, que é uma
antecipação de recolhimento de IR em fundos exclusivos duas vezes por ano, em
maio e novembro, mesmo que não haja saque, atingem os milionários.
Nos FIIs e Fiagros, as
mudanças afetam todo tipo de cotista. As demais
medidas definem receitas e despesas, além de repasse de verbas entre os
governos para o próximo ano. Entre os temas em discussão estão:
• Tributação de fundos
offshore (exterior)
• Antecipação de imposto, o come-cotas
em fundos exclusivos
• Tributação de dividendos em fundos
imobiliários (FIIs)
• Tributação de dividendos em fundos do
agronegócio (Fiagros)
• Fim da distribuição de Juros sobre
Capital Próprio (JCP)
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
• Lei de Orçamento Anual (LOA)
Ø Dino no STF pode abrir mais um ministério para PT
Favorito para o lugar de Rosa Weber no Supremo
Tribunal Federal, Flávio Dino pode abrir mais uma vaga em ministérios para o Partido dos
Trabalhadores. Se Lula (PT) nomeá-lo como ministro da Corte, também deve dividir o
Ministério da Justiça e Segurança Pública, atualmente ocupada pelo maranhense.
A ideia surgiu pela disputa interna na esquerda
pelo comando da pasta em caso de saída de Dino. O PSB entende
que o ministério é “seu por direito” e teme perda de espaço somada à saída
de Márcio
França de Portos e Aeroportos. Já o PT entende que a
pauta de segurança pública é um tema caro para o Lula 3, por isso o partido
deve ter o controle da pasta.
A divisão seria, neste caso, a solução ideal para
os dois partidos. Wadih
Damous é visto como o nome petista para um possível
Ministério da Segurança Pública. Ele é atualmente secretário Nacional do
Consumidor. No PSB, o nome aventado para a Justiça é o de Carlos Siqueira, presidente nacional do partido.
Lula avalia a ideia, que já foi consumada por Michel Temer. Quando colocou Alexandre
de Moraes no STF, o emedebista nomeou Raul Jungmann
como ministro da Segurança Pública e Torquato Jardim como ministro da Justiça.
·
Lula está insatisfeito com opções à PGR
A concorrência interna para tentar influenciar o
presidente Lula nas escolhas para as vagas que serão abertas na
Procuradoria-Geral da República (PGR) e no Supremo Tribunal Federal (STF)
ampliou o clima de disputa no governo. As fissuras cresceram na última semana,
especialmente com o retorno da discussão sobre a divisão do Ministério da
Justiça, caso Flávio Dino seja escolhido para assumir a vaga de Rosa Weber na
Corte.
Uma ala ligada ao PT e ao Prerrogativas defende o
ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, para o STF e o
subprocurador-geral Antônio Carlos Bigonha para a PGR. O mesmo grupo também
trabalha para fatiar o Ministério da Justiça e comandar a área da Segurança
Pública. A crise na Bahia, estado comandado pelo PT, acentuou no partido a
defesa pela criação de uma marca no setor.
O cenário motivou um jantar entre parlamentares do
partido e Messias na quarta-feira. O líder do governo na Câmara, José Guimarães
(CE), os deputados Zeca Dirceu (PR), Rui Falcão (SP), Alencar Santana (SP) e o
senador Humberto Costa (PE) estavam entre os presentes. O ministro ouviu que
tem a confiança da legenda para a vaga. Além de ter participado do governo
Dilma, Messias foi chefe gabinete do senador Jaques Wagner (BA) por quatro
anos.
No encontro, foram feitas críticas à gestão de
Dino, considerado favorito para a cadeira na Corte. A principal ponderação é o
que consideram a falta de uma política efetiva de segurança pública.
Do outro lado, aliados de Dino argumentam que ele
tem conseguido atuar para “desbolsonarizar” instituições como a Polícia Federal
e a Polícia Rodoviária Federal. Além de defender que Justiça e Segurança
Pública sigam sob a mesma alçada, o grupo de Dino tem simpatia pela candidatura
do subprocurador-geral Paulo Gonet para a PGR.
O clima de disputa se acentuou a ponto de Dino e
Messias terem conversado por telefone na quinta-feira. Eles reforçaram que não
têm problemas pessoais e combinaram troca de afagos nas redes.
Por interlocutores de Dino, a campanha de Messias
ao STF tem sido classificada como agressiva. As críticas à gestão do ministro
da Justiça são consideradas parte da estratégia petista para emplacar Messias
na Corte. Esses aliados citam inclusive a agenda do titular da AGU, que se
reuniu com a bancada evangélica, além de já ter participado nos últimos dias de
jantar organizado pelo Prerrogativas e de evento da Federação Brasileira de
Bancos. Messias alega a aliados que esses compromissos estavam agendados e que
não pode parar sua agenda em função da possibilidade de ser escolhido ministro
da Corte.
Parlamentares petistas levantam dúvidas se Dino, no
STF, levaria adiante pautas à esquerda que o partido defende, enquanto Messias
é visto como político com conduta agregadora, além de ser evangélico e de
esquerda, o que é visto como um ativo para unir diferentes alas do Supremo.
Aliados de Dino veem justamente no perfil do ministro um ponto forte e afirmam
que ele é único do primeiro escalão que faz o embate político público ao
bolsonarismo.
Caso Dino seja o escolhido para o STF, Messias já
manifestou a pessoas próximas que não tem interesse em ir para o Ministério da
Justiça. A interlocutores, afirma se sentir preparado para a Corte, mas, se não
for convidado, quer seguir no atual cargo, por avaliar que tem liberdade para
levar adiante sua agenda prioritária.
Outra preocupação do grupo que apoia Messias é a
possibilidade de Gonet assumir a PGR. Para petistas, o vice-procurador-geral
eleitoral tem perfil conservador e sua ida ao comando da PGR daria muito poder
ao ministro Gilmar Mendes, do STF. Já o grupo que apoia Gonet avalia que
Bigonha poderá ter um perfil semelhante ao de Rodrigo Janot, procurador-geral
no auge da Lava-Jato. Gonet, como mostrou o GLOBO, tem o apoio do próprio Dino
para a vaga.
O debate sobre uma divisão do Ministério da Justiça
tem feito alas do PT se movimentarem. Uma delas defende a deputada federal
Adriana Accorsi (GO) em uma eventual pasta de Segurança Pública. Abdael
Ambruster, coordenador nacional de segurança pública do PT, foi consultado por
uma liderança ligada a Lula com pedidos por nomes de uma mulher para o eventual
posto. O setorial indicou Accorsi, que se reuniu com Dino na quarta.
Fonte: Correio Braziliense/IstoÉ/Metrópoles/O Globo
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